Aprovado em 1° lugar no concurso PETROBRAS para o cargo de Engenharia de Produção
Engenharias e TI“Não temos garantia nenhuma de que vamos passar mesmo se tivéssemos feito tudo “certo”. O melhor que podemos fazer é tentar colocar as chances ao nosso favor, fazendo a única coisa que está sob o nosso controle: estudar e resolver questões até passar”
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Confira nossa entrevista com Bruno de Freitas Barbosa, aprovado em 1° lugar no concurso PETROBRAS para o cargo de Engenharia de Produção:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-lo. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Bruno de Freitas Barbosa: Sou Engenheiro de Produção pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e tenho 31 anos. Minha cidade natal é Nova Iguaçu, Rio de Janeiro.
Trabalho há 5 anos no IBGE como Analista de Planejamento, Gestão e Infraestrutura em Informações Geográficas e Estatísticas, aprovado no concurso de 2015.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Bruno: A remuneração inicial elevada em comparação com a da iniciativa privada, a estabilidade, a possibilidade de poder planejar melhor minha vida pessoal (saber o quanto vou ganhar e onde vou morar) e o fato de não precisar passar por todos aqueles processos seletivos de trainee (com dinâmicas de grupo, entrevistas etc.), foram os principais motivos que me levaram a querer fazer concurso.
Cheguei a fazer algumas provas, quando estava no fim da faculdade, mas acabei não estudando como deveria, porque eu estava naquela correria de terminar as matérias e escrever o TCC o quanto antes para ser contratado na empresa em que eu estagiava.
O incentivo que faltava para eu estudar para concurso surgiu quando a empresa em que eu trabalhava começou a demitir em massa seus funcionários. Eu trabalhava em uma empresa de engenharia que prestava serviços para a indústria de óleo e gás. Com a deflagração da Lava Jato, essa indústria sofreu muito em 2014/2015 com a redução e a suspensão de muitos projetos em andamento.
Eu via andares inteiros da empresa sendo esvaziados, listas de demissão surgindo todos os meses e o assunto das conversas cotidianas passou a ser sobre quando passaria a próxima “barca” de demitidos.
O clima passou a ficar pesado e a minha sorte era que eu estava numa equipe muito boa e tinha um gestor que fazia de tudo para manter a gente por lá, mas eu sabia que a minha demissão era questão de tempo.
Em 2015, eu soube que o IBGE estava planejando abrir concurso para servidor efetivo, para trabalhar no Rio de Janeiro, e oferecendo uma remuneração muito próxima da que eu recebia na empresa.
Foi então que resolvi me dedicar a esse concurso, que eu via como a minha única saída à época.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Bruno: Sim. O IBGE, assim como outras entidades do serviço público federal, implementou o Programa de Gestão, que permite, entre outras modalidades de trabalho, o teletrabalho integral, em que as atividades são realizadas de forma remota e com entregas controladas por metas, em vez do controle de ponto.
Dessa forma, passei a não perder tempo com o deslocamento diário para o trabalho e consegui ter um maior controle sobre as minhas atividades profissionais e pessoais (como o estudo para concurso).
O meu tempo de estudo acabava dependendo das demandas de trabalho que eu tinha no dia. Em alguns dias eu estudava de manhã e à noite, em outros somente à noite e, de vez em quando, eu não estudava porque estava muito cansado. Aos fins de semana, eu aproveitava para fazer os simulados.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Bruno: INCA 2014 – Administração Hospitalar (22º colocado, fora das vagas)
IBGE 2015/1 – Analista de Planejamento, Gestão e Infraestrutura em Informações Geográficas e Estatísticas – Recursos Humanos / Desenvolvimento de Pessoas (2º colocado)
IBGE 2015/2 – Técnico em Informações Geográficas e Estatísticas – RJ – Nova Iguaçu (3º colocado)
Petrobras 2021 – Engenheiro de Produção (1º colocado)
Por enquanto não pretendo continuar estudando para concursos. Tem outras coisas que eu quero aprender e estava postergando por causa do estudo para concursos.
Além disso, tenho conversado com amigos que trabalham na Petrobras e acredito que vou gostar de trabalhar lá e seguir a carreira de engenheiro na empresa.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos e família?
