IBAMA: entrevista com o 1º colocado para Analista Ambiental
1º lugar no concurso IBAMA no cargo de Analista Ambiental, tema 3: Gestão, Proteção e Controle de Qualidade Ambiental – DF
“Você até acha uns bons professores por aí, mas me parece que no Estratégia TODOS os professores são EXCELENTES. Sem dizer que cheguei a ver material de concorrente com informação errada, resolução de exercício divergente do gabarito oficial, professores “leitores de slide”, coisas assim. Esse tipo de coisa nunca vi no Estratégia, e material confiável e professores de qualidade fazem toda a diferença na preparação.”
Confira nossa entrevista com Nivea Nagamine Pinheiros, aprovada em 1º lugar no concurso IBAMA no cargo de Analista Ambiental, tema 3: Gestão, Proteção e Controle de Qualidade Ambiental – DF:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-la. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Nivea Nagamine Pinheiro: Olá! Sou formada em Ciências Biológicas e mestre em Botânica, paulistana e estou há 3 décadas nesse mundo.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Nívea: Depois de me formar em São Paulo, decidi que queria morar em Brasília e, tendo tanto pai quanto mãe concursados, digamos que havia certa influência para que eu arriscasse esse caminho. Vim em 2016 com o IBAMA em mente, mas como o concurso não saiu, fui para outras áreas e esqueci dessa ideia. No fim, tudo corroborou para que o Ibama se concretizasse agora em 2022: tinha acabado de ser demitida de meu emprego (eu era professora, mas como tenho comorbidade, foi difícil conciliar) e meus contatos sociais já estavam escassos devido à pandemia. Como tinha uma reserva financeira, resolvi pela primeira vez me dedicar inteiramente a um concurso e ver no que dava. Que bom que deu no que deu!
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Nívea: Felizmente, não. Depois da demissão, comecei um canal de aulas de Biologia no YouTube (procurem “Ní Pinheiro”, hehe), e estava ensaiando para começar um Doutorado para manter alguma renda, mas aí veio a notícia que o Concurso iria finalmente sair e resolvi focar 100% nele, deixando de lado qualquer outro projeto. Tenho total noção do meu privilégio e tentei fazê-lo valer ao máximo para ter alguma chance contra quem estava se dedicando há mais tempo.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovada? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Nívea: Passei em 8o no IBGE, 4o para professor temporário da Secretaria da Educação do DF e 36o agora no de técnico ambiental do IBAMA, embora eu não tenha vindo a exercer nenhum deles. Não me considero exatamente “concurseira”, então pra mim já está ótimo onde cheguei, então só voltaria a prestar se algo muito legal na minha área surgisse, como para dar aulas no Ensino Superior.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos e família?
Nívea: Não. Como só estudei após autorização do concurso, eu sabia que o tempo seria curto, então abdiquei muito de contatos sociais. Cheguei a passar um mês na minha cidade natal sem poder contar para as pessoas que eu estava por lá, pra não ter a tentação de rever todo mundo e desviar o foco dos estudos.
Estratégia: Você é casada? Tem filhos? Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseira? De que forma?
Nívea: Sou casada e sem filhos. Tive muito apoio daqueles que estavam por perto, e isso fez total diferença. Minha esposa foi meu porto-seguro, que entendeu que minha ausência seria necessária. Em muitos dias, eu só fazia refeições assistindo à videoaulas e ia dormir respondendo a questões no celular. Sem o apoio dela, não teria conseguido me dedicar nem metade do que me dediquei.
Nas festas de fim de ano, a família dela também foi super compreensiva. Entendiam como aquilo era importante pra mim, então não me pressionavam para estar sempre presente. Fui deitar 21h30 na noite de Natal, talvez a primeira vez em 30 anos que isso tenha acontecido.
