Aprovado em 1° lugar no concurso Câmara Municipal de São Paulo para o cargo de Consultor Técnico-Legislativo - Administração
Legislativo“As derrotas virão, e são muitas. Quase todo aprovado tem uma coleção de reprovações. Mas todas elas perdem a importância na primeira vitória […]”
Confira nossa entrevista com Rafael Antunes Foschini, aprovado em 1° lugar no concurso Câmara Municipal de São Paulo para o cargo de Consultor Técnico-Legislativo – Administração:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-lo. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Rafael Antunes Foschini: Prezados, tenho 24 anos e nasci na cidade de Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Me formei em administração em meados de 2023 (ano passado), pela FGV-EAESP.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Rafael: Foram muitos os motivos que me levaram a trilhar o caminho dos concursos públicos; um ponto a se citar é a vocação, isto é, a vontade ou necessidade de trabalhar servindo ao país ao invés de a um projeto individual. Outro critério importante foi a possibilidade de ter uma carreira estável a longo prazo, situação menos frequente na iniciativa privada.
O método de seleção da administração pública, impessoal e objetivo, também foi um fator que me atraiu bastante. Quando primeiro ouvi falar sobre como funcionava um concurso público – somente no final da faculdade – me pareceu um caminho muito promissor. Por gostar de aprender e ter tido uma boa base escolar, considerei que esses seriam fatores que facilitariam o percurso. Se, por um lado, certamente contribuíram, o fato é que eu não fazia ideia do desafio que era estudar para um concurso público até começar, e foi verdadeiramente um choque.
Para todos aqueles que estão iniciando no mundo dos concursos agora, é importante que fique claro que a aprovação em um concurso público altamente concorrido não pode ser um projeto de curto prazo. Atualmente, há cargos com centenas de candidatos por vaga, a concorrência é brutal e a quantidade de conteúdo a ser assimilada é enorme. É comum a publicação de editais gigantescos, com 10 a 20 matérias, das quais somente parte coincide de um concurso para outro, ainda que os concursos sejam da mesma área. O desafio é físico e psicológico; é semelhante a prestar o vestibular de um curso altamente concorrido, requer muito condicionamento e apoio, além de dedicação e disciplina, potencialmente por anos.
Mas há um lado positivo. Existe uma garantia de que o esforço se pagará – sendo o critério de seleção objetivo, se uma prova não foi a sua, basta persistir estudando; a matéria pode ser muito extensa, mas é finita, e mais cedo ou mais tarde, os resultados virão.
São aprovadas nos concursos pessoas que vêm das mais diversas realidades, com diferentes histórias de vida, mas o mais crucial para quem pretende passar é ter a disposição de pagar o preço necessário, que é cobrado, principalmente em tempo, e continuar tentando até conseguir. As derrotas virão, e são muitas. Quase todo aprovado tem uma coleção de reprovações. Mas todas elas perdem a importância na primeira vitória.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Rafael: Após me formar, pude me dedicar exclusivamente ao estudo para concursos públicos; antes disso, eu conciliei por alguns meses o estudo na faculdade com o estudo para concursos públicos. Comecei estudando para a Receita Federal, no início de 2023; gostei da experiência e decidi permanecer nos estudos voltados à área fiscal durante os próximos meses.
Interrompi por dois meses o estudo para concursos para a produção e conclusão do meu TCC e, depois da aprovação, retomei o projeto em tempo integral.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Rafael: Esse foi o primeiro concurso no qual fui aprovado.
Eu iniciei minha preparação pelos concursos da área fiscal; ao longo de 2023, colecionei reprovações, mas o que me ajudou foi não interromper os estudos em nenhum momento; após cada prova, independentemente do resultado, eu retomava os estudos em seguida. De certa forma, mesmo as reprovações puderam me auxiliar no aprendizado. As correções pós-prova do Estratégia foram muito úteis, nesse sentido. Assim, permaneci estudando para diversos fiscos ao longo do ano, até que, no final de 2023, me deparei com uma oportunidade que achei mais interessante que a fiscalização tributária: era o concurso da Câmara dos Deputados, em que concorri ao cargo de Analista Legislativo com especialidade em Técnica Legislativa.
Nesse concurso, obtive o melhor resultado até então. À altura, dezembro de 2023, eu havia estudado por 9 meses, com dedicação integral ao concurso da Câmara por pouco mais de 2 meses. Fiquei em uma boa colocação (aproximadamente em 80º lugar) na prova objetiva. Considerando que havia mais de 40 mil candidatos ao cargo específico, foi um resultado muito bom. Porém, não fui aprovado na prova discursiva, o que me eliminou do certame.
Gostei da experiência de estudar para a área legislativa e aproveitei grande parte dos estudos da Câmara dos Deputados para a Câmara Municipal de São Paulo, corrigindo minhas falhas e estudando os conhecimentos específicos cobrados no novo concurso; a banca era a mesma (FGV), o que ajudou muito. Dessa forma, 35 dias após a prova da Câmara dos Deputados, eu prestei a prova da Câmara Municipal de São Paulo, para o cargo de Consultor Técnico-Legislativo, com especialidade em Administração.
