Aprovado no concurso TCE-GO para o cargo de Auditor de Controle Externo
Tribunais de Contas (TCU, TCE, TCM).
“A gente pensa em chutar o balde diversas vezes, mas a frustração que eu estava no trabalho, combinado com o meu sonho, com a minha promessa para a minha avó, e a vontade que eu tinha de ter uma qualidade de vida melhor para mim e para a minha família, jamais deixariam que eu desistisse […]”
Confira nossa entrevista com Gustavo Felipe Mendes Corrêa, aprovado em 16° lugar no concurso TCE-GO para o cargo de Auditor de Controle Externo:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-lo. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Gustavo Felipe Mendes Corrêa: Fala, pessoal! Sou o Gustavo Felipe Mendes Corrêa, tenho 28 anos, natural de Brasília, mas com tempo de vivência suficiente para me considerar de São Paulo (rs). Sou administrador formado pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e professor, especialista na Nova Lei de Licitações e Contratos em Direito Administrativo e Gestão Orçamentária e Financeira no Setor Público. Além disso, atualmente trabalho na ALESP e moro com minha namorada Gabriela, e nossa cachorrinha, Lola.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Gustavo: Primeiro, eu queria ter tempo de qualidade com minha família. Depois, ao longo dos estudos, percebi que muitos dos meus valores pessoais batiam com os requisitos da área de controle, principalmente, a ética e a moral.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Gustavo: Sim, eu acordava 4h50 da manhã, estudava até às 8 horas, ia para a academia, almoçava, trabalho, jantava e tentava colocar mais algumas horinhas de noite, até o cérebro parar de funcionar (rs).
A minha estratégia era cumprir ao menos 3 horas de estudo todos os dias, então, tentava bater isso logo cedo. O que eu conseguisse depois, contava como “hora extra”. A ideia era deixar a noite livre para afazeres domésticos e para ter pelo menos um pouco de tempo em família.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Gustavo:
- 16° TCE GO – Auditor de Controle Externo;
- 6° TCE PR – Auditor de Controle Externo – Administração;
- 41º MPO – Analista de Planejamento e Orçamento;
- 1º ALESP – Analista Legislativo – Finanças;
- 7º CMSP – Consultor Técnico Legislativo – Administração;
- 23º BB – Sorocaba – Agente escriturário;
- 74º Petrobrás – Analista – Administração;
- 22º SEA/SC – Administrador;
- 84º SEFAZ AM – Auditor de Finanças e Controle do Tesouro Estadual [prova suspensa].
Também estou concorrendo a algumas vagas na PREVIC pelo Concurso Público Nacional Unificado, mas a classificação final ainda não foi divulgada.
Francamente, já deu essa fase de plantio (rs). Agora tá na hora das colheitas!
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos e família?
Gustavo: Bem restrita, dificilmente saía aos finais de semana. Até mesmo com minha namorada: costumávamos sair e passar o dia fora, já que São Paulo (onde resido atualmente) tem muita coisa interessante para se fazer. Porém, com os estudos, passamos a restringir essas saídas a, no máximo, um almoço ou um jantar fora de casa. Toda a nossa rotina foi estruturada para que eu conseguisse estudar.
Cheguei a ter contato com alguns amigos e com a família ao longo da jornada, mas tive de abrir mão dessa socialização ao longo dos estudos, não teve jeito. O tempo do concurseiro é sempre contado pra tudo. Certamente, essa é a pior renúncia da jornada: o seu tempo com seus amigos e com sua família.
Estratégia: Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseiro? De que forma?
Gustavo: Não só entenderam, como foram minha motivação.
Eu sempre tive uma conexão especial com a minha avó materna, dona Lélia, minha véia. Ela tinha artrite desde que eu tenho memória, e sofreu muito pelo fato de os tratamentos serem muito caros na época. Como era costureira, e não teve acesso às medicações nos períodos devidos, as mãos e os pés dela se deformaram, e ela teve que se aposentar. Minha avó foi minha madrinha e uma das pessoas mais especiais da minha vida. Doce, engraçada e muito parceira. Porém, como era muito doente (e morava distante de mim), muitas vezes, ela me ligava e me contava o quanto ela queria me ver formando na faculdade, e eu, que já estudava para concursos na época, sempre respondia pra ela: “Véia, segura aí porque a senhora vai ver tomando posse como Auditor!”. O último presente que ela me deu antes de falecer foi um vídeo em que ela dizia a quão feliz e orgulhosa estava por saber que eu estava me dedicando tanto aos estudos.
