Aprovado em 11° lugar no concurso TCU no cargo de Auditor Federal de Controle Externo
Tribunais de Contas (TCU, TCE, TCM)“Aconselho a começar o mais cedo possível e de forma séria. Aconselho a não perder tempo com “fórmulas mágicas”. Quando o trabalho é sério, honesto e dedicado, a aprovação vem”
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Confira nossa entrevista com João Paulo Oliveira, aprovado em 11° lugar no concurso TCU no cargo de Auditor Federal de Controle Externo:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-lo. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
João Paulo Oliveira: Sou graduado e possuo mestrado em Engenharia Elétrica. Tenho 33 anos e nasci em Viçosa/MG. Porém, vim com 5 anos para Brasília, onde moro até hoje.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
João Paulo: Eu estava bastante frustrado com meu emprego da época e todas as boas perspectivas de mudar de emprego que eu tinha eram para fora de Brasília. Como eu queria continuar morando na capital federal, vi nos concursos uma alternativa para permanecer na cidade e ter uma boa remuneração. Para fechar o pacote, procurei um órgão cujo trabalho eu considero interessante.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
João Paulo: Sim. Eu estudava em praticamente todos os horários em que não estava trabalhando. Acordava entre 5h30 e 06h para ter tempo de estudar antes do trabalho; estudava no intervalo do almoço; à noite, após o trabalho, também estudava até tarde. Os finais de semana e feriados eram totalmente dedicados aos estudos, inclusive nas festas de fim de ano.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
João Paulo: Durante meus estudos para o TCU, eu fiz o concurso do Ministério da Economia para Especialista em Ciência de Dados. Acabei passando em 5º lugar, mas fiz o concurso apenas visando pegar prática de prova. Eu não tinha a pretensão nem o título necessário para assumir o cargo. Também não pretendo estudar para outros concursos.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos e família?
João Paulo: A vida social praticamente não existiu durante o período de estudo. As únicas exceções eram 2 almoços por mês, quando eu encontrava com a família por cerca de 3 horas.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseiro? De que forma?
João Paulo: Moro junto com minha namorada. Não temos filhos. Ela teve que ter muita paciência comigo durante o período de estudos. Eu vivia cansado, mal-humorado e estressado. E não tínhamos tempo para ficar juntos, fazer coisas em casal. Não foi fácil para nenhum de nós dois.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
João Paulo: Quase 2 anos.
Uma vez que decidi que o estudo era prioridade, eu tentava não dar muita voz para minhas vontades imediatas. Eu não tinha vontade de estudar, eu tinha vontade de ver uma série, beber uma cerveja, etc. Mas não importava a minha vontade, eu estudava mesmo assim.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação? (Aulas presenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens?)
João Paulo: Todo o material que utilizei foi digital e todas as aulas que fiz foram remotas. Utilizei principalmente videoaulas. Em segundo lugar, acho que ficam os materiais secos, como leis e manuais. Os PDFs de aulas eu colocaria em terceiro lugar, os quais eu utilizava mais para esclarecer dúvidas e complementar as explicações que vi nas videoaulas. Tentei usar também áudios narrados, mas não conseguia me concentrar neles, pois achava a narração muito monótona. Não cheguei a usar nenhum livro.
Para mim, as videoaulas agregam a maior quantidade de vantagens. Como o professor está ali dando a aula, não é monótono como os áudios narrados. Já a possibilidade de acelerar o vídeo é essencial: eu ouvia tudo no mínimo em 2x, chegando a 3x quando o assunto era mais fácil ou eu já estava mais acostumado à matéria. Além disso, a possibilidade de voltar e rever uma parte da aula que eu não entendi é uma vantagem gigantesca, em relação à aula presencial. Às vezes, eu revia o trecho da aula que eu não entendi umas 5 vezes. Além disso, é muito conveniente poder ver/ouvir a aula na hora que eu quiser, ou seja, poder encaixar a aula na minha rotina. Eu colocava a aula tocando no meu celular o todo tempo: dirigindo, passeando com o cachorro, na academia, lavando louça… Eu vivia de fones de ouvido.
Quanto às anotações, eu utilizava principalmente mapas mentais (também digitais), em que eu correlacionava cada conhecimento com outros. A interligação dos assuntos me ajudou a entender e memorizar muita coisa. Também fiz muitos comentários nos PDFs das leis e manuais. Eles estão cheios de grifos coloridos e anotações em texto.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos? (Estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Quantas horas líquidas estudava por dia?)
João Paulo: Eu tentei vários planos de estudo. Porém, com o tempo, percebi que eu estava gastando tempo demais montando planos e, por melhor que eles parecessem, eu não conseguia seguir nenhum à risca. Como meu tempo de estudo era muito escasso e o conteúdo do edital era gigantesco, no final das contas, eu meramente criei uma lista rotativa das matérias. Quando eu finalizava a sessão de estudo de uma matéria, a próxima sessão era de outra matéria. E mesmo isso não era tão rígido.
Como eu ficava tentando achar brechas nas minhas demais atividades para estudar, é uma estimativa meio grosseira, mas eu acredito que conseguia estudar entre 3 e 6 horas brutas nos dias úteis e umas 10 a 14 horas brutas nos dias de final de semana ou feriados. Eu não fazia o controle de horas líquidas. Minha impressão é que meu tempo de estudo já era escasso demais para gastar tempo fazendo esse controle.
Estratégia: Como fazia suas revisões? (Costumava fazer resumos, simulados ou algo mais?)