Bruno: Durante a preparação continuei participando dos principais eventos com a família e com os amigos. Mais perto da prova (faltando um mês aproximadamente), eu parei de ir à academia e passei a estudar com mais foco à noite e aos fins de semana.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseiro? De que forma?
Bruno: Sou casado e não tenho filhos. Sim, minha família sempre me apoiou nos estudos e minha esposa foi sempre muito parceira.
Nesse último concurso minha esposa me ajudou muito, tanto no incentivo, quanto nas questões mais práticas do dia a dia, como nas tarefas domésticas, para que eu conseguisse estudar por mais tempo.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Bruno: Eu estudei por cerca de 50 dias (do início de janeiro até 20 de fevereiro, que foi a data da prova). O edital saiu uma semana antes do Natal. Nesse período eu ainda estava pensando se eu ia fazer o concurso e comecei a procurar material. Eu comecei a estudar, mais focado mesmo, depois do Ano Novo.
Eu estudava no horário que tinha disponível. Como a prova estava muito próxima, a disciplina veio mais do desespero para terminar a matéria antes da prova do que do planejamento. Apesar disso, tive sim um mínimo de planejamento para estudar. Selecionei o material que ia estudar e as questões que ia resolver baseado no meu nível de conhecimento em cada matéria. E reservei todos as minhas manhãs de domingo, nas 5 semanas anteriores à prova, para realizar os simulados.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação? (Aulas presenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens?)
Bruno: No início eu estava estudando tanto por videoaulas como pelas aulas em PDF. Mas, ao longo do estudo, vi que não teria tempo de estudar todos os PDF’s e passei a assistir só as videoaulas na velocidade de 1,5 a 2.
Os livros eu utilizei mais para consulta, por exemplo, quando não entendia ou não concordava com alguns pontos da matéria que eu via nas aulas. Eu consultei tanto os livros que eu tinha da faculdade, quanto alguns artigos que eu achava na internet.
Vantagens da videoaula: Uma vantagem das videoaulas é que, pelo fato de o professor geralmente utilizar uma linguagem mais informal do que no material escrito, a explicação tende a ser mais fácil de entender. Além disso, o professor tende a focar nos principais assuntos da matéria. Outra vantagem é que, como o tempo da videoaula costuma ser padronizado, fica mais fácil de planejar quanto tempo você vai precisar para assistir todo o conteúdo. Por fim, eu gosto do recurso que permite acelerar o vídeo.
Desvantagens da videoaula: A principal desvantagem da videoaula, para mim, é que depois de um tempo eu começo a me cansar da voz do professor. Quando isso começa a acontecer, assistir às videoaulas passa a ser muito cansativo e eu prefiro voltar para o PDF.
Vantagens do PDF: O PDF tende a ter uma explicação mais completa e detalhada dos conteúdos. Isso é bom para as matérias que precisam desse nível de detalhamento. Outro ponto positivo é a facilidade de realizar buscas no PDF, quando se quer apenas consultar um ponto específico da aula.
Desvantagens do PDF: É sempre mais fácil falar do que escrever e escrever bem é difícil. Portanto, o material escrito muitas vezes pode apresentar textos ambíguos, detalhados demais em algumas partes e rasos demais em outras.
Portanto, eu tenho o costume de nunca depender apenas de uma fonte de material escrito. Sempre quando tenho uma dúvida em um PDF eu consulto algum livro, artigo ou site confiável para ver se eu entendi de fato aquilo que estou estudando.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Bruno: Não lembro exatamente como conheci, mas desde que comecei a estudar para concursos eu lembro de já conhecer o Estratégia. Não tem como não conhecer, é sempre o primeiro resultado que você encontra na internet quando busca cursos para praticamente qualquer concurso.
A primeira vez que utilizei o material do Estratégia foi para o concurso que eu fiz para o IBGE, em 2015/2016.
Estratégia: Antes de conhecer o Estratégia, você chegou a usar materiais de outros cursos? Se sim, o que mais incomodava quando você estudava por esse concorrente?
