Aprovado em 2° lugar no concurso MPO para Analista de Planejamento e Orçamento - Gestão de Dados Orçamentários
Concursos Públicos.
“Meu conselho inicial é ter alimentação, sono e atividade física de qualidade, são 3 pilares para a vida de forma geral. Além da saúde física, percebo que é importante cuidar da saúde mental e acredito ser um fato muito negligenciado pelos concurseiros […]”
Confira nossa entrevista com Luiz Henrique Moreira, aprovado em 2° lugar no concurso MPO para o cargo de Analista de Planejamento e Orçamento – Especialidade: Gestão de Dados Orçamentários:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-lo. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Luiz Henrique Moreira: Meu nome é Luiz Henrique Moreira, tenho 36 anos e minha cidade natal é Anápolis- Goiás. Fui criado em Brasília e sou formado em Direito pela Universidade de Brasília.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Luiz: Inicialmente, foi a estabilidade e os bons salários. Depois que passei num cargo de nível médio e consegui uma certa estabilidade financeira, o que me levou a voltar a estudar para concurso, depois de quase uma década, foi a possibilidade também de atuar numa profissão de interesse no serviço público.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Luiz: Sim, trabalhava presencial e estudava. Para conciliar, eu basicamente organizava o horário dos estudos que de preferência eram as primeiras horas do dia (que é quando a cabeça estava mais descansada e com maior foco e energia) e trabalhava de tarde, sempre aproveitando horários vagos (hora do almoço, do cafezinho, de deslocamento, filas nos correios etc) para aumentar o volume de estudos dentro da qualidade possível naquele momento. Além disso, fui gastando todas as férias e licenças-prêmio gradativamente ao longo do período que me preparei para dar um gás maior nos estudos e avançar mais nas matérias.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Luiz: Há 12 anos atrás, na época da faculdade, eu passei em alguns cargos de nível médio, como Agente de Trânsito do Detran e Técnico Jurídico da PGDF (meu atual cargo), além de um cadastro reserva para Técnico do Senado, que acabou não dando certo por pouco. Nessa época, sempre estudei no pós-edital e sempre ficava na faixa dos 30/50 primeiros.
Após uma década parado, nesse meu retorno de estudos para concurso, fui aprovado apenas no de Analista de Políticas Públicas- APO (na especialidade Gestão de Dados Orçamentários) em 2º lugar e, por enquanto, não pretendo continuar estudando para outros concursos, mas sim investir na carreira de dados em si, seja dentro do próprio órgão, seja na área acadêmica.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos e família?
Luiz: Meu contato social reduziu bastante de maneira geral, mas mantive contato semanal nos almoços e churrascos de família que passaram a ser mais curtos para mim. Já os amigos, acabei deixando para encontrar de maneira mais pontual, principalmente em períodos que eu via que precisava tirar alguns dias de descanso total para voltar para o batidão dos estudos.
Acredito que é complicado manter um ciclo social frequentemente ativo, ainda mais quando você não está tão disponível e não pode investir tanto tempo e dar tanta atenção aos amigos. De forma geral, algumas amizades se foram por mudanças de afinidade, distanciamento e falta de contato (o que considero natural) e outras (principalmente as mais antigas) se mantiveram.
Estratégia: Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseiro? De que forma?
Luiz: Sim, de maneira geral, sim. Minha família e amigos mais próximos sempre me apoiaram e me incentivaram nos estudos, bem como sempre compreenderam minhas ausências e abdicações.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Luiz: O concurso para APO teve prova objetiva e discursiva em dias diferentes. Eu não estava focado para esse concurso inicialmente, não achei que tivesse capacidade ainda de conseguir uma boa colocação, ainda mais que eram apenas 3 vagas. Eu estava estudando para Especialista em Regulação da Anatel (na área de Ciência de Dados) e tinha feito a prova para APO como treino, uma vez que a banca era a mesma (CEBRASPE) e a especialidade também era a mesma.
Fui começar a estudar para a discursiva de APO quando saiu o resultado da objetiva ( altando uns 45 dias para a discursiva) e vi que eu estava em 3º, empatado com mais 4 pessoas. A partir desse dia, estudei de domingo a domingo e tirei uma licença emendada com férias no trabalho, para ficar mais focado e disciplinado para tentar fechar o edital a tempo.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Luiz: Para a prova objetiva, eu fiz com a bagagem que já estava trazendo da preparação para a Anatel, logo utilizei basicamente PDFs do Estratégia e resolução de questões.