Era um concurso de provas e títulos, com candidatos bastante experientes, muitos já concursados; para alguns cargos, foi aberto apenas Cadastro de Reserva; para outros, também de consultor, eram poucas vagas de provimento imediato. Para o meu cargo, o concurso só aprovou um total de 10 pessoas. Por saber dessas condições, eu honestamente não acreditava que conseguiria sequer a aprovação. Para minha completa surpresa, consegui alcançar o 1º lugar no concurso. Foi um choque tão grande que a ficha demorou bastante para cair. A sensação, como já vi muitos aprovados dizendo em entrevistas também, é de alívio.
Sobre continuar estudando, eu certamente não pretendo parar agora.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos e família?
Rafael: Eu limitei significativamente minha vida social. Até obter minha primeira aprovação, não saí à noite sequer. Meu tempo de lazer era marcado no relógio.
Mas isso não é o mais importante. O mais importante é bloquear totalmente as distrações que roubam o foco do estudo durante a semana. Entre elas estão as mais óbvias (redes sociais, como Instagram) e as menos óbvias (navegador de internet, YouTube). A tática, no meu caso, foi excluir os respectivos aplicativos do celular e bloqueá-los do navegador do computador. Foi a única coisa que funcionou para mim, e minha produtividade aumentou consideravelmente. É absolutamente necessário ser tão radical? Na minha opinião, sim.
Estratégia: Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseiro? De que forma?
Rafael: Entenderam e apoiaram de forma incondicional. Toda a minha família, amigos e redes de apoio apoiaram a minha decisão emocionalmente, financeiramente e me ajudando de todas as formas que puderam. A vitória de um concurseiro quase sempre é coletiva, e no meu caso também foi.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Rafael: Eu estudei por 35 dias voltados exclusivamente ao concurso da CMSP, porém trouxe comigo minha bagagem dos 9 meses anteriores, sendo 7 meses direcionados à área fiscal e 2 meses direcionados à Câmara dos Deputados. Então, na realidade, o tempo necessário à aprovação foi de 10 meses, não de 35 dias.
A principal forma de manter a disciplina foi não ter um plano B. Dessa forma, é mais difícil dar desculpas a si mesmo nos dias em que estudar fica mais penoso – noites de insônia, doença ou quaisquer outros contratempos nos tornam bastante vulneráveis à autoindulgência. Assim, ter somente um plano A me tornou totalmente obstinado a segui-lo até obter os resultados que desejava.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Rafael: Como citado anteriormente, eu iniciei o estudo por videoaulas, exclusivamente, a fim de me habituar com o estudo para concursos e com suas particularidades. É muito útil iniciar o processo por meio das videoaulas, que são o meio menos penoso possível para estudar no início da preparação. O estudo para concursos é um processo solitário; com as videoaulas, reduz-se a sensação de solidão pois ao menos o professor é uma pessoa, da qual se ouve a voz.
Com o tempo, a partir do momento em que se habitua ao estudo, é possível seguir para as técnicas mais eficientes de aprendizado, que certamente se dão pela leitura de PDFs acompanhados de resolução de questões ao fim de cada aula. Terminando o conteúdo de todas as matérias, é interessante realizar simulados para identificar pontos fracos e revisar os conteúdos pertinentes conforme essa detecção.
O Sistema de Questões conta com um acervo quase infinito e é absolutamente essencial, tanto no início da preparação, ao fazer as questões previstas no caderno da aula previamente montado, quanto nas revisões, em que é possível montarmos nossos próprios cadernos conforme os critérios que consideramos mais convenientes.
Além dos conteúdos disponibilizados na plataforma, os áudios do Estratégia Cast disponibilizados por meio do aplicativo funcionam como uma boa tática de revisões leves, enquanto o Cast Jurídico, disponibilizado nos agregadores de podcasts, é uma fonte interessante de lazer que traz mais concretude aos temas dos estudos.
As revisões de véspera, por sua vez, me acompanharam em todas as provas que prestei até hoje, inclusive na prova do ISS RJ, em que tive a oportunidade de ir a uma Revisão Presencial e conhecer alguns dos professores, o que foi uma honra. Cito nominalmente a querida professora Nelma Fontana, com quem tive a oportunidade de conversar brevemente.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Rafael: Uma amiga que já havia estudado para concursos anos atrás indicou o curso do Estratégia, ainda quando eu estava buscando algum material para estudar para a Receita Federal. Comprei o pacote voltado para a RFB e, depois, fiz a Assinatura Vitalícia.
Estratégia: Antes de conhecer o Estratégia, você chegou a usar materiais de outros cursos?
Rafael: Estudei apenas com o Estratégia.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Rafael: Montei meu plano de estudos pelo Excel, dividindo meu dia em horas livres para o estudo e alocando as aulas das matérias em cada um dos espaços. Estudei aproximadamente três matérias por vez; terminando uma, incluía a próxima.
