Aprovado no concurso SEFAZ AP para Auditor da Receita Estadual
Fiscal - Estadual (ICMS)“Eu gostaria de dizer para o pessoal que já está na fase dos “enta” (40, 50…), que a gente pode até não ter o pique dessa molecada novinha, mas a gente tem experiência. O folego vai diminuindo naturalmente com a idade, mas a experiência só aumenta. As rugas que já começam a aparecer, os cabelos brancos que surgem cada vez mais não são um sinal de fraqueza, mas sim de muito conhecimento acumulado.”
Confira a nossa entrevista com Rodolfo Botteri Surjus, aprovado no concurso SEFAZ AP para Auditor da Receita Estadual:
Estratégia: De onde você é? Qual é sua idade? E sua formação?
Rodolfo Botteri Surjus: Sou paranaense, de Apucarana, mas vivo na cidade de São Paulo desde 1998. Tenho 48 anos e sou formado em engenharia mecânica pela Unicamp.
Estratégia: Você chegou a trabalhar na sua profissão? O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Rodolfo: Não atuei como engenheiro, mas trabalhei em um banco por quase 20 anos. No final de 2017 fui demitido. Conversando com amigos que já estavam no setor público, percebi que muitas das atitudes e comportamentos que eu condenava no setor privado não existiam ou não eram valorizados no setor público. Por isso, depois de muito refletir, decidi partir para os concursos.
Estratégia: Como foi a escolha pela área fiscal? O que pesou mais para você quando teve que definir esse foco de estudo?
Rodolfo: A área fiscal apresenta alguns atrativos, tal como a remuneração diferenciada, a não exigência de formações específicas e a quantidade de concursos, considerando os fiscos municipais e estaduais. Sem dúvida, a remuneração foi o que pesou mais forte, já que na minha idade não tenho mais tanto tempo para iniciar uma carreira na qual eu só colheria bons frutos no longo prazo.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Rodolfo: Felizmente, nos meus quase 20 anos trabalhando no banco, consegui uma certa estabilidade financeira, o que permitiu que eu me dedicasse exclusivamente aos estudos, vivendo com os rendimentos de aplicações financeiras e com o salário da minha esposa. Claro que tivemos que fazer alguns cortes no orçamento para nos adequarmos ao novo padrão de renda, mas no geral conseguimos manter o mesmo padrão de vida que levávamos antes da minha saída do banco.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Rodolfo: O primeiro concurso que prestei foi o da ABIN, em 2018, quando ainda não tinha certeza do que queria e estava totalmente despreparado. De lá para cá, foram mais 15 concursos. Fui aprovado em alguns, 7 ou 8, mas até agora, nenhum dentro das vagas. O que cheguei mais próximo foi de Auditor Fiscal Municipal de Itajaí – SC, realizado no início de 2020, que fiquei em 14º. Eram apenas duas vagas no edital, mas já convocaram 11 classificados. Mais recentemente fiquei em 187º no concurso para Auditor Fiscal da SEFAZ AM, realizado em maio deste ano, com 48 vagas para ampla concorrência. Até então, estes tinham sido meus melhores resultados.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Rodolfo: Sim, considerando que estou estudando pra valer desde o final de 2018, passei todo o período da pandemia estudando sem nenhum edital em vista. Confesso que não foi fácil, pois sou movido a desafios e preciso ter uma meta definida para me motivar. Então, estudar sem edital na praça foi um esforço grande, ainda mais no período da pandemia, quando minha casa virou uma bagunça, com minha esposa trabalhando no esquema de home office e meu filho adolescente tendo aulas remotas. As condições tranquilas que eu tinha para me concentrar desapareceram do dia para a noite. Mas continuei estudando todo o período, claro que num ritmo mais leve, mas procurei ficar sempre revisando as matérias básicas e comuns a todos os editais.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Rodolfo: Foi indicação de um amigo, logo no primeiro concurso, da ABIN, em 2018. Na época não tinha nenhum conhecimento sobre boa parte das matérias, principalmente as da área do Direito. Comecei comprando material avulso para os primeiros concursos e então lançaram a assinatura vitalícia, que comprei logo nas primeiras horas após o lançamento. Desde então, só uso material do Estratégia.
Estratégia: Qual diferencial encontrou nos materiais do Estratégia?
Rodolfo: Não consigo comparar com materiais de outros cursos, pois sempre só utilizei materiais do Estratégia. Isso só demonstra o tamanho da confiança que tenho no Estratégia. Dentre os pontos fortes dos materiais, posso citar a organização, a didática, a riqueza de exemplos, a quantidade adequada de questões, entre outros. Foram essas qualidades que me fizeram aprender conteúdos que, há alguns anos, eu nem sonhava em estudar.
Estratégia: Recomendaria o Estratégia para um amigo que está começando os estudos?
Rodolfo: Sem dúvida alguma!
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? O que funcionava melhor para você? Videoaulas, PDFs, livros?