Na semana de véspera, cheguei a agradecer minha melhor amiga por ela ter ficado a semana inteira sem me mandar mensagem no celular. É uma forma diferente de carinho e a gente tem que saber reconhecer, pois a pessoa mostra por meio do silêncio como ela se importa com você.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Nívea: Quatro meses exatos. No primeiro mês, usei toda aquela motivação inicial de edital iminente para tentar me dedicar ao máximo, tanto quanto conseguisse. Controlar as horas líquidas de estudo me ajudou a ter ideia do quanto estava me dedicando. Cheguei até a bater 12 horas, mas logo vi que aquilo seria insustentável. No segundo mês, adequei melhor minhas expectativas ao tangível de fato, e confesso que acabei relaxando até demais, voltando a ver séries no almoço, fazendo siestas e acordando mais tarde que o ideal. Mas aí logo veio o edital dizendo que a prova seria em apenas dois meses, o que foi suficiente para eu transformar o desespero em motivação e disciplina. Converti todo o meu desejo em dedicação real, buscando ler todas as leis cobradas e ter pelo menos alguma noção cada ponto constante no edital.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Nívea: Usei e abusei dos vídeos do YouTube, buscando, quando possível, conciliá-los com algum tipo de aprendizado ativo, como resumos para usar na revisão. Então acho que videoaulas são muito úteis para tornar assuntos indigestos em mais palatáveis, mas é preciso lembrar que não se pode somente ficar passivamente tirando printscreen da tela e não revisitar esse material, pois pode dar uma falsa sensação de aprendizado que não chega de fato na memória a longo prazo.
Além disso, foi-me de extrema valia ler as leis na íntegra (e melhor ainda se fosse possível conciliá-las com uma aula a explicando).
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Nívea: Bem, é o curso de mais renome, né? E ele sempre aparecia para mim nas recomendações do YouTube por estarem desde o começo acompanhando o concurso do Ibama, desde a autorização, análise de edital, aulões e revisões.
Estratégia: Antes de conhecer o Estratégia, você chegou a usar materiais de outros cursos? Se sim, o que mais incomodava quando você estudava por esse concorrente?
Nívea: Olha, vou ser sincera. Como eu dependia de material gratuito para esse concurso, vi muita aula de muito lugar diferente. Você até acha uns bons professores por aí, mas me parece que no Estratégia TODOS os professores são EXCELENTES. Juro, quando eu achava um professor realmente diferenciado no concorrente, descobria logo em seguida que atualmente ele estava no Estratégia, usando tecnologias e formatos que potencializavam ainda mais sua capacidade didática. Sem dizer que cheguei a ver material de concorrente com informação errada, resolução de exercício divergente do gabarito oficial, professores “leitores de slide”, coisas assim. Esse tipo de coisa nunca vi no Estratégia, e material confiável e professores de qualidade fazem toda a diferença na preparação.
Estratégia: Você chegou a fazer algum concurso enquanto ainda se preparava com esse outro material? Foi aprovado?
Nívea: Em 2016, fiz um teste com um concorrente e realmente não foi das melhores experiências; acabei solicitando reembolso com alguns dias de uso. Este foi um dos dois concursos em que não fui aprovada.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação? Que diferencial encontrou nos materiais do Estratégia?
Nívea: Devo muito do meu sucesso aos materiais gratuitos disponibilizados – então, se preparem que lá vem textão.
Logo no começo, já foram muito importantes as dicas iniciais, quando o concurso estava apenas autorizado. Eu não teria noção de quão próxima estava a prova se não fossem os professores alertando sobre a pressa para o concurso, e isso fez muita diferença para meu planejamento e minha motivação. Outras dicas foram de extrema valia, como a do professor André Rocha, de fazer flashcards para memorização. Meus primeiros meses de estudo foram totalmente baseados nesses flashcards (antes eu tentava usar o Word para algo parecido e estava sendo péssimo), eu literalmente copiava a lei inteira, artigo por artigo, e certamente facilitou demais minha familiarização com ela.
Depois foram os aulões que me salvaram. Achava lindo que o Estratégia deixava aulas de mais de 4 horas ali, disponíveis para quem não tinha condição de pagar por aquilo. Não tive tempo de ler toda a Nova Lei de Licitações, por exemplo, e acertei questão somente com a aula do professor Hebert. Sem contar os aulões de véspera, que é um dos momentos mais importantes da preparação, pois se fixa tudo na memória de curto prazo.
Aliás, o professor André Rocha me ajudou demais nas minhas inseguranças, quando comentou que era possível competir com aqueles que estavam estudando há anos, tanto por estes às vezes já terem perdido um pouco do “pique” de estudos quanto porque era muito relevante e mais recordável esse estudo nos meses que antecedem a prova (sem dizer que ele se colocava a disposição de tirar dúvidas de qualquer aluno, fosse pagante ou não do curso, algo muito admirável). E outra coisa que me deu reais esperanças de ser aprovada foi o Simulado Estratégia, pois até fazê-lo, eu não tinha noção nenhuma se meu estudo estava sendo efetivo, se meu aprendizado estava sendo competitivo. Quando me vi em primeiro lugar no Simulado do principal cursinho do país, percebi que tinha chances reais, e isso me deu muito gás para continuar.
