Aprovado no concurso TRF-1 e TRE-MG
“Sou pragmático no sentido de não desistir de algo que eu queira e que eu considere possível. Muita coisa a gente vê que é impossível ou quase impossível de acontecer e a gente desiste, ou nem tenta, pra se dedicar a algo factível. Uma aprovação em concurso público está entre as coisas factíveis.”
Confira nossa entrevista com Diego de Simoni Castro, aprovado no concurso TRF-1 e TRE-MG:
Estratégia Concursos: Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Diego de Simoni de Castro: Sou economista formado pela UFMG. Tenho 35 anos e nasci em Belo Horizonte.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Diego: Sempre foi uma possibilidade que eu considerei. Gosto da ideia de o processo seletivo ser objetivo e livre de idiossincrasias das pessoas que selecionam candidatos. Além disso, via que algumas pessoas próximas a mim, concursadas, trabalhavam menos e ganhavam consideravelmente melhor do que eu ganhava no meu último emprego na iniciativa privada.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Diego: Cheguei a fazer alguns concursos enquanto ainda trabalhava, mas, com uma ou outra exceção em que não fiquei tão distante da aprovação, não era um candidato competitivo. Depois que fui demitido do meu último emprego privado, passei a me dedicar exclusivamente aos estudos e, evidentemente, isso faz bastante diferença a favor.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Diego: Afora algumas boas posições em cadastro de reserva, que eventualmente ainda possam render futuras nomeações, como no TCE-RS, fui aprovado em primeiro lugar para economista num concurso da Celesc em 2018, fiquei em terceiro para analista administrativo do TJ-SC também em 2018, e lá trabalho atualmente, e fiquei em oitavo em Minas Gerais no cadastro do TRF 1, o que possivelmente renderá uma nomeação no TRE-MG, que solicitou o aproveitamento dessa lista.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Diego: É prazeroso e tira algum peso das costas. Mas sou uma pessoa um pouco fria nesse tipo de situação, e sempre tenho a sensação de que ainda preciso me dedicar mais, principalmente enquanto a nomeação não ocorre.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Diego: Acho natural o concurseiro amadurecer ao longo do tempo de preparação. Nunca abdiquei totalmente da vida social, mas claramente percebia o preço que pagava nas vezes em que me divertia além do que deveria. Quando ainda não se é um candidato verdadeiramente competitivo, é difícil fazer essa mensuração. Mas, quando sua nota na prova está chegando mais perto das melhores posições, é mais fácil perceber as falhas da própria preparação, e dias de nenhum estudo ou de baixa qualidade de estudo fazem falta.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Diego: Sou solteiro e não tenho filhos. Também não estou namorando. Morei com os pais (após a separação dos pais, com o meu pai) até os 33 anos, quando me mudei para Florianópolis e vim trabalhar na Celesc. Meus pais me apoiaram bastante, de modo que eu não tivesse despesa para morar e, quando o dinheiro que eu tinha juntado começou a ficar escasso, eles passaram a me dar um apoio financeiro nos últimos meses da minha fase de concurseiro full time.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior? (Se esse ainda não é o concurso dos seus sonhos, se possível, citar qual é e se pretende continuar se preparando para alcançar esse objetivo).
Diego: Na minha visão, a diferença entre a dedicação exclusiva e o estudo paralelo ao trabalho é brutal. Então não é fácil se sentir estimulado a continuar. Mas acredito que seja razoável aproveitar a bagagem de conhecimento acumulada, ainda que ela evidentemente precise ser restaurada e atualizada, para utilizá-la em concurso para órgãos que remunerem melhor e que tenham mais afinidade com sua formação profissional. Meu objetivo final, pensando com a cabeça de agora, é trabalhar numa função de elite do serviço público e morar em Florianópolis. Esse é um projeto de vida que está em curso, mas não foi finalizado. O “objetivo final”, para uns, pode ser alcançado rapidamente. Para outros, talvez nunca chegue. No meu caso, tem evoluído de forma gradual, mas ainda demanda bastante empenho da minha parte. Respondendo ao início da pergunta, acho importante fazer outros concurso além daquele que é o “sonho de consumo”. Mas é fundamental, e não é fácil conseguir, evitar que um atrapalhe o outro.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovado?
Diego: Eu estudei para muitos concursos. Bem mais do que um candidato competitivo deveria estudar, no intervalo de tempo em questão. Mas, ao longo da trajetória, percebi que fiquei mais forte nos concursos de analista administrativo para tribunais, que acontecem com uma boa frequência. Em suma, nunca houve uma preparação longa e exclusiva para algum em específico, mas a maturação mais bem sucedida foi para o cargo de analista administrativo de tribunais. E pra mim era fundamental a cidade na qual eu trabalharia. Floripa sempre foi o sonho de vida, mas levei a sério outras cidades litorâneas também. Brasília e o interior do Brasil, como Centro-Oeste e Norte, nunca me atraíram. Claro que essa escolha precisa ser considerada nos ciclos de estudo.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Diego: Não que eu considere um acerto, mas quase invariavelmente estudei apenas com edital na praça. No meu caso, a principal força que mantinha minha disciplina era a tortura psicológica de me sentir mal quando me via estudando menos do que o recomendável para candidatos realmente competitivos.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Diego: Via Google mesmo, mas, rapidamente, percebe-se que o Estratégia é referência a partir do momento em que se decide estudar para concursos.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? O que funcionou melhor para você?