Bruno: Sim, já cheguei a fazer aula presencial para a SUSEP (Superintendência de Seguros Privados) em um curso tradicional no Rio de Janeiro. As desvantagens foram muitas: ele ocorria à noite e ficava longe da minha casa. Então, quando o professor atrasava (o que não era raro de acontecer), eu tinha que sair antes de a aula acabar para não perder o último ônibus para casa. Além da dificuldade com horário e deslocamento, o material não era organizado, a gente tinha que tirar xerox de algumas folhas avulsas deixadas pelo professor minutos antes de começar a aula. Enfim, não foi uma boa experiência.
Já estudei em outros cursos online também. Cada um tem sua característica, mas o que mais me incomodava era a limitação de vezes em que era permitido assistir uma videoaula, a impossibilidade de fazer download do material, falta de organização do conteúdo e o fato de muitas vezes não disponibilizar conteúdo para todos os itens do edital (mesmo anunciando que o pacote era completo).
Estratégia: Você chegou a fazer algum concurso enquanto ainda se preparava com esse outro material? Foi aprovado?
Bruno: Não, os concursos para os quais estudei com esses materiais (CVM e SUSEP) não abriram e continuam sem previsão para abrir desde aquela época.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação? Que diferencial encontrou nos materiais do Estratégia?
Bruno: Para mim, o grande diferencial do Estratégia são os professores. O meu bom resultado na prova de Português, por exemplo, eu devo em grande parte à professora Adriana Figueiredo. E olha que eu só assisti às aulas de Reta Final, que estavam disponíveis no canal do Estratégia no YouTube. Em poucas aulas ela conseguiu me ensinar como fazer a prova do CEBRASPE.
Além disso, as rodadas de simulados também me ajudaram muito a aprender como fazer a prova do CEBRASPE. A cada semana, eu testava diferentes estratégias de resolver as provas de certo e errado e via como cada uma impactava na minha nota. O ranking, ao final, me mostrava como estava meu desempenho em relação aos outros concurseiros.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos? (Estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Quantas horas líquidas estudava por dia?)
Bruno: Eu não montei um plano de estudos elaborado. O que eu fiz foi olhar o edital, ver o que eu sabia mais e o que eu sabia menos e priorizar o estudo do conteúdo de acordo com essa avaliação.
O que eu já tinha uma noção maior (português, inglês, probabilidade e estatística e matemática financeira), eu deixei para revisar fazendo questões e simulados.
O que eu tinha pouco conhecimento ou já não via há muito tempo (contabilidade e as específicas de engenharia de produção), eu planejei assistir a todas as aulas e fazer todas as questões que eu pudesse.
Eu só estudava uma matéria por dia e, às vezes, a mesma matéria por vários dias seguidos.
Às vezes, eu colocava algumas metas semanais de quantas aulas eu deveria terminar, mas não escrevi nem planilhei nada disso.
Não contabilizei horas líquidas de estudo, não montei ciclo de estudos, não contei quantas questões eu fiz, nem quantas acertei ou errei. Enfim, não utilizei nenhum método formal de organização dos estudos.
Estratégia: Como fazia suas revisões? (Costumava fazer resumos, simulados ou algo mais?)
Bruno: Eu revisava a matéria fazendo questões e simulados. Para algumas matérias, eu fiz alguns flashcards no Anki com aquilo que eu achava mais importante (alguns conceitos-chave e fórmulas).
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Bruno: Resolver questões (de provas antigas e de simulado) é, de longe, o mais importante na preparação para concurso. Mas, para mim, só funciona se tiver as respostas comentadas para consultar após a resolução. Só assim é possível saber quais são as minhas lacunas de conhecimento. Não sei quantas questões eu fiz. Eu não vejo muito benefício em realizar esse controle.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Bruno: Felizmente, eu gostei de estudar todas as matérias que caíram nessa prova. Por isso, eu estudava com prazer e perdia a noção do tempo. Minha esposa, às vezes, vinha me lembrar da hora de jantar e de dormir.
Entre as matérias do edital, a que eu imaginava que teria mais dificuldade era a contabilidade, porque nunca gostei de estudar aquela infinidade de regras e normas que precisam ser memorizadas.
