Aprovado no Concurso da Receita Federal
“Ao ver o nome na lista de aprovados, passou um filme em minha mente. Lembrei-me de todas as dificuldades que enfrentei nessa caminhada. E de todos os momentos que deixei de viver com a família e com os amigos. Também, de todas as críticas que recebi. Além de pensar em cada amanhecer e anoitecer, desejando aquele exato e simples momento. Enfim, é indescritível. Desejo que cada pessoa que está lendo este depoimento possa, ao menos uma vez na vida, viver algo parecido.”
O que você faria para alcançar o objetivo de ser aprovado no concurso público que tanto deseja? Abriria mão do seu trabalho? De fazer as coisas de que gosta? De passar mais tempo na companhia das pessoas que ama? Resistiria as tentações que o tiram do foco?
Daniel Magalhães define sua trajetória como concurseiro com apenas uma palavra: tenacidade. Tenacidade, segundo Daniel, significa apego obstinado a uma ideia, a um projeto. É fazer tudo, nada menos que absolutamente tudo que estiver ao seu alcance para atingir aquilo que deseja. É eliminar toda e qualquer chance de seus planos não darem certo. É acordar diariamente motivado e dormir com a satisfação de mais um dia com dever cumprido. Parece uma ideia radical né?! Mas, isso sim se chama determinação! E foi assim, que o ex-oficial do Exército conseguiu sua aprovação em segundo lugar no concurso para Auditor Fiscal da Receita Federal 2014.
Confira o depoimento de Daniel Magalhães e veja que não é fácil dizer não às tentações. Mas que, apesar todos os desafios, nada é mais recompensador do que ver seu nome na lista dos aprovados/classificados.
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você. Dessa maneira, nosso leitor conhecerá você melhor. Você é formado em que área? Trabalhava e estudava? Ou se dedicava inteiramente aos estudos? Quantos e quais concursos já foi aprovado? Qual o último?
Daniel Magalhães: Fala, galera!
Meu nome é Daniel Magalhães. Minha trajetória como concurseiro começou no ensino médio. Aos 16 anos, fui aprovado em 20° lugar para ingressar na Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), localizada em Campinas/SP. Após isso, iniciei o curso de formação de oficiais combatentes na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), em Resende/RJ. Naquela ocasião, fui declarado Aspirante-a-oficial e Bacharel em Ciências Militares em dezembro de 2012. Adquiri grande experiência de vida, disciplina, maturidade, autoconhecimento e vários outros atributos positivos que a vida castrense me proporcionou. Entretanto, percebi, no meio da formação, que não me visualizava como militar pelo resto da minha vida. A partir daí, tomei uma decisão muito difícil: após cinco longos e dificílimos anos de formação, resolvi pedir demissão e começar a vida do zero.
Mesmo recebendo muitas críticas, montei meu projeto e fiz de tudo para dar certo. Em março de 2013, comecei a me dedicar, integralmente, aos estudos com foco na Receita Federal (RFB). Como houve boatos de que o edital da RFB só seria lançado em 2015, resolvi fazer o concurso do Ministério Público da União (MPU). Então, tive a felicidade de ser aprovado em 1° lugar para o cargo de Analista de Finanças e Controle. Esse é o cargo que exerço atualmente, atuando na Auditoria Interna do MP. Também fui aprovado em 2° lugar para Analista Técnico-Administrativo do Ministério da Fazenda. E, recentemente, em 2014, atingi meu farol: Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil (2° lugar).
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Daniel: Certas coisas são feitas mais para serem sentidas do que para serem explicadas… E essa é uma delas! Ao ver o nome na lista de aprovados, passou um filme em minha mente. Lembrei-me de todas as dificuldades que enfrentei nessa caminhada. E de todos os momentos que deixei de viver com a família e com os amigos. Também, de todas as críticas que recebi. Além de pensar em cada amanhecer e anoitecer, desejando aquele exato e simples momento. Enfim, é indescritível. Desejo que cada pessoa que está lendo este depoimento possa, ao menos uma vez na vida, viver algo parecido.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social para passar no concurso o mais rápido possível?