E com o Estratégia, me senti acompanhada até o fim, com as lives ajudando com os possíveis recursos da prova. Ao fim da jornada, prometi pra mim mesma que se esse concurso não rolasse, iria adquirir o curso do Estratégia para um possível próximo concurso.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Nívea: Fui me guiando pelo edital verticalizado, buscando deixar leituras (leis e PDFs) para a parte da manhã, quando estava mais disposta, e videoaulas para quando me sentia mais cansada, deixando para fazer exercícios já na cama, antes de dormir, no celular.
Não dividi exatamente por matérias e horários, pois achava que fazia mais sentido eu tentar estudar continuamente o máximo que conseguisse do mesmo assunto do que ter que pará-lo no meio, quando ainda estava “rendendo”, apenas por ter previamente estabelecido um horário. Então, guiava muito de acordo com meu humor; se percebia que um assunto já estava me estafando mentalmente, mudava para outro que achava mais interessante ou com o qual eu tinha mais facilidade.
No início, achava que teria tempo de, para cada tópico: ver videoaula; ler PDF; ler a lei; fazer exercícios e revisar. Então ia marcando um “x” conforme ia concluindo algum desses ciclos, mas logo percebi que seria impossível no tempo que dispunha. Readequei meu planejamento para ter pelo menos lido ou visto aula de cada um dos pontos.
No pré-edital, meu enfoque era terminar, nesses moldes, todo o conteúdo básico, para focar no específico após o edital. E foi o que fiz – embora muito mais conteúdo tenha surgido na parte básica comparativamente com o que estava esperando baseando-me no edital anterior, então acabou que tive que correr atrás do prejuízo, adequando estratégias (por exemplo, enquanto antes fazia meus resumos sobre leis, agora me restringia a grifar e ter esperança de que haveria tempo para voltar àquele material na véspera). E aumentei as horas líquidas de estudo, que foram de 6h em média todos os dias antes do edital para 7h no mês antes da prova e mais de 8h no mês da prova.
Nas duas últimas semanas, parei totalmente de ver assuntos novos e foquei em revisar, pela primeira vez dividindo cada dia para uma matéria, para ter certeza de que conseguiria passar por “tudo” até o dia fatídico.
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Nívea: Como queria pelo menos passar o olho por cada ponto do edital, então revisitei o que foi possível do material de revisão que tinha produzido nos meses anteriores: resumos, alguns flashcards, grifados em leis, além de videoaulas de revisão de véspera. Abri mão de matérias mais fáceis para mim (basicamente português e o pouco que tinha de biologia) e foquei no que tinha visto pela primeira vez (basicamente todo o resto). Acabei fazendo apenas um simulado, mais para ter uma noção do meu desempenho e da minha capacidade de chute do que para fixar a matéria.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Nívea: No começo, fazia exercícios todo dia no celular antes de dormir. Era bom para dar um soninho, mas quando comecei a sonhar com exercícios, percebi que talvez não fosse a melhor das estratégias. De qualquer forma, percebi a importância destes para saber os pontos mais cobrados, o jeito de cobrar da banca e ter uma noção de minha taxa de retenção da matéria. Meu acerto se mantinha sempre acima dos 80%, o que foi bom para me manter motivada e buscar melhores resultados. Nesse início, minha média diária de exercícios era de 30 a 40 por dia (na verdade, mais para 70 em um dia e nenhum em outro).