João Paulo: Eu fiz muitos mapas mentais. Não com o propósito de revisão em si, mas para tentar entender como as coisas se conectavam. Mas eles acabavam servido sim como material de consulta / revisão.
Outra coisa que acho que ajudou foi fazer esforços ativos de memória e raciocínio. Em momentos dispersos do estudo, eu abria um bloco de notas e tentava listar todos os incisos do Art. 71 da Constituição, ou as condições para renúncia de receita do Art. 14 da LRF, por exemplo.
E sim, eu fiz muitos simulados, praticamente todos que consegui achar.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
João Paulo: A resolução de exercícios foi muito importante em vários aspectos. Acho que principalmente: achar falhas no meu conhecimento; treinar o cérebro por repetição; e entender o trejeito da banca avaliadora ao formular perguntas.
Eu fiz o controle de quantidade de questões apenas nos primeiros meses de estudo, depois deixei para lá. O raciocínio foi o mesmo do controle de horas líquidas: meu tempo era muito escasso para gastar contando quantas questões eu tinha feito. Em vez de eu gastar tempo controlando a quantidade de questões, ou eu ia fazer mais questões ou eu ia descansar um pouco.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
João Paulo: Os Direitos de forma geral foram bem difíceis, uma vez que eles requerem mais memorização e menos raciocínio. O Direito Civil foi particularmente difícil, uma vez que eles parecem ter um idioma próprio. Era tradição, redibitórios, evicção, perempção (que é diferente de preempção!). Eu literalmente fiz uma tabela em que, a cada termo novo, eu registrava a palavra, o significado que eu entendi (quando eu havia entendido), um exemplo de uso, e o link para a referência do professor usando a expressão.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
João Paulo: Os dias antes da prova foram de foco total. Pedi férias do trabalho e foi realmente zero vida social, zero cuidar de outros assuntos. Também revisei todos os mnemônicos e artigos importantes, tentando aproveitar ao máximo a memória de curto prazo e trazer os detalhes para a hora da prova.
O dia pré-prova foi parecido. Inclusive estava vendo duas revisões de véspera ao mesmo tempo. Eu via um pedaço de uma em 2x ou 3x, pausava e via um pedaço de outra em 2x ou 3x. A diferença em relação aos dias anteriores foi que fiquei mais atento a não me cansar demais. Eu não fiquei noite adentro vendo as revisões, por exemplo. Parei de estudar no final da tarde, para ir desacelerando o cérebro e conseguir dormir bem na noite pré-prova.
Estratégia: No seu concurso, além da prova objetiva, teve a discursiva. Como foi sua preparação para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
João Paulo: Para a prova discursiva a preparação foi razoavelmente diferente. Eu procurei aprofundar bastante o conhecimento que tinha adquirido durante o estudo para a prova objetiva. Não bastava eu ter “pegado a ideia” de alguma coisa, eu procurava esmiuçar os detalhes e decorar os termos utilizados da fonte (lei, manual, acórdão…) para poder utilizar as mesmas palavras na minha redação.
Outra preparação específica para a discursiva foi quanto à parte física/motora. Como tudo que eu uso no dia a dia é digital, eu não tenho o condicionamento de mão e braço necessário para passar várias horas escrevendo sem parar. Assim, durante alguns meses, escrevi muitas redações, para adquirir a musculatura e resistência necessárias.
Por fim, para ajudar em ambos os pontos acima e vários outros, eu contratei dois produtos específicos: uma mentoria e um curso com correção, ambos voltados especificamente para a discursiva desse concurso.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
João Paulo: Quanto a erros, acho que no começo eu tentava controlar demais os estudos. Conforme já mencionei antes, gastar muito tempo elaborando planos de estudos, ficar forçando o estudo a se encaixar no plano, ficar usando apps para medir horas líquidas, ficar controlando quantidade de questões, entre outros, são coisas que não contribuem diretamente com o acúmulo de conhecimento.
Diametralmente oposto, acho que acertei ao pegar esse tempo e essa energia e utilizá-los para apender mais algum assunto, aprofundar outro que eu já havia estudado, fazer mais exercícios, memorizar um artigo específico, etc.
Nessa mesma linha, outro acerto foi levar o estudo muito a sério. Eu sacrifiquei muita qualidade de vida e coisas que eu queria fazer em prol do estudo.
Por fim, outra coisa que acho que foi um acerto foi eu sempre tentar entender os assuntos (em oposição a simplesmente decorar). Tentar entender a motivação de um assunto e o relacionamento com outros assuntos tornavam a matéria muito mais fácil de entender e de lembrar posteriormente. Talvez outras pessoas tenham facilidade em simplesmente decorar assuntos e expressões, mas eu tenho muita dificuldade nisso.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
João Paulo: Sim, o questionamento se eu estava fazendo a escolha certa era bastante constante. Afinal, o esforço é muito grande, a privação de outras coisas da vida é muito grande, existe a possibilidade de o cargo público não ser aquilo tudo que esperamos. E são todos aspectos que impactam a vida de uma pessoa como um todo.
Porém, quando eu refletia sobre esses aspectos, pesava os prós e os contras, eu continuava achando que valia a pena. Logo, continuei estudando.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
João Paulo: Aconselho a começar o mais cedo possível e de forma séria. Aconselho a não perder tempo com “fórmulas mágicas”. Quando o trabalho é sério, honesto e dedicado, a aprovação vem.