Mas os assuntos de contabilidade cobrados foram de Contabilidade de Custos e de Contabilidade Gerencial, que envolvem muito mais matemática, raciocínio e lógica do que a Contabilidade Geral e Avançada. Então eu acabei gostando de estudar essa parte de contabilidade também.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Bruno: Na última semana antes da prova eu foquei mais em resolver questões e revisar aquilo que eu errava mais.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Bruno: Meu principal erro na trajetória dos concursos foi não dar continuidade aos estudos desde quando comecei.
Apesar de a maioria dos concursos para os quais estudei não terem sido abertos, existe um benefício muito grande em fechar o estudo para um edital. Grande parte das matérias são aproveitadas em outros concursos, ainda que o concurseiro mude de foco depois. É muito mais fácil revisar uma matéria que você já estudou alguma vez do que começar do zero.
Outro erro foi perder muito tempo pesquisando e baixando diversos materiais sem nunca ter lido ou assistido nenhum deles, ficar procurando um método ideal para organizar os estudos, para aprender mais rápido, para estudar matérias chatas, para revisar melhor e não esquecer o que eu estudei etc. E, com isso, eu não usava meu tempo para aquilo que mais importa: entender a matéria e fazer questões.
Eu não sei dizer bem quais foram meus acertos. Mas um padrão que eu reconheci nos concursos em que eu passei, é que eu gostava de estudar as matérias do edital. Portanto, eu não precisei ficar calculando e dividindo quanto tempo eu estudava para cada matéria, quantas horas líquidas eu fiz no dia, quantas questões eu resolvi etc. Eu só pegava o material e estudava. Não importava se eu estava no ônibus, no trem, no metrô, em casa ou na casa de familiares. Quando eu tinha interesse pela matéria eu estudava nem que fosse respondendo alguns flashcards, por alguns minutos, no celular.
Eu sei que isso não é bem uma “estratégia” ou um “método” que pode ser replicado. O mais provável é que, na maioria dos concursos, vai ter matéria chata que o concurseiro não vai ter nenhuma vontade de estudar. Então, é uma dificuldade pela qual todo mundo vai ter que passar.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Bruno: Sim. Já desisti e voltei a estudar algumas vezes. No caso desse concurso da Petrobras, o que me motivou a voltar a estudar foi a remuneração e a possibilidade de voltar a atuar na área de engenharia e tecnologia.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Bruno: Eu não tenho a menor pretensão de dizer o que cada um deve ou não fazer para alcançar seus objetivos, e é melhor que ele aprenda por conta própria. Mas durante esse tempo que estudei para concursos, li e refleti sobre algumas coisas que talvez alguém que esteja iniciando possa achar útil.
1. Proteja seu tempo: para estudar para qualquer coisa você precisa de tempo. Mas hoje todas as pessoas e empresas estão competindo pelo seu tempo e é muito difícil de resistir às mídias sociais, às plataformas de streaming, notícias e aos conteúdos que são produzidos e divulgados a todo momento. E, por incrível que pareça, o mercado de concursos também está nessa. A gente se engana ao achar que acompanhar tudo sobre o mundo dos concursos está contribuindo para a própria aprovação. Muitas vezes a gente só está procrastinando aquilo que realmente precisa ser feito.
2. Não existe fórmula: muitas pessoas vão tentar te vender fórmulas para ser aprovado. Você vai até ver nos relatos dos aprovados que muitos utilizam alguns métodos consagrados de organização de estudos e de revisão. Não significa que eles funcionam. Pode ser apenas efeito do “viés de sobrevivência”. Portanto, se quer utilizar o mesmo método, tudo bem. Só não perde muito tempo com isso. Contanto que você faça o básico (estudar a matéria e fazer questões), uma hora vai dar certo.
3. Continue estudando: na empolgação de começar a estudar para concursos, a gente acha que vai conseguir estudar um pouco todos os dias, manter uma regularidade nas revisões e terminar de estudar toda a matéria antes do edital sair. Mas a realidade é muito diferente: a gente não consegue estudar todos os dias, pensa em desistir, para e volta a estudar várias vezes e não se sente preparado para fazer a prova quando o edital é publicado.
O fato é que não temos garantia nenhuma de que vamos passar mesmo se tivéssemos feito tudo “certo”. O melhor que podemos fazer é tentar colocar as chances ao nosso favor, fazendo a única coisa que está sob o nosso controle: estudar e resolver questões até passar.