Rodolfo: Minha jornada até aqui passou por diversas fases. No começo, estudei muito pelos PDFs, pois conseguia render mais lendo do que assistindo os vídeos. Mas meu primeiro concurso na área fiscal (SEFAZ SC em 2018) foi um desastre, saí de lá com a sensação de que não sabia nada de várias matérias, especialmente contabilidade. Decidi então mudar a estratégia e passei a usar mais as videoaulas, fazendo anotações e resumos dos conteúdos. Funcionou bem, aprendi muita coisa.
Um agradecimento especial aqui ao professor Silvio Sande, a quem devo quase tudo que sei sobre contabilidade, acertei 14 de 15 no SEFAZ AP. Atualmente, voltei a utilizar mais os PDFs, pois com os conteúdos mais consolidados, as revisões periódicas rendem mais com o material escrito.
Estratégia: Quantas horas por dia costumava estudar?
Rodolfo: Antes da pandemia, chegava a estudar 8, 9 horas diárias, especialmente na proximidade dos concursos. Durante a pandemia, sem editais na praça, o ritmo despencou, estudando 2 a 3 horas diárias, às vezes nem isso, passando até semanas sem estudar nada. Atualmente, tenho tentado manter um ritmo de 5 a 6 horas diárias, acelerando um pouco nas semanas anteriores aos concursos.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos?
Rodolfo: Como estou nessa jornada há algum tempo, nenhum conteúdo é mais novidade para mim. Claro, quando estudo para os fiscos municipais e estaduais há a legislação específica, para a qual eu me dedico mais. Mas mesmo para estes conteúdos, as variações não são tão grandes. Assim, eu estudo uma matéria por vez. Dedico de 2 a 3 dias para cada disciplina, faço uma revisão completa e vou para a próxima. Costumo reler todo o material, ou ao menos a versão resumida dos PDFs, e faço exercícios de acordo com a segurança que sinto com o conteúdo. Faço plano de estudo apenas quando tenho data de prova já definida, fazendo conta de chegada para dar tempo de revisar todo o conteúdo e estudar adequadamente a legislação específica.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Rodolfo: Sempre tive mais dificuldade nas disciplinas de Direito, especialmente Civil e Empresarial. Sou engenheiro, trabalhei em banco por quase 20 anos, então tenho muita familiaridade com números e raciocínio lógico. Lidar com conteúdos que não seguem a lógica matemática foi, e ainda é, um desafio para mim. Mas não tem segredo para superar essas dificuldades, é dedicação: ler, reler, resolver questões, procurar exemplos, etc.
Estratégia: Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Rodolfo: Sou casado e tenho um filho de 16 anos. Moramos apenas nós 3 na minha casa. A decisão de partir para a vida de concurseiro não foi só minha, conversei muito com minha esposa antes de tomá-la, analisamos os prós, os contras, o tempo que isso poderia durar e decidimos em conjunto. Afinal, até sair do banco, eu era o principal provedor da casa e com filho adolescente em escola particular, plano de saúde, condomínio e todas as outras despesas da casa, a situação não seria tranquila como era antes, e esse peso recairia principalmente sobre minha esposa. Mas decidimos seguir por esse caminho e só estou aqui hoje porque tive todo o apoio dela, do meu filho, da minha mãe e dos meus sogros, que também foram, e são, muito importantes nessa jornada.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Rodolfo: Sou casado há 18 anos, então já faz um tempo que minha vida social é mais tranquila. Nada de balada, vez ou outra um cinema, um teatro, um jantar fora, visitar ou receber amigos em casa, happy hour com colegas do trabalho, nada muito diferente disso. No início, antes da pandemia, eu estudava praticamente em horário comercial, então minha vida social foi mais afetada pela redução do orçamento que pelos estudos. Tivemos que reduzir algumas atividades, mas nada radical. Com exceção do período da pandemia, não deixei de ver meus amigos, jogar meu poker mensalmente, fazer um churrasquinho vez ou outra.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior? (Se esse ainda não é o concurso dos seus sonhos, se possível, citar qual é e se pretende continuar se preparando para alcançar esse objetivo).
Rodolfo: Com exceção do meu primeiro concurso para a ABIN, onde o objetivo era mais conhecer a dificuldade de um concurso, só fiz um outro fora da área fiscal, que foi o da CGU em março de 2022. A princípio, pensei que seria uma boa opção, pois estava num período sem editais na praça e muitas disciplinas eram comuns às que eu estudava para a área fiscal. Mas o resultado não foi satisfatório e acabou atrapalhando minha preparação para o concurso da SEFAZ AM, que foi logo em seguida, dois meses depois. Então, pela experiência que tive, eu aconselharia meus colegas concurseiros a manterem o foco naquilo que eles realmente querem.
Quanto ao meu objetivo, vou continuar estudando, pois, apesar de ter passado num ótimo concurso, a mudança para o Amapá pode ser algo muito radical para o meu atual momento de vida. É algo que ainda vou ter que analisar nas próximas semanas, por isso continuarei estudando, focado agora na SEFAZ MG.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovado?