No último mês, dedicado à finalização das específicas e à revisão, diminui muito minha quantidade de exercícios, caindo para uma média de menos de 20 por dia. Para mim, fazia mais sentido me dedicar a fixar uma base teórica sólida e ter visto tudo pelo menos alguma vez – de forma a conseguir me virar com o exercício que viesse – do que só ficar naquilo que já foi cobrado pela banca.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Nívea: Uma grande preocupação era Estatística, que não tinha sido cobrada no edital anterior e que veio de maneira absurdamente genérica no atual (“Noções de inferência estatística” inclui basicamente toda a estatística do mundo, meu Deus!). Então dediquei quase uma semana inteira para ela – que, de um total de 16 semanas que tive para me preparar, era bastante coisa. Mas ainda assim, foi muito difícil delimitar o que poderia se cobrado (algo que percebi que seria muito mais fácil se eu tivesse adquirido o curso, mas já era tarde demais), entãos ide deixando de estudar o básca fazer regressm outro) o com alguns dias de uso. outro projeto. sado – pude sinto que acabei deixando de estudar o básico mas perdi tempo aprendendo a fazer regressão linear. Enfim, depois de ter me xingado muito por ter ignorado completamente essa matéria na faculdade, acabou que consegui superá-la pela metade: das 6 questões que deixei em branco, 3 foram de estatística, mas pelo menos acertei as outras 3 que havia dessa matéria.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Nívea: Dedicação total e completa. Sabia que era a semana mais importante, pois é quando tudo que for revisto estará mais fresco na mente. Nada de “hora de relaxar”: cheguei a bater mais de 14 horas líquidas em um dia. Obviamente não é sustentável por muito tempo, mas como era só uma semana, sentia que valia a pena. Acordava cedo (sem abrir mão de 8h de sono, pois pra mim isso é essencial para o dia render de verdade), assistia a videoaulas de revisão durante todas as tarefas possíveis (enquanto preparava e comia minhas refeições, enquanto lavava louça, quando tomava banho, etc.) e debulhava os materiais de revisão durante o dia. Cada dia era dedicado a uma grande área, e deixei as matérias mais “decorebas” para mais próximo da prova, e a véspera em si ficou para uma “revisão da revisão”, para bater o olho em tudo de novo. Até na manhã do dia da prova cheguei a ver partes do aulão de véspera do Estratégia, e se eu não tivesse pulado a parte de Lei do Silêncio, tenho certeza que teria ido muito melhor na discursiva. Então não acho ruim testar seus limites nesse finalzinho, desde que mantendo o sono em dia para não comprometer seu desempenho e sempre tentando manter a sanidade mental para o momento da prova (evitando desesperos de véspera quando se deparar com algo que não está dominando tanto).
Estratégia: No seu concurso, além da prova objetiva, teve a discursiva. Como foi sua preparação para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Nívea: Sinceramente, acho que neste ponto não sou a melhor pessoa a orientar. Embora não tenha ido mal nas provas (20,65/30 na de Analista e 26,23/30 na de Técnico), eu ignorei completamente todas as orientações de se treinar discursivas, então fui fazer a prova sem ter escrito nenhuma outra antes. Apenas confiei que, estudando plenamente as matérias específicas, eu estaria minimamente confortável para escrever sobre elas. Mas acho que isso só funcionou para mim por dois motivos: primeiro porque minha banca, a CESPE/CEBRASPE, tende a valorizar muito mais o conteúdo do que a forma e redação; segundo, porque toda a minha trajetória de vida foi regada a bastante leitura e bastante escrita, então não era uma habilidade que eu realmente sentia que deveria dedicar tempo para desenvolver em detrimento de outras matérias. Então acho que vai muito do perfil da pessoa. Se estas não são habilidades que a pessoa já carrega consigo, certamente é importante que dedique tempo a elas, de preferência com acompanhamento profissional, pois não adianta muito escrever toda semana e achar que está se saindo bem quando na verdade desconhece que está cometendo erros de gramática e falhas de coesão textual. É com feedback que se aprende onde há espaço para melhorar. Além disso, pode ser interessante fazer mapas mentais com alguns temas que podem ser cobrados, para lembrar de pontos a serem citados no dia da prova.
E, na hora da prova, acho sempre bom olhar o tema antes de fazer as objetivas e, só então, fazer a discursiva. As questões realmente podem inspirar e lembrar detalhes que podem ser utilizados na redação.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Nívea: Deixar-se levar por inseguranças é umas das piores coisas no caminho dos concurseiros. Felizmente eu consegui driblar esse sentimento nas diversas vezes que ele veio, e agora vejo como é importante não olhar nem para trás nem para os lados, somente para frente. Não se culpe por não ter começado antes, não dê atenção se outros já estavam estudando ou se eles têm mais tempo que você. Isso só prejudica a motivação, o rendimento e o tempo disponível.
