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Correção da prova de História – CBMMG. Banca Fundep.

Olá pessoal. Foi bem feita e exigente a prova de história – CBMMG. Banca Fundep. Focou em História contemporânea, apesar do edital exigir toda a História Geral e do Brasil, o que pode ter prejudicado os candidatos que focaram em outros temas. Por isso vale sempre estudar de tudo um pouco, através de exercícios principalmente, ou focar sempre em História contemporânea. Não há recursos, então sem delongas, vamos corrigir a prova.
1. (FUNDEP – CBM-MG / 2019) Leia os textos a seguir.
TEXTO I
“Cada ano, vem nas frotas quantidades de portugueses e de estrangeiros, para passarem às Minas. Das cidades, vilas, recôncavos e sertões do Brasil, vão brancos, pardos e pretos, e muitos índios, de que os paulistas se servem. A mistura é de toda condição de pessoas: homens e mulheres, moços e velhos, pobres e ricos, nobres e plebeus, seculares e clérigos, e religiosos de diversos institutos […].”
André João Antonil. Citado por: ALMEIDA, Carla M. C. de; OLIVEIRA, Mônica R. de. In: FRAGOSO, João; GOUVÊA, Maria de Fátima. Coleção o Brasil Colonial, 1580-1720. V. 2. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014. p. 296.

TEXTO II
“[…] Em 1720 (a Coroa portuguesa) lançou um decreto ‘limitando drasticamente a emigração para o Brasil, que dali por diante só seria permitida com passaporte fornecido pelo governo’.”
ALMEIDA, Carla M. C. de; OLIVEIRA, Mônica R. de. In: FRAGOSO, João; GOUVÊA, Maria de Fátima. Coleção o Brasil Colonial, 1580-1720. V. 2. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2014. p. 297.

Considerando o texto II como uma provável consequência do que se denuncia no texto I, é correto afirmar:
A) A administração metropolitana, com a adoção do passaporte, tentou evitar a perda de pessoas de outras atividades, como a cana-de-açúcar, para a mineração.
B) A Coroa portuguesa, ao emitir um passaporte, tinha o objetivo de controlar a forte emigração portuguesa, que poderia ser desastrosa para a economia do reino.
C) O governo português proibiu a emigração a fim de proteger seus súditos das crises de fome comuns nas minas, como as de 1698-99 e 1701-02.
D) O rei pretendia limitar a entrada de pessoas nas minas, garantindo, assim, maior controle sobre a política de arrecadação de tributos na região.

A mineração foi o segundo grande ciclo econômico brasileiro. Foi encontrado por bandeirantes paulistas nas proximidades do rio das Velhas e lá com ouro de aluvião abundante atraiu uma grande quantidade de pessoas atraídas pelas possibilidades de enriquecimento. Este grande fluxo populacional gerou um processo de urbanização espontâneo. Até então não existiam cidades espontâneas, ou seja, que se desenvolveram devido ao seu dinamismo econômico. A imigração foi tamanha que ocorreu uma verdadeira explosão populacional. Isso explica o texto 2, que mostra uma atitude da metrópole para controlar e diminuir o fluxo de portugueses que tentaram a sorte por aqui. A sociedade mineradora era bastante diferente da então existente no nordeste brasileiro: Era urbana, dinâmica, floresceu artisticamente, muitos brancos pobres trabalhavam no espaço urbano ou mineravam sem escravos, ou seja, existia trabalho de homens brancos livres. Além disso surgiu também a escravidão de ganho. Os escravos de pequenos comerciantes e homens de pequeno calibre, trabalhavam como vendedores e saiam pelas ruas vendendo seus produtos, e combinavam uma comissão diária com seu dono em troca da alforria. A alternativa [A] está errada pois a cana de açúcar era cultivada por escravizados africanos e era uma atividade decadente desde a expulsão dos holandeses décadas antes da descoberta do ouro. A alternativa [C] está errada pois nada explica proibir imigração para evitar fome. É verdade que ela era frequente nas minas, pois todos dedicavam-se loucamente à procura do ouro e além disso o solo da região é impróprio, então o alimento inflacionou e frequentemente faltava. As maiores fortunas feitas nas minas foram de comerciantes e produtores de alimentos. E é fácil eliminar a [D] pois não tem sentido proibir a saída dos portugueses para cá, pois mais pessoas, mais impostos teoricamente. Para aumentar a arrecadação a coroa portuguesa tinha a fiscalização e as casas de fundição, e vários postos de cobrança de impostos nas principais estradas e rios, para combater o contrabando.
Gabarito: B
2. (FUNDEP – CBM-MG / 2019) “Na África do Sul, Gandhi experimentou a discriminação dirigida aos hindus. Foi jogado para fora de um trem após se recusar a passar da primeira classe para um vagão da terceira classe; foi espancado por um condutor por se recusar a viajar em pé para dar lugar a um passageiro europeu; foi impedido de entrar em vários hotéis e foi ordenado a remover seu turbante por um magistrado durante um julgamento na cidade de Durban.”
PARADA, Maurício. Formação do mundo contemporâneo. O século estilhaçado. Petrópolis – RJ: Vozes; Rio de Janeiro: Editora PUC Rio, 2014. p. 180-1.

