“Vai ser uma etapa da sua vida que, por mais desgastante que seja, vai acabar. E vai acabar muito bem, pois vai acabar conseguindo o emprego que você deseja.”

Confira nossa entrevista com Amanda Freitas Santos, aprovada em 1° lugar no concurso TCM-SP para o cargo de Auditor de Controle Externo – Ciências Atuariais:

Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-la. Qual a sua formação, idade e cidade natal?

Amanda Freitas Santos: Sou formada em Ciências Atuariais pela UERJ e em Direito pela UFRJ. Tenho 34 anos e sou do Rio de Janeiro.

Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?

Amanda: O concurso público para mim representa conseguir o emprego que eu desejo, baseado unicamente nos próprios méritos e independente da classe social, da sua personalidade, do histórico familiar e do círculo social. No concurso público, por mais difícil que seja a aprovação, sabemos que o caminho é estudar e dar o nosso melhor para um dia podermos trabalhar onde desejamos. Não há questões subjetivas que envolvam a contratação e há objetividade nos benefícios financeiros. Você decide quanto deseja ganhar e passa a correr atrás das vagas que possuam aquele salário.

Minha família sempre me incentivou a buscar uma área pública de interesse e realizar um concurso, inclusive por causa da estabilidade. Contudo, só após eu me formar na primeira graduação e trabalhar na iniciativa privada, comecei a pensar em fazer concurso público. Assim, decidi estudar e um ano depois fui aprovada para o cargo que desejava na época. Com isso, foi trabalhando como servidora que eu me encontrei como profissional. Passei a me sentir, de fato, realizada, pois vejo propósito no meu trabalho. Sendo servidora, sinto que, quanto melhor desempenhar o meu trabalho, melhor é o retorno que eu mesma terei como cidadã.

Ainda, com o concurso público, consegui conciliar tudo isso com um trabalho na minha área de atuação, que é ciências atuariais. Esse foi um dos motivos de ter escolhido a área de controle. Assim, decidi voltar a estudar para o cargo de auditora de controle externo, conseguindo as minhas aprovações no Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCM-SP) e no Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCE-ES).

Estratégia: Você trabalhava e estudava?

Amanda: Desde que voltei a estudar para a área de controle, eu sempre trabalhei e estudei. Não foi fácil, inclusive no período de pandemia, que, devido ao trabalho remoto, houve dias em que trabalhei até de madrugada. Mas sim, foi possível conciliar. Quase todo o tempo livre que me restava era dedicado aos estudos. Eu estudava antes e após o trabalho. Também estudava fins de semana, feriados e tirei algumas férias exclusivamente para estudar. De fato, minha vida social ficou comprometida, faltei a diversos eventos e acabava fazendo algo para me distrair apenas aos sábados à noite. Mesmo assim, evitava fazer algo que atrapalhasse meu sono, de modo a acordar bem no domingo para estudar.

Estratégia: Em quais concursos já foi aprovada?

Amanda: Comecei a estudar em 2013 e em 2014 fui aprovada em 17º lugar no cargo de Assistente Previdenciária e em 55º lugar no cargo de Especialista em Previdência Social, ambos no Rioprevidência. Após a posse como Especialista, fiquei até 2020 sem estudar para concursos. Então, nesse ano voltei a me dedicar aos concursos, sendo agora aprovada em 1º lugar no cargo de Auditor de Controle Externo do Tribunal de Contas do Município de São Paulo (TCM-SP) e em 2º lugar no de Auditor de Controle Externo do Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCE-ES). Como meu foco era o TCM-SP, a princípio não pretendo continuar estudando.

Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos?

Amanda: A minha vida social durante a preparação era bem restrita. Como disse, por trabalhar todos os dias, separava fins de semana, feriados e férias para estudar por mais tempo. No geral, eu acabava faltando a encontros e a eventos, mas, antes de sair algum edital que eu estava esperando, eu ficava mais tranquila em encontrar meus amigos e familiares, deixando os sábados à noite para isso. Mas é importante comentar que comecei a estudar durante a pandemia, então, naturalmente, já fiquei um período sem vida social, devido às restrições da COVID.

Estratégia: Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseira?

