Como Estudar para Concursos? (Segundo a Neurociência)
Se você já fez uma busca sobre “Como Estudar para Concursos” deve ter visto uma enxurrada de dicas e metodologias de estudo. A verdade é que algumas funcionam melhor para uns que para outros. Mas como saber o que funciona para você?
É inevitável um pouco de tentativa e erro, mas partir de uma base testada cientificamente vai minimizar as chances de equívoco. E para facilitar a vida dos meus alunos e leitores, resolvi buscar entre alguns autores aquilo que a Neurociência referenda.
E por isso, a minha vasta vivência em concursos (veja meu currículo) agregou muito a minha pesquisa literária nos últimos meses. Aliás, com um excelente retorno dos meus alunos- em um casamento perfeito entre a teoria e a prática.
Dessa forma, vamos destrinchar o processo de aprendizado nesse artigo: da estrutura do cérebro até dicas de estudo.
Cérebro
Nada melhor do que, antes de tratar de técnicas de estudo, explorar o principal órgão desse processo. E como o leitor pode observar na imagem, nosso cérebro é composto de dois hemisférios, com tarefas e demandas distintas. A grosso modo, podemos dizer que o hemisfério esquerdo é o racional (“o estudioso”), enquanto o direito, o emocional (“o vagabundo”).
A partir daí podemos buscar diversas maneiras de ambos colaborarem entre si, ou pelo menos não atrapalharem um ao outro. (veremos mais abaixo em outro capítulo do artigo).
Assim, é crucial compreendê-lo como um órgão que tem processos de fadiga e necessidade de repouso. É por isso, que estudar em ciclos de estudos curtos (50 a 75 min) com intervalos de 10 min pode ser mais eficiente que 100 ou 150 min ininterruptos.
Além do que, o sono é um momento fundamental na transformação da memória de curto prazo numa memória de longo prazo: quando a informação sai do hipocampo e vai para o córtex cerebral (tratarei disso num artigo específico).
E, agora que entendemos um pouco da estrutura do cérebro, podemos começar a falar do aprendizado propriamente dito.
Aprendizado
O aprendizado se processa em camadas, e quanto mais profundas, mais duradouro se torna a retenção da informação. Poderíamos destacar de maneira simplória como sendo:
Como entender o que estou estudando?
Entender o que se lê, está diretamente relacionado a capacidade de interpretar o texto. E para que esse fenômeno ocorra com maior fluidez, o primeiro passo é o vocabulário: quanto maior, melhor.
–Ok, então terei que ler o dicionário?!?!
Nem tanto (rs), mas a verdade é que, somente a leitura (enquanto lazer) é capaz de expandir essas fronteiras, mas nem sempre é possível praticá-la diante de uma rotina de estudos, trabalho, família, etc.
Se você possui uma grande dificuldade em interpretar os conteúdos das aulas, ou os comandos das questões, talvez essa dica seja para você. Uma referência é avaliar seu percentual de acertos nos exercícios das aulas em PDF. Um aluno, que sucessivamente, apresente menos de 70% de acertos em um conteúdo recém-estudado pode estar nessa situação.
Portanto o segredo é introduzir a leitura extraclasse em doses homeopáticas, 15 min pela manhã, 15 no almoço e/ou 15 antes de dormir. Se fizer as contas, deve ser o mesmo tempo que você perde em redes sociais.
E vale ressaltar: nessa leitura (lazer) vale tudo mesmo! Romances, biografias, suspenses, etc.
Os concurseiros que já possuíam o hábito de ler livros extraclasse durante a infância/adolescência terão larga vantagem nesse aspecto. Pois lerão “melhor” (compreensão) e mais rápido. O que resulta numa maior velocidade de resolução de provas, dado o tempo geralmente escasso dos certames.
Como fixar e aplicar o que estou estudando?
