Confira nossa entrevista como Heitor Fagundes Ramos, aprovado no concurso da Polícia Federal para o cargo de Papiloscopista:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Heitor Fagundes Ramos: Tenho 24 anos, sou de Belém-PA e estou me formando em Tecnólogo em Gestão Financeira.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos? Porque a área Policial?
Heitor: Minha trajetória como concurseiro começou cedo. Aos 14 anos queria ser oficial aviador, piloto de caça da aeronáutica. Então prestei a prova da EPCAR, isso foi em 2009. Na época não tinha nenhuma noção do que era concurso público ou de técnicas de estudo. Então, naturalmente, não passei na prova.
No ano seguinte, tentei de novo pelo Colégio Naval também. Mas não passei. No ano posterior tentei mais uma vez, ainda sem sucesso.
Obtive minha primeira aprovação em 2012, no concurso do CFO PM-PA aos 17 anos. Essa prova foi favorável pra mim, pois caiu somente matérias de ensino médio e, como estava me preparando para o vestibular, acabei me saindo bem.
Entretanto, ainda tinha a ideia de entrar na aeronáutica muito forte na minha cabeça, o que me levou a pedir desligamento do curso de formação em 2014, alguns meses depois de ter iniciado, para poder me dedicar a esse objetivo.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Heitor: Com toda a experiência que adquiri nesse tipo de prova, comecei a estudar desenvolvendo técnicas de estudo e estratégias de prova.
Eu estudava a teoria por bons materiais, fazia bastante exercícios e resolvia as provas antigas como se fossem simulados. Assim, nesse ano, consegui aprovação na EFOMM e EsPCEx. Mas ainda não era o que eu queria, então continuei estudando e, no ano seguinte, em 2015, consegui a aprovação na AFA e na Escola Naval.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Heitor: Escolhi ir pra AFA. Passei 1 ano e meio no curso de formação de oficiais aviadores até ocorrer outro imprevisto, fui desligado do curso por não atingir os índices esperados nas instruções de voo. Isso tem a ver com questões institucionais e não vou me alongar nesse assunto.
Voltei para a casa dos meus pais no final de Maio de 2017 com o objetivo de passar no ITA, mas não obtive sucesso. Nessa rotina de estudos conheci um professor que era formado no ITA e que estava estudando pra concursos. Ele me explicou sobre a oportunidade de ter excelentes salários, com jornadas de trabalho relativamente tranquilas. A partir daí comecei a pesquisar sobre esse mundo, quais eram as oportunidades, carreiras e técnicas de estudos.
A partir disso, foi que em 2018, com 23 anos, comecei o tecnólogo e decidi estudar para concursos.
No início pensei em estudar para Receita Federal, mas eu só pensava no salário, não era algo que eu realmente queria fazer. Logo, como sempre gostei e admirei essas carreiras mais operacionais como militares e policiais, e a Polícia Federal estava autorizando o concurso, decidi que era esse que eu ia fazer.
Mas tinha um problema, eu ainda estava no primeiro período do meu tecnólogo, não sabia se daria tempo de me formar, e eu não queria passar por todas as etapas para, no final, não poder assumir por ainda não ter terminado a graduação.
Quando saiu o edital, constava que o candidato deveria comprovar a escolaridade até Outubro de 2019, data prevista para nomeação, nessa data eu ainda estaria terminando o quarto e último semestre, mas o pensamento que passou pela minha cabeça foi: “Quer saber?! Vou tentar, vai que o concurso atrasa.” (o que acabou acontecendo mesmo, me dando tempo para terminar o curso antes da nomeação). A partir disso, me dediquei integralmente aos estudos para essa prova.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados na primeira fase do certame?
Heitor: Vale muito a pena pessoal. Eu ainda nem tomei posse, mas já posso dizer isso. A sensação de ver seu nome na lista de aprovados é extraordinário. Uma alegria enorme, sensação de dever cumprido, de saber que todo o sacrifício valeu a pena. A autoestima vai lá em cima. Enfim, nem consigo descrever direito.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Heitor: Como tinha pouco tempo, adotei uma postura mais radical. Abdiquei do convívio social (se teve alguma vez que saí nem lembro), só ia para academia, fazia musculação e, duas vezes na semana, treinava Taekwondo.