Amanda: Sim. Meus amigos entendiam quando eu não podia encontrá-los com frequência por causa dos estudos. Muitos se surpreendiam com o foco que eu tinha, mas respeitavam as minhas ausências. Minha família também. Eu imagino o quão difícil foi para eles, já que a aprovação implicaria uma mudança de estado, mas, mesmo assim, eles foram maravilhosos nesse período, sempre me incentivando. Minha irmã já tinha passado por isso (ela também é servidora) e sempre me dizia que do jeito que estudávamos, com certeza a aprovação chegaria em breve. E minha mãe, para se manter presente, vinha me visitar, mas ficava quietinha enquanto eu estudava e, quando não, sempre me ligava, mas já falava: “eu liguei rapidinho só para te dar um beijo, pois sei que você está estudando”. Infelizmente, não tenho mais meu pai para participar comigo desse processo, mas ele sempre esteve me apoiando na primeira vez que eu estudei. E não posso deixar de falar do meu marido. Ele estava estudando para os mesmos concursos que eu (e, inclusive, também foi aprovado neles), então além do seu apoio (ficávamos um na sala e o outro no quarto estudando), preciso ressaltar toda a sua ajuda. O Daniel foi imprescindível na minha aprovação, controlando meu desempenho, me dando dicas, me ensinando as matérias que eu tinha dificuldade e sendo meu suporte nos momentos de desânimo. Sou muito grata e sei que sem ele certamente o caminho teria sido muito mais difícil.

Quando escolhemos esse caminho de estudos para concursos, que é tão pesado e imprevisível, é muito importante que as pessoas ao nosso redor aceitem passar por esse processo conosco, principalmente aquelas que moram na mesma casa. O esforço, claro, será de quem estuda, porém, o incentivo faz grande diferença, seja com palavras, com um lanche e com o respeito de não interromper a todo momento ou de não chamar para realizar outras atividades mais legais na hora que separamos para o estudo.

Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso?

Amanda: Eu decidi estudar no início de 2020, mas só consegui focar mesmo e ser constante a partir de dezembro daquele ano. O meu foco sempre foi o TCM-SP. Porém, o concurso saiu em 2020 e depois foi suspenso por causa da pandemia. Então, acabei focando os estudos na área de controle, o que não deixava de ser um estudo para o TCM-SP também. Quando saía algum edital de outro órgão de controle, eu focava nele e, passando a prova, voltava a focar no TCM-SP. Fiz isso até maio de 2022, quando tentei mudar e estudar para a área fiscal. Mas na mesma época minha mãe teve um problema sério de saúde e acabei não estudando nada até outubro do mesmo ano, quando vieram os boatos de que o TCM-SP voltaria. Isso me deu o ânimo que eu precisava. Como eu já havia estudado muito para a área de controle, voltei nesse mês a estudar exclusivamente para o TCM-SP, focando nele até a prova, que foi em fevereiro de 2023. Com todo o período anterior de estudos, pude fazer só revisão das matérias gerais e consegui focar mais nas específicas, que eram mais relacionadas à atuária.

Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?

Amanda: Exceto no que se refere à parte atuarial e à parte de direito previdenciário da legislação específica, o que eu mais usei na minha preparação foram as aulas em PDF, seguidas das videoaulas. Eu me baseava exclusivamente nos PDFs, sem precisar buscar outras fontes de material, pois sabia que lá teria tudo que eu precisava. Isso foi muito importante, pois não precisei me preocupar com outras leituras, sabendo que ali eu tinha tudo que eu precisaria para a prova. Eu li todas as aulas em PDF do Estratégia de cada concurso que fiz, bem como fiz a maioria das questões disponibilizadas no final do material, com os comentários ótimos que muito me ajudaram. Nas matérias de exatas, inclusive, fiz as questões mais de uma vez. As videoaulas eu usava subsidiariamente, quando não era possível ler as aulas. Eu assistia na academia, no metrô, lavando louça, colocando roupa na corda e até se eu estivesse em alguma fila. Também usava as videoaulas quando precisava entender melhor alguma matéria mais complicada, como estatística e contabilidade. No que se refere à parte atuarial e às legislações, eu estudei por livros, material de quando eu era da faculdade e pelas leis secas.

Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?

Amanda: O Estratégia faz parte da minha vida desde 2013. Eu sempre estudei pelo curso e sempre gostei bastante. Eu conheci o curso pelo meu marido, que estudava antes e me deu as dicas quando comecei.

Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação?

Amanda: O diferencial que eu vejo no material é ter a certeza que ele engloba todo o edital e que, por isso, basta eu me basear apenas por ele. Além disso, há os professores, que estão sempre presentes para sanar nossas dúvidas. Também gosto do fato de, além do PDF, ter a opção de utilizar as videoaulas, o passo estratégico e o estratégia cast, mesmo utilizando-os pontualmente.

Estratégia: Como montou seu plano de estudos?