Ela foi uma das minhas maiores motivações, com certeza. E agora, se Deus quiser, ela vai assistir à minha posse lá de cima na salinha VIP que ela tanto merece (e com open bar, claro).
Minha outra motivação veio por meio da minha namorada, que não só entendeu, como me apoiou incondicionalmente nessa jornada: alinhou horários de trabalho dela com os meus (para que pudéssemos maximizar o tempo juntos), me ajudou inúmeras vezes nas minhas responsabilidades, foi compreensiva e extremamente paciente (já que boa parte da nossa conversa envolvia concurso, de uma forma, ou de outra, rs). Enfim, ela fez de tudo para que a minha jornada não fosse tão solitária. Sem ela, essas aprovações não só não teriam acontecido, como não teriam sido tão sustentáveis e alegres como ela conseguiu torná-las. Ainda bem que ela é uma excelente psicóloga, acho que só assim pra aguentar a jornada (rs).
Por falar em psicóloga, eu fiz tratamento psicoterápico (abordagem TCC) durante toda a minha trajetória. A Carol foi essencial para que eu desenvolvesse técnicas e conseguisse levar ferramentas para as provas. Assim, eu fui capaz de estabilizar o meu emocional e focar no que realmente importa: marcar o X no lugar certo, sem deixar os pensamentos e emoções afetarem tanto minhas decisões.
Outrossim, pouquíssimos amigos sabiam que eu estava estudando (e eram justamente aqueles que também estavam, de alguma forma, já envolvidos com concurso público). Inclusive, um deles não só me apoiou, como estudou e foi aprovado junto comigo no TCE GO! Ele simplesmente destruiu e ficou em 3º lugar pra engenharia. Agora, estamos aguardando pra tomarmos posse juntos! Tamo junto, Antônio!
Finalmente, eu queria dizer que eu decidi manter o silêncio sobre os meus estudos durante todo o período, porque imaginei que muitas pessoas não fossem entender o motivo de eu querer sair de um bom emprego bem na cidade de São Paulo. Quis concentrar a minha energia no que realmente poderia agregar ao objetivo maior, e não para me justificar.
Sou muito grato pela Gabi estar na minha vida, pelo tempo de brincadeiras e carinho que a Lola me proporciona, e pelas amizades como as do Antônio e do meu irmão mais velho, Neto. E, claro, sempre levarei minha véia, meus avôs e meus pais no coração. Essa aprovação foi fruto de MUITO esforço de MUITA gente.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Gustavo: Estudei desde janeiro pro TCE-GO, pois os rumores já apontavam que o edital era iminente. Porém, já tinha uma bagagem de mais de 5 anos de estudos. Minha disciplina foi guiada pelas minhas motivações: meu sonho de ser auditor, minha avó, minha namorada e a família que queremos construir juntos.
Quando pensava nisso, acordar 4h50 ficava mais fácil.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Gustavo: Usei principalmente sites de questões, PDFs para alguns assuntos muito específicos (como as leis de regimes fiscais), videoaulas para conseguir escutar o Regimento Interno e a Lei Orgânica do TCE enquanto cuidava dos afazeres domésticos, e lei seca para complementar.
Muitas das questões que resolvi eram de provas passadas, então, decidi complementá-las com perguntas inéditas sobre os assuntos novos pra mim (LO, RI, Regime Fiscal etc.). Os PDFs ajudaram a ter uma noção mais aprofundada de algum tópico da matéria. Além disso, as videoaulas foram muito úteis para revisar os tópicos que eu estudei por meio da leitura da lei seca (que, pra mim, que já estava acostumado, foi a forma mais rápida de “fechar o edital” e começar a etapa de revisão de conteúdo).
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Gustavo: Google e entrevistas de aprovados.
Estratégia: Antes de conhecer o Estratégia, você chegou a usar materiais de outros cursos? Se sim, o que mais incomodava quando você estudava por esse concorrente?
Gustavo: Não, sempre fui aluno Estratégia!
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação? Que diferencial encontrou nos materiais do Estratégia?