A parte de se isolar não foi tão difícil pra mim, pois meu ciclo social é bem reduzido. Sou solteiro e não tenho filhos. Vale dizer que tive um grande apoio da minha família, tanto em entender que eu não ia poder trabalhar, que ia ser dedicação integral ao objetivo, quanto em entender que o tempo em que eu estava estudando era sagrado e que eu não podia ser interrompido.
Enfim, esse foi um resumo da minha jornada. Foi difícil, mas valeu muito apena, cada vitória e derrota foi importante para o meu amadurecimento.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Heitor: Depende do caso, se for alguém na mesma situação que eu, apostando em uma preparação a curto prazo, pós-autorização ou pós-edital, com certeza não. O tempo que se tem já é curtíssimo e tem que ser otimizado para absorver o máximo de conhecimento possível para a prova que é o objetivo principal.
O mesmo vale para quem vai se preparar a médio ou longo prazo, mas ainda está no início. A pessoa tenta abraçar o mundo e, provavelmente, não vai conseguir.
Porém, quem já estuda a mais tempo, já terminou algumas matérias, acredito que possa desviar o foco para provas que tenham uma boa quantidade de matérias em comum, como exemplo: quem estudava para área fiscal se deu bem na prova de agente da PF, pois tinham muitas matérias em comum. Se não for o caso, também acho que não compensa.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovado?
Heitor: Direcionado ao concurso da Polícia Federal, estudei do edital até a prova (mas vale lembrar que não comecei do zero, a bagagem que trouxe dos estudos para as escolas militares me ajudou muito).
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Heitor: Estudei exclusivamente pelo material do Estratégia. Como tive pouco tempo, priorizei a leitura do material em PDF, pois era um estudo mais rápido e dinâmico. Eu assistia videoaulas quando sentia dificuldade em algum assunto.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Heitor: Conheci o Estratégia quando estava pesquisando sobre o mundo dos concursos. Meu primeiro contato foi com as transmissões no Youtube. As dicas dos professores eram sensacionais e me ajudaram bastante a montar uma estratégia de prova.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Heitor: Como sabia que não ia conseguir ler tudo, tive que fazer uma aposta um pouco ousada, mas que acabou dando certo.
O Cespe não tinha mínimo por matéria, apenas por bloco, e punia o chute errado. Resolvi eliminar algumas matérias e focar nas mais importantes e nas que eu tinha mais facilidade para responder.
Sendo assim, eu não estudei os direitos e as leis, pois eu nunca tinha tido contato com esses assuntos antes. Foquei no Português, pois eu já tinha base, na Matemática (RLM e Estatística).
Devo citar também que as matérias que eu mais gostava como: Biologia, Física e Química eu não estudei, pois já havia feito a alguns meses para a prova do ITA. Então resolvi deixar esse tempo para aquelas outras.
Além disso, dei toda uma atenção especial para Informática e TI, pois eram os assuntos mais importantes do concurso.
Não fiz nenhum resumo. Não acho vantagem, perde-se muito tempo. Foquei bastante nos exercícios, mas buscava também reler o material, principalmente em TI.
Estudava sempre que podia, ou seja, o dia inteiro com algumas breves e eventuais pausas para descanso, e um intervalo maior para ir à academia.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Heitor: A disciplina que mais tive dificuldade, apesar de ter achado muito interessante e ter gostado de estudar, foi TI. Meu plano para vencer isso foi o seguinte: primeiro eu lia o PDF e tentava fazer os exercícios. Então, com as dúvidas e dificuldades em mente, eu assistia às videoaulas. Acelerava o vídeo nas partes que estavam tranquilas e, nas difíceis, eu desacelerava e prestava bastante atenção. Depois eu voltava para o PDF, fazia uma releitura (de forma mais dinâmica nas partes já entendidas e normal nas dificuldades) e refazia os exercícios.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Heitor: Os últimos 15 dias que antecederam a prova, foi como se fosse aquele último tiro, que é pra morte.
