Aprovada em 1° lugar para Contabilidade no concurso TRT da 5ª região
Tribunais“E saiba que todo esforço, que todo o cansaço, que toda reprovação, que toda lágrima derramada, que todo sacrifício, que tudo, tudo mesmo, fará sentido quando você ver o seu nome na lista dos nomeados.”
Confira nossa entrevista com Thais de Jesus Pereira, aprovada em 1° lugar no concurso TRT 5ª região para o cargo de Analista Judiciário – Especialidade Contabilidade:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-la. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Thais de Jesus Pereira: Tenho 32 anos, sou natural de Vitória da Conquista, graduada em Ciências Contábeis pela Universidade Federal da Bahia e pós-graduada em Contabilidade Societária pela Faculdade Unyleya. Há mais de 10 anos, resido na capital Salvador – BA.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Thais: O mercado de trabalho para área contábil tende a ter salários baixos e rotina excessiva de trabalho. Como eu não cogitava empreender e tampouco lecionar, comecei a estudar para concursos.
Estratégia: Você trabalhava e estudava?
Thais: Parte da minha preparação eu trabalhei e estudei. Durante esse período, após alguns testes, percebi que rendia melhor quando estudava antes de ir para o trabalho. Assim, muitas vezes, acordava às quatro da manhã e estudava até às sete horas. Apesar de poucas horas líquidas, o estudo rendia pois estava descansada mentalmente – fora que era um alívio trabalhar sabendo que já tinha cumprido parte do cronograma. À noite, nem sempre conseguia estudar, visto que, às vezes, saia tarde do trabalho, pegava engarrafamento, tinha que fazer comida ou porque realmente estava cansada. Então aquelas duas horinhas líquidas pela manhã eram preciosas e um acalento, pois, embora pudesse ser pouco, eu tinha feito algo em prol do que eu almejava.
Adicionalmente, gostaria de ressaltar que houve um período da minha trajetória que eu “só estudei”. Isso, entre aspas, pois de “só” não teve nada. Foi um período que precisei de apoio emocional, pois parecia que a vida de todo mundo tinha novidades, menos a minha, que vivia aquela rotina voltada de “só estudo”. Foi uma fase desafiadora, em que estudei muito, mas que teve um custo psicológico, afinal um dos nossos males é a ansiedade. Contudo, o consolo consistia em saber que era uma fase e que iria passar.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovada?
Thais: Todas as minhas aprovações foram de cargos de nível superior, especialidade Contabilidade. Fui aprovada em 16º na Prefeitura de Salvador (nomeada), em 5º lugar no Desenbahia, em 14º lugar no TRF da 5º Região, em 2º lugar no Core-Ba (nomeada), em 14º lugar no EBSERH (unidade Hupes – UFBA), em 1º lugar no SMV da Marinha do Brasil, em 1º lugar no TRT Bahia (nomeada), em 4º lugar no TRT Espírito Santo e em 20º lugar no TRT Goiás.
Com a minha posse no TRT Ba, por ora, me considero “aposentada” do mundo dos concursos.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos?
Thais: No início, fui radical, mal saía de casa, pois os finais de semana eram essenciais para colocar as “matérias em dia”, já que tinha de conciliar os estudos com o trabalho. Contudo, no decorrer dos anos, senti a necessidade de ter mais equilíbrio, afinal a vida não para porque você resolveu estudar para concursos.
Estratégia: Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseira?
Thais: Minha família e meu marido foram essenciais durante toda a minha trajetória, meu verdadeiro alicerce. Se estou onde estou, foi graças ao suporte, ao apoio e ao incentivo que eles me deram.
Em destaque: minha mãe que é sinônimo de garra, independência e força. Ela foi minha psicóloga, minha incentivadora, meu horizonte. Meu pai, sempre entusiasmado, me estimulava a fazer todas as provas que apareciam, “por que não o INSS?” – rss. Meu marido, um homem fora da curva, muitas vezes fazia a minha parte nas tarefas de casa para que eu pudesse estudar mais um pouco. Ele fez questão de me levar e me buscar em cada local de prova, ele escutava, com paciência e atenção, todos os meus anseios, me viu chorar em cada correção de prova e em todo momento me abraçou dizendo “eu acredito em você, BORA”.