Amanda: Nunca estudava apenas uma matéria por dia. Mesclava pelo menos duas e, a depender do tempo livre, estudava até quatro no mesmo dia. Eu estudava todos os dias, o que dava em torno de 30 a 35 horas por semana. Eu e meu marido fizemos todo o nosso plano de estudos. Gastamos muitas horas nisso, mas foi necessário, pois a partir de então pudemos seguir estudando nos baseando estritamente no que havíamos planejado, sem mais nos preocuparmos com essa parte durante o processo. Por ser um concurso específico, precisamos identificar nossas vulnerabilidades e a maneira de saná-las, além de definir o modo e o tempo necessário para estudar cada matéria, de acordo com nosso perfil. Apesar de ser o mesmo concurso e termos a mesma formação, fizemos um plano diferente para cada um. Eu segui o que montamos para mim e ele seguiu o dele. Nesse momento, também separamos todo o material que precisaríamos, tanto da parte geral quanto da parte específica. Depois que superamos essa etapa, focamos apenas no estudo, não mudamos nada que havia sido planejado, para não acarretar nenhum estresse de mudança de estratégia no meio do caminho. E hoje ficamos muito felizes, pois deu certo. Mesmo com um processo todo focado no TCM-SP, ainda conseguimos aproveitar o estudo no TCE-ES, que teve um perfil de prova totalmente diferente, com ênfase em outras matérias e com outra banca.

Estratégia: Como fazia suas revisões?

Amanda: Inicialmente, eu comecei a montar meus próprios resumos. Mas depois vi que isso me fazia gastar muito tempo, então comecei a usar os resumos prontos dos materiais e a refazer as questões.

Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios?

Amanda: Nossa, para mim, a resolução de questões é a parte mais importante do estudo. É só nessa parte do estudo que eu consigo, de fato, fixar a matéria e identificar em qual parte específica estou com mais problemas. Considerando os meus controles e estimando as que eu não cheguei a contabilizar, posso dizer que fiz em torno de 20 mil questões.

Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?

Amanda: Eu tinha muita dificuldade em contabilidade. Por isso, eu lia e relia os PDFs e fazia muitas questões, para tentar vencer pelo cansaço rs.

Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?

Amanda: A rotina foi bem cansativa. Separei os pontos da matéria que eu ainda tinha alguma dúvida e aqueles que eram mais de decoreba e foquei nisso em todo o meu tempo livre. Um detalhe é que a semana antes da prova foi carnaval, que eu amo. Então eu precisei fingir que nada estava acontecendo para conseguir focar apenas em gravar tudo que eu pudesse ao invés de ir aos blocos.

Estratégia: No seu concurso, além da prova objetiva, teve a discursiva. Como foi sua preparação para esta importante parte do certame?

Amanda: No meu concurso, houve 3 questões discursivas e uma redação. A redação era tema livre, então não foquei nela, mas acabou sendo sobre burocracia, que eu já havia estudado em administração pública. Em relação às três questões, eu só sabia que poderiam ser das matérias específicas, então poderiam ser questões teóricas ou de contas. Por isso, além de fazer todas as questões de estatística, matemática atuarial e matemática financeira que pude, eu e meu marido montamos perguntas e respostas de toda a matéria de direito previdenciário e da parte teórica de matemática atuarial. Li e reli essas questões muitas vezes, focando principalmente nas palavras-chave que eu poderia usar em alguma redação.

Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?

Amanda: Os principais erros foram: gastar muito tempo em detalhes específicos das matérias, que depois percebi que com a prática na resolução de exercícios eu acabava aprendendo. Além disso, houve um período em que eu queria estudar, mas ficava chateada de não ter tempo para outras coisas e acabava procrastinando. Com isso, não estudava, nem fazia outras coisas. Só após perder um tempo valioso, percebi que, se o que eu realmente queria era passar, eu precisava focar e estudar com seriedade. Só após me convencer disso que consegui avançar no estudo. Também foi um erro me comparar com os outros, o que me fazia achar que todo mundo conseguia evoluir, passar e eu não, o que me causava muito estresse.

Quanto aos acertos, posso dizer que um deles foi utilizar o material correto. Também considero um acerto eu ter percebido que esse período chato de estudos era apenas uma fase e que eu escolhi passar por aquilo, mas que, se desse certo, valeria a pena. Depois que percebi isso, o processo se tornou menos desgastante e até legal.

Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?

Amanda: Nossa, muitas vezes. Mas sempre que pensava nisso, também lembrava que eu já tinha estudado tanto, que era melhor seguir. O fato de ter meu marido me incentivando e passando pelo mesmo processo que eu também me ajudava a sentar e estudar.

Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!

Amanda: Pode parecer utopia, mas meus pais sempre me ensinaram que o melhor caminho para conseguirmos o que queremos na vida, é o caminho do estudo. Esse é um caminho gratificante e que, com persistência, dá certo. De fato, não é um processo fácil, mas depois que entramos na rotina, acaba ficando mais tranquilo. O negócio é nem pensar muito em começar, é decidir e ir em frente. Temos sempre que ter em mente que tudo passa, inclusive isso. Vai ser uma etapa da sua vida que, por mais desgastante que seja, vai acabar. E vai acabar muito bem, pois vai acabar conseguindo o emprego que você deseja.