Como fui Aprovada
Eu sou Vanessa Hedjazi Ribeiro Sousa, Auditora Estadual de Controle Externo do Tribunal de Contas da Bahia, formada em Administração de Empresas, pela Universidade Federal da Bahia.
Bem, falar de como fui aprovada no concurso público me remete a uma profunda análise do que eu sou e de como DECIDI passar num concurso público. Então…vamos lá!
Nunca fui de prestar muita atenção em sala de aula, pois sou dispersa e tinha dificuldade em fixar em algo por muito tempo (na época escolar, isso era acentuado pela falta de maturidade). Contudo, sempre garanti boas notas estudando sozinha em casa. Adoro desafios e fiz meu primeiro intercâmbio para o Canadá em 2000, com 18 anos.
Como iniciei minha carreira profissional?
Durante a faculdade, sempre busquei participar de processos seletivos bem concorridos, por isso entrei em ótimos estágios. Também fiz meu segundo intercâmbio, estudando parte do meu curso na Espanha. Como queria ser TRAINEE de uma grande empresa e assim iniciar com pé direito minha carreira de executiva, DECIDI me inscrever e participar dos processos seletivos das empresas que me atraiam. Na época, em 2006, passei em alguns desses processos que fiz, inclusive no da empresa que mais queria. Aos 24 anos havia conquistado o meu sonho de ingressar como Trainee de Gerente de uma empresa de moda. Amava trabalhar com moda e gerir pessoas, tenho uma paixão pelos dois.
Aos 25 anos já era gerente de uma unidade da empresa e geria 110 pessoas morando em outro estado. Me dediquei muito, trabalhei muito e mesmo atingindo excelentes resultados na empresa, com uma carreira promissora e ótima remuneração, por uma questão pessoal e familiar, aos 26 anos (em 2008), eu DECIDI pedir demissão e abrir meu próprio negócio, retornando a minha cidade Natal Salvador.
De funcionária a dona do meu próprio negócio
Dona do meu próprio negócio, me dediquei e investi muito tempo, recursos financeiros e conhecimento nisso. Depois de 3 anos, porém, percebi que ter um pequeno negócio de varejo me garantia muito trabalho, muitas contas, muitas preocupações, muitos tributos e pouco retorno financeiro. Assim, em 2011, DECIDI que mais uma vez mudaria de vida. Desta vez, a mudança seria mais radical. Migraria da iniciativa privada para a iniciativa pública. Fechei a minha micro empresa, me casei e resolvi que só estudaria para concurso público e que investiria todo o meu tempo para passar num concurso que me desse um retorno suficiente para “encerrar a vida de concurseira”. Então, optei estudar para uma carreira que fosse conhecida e remunerasse bem, Auditor da Recita Federal.
Um novo sonho!
Em nenhum momento o meu sonho era ser AUDITORA da Receita federal. O que eu queria era um cargo público, com ótima remuneração e boa condição de trabalho. Eu defini direcionar meus estudos para esse cargo porque eu senti que deveria ter um foco, não conhecia muitos outros concursos e achava que estudando para um concurso mais difícil, com edital puxado, estaria estudando para outros concursos, como os das Secretarias das fazendas estaduais e municipais e alguns outros Analistas de áreas afins.
Nesta época, vivi um dilema que muitos concurseiros vivem. Se fizesse concursos para os fiscos estaduais, como faria quando passasse? Iria ter que morar para sempre em outro estado? … Ô decisão difícil!!!. Meu marido, engenheiro de empresa privada, não conseguia entender e concordar com a minha decisão de parar tudo, estudar para uma prova que não sabia quando seria, se passasse não saberia onde moraria e qual seria a perspectiva de tempo de retorno. Ele sempre me dizia, como você está tomando uma decisão na sua vida baseada exclusivamente em interrogações? Para piorar, eu havia decidido que faria além do concurso da receita, concursos para fiscos estaduais que eu achasse que valeria a pena. Situação difícil? Não, diria que insana…kkk. Além disso, convivia com o dilema de que sempre tive uma ótima educação, fiz uma boa graduação, fiz dois intercâmbios, falava dois idiomas, tinha uma boa experiência do mercado de trabalho, não havia sido demitida (havia traçado um caminho promissor no mercado privado) e por que recomeçaria um caminho tão incerto e difícil se existiam outras possibilidades de vida? Então, eis a questão…naquele momento eu percebi que havia DECIDIDO que era aquilo que eu queria e ponto final. Para mim, DECIDIR é a palavra-chave para toda e qualquer GRANDE CONQUISTA PESSOAL DO SER HUMANO. Porque quando você DECIDE (me refiro a um processo totalmente pessoal, interno e profundo de cada um), você simplesmente toma aquilo para você, a responsabilidade, o preço a pagar com consciência de que tudo que você venha enfrentar, é essencial para você atingir o seu objetivo, a sua conquista…e a conquista??? Calma, continuarei a minha trajetória até chegar nessa parte, a melhor de todas.