Gustavo: Acredito que as principais ferramentas do Estratégia que usei foram os PDFs de professores consolidados, o Estratégiacast, e o material da Revisão de Véspera, que me ajudaram muito a relembrar tópicos que pudessem ter passado “em branco” na minha revisão.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Gustavo: Meu planejamento para os estudos desse ano foi um verdadeiro “monstro de Frankenstein”. O foco era o TCE-GO, mas também inseri matérias pra tentar chegar competitivo nos concursos do MPO e do TCE-PR. E acho que deu certo, pois fui aprovado em todos os três.
Como tinha uma bagagem de estudos de mais de 5 anos, dei-me o luxo de dedicar mais tempo para as matérias que eu sabia que eram desafiantes para mim: normas específicas de auditoria, de AFO, português da FGV e estatística. Não era proposital, mas estudava de 3 a 4 matérias por dia (era o que dava pro meu tempo disponível). Além disso, acredito que estudava, em média, de 3 a 4 horas líquidas por dia. Contudo, reitero: eu já tinha uma bagagem de 5 anos de estudo. Ao longo da minha preparação, estudei 10.012 horas. Então, sim, exigiu um pouquinho de mim (rs).
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Gustavo: Sempre tiro 2 semanas antes da prova e separo um dia para revisar cada matéria individualmente, e, assim, “cobrir” cada tópico do edital. Embora seja bem trabalhoso, eu acho que essa forma de estudo me permitia “desacelerar”.
Ademais, eu tentava refazer todas as questões que havia favoritado no pós-edital para cada matéria. Acho que foi um ótimo complemento para as revisões.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Gustavo: Fundamental, eu mesmo fiz questões ao longo da minha jornada. Foram, no total, 107.631 questões. Para o pessoal traçar um benchmark, minha média ficava entre 78 e 80%.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Gustavo: Português da FGV. Nunca superei (rs). Mas tentava usar algumas estratégias que a professora Adriana Figueiredo passava nas videoaulas para amenizar a queda.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Gustavo: Na véspera da prova do TCE-GO aconteceu algo inédito: estava bem preparado, mas peguei uma gripe muito pesada faltando 1 semana para a prova. Tive de tudo: dor de cabeça, tosse, dor nas costas e no corpo… Eu estava exausto de tanto estudar, mas queria insistir nas minhas revisões. Lembro bem que a Gabi assumiu todas as minhas responsabilidades (que eram muitas, diga-se de passagem) para que eu pudesse me dedicar exclusivamente aos estudos nessa etapa. Embora o trabalho dela como psicóloga já exigisse muito, ainda assim, ela assumiu um fardo meu para que eu pudesse dar a última “pernada” e cumprir a nossa missão.
Não quis ir ao médico presencialmente, porque não queria perder um segundo do tempo precioso que tinha para revisar. Resultado: a gripe evoluiu para pneumonia. Só fui descobrir isso 3 dias depois da prova, quando tive mais tempo para ir a um médico presencial. Graças a Deus, a aprovação veio mesmo assim.
Eu sabia que precisava estudar de qualquer jeito na reta final. O apoio da minha namorada e as lembranças da minha avó foram os combustíveis que usei para puxar nessa hora. Então, coloquei algumas músicas motivacionais no fone, sentei na cadeira e estudei na força do ódio mesmo (rs).
Felizmente, eu consegui revisar tudo o que eu queria e, na véspera da prova, eu só assisti a alguns trechos da revisão de véspera do Estratégia, para certificar que tinha coberto todos os pontos importantes do edital.
Estratégia: No seu concurso, além da prova objetiva, teve a discursiva. Como foi sua preparação para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Gustavo: Como eu treino discursivas há 5 anos, e sempre tive uma relativa facilidade, eu tive de adotar a estratégia que falei anteriormente: não treinar para conseguir focar nos assuntos que sentia maior dificuldade (e que acreditava que poderiam cair na discursiva).
Um fato curioso é que, assim que terminei a prova da manhã, que era só de objetivas, virei para o Antônio, meu amigo (que também fez a prova no mesmo local) e disse: “certeza que vai cair Regime Fiscal na discursiva”. Ele concordou que fazia sentido. Almoçamos e, uns 30 minutos antes de entrar, eu revisei precisamente esse conteúdo por um material que ele produzirá para o nosso estudo em conjunto. Resultado? A primeira questão era realmente sobre o Regime Fiscal, e pedia exatamente o que tinha acabado de ler 30 minutos antes. Logo, gabaritei. Não só essa, mas as 2 discursivas!