Daniel: Antes do edital, não tive uma postura tão radical. Estudava de domingo a sexta. Mas nem tocava nos livros de sexta à noite até o almoço de domingo. Após o edital, restringi bastante minha vida social, saindo somente de 2 a 3 horas no sábado à noite. O restante do tempo, era, integralmente, destinado ao estudo. Em relação às distrações diárias, recomendo desinstalar e excluir as contas de Whatsapp, Facebook, Twitter, Instagram, etc. Ou instalar um aplicativo que se chama “StayFocused” no Google Chrome e no smatphone. Ele somente libera a utilização dessas distrações, a partir de determinado horário ou somente por determinados minutos. Lembre-se de desinstalar outros navegadores, como o Mozila Firefox ou Internet Explorer. Assim, você não cai na armadilha de recorrer a eles quando o StayFocused estiver bloqueando o Chrome. Enfim, não se engane. Se você não levar a sério seus estudos, é somente você que será prejudicado.
Estratégia: Ao longo de sua jornada, você tentou outros concursos, para treinar e se manter com uma alta motivação? Ou decidiu manter o foco apenas naquele concurso que era o seu sonho? Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Daniel: Costumo dizer que uso a tática do caçador: um tiro, uma morte. Costumo focar um objetivo de cada vez e ir até o fim para alcançá-lo, custe o que custar (no caso, somente uma prova). Mas, isso tem a ver com minha personalidade. E talvez, não seja a maneira mais eficiente de administrar suas metas. Acho que o ideal é o candidato escolher uma área com a qual ele tenha mais afinidade (fiscal, policial, jurídica, administrativa etc.). E prestar concursos somente dela para aproveitar o maior número de matérias em comum.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo, contando toda a sua preparação? Durante este tempo de estudo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos? Mesmo naqueles períodos em que não havia edital na mão?
Daniel: Comecei a estudar em 2012, ainda como Cadete da AMAN. Entretanto, a qualidade de estudos era péssima – estava sempre cansado, com sono e com fome rs. O tempo era exíguo e não tive orientação alguma, estudando sem técnica e com materiais ruins. Minha preparação só atingiu um nível elevado, após pedir demissão e me dedicar integralmente aos estudos em casa. Para manter a disciplina sem o edital na mão, buscava me manter sempre motivado, sempre tendo em vista o porquê daquilo tudo. Assistia aos vídeos motivacionais no YouTube e sobre o trabalho da Receita Federal nas alfândegas. Achava incrível e não via a hora de poder estar lá.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Daniel: Acredito que não exista um único meio de estudo. Certas matérias exigem aulas telepresenciais, como contabilidade. Já outras, demandam livros, como direito tributário. E, ainda há aquelas melhor se forem absorvidas por cursos em PDFs.
Na verdade, tudo dependerá da qualidade e da didática do professor. E não da grife do curso pelo qual ele é divulgado. Então, na dúvida, sugiro sempre pesquisar bem, antes de começar a estudar por determinado material. Pois você poderá estar desperdiçando um tempo precioso. Utilize o fórum dos concurseiros para essa finalidade.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria?
Daniel: A dica mais importante que posso dar, é a leitura do livro “Como estudar para concursos” do Alexandre Meirelles e “Memorização e Mapas Mentais” do Felipe Lima e William Douglas. Eu utilizei os ciclos no estudo pré-edital e o “quadro de controle de estudos” no estudo pós-edital. Exatamente, como o Alexandre Meirelles ensinou nesse livro que indiquei. Na revisão das matérias, eu elaborava mapas mentais com os assuntos mais importantes (não gostava de estudar e elaborar MM ao mesmo tempo. Pois, quando vemos um assunto pela primeira vez, temos a tendência de achar que tudo é importante). Também, utilizava o Sistema Leitner para memorização de alguns flashcards. Ele possui itens pontuais do conteúdo programático de fácil esquecimento A exemplo disso, há fórmulas de estatística ou competências recursais do STF/STJ. Antes eu tinha preconceito com esses métodos de estudo. Mas, resolvi tentar e vi que são incríveis, principalmente os mapas mentais.
