
“Minha dica é não desistir depois de ser reprovado. Você se aperfeiçoa, você melhora e as frustrações do passado são o combustível que te move para vencer os desafios do futuro. […]”
Confira nossa entrevista com José Adriel Pereira dos Santos, aprovado em 47° lugar no Concurso Público Nacional Unificado (CNU) – Bloco 3 (AFFA) para o cargo de Auditor Fiscal Federal Agropecuário – Engenheiro Agrônomo:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-lo. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
José Adriel Pereira dos Santos: Sou formado em Agronomia pela Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE, tenho 28 anos e sou natural de Caetés, interior de Pernambuco.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
José Adriel: Meu início no mundo dos concursos se deu porque sempre considerei que meu maior talento era aprender. Contudo, aprender por aprender não dá dinheiro, então pensei: “Como eu poderia ganhar dinheiro aprendendo?”. A resposta veio rápido: “Concursos!”.
Estratégia: Você trabalhava e estudava?
José Adriel: Eu trabalho em meio período, então, estudava sempre que dava, no trabalho, quando o serviço estava mais leve e assim que chegava em casa. Ganhava menos, mas foi um sacrifício necessário.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado?
José Adriel: Eu fui aprovado no concurso da prefeitura municipal na qual trabalho atualmente. Fui aprovado como cadastro reserva no concurso do CREA-PE, também, mas nunca chamaram. Eu acredito que depois de um ano e meio de sufoco, vou aguardar um pouco antes de partir para o próximo. Tudo vai depender do meu ambiente de trabalho.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos?
José Adriel: Eu renunciai a tudo. Eu já tinha pouca vida social, pois não gosto de sair, mas abri mão até do pouco. Teve até um amigo de longa data que veio para a cidade, que trabalha fora e, apesar de ter ficado em frente a minha casa, eu conversei com ele apenas uns 2 dias, durante umas 2 horas, a despeito dele ter ficado 2 semanas lá.
Estratégia: Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseiro?
José Adriel: Sim, meus pais se preocupavam com minha saúde. Minha esposa, apesar de adoentada e com muitas dificuldades para respirar, é quem eu devo grande parte da minha aprovação. Graças a ela, eu pude focar completamente no concurso e tive todo o apoio dela. Meus amigos não sabiam que eu estudava, preferi manter em segredo até o resultado.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso?
José Adriel: Eu comecei estudar em setembro de 2023 para o Incra, estava até feliz que ele não ia entrar no CNU, assim eu teria menos concorrência. Até que o TCU o obrigou a entrar, foi um baque. Nesse momento eu sabia que tinha que ir além dos meus limites, fazer mais do que eu podia e não repetir os mesmos erros que me fizeram reprovar na prova do Banco do Brasil daquele mesmo ano, por causa de uma mísera questão.
Eu mantive a disciplina ao olhar para o futuro, mas o que mais me motivou, foi olhar para o sofrimento que minha esposa passava naquele momento e não ter dinheiro o suficiente para levar ela para médicos que realmente olhassem para a situação dela. Eu sabia que se eu quisesse dar uma vida melhor para ela, para nós, eu precisava passar nesse concurso. Eu teria que fazer dar certo.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
José Adriel: Eu usei os materiais em PDFs do Estratégia para formar minha base, além de outros materiais do próprio governo; resolvi milhares de questões; assisti videoaulas para revisar, assim como flashcards para decorar leis e termos.
Eu sempre tive dificuldade com videoaulas por achar perda de tempo, pois é um material resumido que eu levo mais tempo para terminar, mesmo em 2x. Contudo, as lives do Estratégia no YouTube foram um divisor de águas. Conheci novos ótimos professores que não conhecia antes, como Paulo Sousa, Géssica Ehle, Douglas Schneider, entre outros.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
José Adriel: Eu conheci o Estratégia em 2022, quando eu procurava uma plataforma que tivesse materiais confiáveis. Pois, ao estudar anteriormente com materiais próprios, rodando a internet procurando, eu perdia tempo e ainda obtinha materiais pouco confiáveis.
O Estratégia foi o que se destacou para mim a partir do comentário do pessoal no YouTube e do Reddit. Pessoal falava muito que o material do Estratégia é extenso e por isso era ruim, mas no meu ponto de vista, é isso o que diferencia um aprovado de um reprovado. Eu estava cansado de ficar para trás por causa de uma questão.
Estratégia: Antes de conhecer o Estratégia, você chegou a usar materiais de outros cursos?
José Adriel: Eu comprei algumas apostilas baratas, que eu achava que fossem suficientes. Contudo, ao chegar na prova, era frustrante você encontrar muitas coisas que você não sequer nem ouviu falar. Era um material incompleto e pouco confiável. Talvez servisse para algum cargo administrativo de prefeituras municipais pequenas, mas para cargos mais concorridos não era bom.
Estratégia: Você chegou a fazer algum concurso enquanto ainda se preparava com esse outro material?
José Adriel: Sim, mas fui reprovado, tanto por ter estudado pouco, quanto porque o material era pouco útil. Foi a primeira e última vez que paguei por uma apostila.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação?
José Adriel: Com toda certeza. Principalmente a parte negligenciada por muitos que tem no começo de alguns materiais, principalmente dos professores Stefan Santini e Diego Carvalho, que ensinam COMO ler o material e estudar ele. Os comentários nas questões e os macetes das bancas ajudam muito na confiança para responder a prova, assim como você já chega conhecendo o estilo da banca, são duas coisas importantíssimas.