Eu acho que todos praticam muito as técnicas discursivas. Embora não tenha treinado, eu já fiz mais de 200 redações ao longo dos meus estudos. Dessas, 157 já foram corrigidas por professores. Minha meta inicial era fazer 2 redações (cujo tamanho variava entre 30 a 90 linhas) dentro do tempo de até 3 horas/semana. Mantive esse ritmo por mais de 2 anos ininterruptos. Depois, quando cheguei à marca de 100 redações corrigidas, passei para 1 redação (de 45 a 60 linhas) por semana considerando um tempo de até 60 minutos. Com o tempo, se tornou algo natural de ser feito. Minha sugestão é que sigam esses passos como diretrizes, tenham alguém para corrigir seus textos, e busquem focar no conteúdo que é solicitado, e o que pode ser considerado no espelho de correção para a pontuação máxima. Enfim, escrevam e pratiquem a escrita, sempre!
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Gustavo: Principais erros: tentar entender a filosofia do português da FGV e trocar a resposta em cima da hora em uma questão (que me custou algumas preciosas colocações).
Principais acertos: minha discursiva (e meu palpite de tema), o estudo em conjunto com meu amigo Antônio, meu tratamento psicoterápico com a Carol, o apoio da minha família e de alguns amigos, e ter insistido na revisão de todos os tópicos apesar da pneumonia.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Gustavo: A gente pensa em chutar o balde diversas vezes, mas a frustração que eu estava no trabalho, combinado com o meu sonho, com a minha promessa para a minha avó, e a vontade que eu tinha de ter uma qualidade de vida melhor para mim e para a minha família, jamais deixariam que eu desistisse. Minha namorada sempre me falava: “Gustavo, você só precisa fazer mais provas.” Então, tentei internalizar isso, manter a cabeça alta, e não me deixar abalar. Uma hora, chegaria o meu momento de aprovações novamente. Felizmente, consegui conquistar algumas vagas importantes!
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Gustavo: O concurso é longo e doloroso, e a jornada é bem ingrata. Tive o privilégio de trabalhar na ALESP enquanto estudava, e tive a estrutura necessária para me dedicar ao meu sonho e minha promessa para minha avó: me tornar um Auditor de Controle Externo de um Tribunal de Contas.
Renúncias serão necessárias, aqueles que mais amamos sentirão nossa falta, e, infelizmente, estaremos limitados a esse projeto por um tempo, não tem jeito. Porém, eu também aprendi que, quando as pessoas realmente querem estar conosco, elas estão dispostas a passar por esses desafios contigo.
Acho que a única coisa que eu posso dizer hoje é: obrigado. Obrigado Estratégia, por essa entrevista e essa oportunidade. Obrigado Carol, minha psicóloga, por ter me ouvido tanto desde o edital do TCMSP, (rs). Seu trabalho foi essencial para que eu pudesse chegar com o emocional e o humor bem estabilizados para todas essas provas. Obrigado, Bruno, pelos 12 anos de amizade, e por ser o melhor amigo advogado que alguém pode ter. Obrigado, Antônio, por ter sido um parceiro nesse projeto. Obrigado, Neto, meu irmão mais velho, por sempre estar lá por mim. Obrigado, Ayres, por ter me ouvido e sido meu parceiro de projetos e sonhos já na UFSCar. Obrigado, Gustavo, por ter sido meu melhor amigo dentro da ALESP. Obrigado, Rinaldo, Juliana e Chiara, pelos anos de apoio, carinho e amor (e focaccias) ao longo das jornadas. Obrigado, pai e mãe, por terem incentivado tanto os estudos e terem me apoiado nas minhas decisões. Obrigado Gabi, meu amor, por ter se doado tanto a esse projeto comigo, e por ter abraçado o meu sonho como um sonho seu também. Obrigado Lolinha, por não ter roído os móveis da casa enquanto o papai estudava. Obrigado, vô, por ter se esforçado tanto para deixar um legado para a nossa família.
E claro: obrigado, vó, minha véia, por ter me dado tanta força e tantos motivos pra seguir em frente, sempre. Nossa cerimônia de posse tá pertinho da gente, viu? Aguenta aí!
Amo muito vocês. Mal posso esperar para enfrentar novos desafios como um Auditor de Tribunal de Contas!
(IG: @prof.gustavomendes)