Elaborei ao total 153 MM’s com os assuntos mais relevantes. E isso me ajudou, inclusive no dia da prova, pois, nos 30 minutos que antecederam a entrada na sala, consegui revisar praticamente o edital inteiro rs. No início, eu fazia resumos. Mas percebi que eram muito pouco produtivos. Pois demorava muito para elaborá-los e a memorização era baixa. Então, eu lia os livros e PDF’s, somente passando a caneta marca-texto. E fazia revisões, conforme a “curva do esquecimento” (para quem não conhece, dá uma pesquisada no Google.. É um gráfico com revisões espaçadas no tempo, de forma a potencializar a memorização). E quando era necessário, elaborava alguns mapas mentais. Além disso, partia para os exercícios; sendo esse o meu foco principal e o que mais me fazia guardar os assuntos.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar essas dificuldades?
Daniel: Ao encontrar dificuldades em determinada disciplina, eu reavaliava o “custo x benefício” do estudo. Por exemplo, Estatística Inferencial era uma disciplina extensa, dificílima, peso 1. E, se caísse na prova, seria no máximo 1 questão… ou seja, deixei de lado. Além disso, tive dificuldades com alguns Pronunciamentos Contábeis. Pois, eles têm uma linguagem muito pesada e difícil de assimilar; até mesmo por quem é da área… Dessa vez, não deu para ignorar, pois a prova de AFRFB, em 2012, havia cobrado muitos CPC’s. Então, busquei novos materiais, com didáticas mais interessantes. Mas, se o assunto for muito importante e, mesmo assim, você não compreender, decore e siga em frente! Não perca muito tempo.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como você levou seus estudos neste período? Você se concentrava nas matérias de maior peso? Ou distribuía seus estudos de maneira mais homogênea? Focava mais na releitura, em resumos, em exercícios, etc ?
Daniel: Quando sai o edital é tudo ou nada. Tirei o dia todo para me organizar e recomeçar os estudos no dia seguinte. Estava sem estudar, desde outubro de 2013. E um pouco acomodado com o resultado do MPU. Somei a quantidade de horas líquidas de estudo que eu teria disponíveis entre a divulgação do edital e uma semana antes da prova. Pois, guardei a semana anterior à prova somente para revisão. E distribuí entre as matérias seguindo alguns critérios, como peso da disciplina, quantidade de questões, nível de conhecimento e risco de perda dos mínimos por matéria (40%).
Estabeleci metas diárias de 9h de estudo, por dia, de segunda a sexta. E de 8h, por dia, aos fins de semana. O bom das metas é que você sempre se supera (planejei 479 horas líquidas e acabei estudando mais de 540 horas. Ou seja, diferença de 61 horas, o suficiente para aprender uma nova matéria se fosse necessário rs). Como o edital veio idêntico ao anterior (excluindo direito civil, empresarial e penal), meu foco foi basicamente na resolução de exercícios e na atualização do que eu já havia estudado. Pois, ocorreram grandes mudanças em legislação aduaneira. Por exemplo, no aprendizado das novas jurisprudências do STF/STJ/TCU e na elaboração de mapas mentais, para auxiliar na revisão e na organização das ideias para as provas discursivas.
Lembro-me de que 2 semanas antes da prova, eu não aguentava mais estudar; levei na marra mesmo. Foi um período muito difícil. Mas, como costumo dizer, quem faz mal feito, faz duas vezes. Meu objetivo era chegar, no dia da prova, e ter a consciência tranquila de que eu fiz, absolutamente, tudo a meu alcance para estar preparado. Sabendo que, caso não obtivesse êxito, não haveria nenhum arrependimento. Porque eu tinha dado o meu melhor. E que não desperdicei sequer 1 minuto e que me dediquei de corpo e alma a meu objetivo. No final, foi melhor do que eu esperei: 2° lugar.
Estratégia: Na semana da prova, por um lado, nós sempre observamos vários candidatos assumindo uma verdadeira maratona de estudos (estudando intensamente dia e noite). Por outro, também vemos concurseiros que preferem desalecerar um pouco, para chegar no dia da prova com a mente mais descansada. O que você aconselha?