Me tornando uma concurseira profissional
Tomada a minha decisão, disposta a enfrentar tudo e todos, iniciei os meus estudos e me matriculei num curso presencial extensivo, que iniciou em fevereiro de 2012 e terminou em fevereiro de 2013. Também, tive a sorte de poder fazer o curso presencial do professor de contabilidade Sílvio Sande. Neste ano ainda não existia o curso dele em vídeo aula. Na época, a realidade era diferente, desconhecia Coach e os cursos On line e PDFs estavam começando a surgir, não eram difundidos e nem completos como hoje. E assim foi, apesar de não amar muito salas de aula, estava disposta, mais madura e aceitando a melhor opção que existia para mim naquele momento, reconhecendo inclusive o lado positivo desse formato de curso, que era o de me manter comprometida e com rotina de estudo.
Para minha infelicidade, em junho/julho deste ano, saiu o edital do concurso da Receita Federal do Brasil e como meu curso era extensivo, eu ainda não tinha dado várias matérias essenciais como direto tributário, por exemplo. Também, para piorar, naquele momento o meu ritmo de estudos era baixíssimo, estava engatando ainda e estudava por dias, lentamente, uma única matéria.
Naquele momento, sabia que não estava nada preparada para o concurso que havia me proposto a estudar e que tinha probabilidade quase zero de passar. Iniciava-se um novo dilema em minha vida. Como estudaria para essa prova? Depois da prova, o que faria? Continuaria o curso mesmo depois de passado o concurso, sem saber quando seria o próximo ou mudaria de área? Resolvi seguir estudando! Durante o período do edital aberto, estudei o que dava e até melhorei meu ritmo de estudos, que até então estava muito lento, quase resumido às horas em sala de aula. Decidi fazer alguns cursos de finais de semana com excelentes professores. Levei a situação de maneira positiva e, ao invés de lastimar a saída precoce deste edital, eu passei a entender o que significava um momento pós edital, e como era importante eu começar a estudar mais e principalmente a revisar as matérias, que eram muitas!!!
Passado a prova, segui com os estudos e finalizei o curso em fevereiro de 2013. Na época, já estava com uma certa base de estudo. Em março desse mesmo ano, saiu o edital para o concurso de Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo e resolvi fazer, mesmo tendo que morar em outro estado, caso passasse. Assim, aproveitei o edital desse concurso para intensificar meus estudos, revisando todas as matérias em comum com o edital da Receita e introduzindo as matérias novas desse edital. Fiz o concurso, não fui aprovada, porém fiz ótimas provas para quem estudava ha 1 ano e 3 meses, apenas. E apesar da não aprovação, comecei a me sentir mais preparada para entrar no ringue e lutar.
Passei a ganhar mais agilidade nos estudos, a estudar revezando matérias e tentando fazer revisões sempre que possível. Tinha meus resumos e meu material já estava personalizado, com todas as minhas anotações, o que facilitava a minha memorização.
Os resultados começaram a aparecer
Em seguida, saiu o edital para o cargo de Técnico Administrativo do MPU. Eu pensei: não farei esse concurso porque não é da área fiscal. Entretanto, minha irmã, já concursada neste cargo (do mesmo órgão), me incentivou a estudar. Então defini novamente que estudaria predominantemente as matérias em comum desse concurso com as da receita e, faltando 15 dias para a prova, faria um intensivão. Foram 15 dias num ritmo alucinante. Naquele momento, eu tinha base de estudos, tinha tempo e estava emocionalmente tranquila. Assim, conquistei minha primeira aprovação num concurso público.
Assim, em pouco tempo, estava mais experiente em fazer provas, mais confiante e também mais estimulada. Em junho deste mesmo ano, saiu o edital para o concurso de Analista Técnico do Ministério da Fazenda e fiz a prova sem mudar nada do meu estudo, pois além de ser a mesma banca, para qual eu mais treinava (ESAF), os assuntos do concurso estavam todos dentro do edital que focava. Fiz o concurso e fui aprovada – colocação 24°.
Ainda no ano de 2013, em setembro, saiu o edital do Tribunal de Contas da Bahia para o cargo de auditor, com locação para Salvador. Era um sonho, excelente cargo, ótima remuneração, trabalharia em Salvador. Eu vinha de um bom ritmo de estudo, também estava mais segura porque sentia que estava progredindo a cada prova que fazia e DECIDI, com muita convicção, que faria aquele concurso, que apesar ser outra área (Controle), era uma oportunidade única para mim. E estava supermotivada a dar o melhor de mim para conquistar uma das 25 vagas daquele edital.