Diego: Falando bem sinceramente, minha preparação teve muitas falhas e não quero dizer que o meu caminho tenha sido o melhor. Acho que o tempo das aulas presenciais já acabou, assim como das telepresenciais. Exceção feita àquelas de véspera de prova. Livros físicos também não me parecem muito atuais. Videoaulas são mais importantes para candidatos menos experientes. Sobram os PDFs, anotações pessoais e resolução massiva de questões, contando com o altruísmo dos comentários dos colegas concurseiros. Portanto, essas 3 últimas modalidades que citei são as que considero mais úteis.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Diego: Não me considero um candidato exemplar e já respondi parcialmente sobre as técnicas na pergunta anterior. Montava um plano de estudos semanal e o dividia entre manhã, tarde e noite de cada dia. Normalmente estudava 3 disciplinas diferentes por dia, mas poderia ser uma ou duas também, dependendo do que eu sentia necessidade. Meus resumos sempre estiveram ligados aos assuntos mais repetitivos de cada disciplina, detectados na resolução de questões, e com mais atenção àqueles tópicos recorrentes em que eu ainda cometia erros. Estudava cerca de 4 horas líquidas nos dias mais fracos e 10 horas nos mais fortes, que eram raros. Então o normal era estudar de 6 a 8 horas líquidas por dia. Claro que eventos imprevisíveis ou até os previsíveis podem atrapalhar o cumprimento dessa jornada.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Diego: Tenho dificuldade em análise de informação, estatística, econometria, contabilidade (convencional e pública) e administração financeira e orçamentária. Falando bem francamente, não consegui superá-las e me dei melhor nos concursos em que elas não caíram ou foram cobradas de maneira mais rasa. Talvez só em AFO consegui superar melhor as dificuldades, na base da resolução de questões e leitura massiva de PDFs.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Diego: Eu sempre tive pontos da matéria em que não me sentia seguro e/ou não tinham sido vistos na preparação. Focava neles e em revisar aquilo que já estava melhor sedimentado no meu cérebro, de modo a “refrescar a memória” das coisas que certamente cairiam na prova. Sempre considerei a véspera de prova essencial para estudas esses pontos e tentar garantir questões a mais.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Diego: Tenho facilidade em escrever e praticamente desprezo essa parte da preparação. Torço para que o tema das discursivas seja mais genérico. Normalmente é assim no CESPE e me dou bem. Já a FGV cobra questões mais técnicas, e já tive problemas com isso em mais de uma vez. FCC se parece mais com CESPE. Só uma vez comprei um e-book de discursivas e ele foi útil para a segunda etapa do TCM-BA 2018. Mas, no geral, o tempo que alguns candidatos usam para estudar pra discursiva eu uso para estudar matérias das objetivas.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Diego: Infelizmente foram muitos erros! O mais grosseiro deles é “atirar pra todos os lados”. Eu via um edital com matéria em boa parte coincidente com o que vinha estudando, salário bom e cidade legal, e decidia fazê-lo. Aí já tem que olhar passagem e hotel com antecedência, e já se obrigar a estudar para o concurso, evidentemente. Mas nas semanas ou meses seguintes ocorreriam outros concursos em que eu poderia ser mais competitivo caso estudasse mais tempo pra eles. Então é preciso ter a frieza de se recusar a fazer excelentes concursos em vez de “bancar o valentão” e querer fazer quase todos. É fundamental focar em poucos concursos ao longo do ano para que você seja páreo para os candidatos que estejam se dedicando muito a eles. Nesse sentido, é boa ideia se especializar em concursos para cargos iguais ou semelhantes, em órgãos que atuam numa mesma área. No meu caso, fui ficando forte em concurso para analista administrativo de tribunais e analista de controle externo dos tribunais de contas.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Diego: O mais difícil é conviver com a tortura psicológica de saber que você deveria estar estudando em vez de estar fazendo outra coisa qualquer em determinados momentos. E também ver os meses se passarem e você não ter sido aprovado e não ter qualquer garantia de que isso acontecerá e de quando ocorreria. Conhecer uma mulher interessante e dizer “sou concurseiro e moro com meu pai” também era constrangedor pra mim. A maior motivação para seguir em frente era não jogar fora o que foi feito até então e saber que sempre alguém seria aprovado, e que tecnicamente não havia nada que excluísse a possibilidade de eu ser essa pessoa.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Diego: Como comentei acima, sou pragmático no sentido de não desistir de algo que eu queira e que eu considere possível. Muita coisa a gente vê que é impossível ou quase impossível de acontecer e a gente desiste, ou nem tenta, pra se dedicar a algo factível. Uma aprovação em concurso público está entre as coisas factíveis.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar onde você chegou!
Diego: Sinceramente, não me vejo como uma autoridade no assunto (risos). Mas aconselho a quem vá começar que saiba escolher os concursos a que irá se dedicar, consiga um bom volume diário/semanal de “horas-bunda na cadeira”, faça muitas questões e tente o possível para colocar o tempo a seu favor, em vez de considerá-lo seu pior inimigo. Se fosse fácil, todo mundo seria concursado e ganharia bem, e o governo teria uma fábrica de dinheiro pra pagar todo mundo. Mas, obviamente, isso tudo não cai do céu.