Quanto aos amigos, no início, todos, sem exceção, sabiam da minha decisão. Porém, com o tempo, fui compartilhando menos, pois nem todos entendiam ou demonstravam interesse em saber, e tudo bem. Acabei percebendo que quanto menos pessoas sabiam, menor era a pressão. Fui “trocando figurinhas” com pouquíssimos amigos, amigos do “mundo dos concursos”.
Hoje, reconheço e valorizo ainda mais essas pessoas que acreditaram em mim e que me apoiaram nessa árdua trajetória de concursos. A estas pessoas, muitíssimo obrigada. Amo vocês.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso?
Thais: Eu já tinha uma base sólida em diversas matérias quando foi lançado o edital do TRT Ba. Trouxe a experiência de diversas (re)aprovações passadas. Assim, embora tivesse estudando, não estava estudando especificamente para o TRT (aliás nem achava que conseguiria ser aprovada –rs). Mas, assim que o edital foi lançado, ativei meu “modo turbo” e fui com tudo. Não tenho dúvidas que foi o período que mais cresci, e não digo tecnicamente, mas psicologicamente. Eu sabia que a concorrência seria alta, que meus colegas concurseiros são bons, mas eu só queria me vencer, eu queria saborear o prazer de verdadeiramente falar que tinha feito o meu melhor. Então, não menosprezando os anos de estudo, foram 3 meses direcionados ao TRT.
Para manter a disciplina, eu tinha em mente que a fase de pós-edital era só uma fase e que tinha que enfrentá-la para galgar algo maior, o cargo público. E ter disciplina é fazer o que tem que ser feito. Se tinha que estudar, eu estudava. Se tinha que fazer simulados, eu fazia simulados. Se tinha que fazer redações, eu fazia redações. Foi isso. Fiz o que tinha que ser feito.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Thais: Eu usei livros, cursos em PDF, videoaulas e muitas questões. Na maior parte, foram materiais do Estratégia e as questões foram do TEC. Cada estratégia tem sua vantagem e desvantagem, é importante que cada concurseiro(a) teste sua adaptação. Não existe receita de bolo ou manual de como fazer, então tinha matérias em que eu assistia videoaulas, outras preferia ler o PDF. Porém, o que acho mais importante e indispensável são as questões. Em qualquer fase de estudo, eu fazia questões.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Thais: É engraçado, mas eu me lembro bem desse dia. Já estava frustrada com meu trabalho de auditoria independente, quando apareceu no Youtube o webinário da Receita Federal com a participação da Núbia Oliveira, no notebook do trabalho. A partir daquele dia, comecei a maratonar os vídeos e tive certeza de que eu queria exercer um cargo público na minha área.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação?
Thais: Eu escolhi o Estratégia desde o início e acredito que comecei em alto nível, até porque fiz consultoria também. Aprendi muita coisa e “encurtei o caminho”. Não há dúvidas de que as videoaulas e os PDFs do Estratégia são os melhores do mercado.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Thais: Sempre fui uma pessoa organizada (para não dizer metódica – rs), então eu fazia o meu próprio planejamento de estudos. Para cada fase da minha preparação, tinha uma planilha em excel, em que possuía as matérias, os assuntos, o tempo a ser estudado, o número de questões resolvidas e o percentual de acertos. Cheguei a estudar de três até dez matérias por dia dependendo da fase de estudo. Eu gostava de estudar em torno de 5 a 6 horas líquidas por dia, não mais que isso, pois sempre busquei priorizar a qualidade do estudo.
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Thais: Um dos meus receios não era o grau de dificuldade das disciplinas, e sim como manter tudo que havia estudado armazenado no meu cérebro a médio/longo prazo. Então, desde sempre, entendia a importância das revisões e as fazia rotineiramente. Ora pela leitura ativa dos meus resumos digitais, ora pela resolução de questões erradas/favoritadas.
Aliado a isso, de tempos em tempos, fazia simulados. Simulado de verdade, daqueles que simula tudo: a banca, a prova, a caneta, o horário, a passagem para o cartão resposta, a redação com folha definitiva e tudo mais. Quando comecei a fazer simulado, comecei a entender mais sobre estratégia de prova, o que foi um divisor de águas.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios?