Meu tempo de estudos é de 9 a 12 horas por dia, de segunda a segunda, sem parar em finais de semana ou feriados.
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Rafael: Nas revisões em que há pouco tempo para rever cada matéria, é interessante usar os resumos produzidos ao final de cada aula, combinados com poucas questões (aproximadamente 20 ou 30) por aula. Quando há mais tempo para revisar, é possível reler a aula inteira e fazer de 40 a 60 questões por aula. Nos dias finais, é mais viável revisar exclusivamente por questões.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Rafael: Os exercícios idealmente devem ser feitos durante toda a preparação. Não faço ideia de quantas questões fiz durante a minha trajetória de estudos, mas foram milhares.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Rafael: Não acho que haja uma só disciplina extremamente desafiadora por si só. Todas as disciplinas têm seu grau de dificuldade. As mais difíceis sempre são aquelas que possuem mais aulas, mais conteúdo, até porque as questões com frequência mesclam o conteúdo de diversas aulas, o que significa que ir bem em uma matéria com um conteúdo muito extenso requer o domínio de todo ou grande parte dos assuntos.
Na área legislativa, não havia matérias tão destoantes das outras em extensão; as mais extensas eram Administração Geral e Pública e Matemática e Raciocínio Lógico. Não tive grandes dificuldades de aprender o conteúdo em cada aula particularmente; o mais desafiador certamente foi estudá-las por completo. Situação diversa se apresenta na área de fiscalização tributária, em que há duas disciplinas gigantescas: tradicionalmente, a Contabilidade, e, mais recentemente, a Tecnologia da Informação.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Rafael: Minha rotina se alterou pouco, porque eu já mantinha a maior dedicação possível por todos os meses anteriores. A diferença é que faltei algumas vezes à academia para estudar por mais algumas horas.
Estratégia: No seu concurso, além da prova objetiva, teve a discursiva. Como foi sua preparação para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Rafael: Houve uma prova discursiva na CMSP, mas era uma dissertação argumentativa tradicional. Eu não me preparei para ela, apenas utilizei os conhecimentos que tinha a respeito de dissertação argumentativa herdados do Ensino Médio. Em caso diverso (questões dissertativas a respeito de conhecimentos específicos), eu recomendo treinamento direcionado – reprovei na prova da Câmara dos Deputados exatamente por não ter tido o tempo necessário para me dedicar a essa habilidade, por exemplo.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Rafael: Um erro significativo, no início da preparação, foi dedicar tempo excessivo às matérias específicas dos concursos da área fiscal antes de obter uma base sólida. Estudei todas as legislações específicas de diversos fiscos municipais, porque imaginava que seria uma boa estratégia garantir uma chance, ainda que pequena, de aprovação, em cada concurso que eu prestasse. Essa atitude aprimorou marginalmente meus conhecimentos gerais sobre Direito Tributário, mas teve efeito quase nulo para cada concurso seguinte. Eu teria me beneficiado bem mais se formasse primeiro uma base sólida em Língua Portuguesa, Raciocínio Lógico-Matemático, AFO, Economia, Administração Geral e Pública, Direito Constitucional e Administrativo etc. antes de iniciar os estudos específicos, em cada caso.
Um acerto significativo, por outro lado, foi valorizar o estudo por questões, dedicando tempo considerável à leitura e compreensão das soluções escritas, no Sistema de Questões.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Rafael: Nunca considerei desistir.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Rafael: Para todos que veem no serviço público uma oportunidade de obter um emprego gratificante, uma carreira de longo prazo, um caminho para contribuir para o bem comum, eu deixo aqui meu encorajamento.
Com frequência, as carreiras do serviço público são pouco conhecidas no Brasil. Eu mesmo não sabia o que era um “auditor fiscal”, até começar a estudar para a RFB, ou um “consultor legislativo”, até começar a estudar para a Câmara dos Deputados. Porém, conforme prosseguimos no estudo para concursos, acaba ficando óbvio o quanto a decisão foi acertada; passamos a compreender a importância do Estado brasileiro, da nossa Constituição, da Administração Pública e de sua função na sociedade, e passamos a sentir orgulho por estar trilhando esse caminho.
Por outro lado, é também só após o início dos estudos que começamos a compreender o quanto essa trilha é longa e difícil. Veja, meu caminho foi muito facilitado. Pelo meu estudo pregresso, por minha família, pelas circunstâncias. Mesmo assim, foi necessário manter dedicação extrema por 10 meses até fazer a primeira prova em que eu obteria a aprovação; durante esse tempo, permaneceram sérias dúvidas, ainda que meramente emocionais, sobre se eu estaria, na verdade, perdendo tempo. Para esses momentos, é necessário ter convicção de que não é perda de tempo; são meses que definirão uma vida. É o melhor investimento possível, e eu o recomendo para todos aqueles que têm essas aspirações: permaneçam no caminho, sua vitória chegará também!