Já para a prova discursiva, utilizei basicamente meus resumos com lei seca e videoaulas do Estratégia (principalmente para a parte de AFO e Políticas Públicas).
As vantagens dos PDFs é que são eficientes em questão de tempo para as provas objetivas. Combinar o PDF com revisão por questões é uma forma rápida de chegar competitivo, caso não tenha muito tempo.
Contudo, para provas discursivas, não consegui render muito com PDFs, as videoaulas foram mais eficientes para mim. Apesar de tomarem mais tempo, elas eram mais acessíveis em vários locais (usava fones o tempo todo junto com o celular) e consegui memorizar melhor muitos casos de aplicação das leis que foram cobradas na prova discursiva.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Luiz: Conheci por indicação de colegas que já utilizavam o material.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação? Que diferencial encontrou nos materiais do Estratégia?
Luiz: Senti que os materiais do Estratégia estavam completos e suficientes para realizar as provas e são um excelente custo-benefício para estudos de curto prazo/pós-edital. Inclusive, acabei passando em uma especialidade (Ciência de Dados) na qual eu nem sou formado e não tinha nenhuma base ou formação prévia.
As ferramentas do Estratégia que mais me ajudaram, sem dúvida, foram os PDFs (provas objetivas) e as videoaulas (provas discursivas), inclusive as videoaulas de Revisão de Véspera e Hora da Verdade (que são gratuitos no Youtube).
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Luiz: Enquanto eu estava estudando para a Anatel, estava conciliando 9 matérias de maneira alternada e espaçada em blocos de 60 a 90 minutos, no máximo. Daí, quando mudei para a discursiva do MPO, foram 4 matérias, mantive a mesma estratégia, mas adicionava mais blocos da matéria que eu queria dar ênfase no ciclo (por exemplo, AFO). Para as matérias de Ciência de Dados e gestão de TI, eu só estudava por resumos e fazia questões discursivas e para as matérias de Políticas Públicas, Realidade Brasileira e AFO eu estudava apenas por videoaulas e lei seca/resumos, sempre praticando com questões discursivas ao final do giro do ciclo.
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Luiz: Revisões para a objetiva fazia por questões e caderno de erros. Já para a discursiva, fazia com resumos e mapas mentais.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Luiz: Resolução de exercícios é crucial para a prova objetiva e devo ter feito em torno de 10 mil questões em 1 ano de estudo (nos meus registros foram 1.508 horas líquidas totais).
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Luiz: Eu tive dificuldade em AFO, inicialmente, e recorri às videoaulas que foram uma excelente ferramenta para assimilar melhor vários tópicos.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Luiz: Nas duas últimas semanas eu reduzi bastante a atividade física (que é essencial, mas foi apenas na reta final que abri mão). Apenas passei a fazer uma corridinha de meia hora no parque para desestressar uma vez na semana e subi bastante a carga horária de estudos. Cheguei em 54h líquidas na semana anterior ao da prova discursiva. Na semana da prova em si, eu reduzi o ritmo e no dia pré-prova eu fiz uma revisão até o início da tarde e depois aproveitei o resto do dia para sair para comer com a família e descansar (sem telas ou atividades muito estimulantes). Tentei dormir cedo, mas a ansiedade tomou conta, mesmo com tudo planejado, tive dificuldade de pegar no sono. Mesmo assim, consegui ir descansado e relaxado para a prova, pois tinha consciência que tinha feito o meu melhor e o resto era consequência.