Thais: Resolver questão é o mantra de um concurseiro. É fundamental. É com base na resolução de questão que se testa o entendimento sobre a disciplina.
Quanto ao número de questões que fiz, espero, futuramente, compilar todas minhas planilhas de planejamento, a fim de saber com precisão não só o número de questões resolvidas, como também a quantidade total de horas líquidas. Contudo, recentemente, cancelei a inscrição de um site de questões, o qual me informou que, pela plataforma, havia feito pouco mais de 101 mil questões.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade?
Thais: Português, principalmente o português da FGV, e, por isso, recorri a videoaulas dos assuntos que mais errava como verbos, regência e interpretação de textos. Em paralelo, resolvia questões desta matéria todos os dias, bem como buscava justificar o erro de cada alternativa. Adicionalmente, eu tinha dificuldades em Direito Administrativo, pois, embora não considerasse uma matéria difícil, era uma matéria muito extensa e com diversas leis, doutrinas e jurisprudências. Por conseguinte, resolvi vê-la diariamente, um estudo de 30 a 45 minutos, a fim de ativar meu cérebro para os diversos assuntos da disciplina.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Thais: Na semana da prova, eu fiz revisões específicas, isto é, revisei os pontos de maior dificuldade de cada matéria, através da leitura ativa dos meus resumos digitais, e resolvi blocos de questões, os quais foram selecionadas durante o estudo pós-edital.
Na véspera, eu assisti à revisão realizada ao vivo pela equipe do Estratégia e reli os principais artigos do Regimento Interno do TRT.
Estratégia: No seu concurso, além da prova objetiva, teve a discursiva. Como foi sua preparação para esta importante parte do certame?
Thais: Sim, para o cargo de Analista Judiciário, especialidade Contabilidade, foi cobrada uma discursiva-redação. E minha preparação foi no estilo “Plano JK”, ou seja, todas as redações que eu havia procrastinado, eu fiz no pós-edital e pude contar com a correção de um professor especializado na área. Ressalto, porém, que isso foi um risco, já que a nota da discursiva é que dita a nota final da prova.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Thais: O que é certo? O que é errado? Quem dita as regras?
Quando você vê seu nome na lista dos aprovados, passa um filme em sua cabeça e rapidamente você entende que tudo, erros e acertos, tinham que acontecer do jeito que aconteceram. Contudo, se eu continuasse estudando para concursos, buscaria não procrastinar o estudo para redação e assistiria, na íntegra, todas as aulas do professor Rodolfo Gracioli.
Enquanto aos acertos, não há dúvidas que o principal acerto foi o fato de não ter desistido, de ter persistido, apesar dos pesares. Destaco também a importância de, em tempos em tempos, eu ter estudado sobre métodos de estudos, pois, embora haja muitos métodos, eu soube testá-los e consegui identificar o que funcionava para mim.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Thais: Às vezes eu tinha crises, crises de choro. É muito difícil estudar para concursos, ainda mais estudar para concursos com pouquíssimas vagas como os de Contabilidade. Diversas vezes fiquei temerosa, pois eu sabia que daria certo, mas não sabia quando daria certo, e isso, por vezes, me assustava. Então eu chorava para aliviar a angústia, mas não cogitava desistir.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Thais: Se você decidiu estudar para concurso, saiba que a aprovação tende a demorar. Essa é a regra. Demora para todo mundo. Logo, além de todo conhecimento técnico, é essencial ter paciência e saber lidar bem com as próprias emoções.
Não menos importante, cerque-se de pessoas que acreditam em você, que vibram por você, que torcem por você. Esteja em ambientes de pessoas que “chegaram lá”, que têm bagagem porque de fato viveram o “mundo dos concursos”. E saiba que todo esforço, que todo o cansaço, que toda reprovação, que toda lágrima derramada, que todo sacrifício, que tudo, tudo mesmo, fará sentido quando você ver o seu nome na lista dos nomeados. É INDESCRITÍVEL. Espero, de coração, que você tenha essa vivência.