Nesse momento que aquele papo dos hemisférios cerebrais entra em ação. Pois quando trazemos o hemisfério direito (“vagabundo”) para participar do processo de aprendizagem, o aprendizado entra em outro patamar.
–Então, como estudar para concursos dessa forma?
E para tal, basta utilizar um pouco de criatividade para memorizar os assuntos mais decorebas. Pois com o uso de cenas esdrúxulas, engraçadas ou tristes atribuímos uma memória afetiva ao conteúdo estudado- e acredite, na hora da prova você vai lembrar…
Imagine, por exemplo, o presidente Jair Bolsonaro exercendo por conta própria uma das competências constitucionais exclusivas da União (CF, art 21, inc. IV: emitir papel moeda;)
Os cursos de memorização exploram muito essa técnica.
Outra maneira de ajudar a reter o conteúdo também é o uso das fichas de estudo – que são uma versão resumida dos assuntos estudados, e tornam o estudo mais ativo, e por isso, mais profundo. Mas para que as fichas de estudo funcionem é fundamental ter um poder de síntese.
Cada caso é um caso, eu prefiro sempre avaliar o perfil do aluno antes de sugerir essa técnica. Aliás, o momento em que se aplica também precisa ser levado em conta. De toda forma, tenho colhido resultados fantásticos aos alunos que indiquei e orientei nessa técnica.
Como revisar o que estou estudando?
A revisão é tão importante quanto o estudo, afinal o esquecimento faz parte do processo de funcionamento do cérebro. Esquecer-se é orgânico e cíclico, e, pensando nisso, o alemão Herman Ebbinghaus desenvolveu a curva do Esquecimento (Forgetting Curve):
Portanto, baseados nesse fenômeno, minimizamos seus efeitos com uso de revisões periódicas e programadas. E por isso, fazemos uso de 3 principais: 24 horas, 7 dias e 30 dias.
De acordo a peculiaridade de cada concurseiro, podem ser utilizadas outras maneiras de revisar. Mas repito: é fundamental programar suas revisões!
No programa de Coaching colecionamos diversos relatos de alunos que implementaram a rotina de revisões e cresceram muito com isso.
Como se concentrar melhor para estudar?
Todas as semanas recebo relatos de alunos e seguidores relatando problemas de concentração para estudar.
E mais uma vez olhando os hemisférios do cérebro, vamos aos fatos: o “estudioso” é o esquerdo, enquanto o direito é o “vagabundo”. Temos que tratá-los individualmente, inclusive com suas necessidades específicas.
A verdade é que o hemisfério direito pode estar sendo subutilizado, e com isso, demandando estímulos. E, por isso, perturba o esquerdo com devaneios.
E por isso, minha sugestão tem sido estudar ouvindo música clássica. Dessa maneira o hemisfério direito se entretém com a música e deixa o esquerdo “trabalhar em paz”.
Mas não para por aí, existem outras maneiras de atuar em fatores externos que influenciam diretamente na concentração:
- Iluminação (luz natural ou branca);
- Ergonomia (cadeira confortável e apoio para livros são dicas de ouro);
- Ambiente (bibliotecas e outros espaços silenciosos);
Enfim, a complexidade do cérebro humano é algo incrível. Por isso, ajustar a metodologia de estudo de maneira personalizada ao perfil de cada concurseiro é uma tarefa desafiadora que não pode ser reproduzida em série.
E esse é justamente o carro-chefe do Programa de Coaching do Estratégia: humanos tratando de problemas humanos. Por isso reformulo o título do artigo aqui no final: “Como estudar para concursos? (De acordo com a neurociência e de acordo com quem viveu na prática tudo isso).
E por fim, encerro com uma frase do Professor Pier (Piergluigi Piazzi):
“Estudar é um ato solitário que se realiza escrevendo e desenhando, não lendo ou digitando. Ser estudante é ser um autodidata.”
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Coach
Rafael Moreno
“Somos somente paz e amor, e todo o Universo conspira a nosso favor”