Como fui aprovado na Advocacia-Geral da União, Procurador Federal – Minha trajetória
Eu sou Vagner Nunes, procurador federal e coach do Estratégia Concursos.
Se minha caminhada no universo dos concursos públicos fosse um filme, acho que seria "[à] procura da felicidade". Não só pelo sugestivo título, mas pelo drama sofrido por Chris Gardner (Will Smith). Ok, não sofri tanto quanto o personagem principal do roteiro hollywoodiano, mas, guardadas as devidas proporções, há certa semelhança.
A cena mais comovente do filme é aquela em que o personagem principal, após procurar e não achar abrigo, é obrigado a pernoitar no banheiro do metrô com seu filho, Christopher (Jaden Smith). Nunca sofri algo minimamente parecido com minha filha, Natália, mas foi a chegada dela a mola propulsora para alcançar o sonho que havia sido temporariamente arquivado.
Dia 21 de fevereiro de 2012 ela nasceu e trouxe consigo a necessidade de alcançar voos maiores. Era preciso sair da cômoda e ótima carreira de analista judiciário do Poder Judiciário da União.
Durante o processo de aprovação – em que é comum a privação do concursando, especialmente a de contato social – Natália talvez tenha sido a maior vítima. Foram incontáveis as vezes que, clamando por atenção, sua cabeça se chocou contra a mesa de estudos do papai – momento em que emergia a ingrata sensação de não ser o melhor dos pais. Perdão, filha.
O filme tem cenas de Will Smith estudando durante a madrugada, enquanto o pequeno dormia. Objetivando evitar novas colisões cranianas, adotei este método (ler durante o sono da baixinha). Acordava às 5h da manhã e estudava até que ela acordasse. Três horas pela manhã e duas à noite, depois que ela dormia, 5h/dia de estudos, de segunda a sábado, e então cumpria as 30 horas semanais que havia estabelecido como meta.
Além das 30 horas por semana, aproveitava cada instante para estudar. Como assessor de juiz ou desembargador, lia muito para redigir as minutas, circunstância que foi um grande aliado na aprovação; ouvia a constituição e outras leis no som do carro durante o engarrafamento; e resolvia questões de concursos anteriores pelo celular quando “não estava fazendo nada”.
Mas nem sempre estudei de forma organizada. Tentei inúmeras técnicas de estudo. Faltou, muitas vezes, estratégia. Sem método, toda essa dedicação e disciplina me levaram a…REPROVAÇÕES! Diversas, é bom que se diga. Mas foi a dor de cada uma delas que trilharam o caminho rumo à aprovação.
“Errei mais de 9.000 cestas e perdi quase 300 jogos. Em 26 diferentes finais de partidas fui encarregado de jogar a bola que venceria o jogo… e falhei. Eu tenho uma história repleta de falhas e fracassos em minha vida. E é exatamente por isso que sou um sucesso” (Michael Jordan).
O edital para provimento de vagas do cargo de procurador federal foi publicado em 2013. Além de superar a dificuldade do certame, era preciso me livrar do sentimento de inferioridade, de que “esse cargo é muito para mim”.
Sábado, 2 de novembro de 2013, data da prova objetiva.
Saio de casa confiante. Volto arrebentado. As questões, muitas delas com alto grau de dificuldade, tratavam de reforçar a minha síndrome de vira-lata. Era preciso juntar os cacos. A prova discursiva estava prevista para o dia seguinte, manhã e tarde.
Domingo, 3 de novembro de 2013.
Acordo cedo. Saio de casa e sequer o cachorro está acordado para me dar bom dia. Repito o ritual da sorte: expresso com leite na padaria e pão na chapa. Me dirijo ao local da prova e, no trajeto, pistas interditadas por conta de uma corrida. O percurso que eu levaria 10 minutos, faço em meia hora. Ultrapasso o portão e ele fecha. Após 8, 9 horas de prova, saio exausto física e mentalmente.
Sobrevivo às provas objetiva e discursiva. Estava na prova oral. Tenho 3 (três) semanas para me preparar.
Segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014, data da prova oral.
A arguição estava agendada para o período da tarde. Resolvo, então, correr no Parque da Cidade pela manhã e, durante o exercício, fui “presenteado” por um pombo, que resolveu que minha cabeça era um bom local para ele fazer a digestão. Olho para o céu e suplico: Deus, que essa seja a única lambança que me aconteça no dia!
Chego ao local da prova e enxergo nos demais candidatos o que estava sentindo: nervosismo, ansiedade e aflição. O Procurador-Geral Federal à época, Marcelo Siqueira, dá as boas-vindas aos candidatos dizendo: “Parabéns por terem chegado a esta etapa. Hoje, a avaliação não é de conhecimento. Isso vocês já provaram ter. Queremos saber como reagem sob pressão”.
O resto de coragem que tinha acaba ali. No local de prova não se ouvia nada além de respirações ofegantes. Involuntariamente, todos os candidatos coçam a cabeça, balançam a perna e expõem todos os indicativos que o corpo demonstra quando colocado em situações desconfortáveis.
No corredor para entrar na sala onde seria arguido, a perna treme e a mão está fria e encharcada. Me chamam. Entro na sala, digo meu nome para a câmera e começam as perguntas. O tempo passa voando e o exame é concluído.
Dez dias depois e lá estava meu nome dentre os aprovados. Aquela sensação libertadora, de dever cumprido, foi incrível, impressionante! Lembro dos meus pais orgulhosos na cerimônia de posse. Pedi a eles que não se queixassem mais do dia que foram obrigados a cancelar minha matrícula na escola particular, quando eu ainda era garoto, porque os rendimentos não dialogavam com a mensalidade. Eles não responderam. Só choraram!
E, como mágica, as privações por conta do estudo, as dores físicas e emocionais inerentes ao percurso até a aprovação somem. Tinha valido a pena. O filme, finalmente, chegava a um final feliz.
Como coach aqui no Estratégia Concursos, sinto-me honrado em ser diretor do filme, apontando o caminho para que a pelícola dos coachees seja um curta metragem.
Bons estudos! Vale a pena!
Abraços fraternos!
Vagner Nunes
Procurador Federal
Coach Estratégia Concursos