Então isto está muito ligado ao que acho que foi meu principal acerto, que foi decidir que iria me dedicar ao máximo, e a partir da decisão, agir conforme esse objetivo, na mesma intensidade do meu desejo, tentando não perder tempo pensando em desistir depois. Eu tinha em mente que, se eu fizesse o máximo que conseguisse, aí o resultado deixava de importar tanto, pois eu estaria com a consciência tranquila de que fiz meu máximo e não teria como ter feito diferente. É claro que a gente se dedica esperando o resultado no fim, mas temos que sempre manter em mente que a gente só consegue controlar o que está ao nosso alcance.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Nívea: Acho que todos nós cogitamos em algum momento, né? Mas meus pais sempre diziam: “Filha, se está difícil pra você, está difícil pra todo mundo.”. Então tentava utilizar isso como mantra na hora da insegurança. Só tenho dois meses após edital? Pois todos terão só dois meses após edital. Estatística é complicado, mas o será para todos. E acho que eu tinha a falsa sensação de que os primeiros colocados já estão definidos, sempre souberam que ali estariam, foram fazer a prova como quem vai no parque, e não é bem assim. Falo como alguém que passou em primeiro lugar: fui um ser humano como qualquer outro, cheio de inseguranças e dúvidas, me esforcei muito para aprender coisas do 0 e sai da prova sentindo que tinha tomado uma surra, com esperança que eu tivesse batido de volta o suficiente. Novamente, sei da minha posição de privilégio, tanto em relação à minha formação passada quanto a estar em um momento com tempo e apoio necessários para me dedicar tanto quanto me dediquei. Mas mesmo assim não foi um caminho fácil, a pressão é enorme para todos nós, então é muito mais importante focar em fazer o seu trabalho bem feito do que perder tempo se comparando com os outros.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Nívea: Ao mesmo tempo que me sinto uma fedelha que acabou de entrar no mundo dos concursos e acha que sabe alguma coisa, penso que aprendi tanta coisa nesses poucos meses e posso dar muitas dica – pelo menos com base no que serviu pra mim, dentro do meu contexto. Aí vão 10 que me vem a cabeça agora:
- Antes de começar a estudar para um concurso, pare e pense se é aquilo que você quer, o quanto você quer aquilo e o quanto está disposto a abrir mão de coisas na vida para se doar a esse objetivo com tudo que tem ao seu alcance. Assim, você vai fazer a prova com a mente leve por ter feito o que dava, sem perder tempo com dúvidas e inseguranças. Se você tomou a decisão de estudar, tente agir conforme, diariamente. Se há compatibilidade das suas horas disponíveis com a dificuldade e concorrência do seu concurso, tenha em mente que é possível. Não é fácil, mas é possível, então não se dedique pela metade: vá de cabeça. Ah, e sugiro que escolha apenas um para focar, pois é melhor passar em um do que quase passar em dois. Conciliar estudar pra mais de um nunca é o ideal.
- Não se culpe se um dia não render como outro. Temos que ter em mente que “dar o seu melhor” não é o mesmo de pessoa para pessoa e nem mesmo para uma mesma pessoa em momentos diferentes. Hoje pode ser que seu melhor sejam 6h líquidas, mas amanhã somente 3h, e isso não significa que você não deu o seu melhor. Então sempre se teste ao máximo, mas sem ultrapassar a linha que mantém a sua sanidade física e mental. Sem elas, a bagagem de conteúdo de pouco vale.
- Novamente, não se preocupe tanto com quem começou antes de você. No fim das contas, os dois últimos meses são os que mais importam para o desempenho, então se você compensar o atraso com muita dedicação, é sim possível alcançar quem começou antes mas está mais cansado e desmotivado.
- Simulados são importantes para fixar conteúdos, entender deficiências, ter uma noção do desempenho comparativo, saber seu tempo de prova e conhecer melhor sua capacidade de chutar. Vale a pena tirar um tempo para eles. Sem contar os exercícios, para se saber como os assuntos são cobrados, no que focar e o estilo de cobrança da banca – mas eles não substituem a construção teórica do conteúdo.
- Flashcards: os salvadores da memorização. Eu utilizei o programa Cram, no qual você pode montar os cartões digitando no computador e depois estudá-los onde estiver com o celular. Se eu tivesse tido o tempo, teria os usado em todas as matérias! Eles são ótimos tanto para só fixar conceitos quanto para você mesmo deixar espaços a serem completados como se fossem questões da banca, e tudo aquilo que você erra volta novamente até você acertar, forçando a memorização.