Realmente foi bem estressante. Eu deixei de ir para a academia, intensifiquei ainda mais a rotina. Se eu não estava dormindo ou no banheiro eu estava estudando (eu comia na frente do computador), raramente tinha uma pausa.
Na véspera eu assisti à revisão do Estratégia. Dormi bem (o que não fazia desde que intensifiquei a rotina) e fiquei decorando fórmulas de estatística e resumos de TI até o momento em que cheguei no local de provas.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Heitor: Como eu tinha saído de uma preparação para o vestibular do ITA, estava bem treinado na questão estrutural do texto.
O tema, que era sobre imigração (a aposta foi que viria para o cargo de agente, mas acabou vindo para o de papiloscopista), foi bem discutido na revisão de véspera. Eu consegui produzir um bom texto que me rendeu 11,25 de 13 pontos, na qual foi fundamental na minha aprovação.
A dica que deixo é: treinem bastante, tentem consertar os erros e prestem atenção nos temas que os professores experientes falam (eles provavelmente vão acertar!)
Estratégia: Como foi sua preparação para o TAF e para as demais etapas?
Heitor: Não tive muita dificuldade no TAF, pois eu era militar, cadete da AFA, e lá eu praticava pentatlo militar. Então tinha um bom condicionamento.
Depois que saí, fiquei só na musculação. Deixei de correr e nadar, então meu desempenho caiu. Mas consegui recuperar depois da prova escrita.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Heitor: Meus maiores acertos foram não tentar abraçar todo o edital, pois não ia dar tempo, e fazer simulados. Este foi IMPORTANTÍSSIMO, pois foi assim que bolei minha estratégia de prova, que decidi quando ia marcar ou não a questão. Isso foi o que decretou minha aprovação. Fiz todos os simulados que o Estratégia disponibilizou.
Meus maiores erros foram não ter começado a estudar mais cedo e, pode até parecer meio contraditório, me exceder no primeiro acerto. Acabei deixando de estudar matérias com um custo-benefício muito bom, como arquivologia, que tinha 4 aulas e umas 8 questões na prova. O saldo positivo da estratégia foi bem maior que o negativo, então valeu a pena.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Heitor: Penso que a parte mais difícil, não só para mim, mas para a maioria dos concurseiros, é manter a disciplina, ser resiliente, conseguir continuar vencendo o cansaço, tanto físico quanto mental.
Vencer essa barreira psicológica é muito mais difícil do que uma barreira física. Eu nunca tive vontade de desistir de ser policial federal, mas já tive vontade de desistir daquele dia de estudo, de deixar pra lá aquele PDF e começar a assistir a um filme ou descansar.
Minha maior motivação era me ver na instituição, usando o distintivo, fazendo um bom trabalho para a sociedade, poder mudar de vida. Enfim, pensar que eu poderia ser policial federal.
Mas lembrem-se, a motivação serve para dar o pontapé inicial, para vencer a inércia. O que realmente nos mantém nessa jornada é a disciplina, a capacidade de vencer a tentação do momento para assistir a um filme ou descansar.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Heitor: Para finalizar, gostaria de deixar duas mensagens para os concurseiros que estão iniciando e também para aqueles que estão aí a mais tempo: parabéns pela iniciativa, eu sei que não é fácil, mas a vontade de mudar de vida e de realizar um sonho é maior que as dificuldades. A outra é uma frase que ouvi alguém dizer na internet “Se uma coisa é difícil, é porque ela vale a pena”.
Para aqueles que sonham em entrar na PF, espero que um dia possamos nos encontrar no trabalho, quem sabe em uma operação. Obrigado aos que leram até aqui, desejo-lhes todo o sucesso do mundo.
Confira outras entrevistas em:
Foi aprovado e deseja dividir com a gente e com outros concurseiros como foi sua trajetória até a aprovação?! Mande um e-mail para: [email protected]
Abraços,
Thaís Mendes