Esses episódios ocorreram por volta do ano de 1891, quando Gandhi residia na África do Sul. Pode-se afirmar que o impacto desses episódios para a estratégia futura de Gandhi na luta contra o colonialismo está na(o)
A) demonstração das dificuldades cotidianas a que estava submetida a população de origem hindu, que vivia como estrangeira na África do Sul.
B) seu método de não violência que o levava a aceitar a agressão sem revidar como uma forma de renunciar o colonialismo.
C) uso do turbante como marca da identidade hindu, principalmente porque essa peça era sempre produzida de forma artesanal, sem as máquinas inglesas.
D) vivência direta do racismo e do preconceito, pois foi o que o levou a começar a questionar o estatuto de cidadania usado pelo Império Britânico.
Gandhi notabilizou-se como um líder pacifista ao tornar-se uma liderança nacional na luta pela independência da Índia do domínio colonial Inglês. Defendia os princípios da não violência através da desobediência civil e da resistência pacífica. Liderou passeatas e boicotes e destacadamente lutou contra as leis racistas que vigoravam na Índia. Havia uma segregação racial dos indianos nos espaços reservados aos súditos ingleses, assim como ocorria com os negros nos EUA e na África do Sul. Estudou direito em Londres onde vivenciou o racismo contra os indianos e advogou na África onde também sentiu na pele o racismo e o preconceito. Estas experiências o marcaram e levaram a questionar a cidadania negada aos colonizados. A alternativa [A] está errada pois o problema era os hindus segregados na Índia e na África do Sul os negros segregados. A [B] porque o método da não violência é não revidá-la e usar formas pacíficas e não significa aceitar as agressões. E o uso do turbante apesar de ser característico da identidade cultural hindu, era também produzida pelas tecelagens inglesas e custavam bem mais barato e por isso podemos eliminar a [C]
Gabarito: D
3. (FUNDEP – CBM-MG / 2019) “Em abril de 1955, países com histórico recente de intervenção colonial reuniram-se em Bandung, na Indonésia. […] O objetivo era a oposição ao que era considerado como prática colonialista das novas potências imperialistas.”
PARADA, Maurício. Formação do mundo contemporâneo. O século estilhaçado. Petrópolis – RJ: Vozes; Rio de Janeiro: Editora PUC Rio, 2014. p. 163.

Nessa conferência, esses países criaram uma nova estratégia para se posicionarem diante do mundo, denominada “não alinhamento”. Sobre essa estratégia, é correto afirmar:
A) Aspirava pela formação de blocos econômicos (africanos, americanos e asiáticos) com características locais, em oposição aos blocos em desenvolvimento no Norte, como o mercado europeu e o Nafta.
B) Buscava um distanciamento equidistante das superpotências pelo conceito de um conflito Norte-Sul, entre países ricos e industrializados e países pobres exportadores de produtos primários.
C) Pretendia manter a independência recém-conquistada dos países europeus e a liberdade de organização nacional, garantida pelos EUA e URSS, interessados em tomar o lugar dos europeus do domínio mundial.
D) Queria o afastamento e a manutenção de uma política de isolamento tanto em relação às antigas metrópoles europeias, quanto às novas superpotências emergentes do mundo pós-Guerra.
Logo após a Segunda Guerra Mundial, precipitaram nas colônias europeias na África e na Ásia vários movimentos de independência. Era o contexto da Guerra Fria, que é caracterizado pela bipolaridade entre as superpotências: EUA capitalista e URSS socialista. Vários países subdesenvolvidos, sobretudo africanos e asiáticos que haviam conquistado recentemente a independência, criaram o movimento dos não alinhados, que propunham uma terceira via de desenvolvimento, nem alinhado ao capitalismo norte americano, nem ao socialismo soviético. Defendiam a autodeterminação dos povos, um conceito fundamental para sustentar a luta dos países pelo fim do jugo colonial. Eliminamos a alternativa [A] pois não propunham a formação de blocos econômicos e o NAFTA surgiu no contexto do início da Globalização. Eliminamos a [C] ´pois os EUA e URSS apoiaram os movimentos de independência e passaram a dominar e influenciar através de investimentos e influência política e não tomou o lugar das antigas metrópoles europeias como colonizadores diretos. Eliminamos a [D] pois queriam ser uma terceira via de desenvolvimento e afastar-se do colonialismo, não viver isolados, até porque suas economias são dependentes da exportação de matérias primas.
Gabarito: B
4. (FUNDEP – CBM-MG / 2019) “Heróis baianos! A glória vos chama! Vossos ilustres ascendentes do Douro e do Tejo deram-vos o exemplo e por vós esperam. Gritai audazes: Viva a Constituição do Brasil e o Rei que não a recusará!”
NEVES, Lúcia Bastos Pereira das. A vida política. In: SCHWARCZ, Lilia M. (direção) História do Brasil Nação: 1808-2010. V. 1. Crise colonial e independência, 1808-1830. Coord. Alberto da Costa e Silva. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011. p. 92.