Rodolfo: Especificamente para o concurso da SEFAZ AP, foram cerca de 4 meses. Assim que fiz o concurso da SEFAZ AM em maio, já virei a chave para o concurso do Amapá.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados?
Rodolfo: Um misto de alegria, satisfação, alívio e preocupação. Sendo sincero, eu já esperava ver meu nome na lista, pois fui muito bem na prova, mas ver meu nome ali na lista é reconfortante, faz valer aquelas milhares de horas sentado em frente ao computador lendo e relendo os materiais. E a sensação de preocupação é em relação aos próximos passos. Ainda temos algumas fases do concurso, como o curso de formação, então foi apenas o primeiro passo da caminhada. E depois ainda tem a decisão sobre a mudança, isso tudo me preocupa.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Rodolfo: Eu tenho uma rotina diária que desenvolvi depois da pandemia. Acordo muito cedo de manhã, normalmente antes das 6, tomo café com meu filho e o levo à escola. Depois disso faço atividade física por cerca de 2 horas e aproveito o resto da manhã para atender as demandas domésticas. É só depois do almoço que começo a estudar e, normalmente, vou até a noite. Mas na semana que antecede um concurso não consigo manter essa rotina. Acabo não fazendo atividade física e deixo as demandas domésticas para minha esposa. Fico focado totalmente nos estudos, chegando a 9, 10 horas diárias. No caso do concurso da SEFAZ AP não foi diferente. Mas teve um complicador extra dessa vez: a cidade de Macapá tem uma rede hoteleira muito pequena. Assim que saiu o edital, titubeei por um ou dois dias, decidindo se faria ou não o concurso, devido aos custos envolvidos e à distância. Quando resolvi que iria fazer, não havia mais vagas disponíveis nos hotéis da cidade. Tentei de tudo, procurei outras alternativas, como AirBnb, e nada. Não ia ter onde dormir. Resolvi, então, me arriscar. Comprei passagem num voo que saía de Campinas 22h do sábado, véspera do concurso, e que chegava em Macapá às 3 da manhã, 5 horas antes do início da prova. Aluguei um carro no aeroporto, encontrei um motel (sim, daqueles onde os casais vão para curtir) e consegui dormir umas 3 horas. E foi nessas condições que cheguei para fazer a prova, muito cansado, mas com muita gana também. Felizmente, deu tudo certo!
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Rodolfo: Difícil falar em erros. É claro que eles existiram, e muitos, mas acho que, mais importante que evitá-los, é saber tirar lições que ajudem a levar para o caminho certo. Alguns erros que cometi no início, creio que são típicos de concurseiros iniciantes, tal como não fazer planos de estudo adequados (ou simplesmente não os fazer), ter excesso de confiança e de que está dominando determinado conteúdo, negligenciar conteúdos que têm menor peso na prova, não fazer revisões periódicas, entre outros.
Quanto aos acertos, sem dúvida o maior deles foi confiar totalmente nos materiais do Estratégia. E perseverar neste caminho, mesmo diante das adversidades (2 anos sem nenhum concurso!!), com certeza foi um outro grande acerto.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Rodolfo: Foram 2 anos durante a pandemia sem nenhum concurso, sem nada em vista, nenhuma expectativa. Sem dúvida esse foi o pior período durante a minha jornada, a incerteza do futuro. Não tem como não pensar em desistir. Mas nesses momentos minha família foi fundamental, não apenas dando o apoio que eu precisava para não desistir como, e principalmente, fazendo me sentir útil. Eles fizeram muito por mim e eu pude fazer muito por eles.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Rodolfo: Sem dúvida, minha família. Quero ter condições de continuar dando conforto e segurança para as pessoas que mais amo. Claro que passar em um concurso não é a única maneira de atingir esse objetivo, mas foi essa que eu escolhi e por isso sigo firme nessa jornada.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Rodolfo: Eu gostaria de dar um conselho para aqueles, que como eu, estão começando essa jornada já numa fase relativamente avançada da vida. Tenho 48 anos, não me considero velho, mas toda vez que vou fazer uma prova de concurso, vejo aquela molecada, recém-saída dos bancos de uma faculdade, e me bate uma dúvida: será que isso aqui é mesmo pra mim, será que eu ainda tenho o pique para competir com essa rapaziada?
Então, eu gostaria de dizer para o pessoal que já está na fase dos “enta” (40, 50…), que a gente pode até não ter o pique dessa molecada novinha, mas a gente tem experiência. O folego vai diminuindo naturalmente com a idade, mas a experiência só aumenta. As rugas que já começam a aparecer, os cabelos brancos que surgem cada vez mais não são um sinal de fraqueza, mas sim de muito conhecimento acumulado. E conhecimento que só se adquire vivendo. Então, se as vezes dá vontade de desistir, lembre-se disso e continue lutando com as melhores armas que você tem. Se você se apavora de ver a molecada na hora da prova, pode ter certeza que a molecada se apavora ainda mais quando vê um “tiozinho” como nós, cheio de experiência! Ah, e no concurso que passei, os quarentões (ou mais) são quase 20% dos aprovados!