Aqui, reforço sobre a importância da DECISÃO de cada um. O edital era grande, pesado e trazia algumas matérias, pelo menos 5, que nunca tinha estudado. QUE DESAFIO. Opa, mas desafio é o que move, então, lá fui eu! Tinha aproximadamente 2 meses e meio para aprender algumas matérias e revisar as outras, que já conhecia. Meu plano de estudos era: pela manhã aprenderia as matérias novas, pela tarde e a noite eu revisaria as outras matérias que já havia estudado, em esquema de rodízio. A cada 3 dias, tirava 1 hora do meu estudo para fazer uma redação e uma vez por semana levava para uma professora corrigir. Também fazia provas de concursos parecidos. Na época não existiam ou se existiam simulados prontos, eu desconhecia. Juro que eu lia o edital todos os dias antes de estudar. Sabia cada regra da prova, tempo, quantidade de assuntos por matéria, regras de eliminação. Isto era o que definia a ordem do meu estudo e o tempo que levava em cada matéria, algumas posso dizer que eu praticamente só fazia revisões rápidas e no total não gastei nem 8 horas líquidas do total de meus estudos daquela preparação. Minhas horas vagas, poucas por dia, eu comia, assitia algo leve na televisão e dormia. Alguns dias, eu saia, ia na padaria, comprava coisas gostosas para eu comer estudando. Optei por não ir a festas para não me dispersar. Eu tomava banho com papeizinhos colados no blindex, cada um deles tinha um lançamento contábil importante, especialmente os que mais costumava esquecer. Cada pessoa é de um jeito, eu sou intensa e quis viver a minha preparação intensamente. Preferi não esquecer nenhum momento da prova que faria no dia 17 de novembro de 2013. Essa foi a maneira com que eu me sentia melhor comigo mesma para conseguir estudar, render e ficar feliz com tudo isso. Sim, eu era muito feliz em conseguir caminhar rumo ao objetivo que eu queria, que havia decido para mim.
O grande dia chegou!
Na véspera da prova eu não dormi nada. Funciono bem sob pressão, mas a insônia é meu ponto fraco. Por sorte, já tinha passado por essa experiência na prova do cargo de Analista Técnico do Ministério da Fazenda, que havia feito de virote e havia passado. Então me programei mentalmente para realizar uma excelente prova, apesar da insônia. E assim fui, cheia de energético natural, de VONTADE! Sou católica e também utilizei da minha religião para ter mais controle emocional. Ao sentar na sala de prova, eu rezei para que eu conseguisse aplicar eficientemente todo o meu conhecimento naquele momento. E assim foi, a prova tinha 70 questões objetivas e 2 questões escritas (mínimo de 30 linhas e máximo de 40, cada). O tempo era o fator chave desta prova, que para mim deveria ter sido realizada em dois turnos ao invés de um. Eu acredito que o momento da prova é o principal de toda a sua preparação para o concurso. Você tem que ir com tudo para entrar no ringue e lutar até o fim com muito foco, conhecimento, estratégia, resistência e controle emocional.
E assim deu certo. Entreguei a prova 15 minutos antes do tempo final. Venci a prova sem tomar um gole de água, sem ter olhado para o lado, sem ter ido ao banheiro. Eu que sempre tive problema de concentração e com isso problema com tempo, estava lá com a prova pronta e entregue, ainda com a sala lotada.
Saiu o resultado da primeira fase, fiquei em 17º lugar das 25 vagas. Que felicidade! Mas havia uma das questões abertas que foi um terror para todos. E se essa questão me fizesse sair do número de vagas e perder o concurso? Tenso, mas após o resultado final, ainda subi de posição. As questões abertas, que eram grande desafio para mim pois nunca fui boa de escrita, me colocaram em 6º lugar! O meu número da sorte, nasci em 06 de fevereiro. E assim chegou o meu dia, 1 ano e 11 meses de trajetória.É isso! Para mim, DECIDIR de verdade é o ponto inicial para você conseguir assumir com você mesmo esse projeto tão desafiador, passar num concurso público.
Isto é um processo individual e interno. Depois, é preciso desenvolver a parte técnica do estudo com uma estratégia eficiente e eficaz (material e metodologia de estudos) e desenvolver também a parte emocional, que é a capacidade de acreditar, se motivar e superar todas as dificuldades, sem desistir até sua aprovação. Atualmente, o Coaching é uma das ferramentas utilizadas para te conduzir de maneira eficiente e eficaz nesse processo.
O meu entusiasmo com o estilo de vida que conquistei, com boa remuneração e qualidade de vida, junto a minha paixão por gente, me transformou em Coach de Concurso Público. Assim, como acreditei em mim, acredito em qualquer um que Sonhe, Decida e Estude para passar num Concurso Público. A minha jornada no mundo dos concursos continua através da minha realização em compartilhar toda essa experiência com outras pessoas. Agora, o meu sonho é ajudar você a passar!