Daniel: Especificamente, na última semana, eu aconselho diminuir um pouco o ritmo. É a hora da revisão. O que tinha para estudar, já foi estudado e a chance de aprender algo novo que possa cair na prova, é baixíssima. Na verdade, é a hora de colher o que plantou. E se a pessoa mantiver um nível alto de stress na última semana, pode se prejudicar na hora da prova, caso não tenha um emocional forte.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as discursivas. Como foi seu estudo para essa importante parte do certame? O que você aconselha?
Daniel: Após o edital, eu elaborei somente 3 discursivas para treinar. Mais para ver se conseguiria elaborar cada uma dentro de 1h30 e treinar aspectos macroestruturais. Meu foco, na verdade, foi na leitura de PDF’s. Os temas possíveis eram: Direito Tributário, Comércio Internacional e Legislação Aduaneira. Imprimi a folha de prova discursiva da ESAF e treinava, já naquele espaçamento, que ela costuma utilizar. Lembrando que a linha da folha de rascunho da ESAF é maior que a linha do texto definitivo. Então, aconselho tomar cuidado para não faltarem linhas, quando for passar a limpo sua redação.
Além disso, esqueça o modelo de redação que você aprendeu no ensino médio. Não faça introdução e conclusão nas provas da ESAF. Somente responda objetivamente a cada tópico. Faça uma discursiva, como se fosse para um leigo no assunto, entender o que você está dizendo. Não tente embelezar sua prova com termos jurídicos, em latim, palavras difíceis etc. No mais, sempre fundamente suas afirmações com exemplos, argumentos de autoridade (grandes autores da doutrina) e legislação (decore o número de leis e decretos mais importantes). Dessa forma, consegui a nota máxima nas duas discursivas. Não há mistério.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Daniel: Meu principal erro foi começar a estudar sem orientação, com materiais ruins (apostilas grátis na internet e materiais totalmente desatualizados) e com técnicas ineficientes. Perdi bastante tempo com isso. Então, aconselho preparar-se bem antes de, efetivamente, começar os estudos, informar-se, reunir os melhores materiais etc. Já dizia um provérbio chinês: Se quiser derrubar uma árvore na metade do tempo, passe o dobro do tempo amolando o machado rs. Meu principal acerto foi deixar de ser cabeça dura e utilizar mapas mentais nos estudos. E, ainda, comprar um ipad, que também me ajudou bastante (recomendo o aplicativo iAnnotate para os PDF’s e NoteShelf para fazer os cadernos).
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação?
Daniel: O mais difícil é saber dizer não às tentações. É chegar às 21h de uma sexta-feira à noite, exausto de uma semana inteira de trabalho e estudo, com seus amigos chamando você para sair. E, ainda, ter a determinação de forçar o estudo até meia-noite. Porque ainda dá tempo de ver mais uma aula de legislação tributária, mesmo que você ache muito chato! Mas precisa aprender também essa disciplina, para virar um auditor-fiscal. São situações como essas, que enfrentamos diariamente. Essas são as batalhas, mesmo que tenhamos nossa mente fraca, desejando, a todo momento, o conforto e o descanso. E isso é o que diferencia os que chegam lá e os que não.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Daniel: Há um vocábulo, cuja definição apresento a seguir. E ele resume bem o processo de busca da aprovação em um concurso público: tenacidade. Tenacidade significa apego obstinado a uma ideia, a um projeto. É fazer tudo, nada menos que absolutamente tudo que estiver ao seu alcance para atingir aquilo que deseja. É eliminar toda e qualquer chance de seus planos não darem certo. É acordar, diariamente, motivado e dormir com a satisfação de mais um dia com dever cumprido. Certamente, o caminho até sua aprovação não será fácil. Mas, não ache que seus problemas são maiores que de outras pessoas. Não crie desculpas, não minta para si mesmo. Não conheço sua história, seu contexto social, sua realidade, sua condição financeira, nem a educação básica que você teve. Mas sei de uma coisa: você tem a capacidade de mudar sua realidade, de criar sua felicidade. Então, faça isso, de uma vez por todas. Acredite em si mesmo! Confie no seu potencial! As raízes do estudo podem ser amargas. Mas o fruto, meu amigo, é bem doce! Então, continue firme, que estou esperando você do lado de cá!
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