Outra ferramenta que ajudou muito, foram os simulados. Através deles eu pude realmente ver como eu estava evoluindo e superando os temidos 85-90% com consistência.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
José Adriel: Eu adaptei uma planilha fornecida pela Trilha Estratégica para o meu caso, pois meu objetivo sempre foi ultrapassar a trilha e não apenas seguir ela.
Nela, eu marcava quase tudo que vinha na minha trilha individual (Flashcards, lives e lei seca ficavam de fora).
Eu costumava estudar de 3 a 5 matérias por dia, dependendo da extensão do assunto. Eu comecei estudando 2 horas líquidas lá em setembro. Quando saiu o edital em janeiro, eu já estava estudando 3h30m líquidas por dia. Depois de março, quando havia fechado o edital e comecei revisar, tive uma média de 5h líquidas por dia.
Já após o adiamento, como eu sabia que o pessoal que não havia fechado o edital, teriam agora a oportunidade de me alcançarem, eu passei a estudar 8h líquidas por dia. Sempre variando entre vídeos, PDFs, questões, lei seca e flashcards, para não saturar. Sim, eu não fazia mais nada da minha vida além do trabalho. Acordava para estudar e dormia sonhando fazendo questões.
Estratégia: Como fazia suas revisões?
José Adriel: Nunca fiz resumos. Minha ansiedade grita dizendo que estou perdendo tempo que já li. Não funciona para mim.
Minhas revisões eram baseadas em reler o material de forma superficial para ver se eu lembrava do assunto nele; assistir videoaulas; fazer simulados; e resolver questões, MUITAS questões.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios?
José Adriel: Resolver exercícios é crucial na preparação. Muitas bancas gostam de brincar com candidatos e através das questões você pega nuances que é impossível ter em material e estudar, pois são coisas muito específicas. Quando você resolve muitas questões, você pega o jeito da cobrança e consegue resolver até pela lógica.
Tirando da conta as questões que resolvi no pré-edital e os simulados, foram exatamente 20.052 questões até a prova.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
José Adriel: Eu tive bastante dificuldade com o RIISPOA e com a Lei de Registros Públicos (LRP) (que o CNU fez questão de não cobrar nenhum dos dois).
Para vencer essa barreira eu tive que tirar da minha mente que não existe matéria que eu odeie e sim que são difíceis, mas alcançáveis. Pois, se eu deixar o “ódio” tomar conta, eu crio um bloqueio inconsciente dificultando o aprendizado ainda mais. Além disso, eu reforçava os estudos com marcações, lives, videoaulas, revisava com mais frequência e reestudava o assunto com novas perspectivas após as revisões. Nesse esquema, LRP, que era minha maior dificuldade, subi minha taxa de acertos de 63% no início, para 82% em média perto da prova.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
José Adriel: Eu assistia todas as lives que saíam no dia (não ao vivo, esperava passar um pouco para assistir em 2x) e revisei todos os bizus de todas as matérias e resolvi as questões que estavam neles.
Eu posso dizer com confiança que as lives foram importantíssimas para a aprovação
Estratégia: No seu concurso, além da prova objetiva, teve a discursiva. Como foi sua preparação para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
José Adriel: Eu havia terminado a disciplina de língua portuguesa com Adriana Figueiredo no pré-edital, o que auxiliou muito para a discursiva. Eu nunca tive problemas de argumentação, então, treinei estrutura, coesão e coerência textual. Não senti necessidade de fazer muitas discursivas para treinar, eu preferi estudar assuntos de conhecimentos cotidianos que se alinhavam com o edital, para, assim, ter um portfólio de argumentos mais rico. Eu fiz 19 discursivas a partir de março, no total, quase uma por semana, só para me manter aquecido e medir meu tempo.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
José Adriel: Meu erro, foi não ter começado logo cedo assistir as lives e os flashcards. Se não fosse o adiamento, eu não teria completado todas as lives nem usado flashcards, pois os usei apenas depois do adiamento.
Meu maior acerto foi ter assinado o Platinum (mesmo com muito medo, por causa do orçamento apertado). Como eu queria superar a trilha estratégica, eu ficava um pouco sem norte quando eu a superei logo na primeira semana. Apesar disso, segui para estudar todas as aulas, quando terminei, não sabia como revisar, foi aí que assinei a Platinum. O professor elaborava a trilha individual para mim, de acordo com minha capacidade, isso me manteve focado e motivado, além de possibilitar o estabelecimento de uma meta. Assim, todos os dias, eu tinha aquela meta para cumprir.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
José Adriel: Não, em nenhum momento pensei em desistir. Minha mulher, ao meu lado, sempre me apoiando, mesmo doente, era motivação mais que suficiente para nem pensar em desistir.
Dar uma nova vida para ela e eu, assim como poder finalmente viver e não apenas sobreviver, foram minhas maiores motivações.
Não foi fácil, tive três crises de ansiedade, engordei 10 quilos, desenvolvi bruxismo (que já estou melhor), mas valeu a pena. Sem títulos, consegui minha vaga e logo logo serei um servidor federal, se Deus quiser!
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
José Adriel: Minha dica é não desistir depois de ser reprovado. Você se aperfeiçoa, você melhora e as frustrações do passado são o combustível que te move para vencer os desafios do futuro. Leve ao pé da letra a famosa frase “Você não faz concurso para passar, você faz ATÉ passar”. Tempo de estudo, não é tempo perdido. Conhecimento é algo que ninguém pode te roubar. Siga em frente e só olhe para trás para aprender com os erros, nunca para remoê-los.