Estratégia: No seu concurso, além da prova objetiva, teve a discursiva. Como foi sua preparação para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Luiz: Como eu disse antes, minha preparação para a prova discursiva foi praticamente por videoaulas, lei seca com resumos e questões discursivas antigas. Eu não fiz nenhuma questão objetiva e nem utilizei PDF, mas consumi praticamente todo conteúdo em vídeo, incluindo os conteúdos gratuitos no canal do Estratégia no Youtube. Eu sempre preferi PDF e subestimava as videoaulas, e foi com PDFs que comecei a estudar para as discursivas. Contudo, eu não estava conseguindo reter muitos tópicos que estavam muito abstratos em AFO e as questões discursivas cobravam algumas análises de caso que tive, inicialmente, muita dificuldade de assimilar. Resolvi manter a resolução de questões discursivas para as matérias de TI e fiz uma verticalização do edital de AFO/Políticas Públicas e ia consumindo o conteúdo em vídeo em todos os horários possíveis além daqueles já destinados ao estudo diário (academia, lavando louça, fazendo refeições) e em 45 dias, eu saí do zero em AFO e praticamente consegui fechar a prova discursiva (Foi 69,53 de 70 pts), o que me deixou extremamente surpreso. Minha memorização por videoaulas para a discursiva foi muito melhor que por leitura de PDF, consegui reter na memória vários exemplos que os professores davam na aula e desenvolvê-los nos pareceres e dissertações. Acredito que vale a pena fazer o teste quem estiver muito travado nas discursivas e esteja muito focado apenas em PDF.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Luiz: Principais erros: querer conciliar eventos sociais frequentes e redes sociais com os estudos. Depois que os eventos sociais ficaram bem pontuais e saí das redes sociais e reduzi minha participação em grupos muito movimentados de WhatsApp, senti que meu foco e evolução nas matérias aumentaram drasticamente. Em contrapartida, passei a frequentar os grupos de concursos no Telegram e percebi que ter contato virtual com pessoas que estão com o mesmo objetivo que o seu, além de te manter informado e obter dicas, te estimula a estudar mais de modo que esse fator acelera bastante sua evolução e supre um pouco da necessidade de socialização.
Principais acertos: acredito que foi fazer, sem me preocupar com o resultado, o máximo de concursos na minha área, ainda que estivesse focado apenas em um. Isso me permitiu adquirir experiência e calma na hora das provas, além de ter me possibilitado entrar competitivo para um cargo que eu não acreditava estar preparado. Outro acerto foi ter experimentado outras ferramentas de estudo como as videoaulas e encontrado formas de estudo mais eficientes para mim, dentre as possibilidades disponíveis.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Luiz: Eu desisti de estudar para concurso depois que passei para Técnico Jurídico da PGDF em 2011, pois não queria seguir carreira jurídica e não sabia que caminho tomar, pensei em mudar de área, começar outro curso e até sair do país. Ainda tentei estudar para área de controle (área fim) por um tempo, tinha amigos que já eram do TCDF, mas não me agradou muito as funções e a dinâmica de trabalho, meu objetivo não era simplesmente financeiro. Acabei me acomodando, mas sempre explorando áreas de atuação/interesse.
Quase 10 anos depois, durante a pandemia, comecei a me interessar por Ciência de Dados e iniciei um curso de tecnólogo na área de Análise e Desenvolvimento de Sistemas para ter uma visão mais ampla da área de TI. Nesse mesmo período, comecei a perceber que começaram a sair editais para cargos exclusivos de Ciência de Dados (TJDFT e Petrobrás, por exemplo) e isso me deu muita animação para voltar a estudar para concurso. Esse retorno foi muito prazeroso, pois estudar para uma área de interesse foi mais fácil e fluiu bem melhor que em relação ao período em que eu estudava para a área jurídica. Estou bem animado para começar essa nova fase.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Luiz: Meu conselho inicial é ter alimentação, sono e atividade física de qualidade, são 3 pilares para a vida de forma geral. Além da saúde física, percebo que é importante cuidar da saúde mental e acredito ser um fato muito negligenciado pelos concurseiros. Às vezes, a pessoa já possui as ferramentas, plano de estudos e capacidade de passar no concurso almejado, mas possui traumas e bloqueios que minam todo seu potencial.
Por fim, acredito ser essencial saber qual seu propósito ao investir tempo e dinheiro para enfrentar a labuta que é estudar para concurso: é para ter estabilidade? É para se realizar em uma área que tenha afinidade? É para se capitalizar e futuramente pedir exoneração para abrir uma empresa? É para ter mais segurança e tempo de qualidade com a família? Cada um tem suas prioridades e sabe onde o “calo aperta” e quanto mais claro seu propósito, mais fácil de se manter estudando no longo prazo.