Como fui aprovado no ICMS-RJ
Olá futuros colegas,
O meu nome é Diego Vieira, e trabalho como Auditor Fiscal da Receita Estadual do Rio de Janeiro (AFRE-RJ) desde 2012.
Escrevo esse artigo apresentando a minha trajetória até a aprovação para que possa servir de motivação para você nessa (árdua) caminhada.
Nasci em Aracruz – ES, mas me mudei para o Rio de Janeiro, capital, muito novo. Meus pais sempre se esforçaram para poder me proporcionar o melhor estudo que eles podiam pagar.
Depois de ter feito até a (antiga) 8a série em uma escola particular (falida hoje em dia), concluí o Ensino Médio no Tamandaré e no Elite. No primeiro ano do Ensino Médio fiz prova para EPCAR e Colégio Naval (CN). Fui reprovado nos dois. No segundo ano, repeti a dose: consegui ser aprovado na EPCAR, porém fui reprovado no exame médico.
Do segundo para o terceiro ano, lembro do meu pai recomendando (insistentemente) que eu fizesse novamente a prova para o CN, pois as chances seriam maiores, mas eu não queria voltar a fazer o ensino médio. Fomos a procura de um colégio / curso no qual eu pudesse concluir o ensino médio e me preparar para a prova da Escola Naval. Quando fomos no colégio Elite, tive uma conversa com o professor Álvaro.
No meio da conversa, quando perguntei se era possível ser aprovado num concurso tão diferente somente com um ano de estudo, o professor apontou para a lâmpada no teto:
Você está vendo essa lâmpada, Diego? Sabe qual a potência dela? Uns 100W. Eu não sinto nada olhando para ela. Você sabe o que acontece se você pegar esses mesmos 100W e colocar num feixe, num ponto? Você corta placa de ferro como se fosse faca quente na manteiga. Foco! Isso que faz a diferença. Pegue sua energia e foque num ponto. Tenha certeza que isso é o que fara a diferença.
Acreditei nas palavras dele e tomei a decisão de estudar para a Escola Naval. Fui aprovado no Processo Seletivo de 2003, para admissão em 2004!
Durante a Escola Naval, mais especificamente entre 2005 e 2006, dediquei um pouco de tempo para estudos de concurso público. Fiz o famoso “Fiscal básico”, porém em 2007, ano em que me formei, desisti dos estudos. Em 2009 decidi que a carreira Naval não era para mim. Retomei os estudos.
Nessa época dois amigos haviam sido aprovados no concurso de AFRE-RJ e minha ideia era permanecer no Rio de Janeiro. Assim me lembrei das palavras do professor Álvaro e foquei a energia nessa prova.
Dedicação foi a chave. Eu estudava pelo menos 5 horas por dia. Todos os dias. Passei a acordar mais cedo para poder estudar antes de ir para o trabalho e também passei a ir dormir (bem) mais tarde. Lia a legislação tributária em voz alta e gravava num MP3 para poder ir me ouvindo no caminho para o trabalho.
As provas de AFRE estavam sendo realizadas anualmente, então foquei em me preparar para a prova de 2010. Porém nesse meio tempo fiz todas as provas que abriram. Não vou conseguir enumerar todas, mas lembro que fiz ISS-RJ e CVM. Quando o edital saia, eu tentava ver o que tinha de diferente do edital de AFRE-RJ 2009 e tentava “me safar”.
Chegou 2010 e o edital de AFRE-RJ abriu em no mês de abril com provas em junho. Intensifiquei os estudos e pedi 30 dias de férias antes da prova. Fui pro tudo ou nada. E deu nada. Fiquei por uma questão em direito civil e não fiz os mínimos.
Outro dia vi um meme que me identifiquei muito. Era a foto de um rapaz na frente de dois computadores. O meme dizia: vida de programador é só beleza e paciência. Se der certo beleza, se não der paciência.
Esse meme sintetizou meu pós-resultado em 2010. Não foi beleza, então paciência. Fiquei uma semana sem estudar e logo depois já retomei, com foco num possível AFRE 2011. Novamente, fiz todas as provas no meio do caminho, sem perder o foco inicial. No TCM-RJ fui aprovado no cadastro reserva (130º lugar, se não me engano). Beleza. Em todos os outros, água. Paciência.
No final de 2010, ainda na Marinha, fui movimentado para Vitória – Espírito Santo. Isso significava mais dificuldades no caminho, pois além da distância da família, a rotina de trabalho se intensificou bastante. Abro um parêntesis. Nesse período, devo muito a um grande amigo que hoje ainda mora em Vitória. Confesso que se não fosse sua ajuda, o caminho teria sido muito mais árduo.
Voltando. Quando digo rotina se intensificou, eu realmente quero dizer isso. Minha rotina de estudo virou um pandemônio. O tempo é o tempo que se tem, já se dizia na Marinha. Chegava em casa depois das 19h, comia alguma coisa, estudava até as 22h. Cochilava, de luz ligada mesmo, até umas 2h a 3h da manhã. Dava mais um gás até umas 5h30, dormia novamente e acordava as 7h para ir trabalhar. Isso nos dias em que não estava de serviço, cuja escala era de duas a três vezes por semana, na média.
Fácil? Com certeza não! Mas era o necessário e era o possível.
Veio 2011, fiz a prova e consegui a aprovação. Estava no céu. Um dia depois, a anulação do concurso. Estava no inferno. Foram dias muito duros e difíceis. Os aprovados se reuniram no Fórum Concurseiros e entramos na Justiça solicitando a reversão da anulação do concurso. O processo todo durou nove meses e, pela graça de Deus, conseguimos reverter a decisão e somente os 03 comprovadamente fraudadores foram excluídos do certame.
Entre a anulação e a reversão, passado o choque inicial, arregacei as mangas e voltei à luta. Fiz alguns dos concursos que abriram, entre eles o APO-RJ e EFP-RJ. Fui aprovado nos dois, sendo aprovado em 2º lugar no EFP-RJ. Estava me preparando para pedir baixa na Marinha e ir fazer o curso de formação do EFP-RJ quando a decisão de reversão da anulação saiu e o Estado do Rio de Janeiro resolveu nomear os aprovados, em 2012.
Bom, essa foi minha trajetória. Muitos percalços e dificuldades foram encontradas no caminho, mas confiando em Deus, contando com a força da família e de amigos e com muita determinação, consegui superá-las e hoje trabalho como Auditor Fiscal da Receita Estadual do Rio de Janeiro.