Artigo

Concurso INSS – dupla negação em Raciocínio Lógico do Cespe

Caro aluno,

Na semana passada nós começamos o projeto Desafio 100 dicas para o INSS, onde postamos uma dica por dia no youtube sobre as disciplinas cobradas no Concurso INSS. Você pode acessar todas as dicas na página do Estratégia no youtube clicando AQUI.

A minha primeira dica foi sobre um tipo de equivalência lógica extremamente cobrado pelo CESPE em seus concursos recentes. Após assistir o vídeo, vários alunos me procuraram querendo entender melhor como o CESPE trata duplas negações. Este é um tópico muito importante também, motivo pelo qual resolvi escrever este artigo com alguns esclarecimentos. Para isso, veja as proposições abaixo:

“Este livro não é de ninguém”

“Este problema não é nada”

“Eu não irei nunca à São Paulo”

Essas três frases representam construções muito comuns na língua portuguesa. Repare que todas elas apresentam duplas negações, afinal temos um “não” e outra expressão de caráter negativo (ninguém, nada, nunca). Quando estudamos lógica de proposições, aprendemos que negar duas vezes uma proposição equivale a afirmá-la. É como se as duas negações se “cancelassem”, restando a afirmação. Simbolicamente, dizemos que:

~~p = p  (não-não-p é igual a p)

Portanto, se quisermos ser bem rigorosos, as frases acima poderiam ser reescritas assim:

“Este livro é de alguém”

“Este problema é alguma coisa”

“Eu irei à São Paulo”

Entretanto, é importante saber que o CESPE flexibiliza um pouco essa interpretação, e reconhece que, na língua portuguesa, o sentido pretendido em algumas expressões com dupla negação é o da negação simples, e não o da afirmação. Isto é, quando dizemos que “Este livro não é de ninguém”, estamos querendo afirmar que ele realmente não tem dono (e não que ele é de alguém). Da mesma forma, quando dizemos que “Este problema não é nada” estamos querendo informar que aquele problema não é grande / relevante / importante, e ao dizer “Eu não irei nunca à São Paulo” estamos querendo explicitar que realmente não pretendemos visitar esta cidade.

Assim, fique atento. Se temos a frase “este livro não é de ninguém”, devemos entendê-la como a negação simples “este livro não tem dono”, de modo que a sua NEGAÇÃO é que seria “este livro é de alguém”. De maneira análoga, a negação das demais expressões seria:

“Este problema não é nada” –> “Este problema é alguma coisa”

“Eu não irei nunca à São Paulo” –> “Eu irei à São Paulo”

Vale também se atentar para duplas negações que realmente devem ser tratadas como tal. Imagine que a sua prova mencione a proposição “não é verdade que eu não vou comprar sapatos”. Aqui temos um caso clássico de dupla negação com sentido de afirmação. Isto é, o autor dessa frase quis dizer que ele VAI comprar sapatos.

Ficou claro? Espero que sim. Deixo a seguir o vídeo com a minha primeira dica para o concurso INSS, para aqueles que ainda não viram. Preste atenção em como eu trato a expressão “não é de ninguém” no vídeo, considerando-a equivalente a “não tem dono”, de modo que sua negação pode ser escrita como “é de alguém”:

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Veja os comentários
  • Bom dia, professor. Eu fui um quem perguntou sobre tal negação. Você esclareceu perfeitamente a dúvida. Parabéns e obrigado.
    Eder em 07/12/15 às 08:05
  • Professor, na primeiro questão do vídeo tem um proposição: "bem não é de ninguém" e você disse que uma negação dela seria: "o bem é de alguém". Para mim elas são equivalentes pois dizer "não é de ninguém" é a mesma coisa que "é de alguém/ pelo menos uma pessoa". Agora fiquei confuso. Ajude por favor.
    Filipe Silva em 04/12/15 às 16:48
  • Excelente dica, professor. Isso nos poupará perda de tempo com tabela verdade. Abraço
    Verônica Costa Carvalho Arruda em 30/11/15 às 15:00
  • Professor, excelente dica. Gostaria de um curso de Estatística desenvolvido por você, pois acho que a sua didática com essa matéria, realmente muito boa. Mas um curso geral, sobretudo, para concursos de alto nível.
    Bruno em 30/11/15 às 08:00
  • negação da negação
    andersonrs em 30/11/15 às 07:48