Esse texto compõe um dos pasquins manuscritos encontrados pelas ruas de Salvador, na Bahia, e nele consta a convocação dos baianos para
A) aderir à conjuração que então se preparava, com o objetivo de construir na Bahia uma república livre, igualitária e sem escravidão.
B) manter a fidelidade e a defesa dos princípios liberais proclamados e estabelecidos pela assembleia das cortes portuguesas.
C) separar a Bahia do Brasil até que o rei, legítimo soberano, pudesse assumir o trono e governar segundo previa a Constituição.
D) tomar parte de um levante do povo negro e escravizado baiano para fundar uma república islâmica na região, de acordo com o Corão.
A Bahia no final do século XVIII e início do XIX era um dos grandes centros difusores das ideias iluministas, ou seja, liberais. Propunham governos constitucionais (constituições eram novidades políticas na época), divisão dos poderes, e os mais radicais, a proclamação da república e a abolição da escravidão. Em 1798 ocorreu a principal conflito separatista colonial, a conjuração baiana, ou revolta dos alfaiates. O contexto da independência do Brasil está ligado à um movimento liberal português, que expulsou os ingleses que ainda estavam lá, tomaram o poder e instituíram uma monarquia constitucional e a abertura das cortes portuguesas. As cortes eram o poder legislativo que fora implantado, influência das ideias liberais, e tentavam reorganizar politicamente Portugal e recolonizar o Brasil. Podemos eliminar a alternativa [A], pois ela faz referência à conjuração baiana. A alternativa [B] é correta, mas dá dúvidas: Se tentaram colonizar o Brasil, como uma revolta poderia ser fiel a eles? Mas não é fidelidade às cortes em si, mas fidelidade aos princípios defendidos pelas cortes portuguesas, que eram os princípios liberais. A [C] refere-se a revolta regencial baiana, a Sabinada. A alternativa [D] refere-se à revolta dos Malês.

Gabarito: B
5. (FUNDEP – CBM-MG / 2019) “O Plano de Metas previa que fosse alcançada a produção de 170 mil veículos anualmente (automóveis, utilitários, caminhões e ônibus), […]. As metas quantitativas eram acompanhadas de metas referentes a índices de nacionalização: 95% para automóveis e 90% para os demais. […] A estratégia do governo para o setor automobilístico baseou-se na garantia de reserva de mercado às firmas entrantes: tornou-se impossível importar auto veículos em fase de restrições de toda a sorte […]”
ABREU, Marcelo de Paiva. O processo econômico. In: SCHWARCZ, Lilia M. (direção) História do Brasil Nação: 1808- 2010. V. 4. Olhando para dentro, 1930-1964. Coord. Ângela de Castro Gomes. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013. p. 215-6.

A fabricação de automóveis tornou-se o verdadeiro ícone da modernidade, sendo um dos pontos de destaque do Plano de Metas de Juscelino Kubitschek. Considerando a implementação dessa meta, é correto afirmar:
A) A produção interna de veículos foi um dos recursos aplicados pelo governo para frear a grande importação dominante no período.
B) Para implementá-la, foi criado o Grupo Executivo da Indústria Automobilística para garantir total nacionalização dessa indústria até o final do governo.
C) O governo JK assumiu uma postura francamente protecionista em relação a esse setor da economia nacional.
D) Para barrar a concorrência com automóveis de luxo estadunidenses, a FNM produziu o automóvel JK ou FNM 2000.
O governo Jk notabilizou-se devido ao seu Plano de Metas, que prometia industrializar o Brasil 50 anos em 5. As principais metas eram a Industrialização, transportes, energia, saúde e educação. O projeto era baseado no pensamento “nacional desenvolvimentismo”, que tinha como tese central que para modernizar o Brasil era necessário usar o capital estrangeiro, que viabilizaria a produção interna e teríamos acesso a bens tecnológicos mais modernos, pois países subdesenvolvidos não conseguiriam nunca se industrializar de forma autônoma, como propunham alguns nacionalistas e como tinha sido na política de industrias estatais de G.V. A ideia central era modernizar-se através da abertura de mercado para o capital estrangeiro, que era disciplinado e investido em setores estratégicos, em destaque no setor automobilístico, de energia de transporte. A FNM – Fábrica Nacional de Motores foi criada por G.V e durante o governo JK realmente criou o FNM-JK, não para barrar concorrência dos automóveis de luxo dos EUA. A produção interna de veículos era incapaz de concorre com a estrangeira, no entanto foi mantida e estimulada através de diversos subsídios.
Gabarito: C

É isso aí pessoal. Bons estudos e foco no sucesso !!!

Sergio Henrique

Ver comentários

  • Olá Sérgio, primeiramente parabéns pela explicação, extremamente didático!

    Todavia, gostaria de tirar uma dúvida com você à cerca da questão 4. O texto da questão faz alusão à conjuração baiana? Se sim, por que a alternativa A está incorreta?

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