Quando o conteúdo é meramente “decoreba”, não vai adiantar só ler e reler aquilo 10 vezes. Sugiro, também, sempre usar e criar mnemônicos, pois se a informação não estiver vinculada a nada no seu cérebro, ela não vai se fixar. E esses mnemônicos não só podem ser aquelas frases bobas como imagens, pois nossa memória é muito visual. Por exemplo, para decorar os Símbolos Nacionais, criei uma imagem tosca da qual me lembraria muito mais facilmente do que as palavras que as definem, juntando a Bandeira, o Hino, as Armas e o Selo Nacionais.
- 6. Contabilize suas horas líquidas para acompanhar se está mesmo se dedicando tanto quanto se propôs. Eu usei o app Ponto Certo para isso, e se faltava muitas horas em um dia, me esforçava para compensar em outro dia. Não há problema em, com o tempo, adaptar suas expectativas a um período menor do que você esperava. Eu tinha certeza que conseguiria 8h líquidas diárias no início, e depois vi que não estava conseguindo. Mas foi bom eu ter começado tentando mais alto, para daí saber qual meu máximo diário seria.
Uma vez li que, para concursos que exigem Ensino Superior, era necessário pelo menos 500h líquidas totais para passar. Não posso aqui avaliar a veracidade da informação, mas tive como objetivo alcançar pelo menos isso ao final da jornada, e consegui até mais (714h totais) e, felizmente, deu certo.
- 7. Se possível, leia as leis na íntegra. Por mais que as aulas e PDFs sejam excelentes, é realmente importante ter tido contato com a própria lei. Por exemplo, uma aula sobre a Convenção da Basileia poderia ter coberto todos os pontos importantes desta, mas o que acabou caindo na prova foi uma opinião dos legisladores brasileiros que constava apenas no início do Decreto, antes do anexo com a Convenção, então só quem realmente leu saberia responder a essa pergunta com segurança.
- 8. Tente pelo menos ter visto algum material de cada ponto a ser cobrado (a menos que já o domine por outro motivo anterior). É claro que isso vai depender muito do tempo disponível, mas fica muito mais fácil fazer um chute consciente se você já ouviu falar sobre o assunto, e isso é mais importante ainda nos concursos estilo Cespe/Cebraspe, em que uma errada anula uma certa. Então, pelo menos na minha opinião, melhor do que acertar todas as questões de poucos assuntos seria ter um acerto considerável em diversas disciplinas, para que nenhuma carregue sua nota para baixo.
- 9. Sempre que possível, tente encaixar momentos de aprendizado ativo no seu cronograma, não apenas leitura estática e assistir a videoaulas. A fixação vem mesmo quando a gente se testa, por isso gosto tanto dos flashcards, mas podem ser exercícios também, mapas mentais e até gravações pra si mesmo, para ouvir depois como material de revisão.
- 10. Não desanime. Muitas forças vão vir te testar, e sucumbir a elas só vai te fazer mal. Todos que um dia conseguem é porque antes se arriscaram, e faz parte algumas vezes não conseguir. No meu primeiro concurso, para técnico administrativo da Anvisa, estive longe de passar. Mas foi ótimo para ter um primeiro contato com esse mundo, e no fim minha vida foi muito melhor sem ter passado – pude fazer meu Mestrado, conhecer minha esposa e agora conseguir um concurso que realmente queria, na minha área.
Finalizo citando uma fala da escritora de Harry Potter em uma palestra em Harvard:
“Alguns fracassos na vida são inevitáveis. É impossível viver sem falhar em alguma coisa, a menos que você viva de forma tão cautelosa que você pode não ter vivido de verdade – nesse caso, você falha por omissão.”
Então lembrem-se de sentir orgulho por terem se disposto a encarar essa jornada tão suada que é a de concurseiro. Não é o resultado que vai te fazer “ser alguém na vida”: você JÁ É um ser especial pra um monte de gente, seu valor não está na aprovação.
Lutar nessa batalha não é para qualquer um, e tenha certeza de que mesmo após uma queda, quando você se levanta, você está muito mais experiente e mais forte do que era antes. E quem consegue levantar mais vezes… um dia não vai cair. Espero muito que logo chegue a sua vez!
Mais informações: Concurso IBAMA