Artigo

Comentários às questões de Economia e Finanças Públicas do ISS/SP

Olá caros(as) amigos(as),

Neste artigo, vou comentar as questões do ISS/SP 2014, banca CETRO.

A prova foi bem difícil. Conforme já sabíamos desde o início de nossa preparação, seria difícil definir um “padrão” da banca, pois havia poucas questões antigas da banca. Em nossa aula de Questões Comentadas da CETRO, comentamos apenas 58 questões (provas de 2006 a 2013), o que é pouco para tentar definir o padrão de uma banca de concurso, ainda mais considerando-se a grande quantidade de assuntos que tivemos que abordar.

De um modo geral, a banca conseguiu cobrar uma boa parte do edital. Em todas as aulas do curso, abordamos assuntos que foram cobrados. Ao mesmo tempo, houve diversas questões que exigiram vários assuntos (de várias aulas) ao longo das alternativas. Tivemos caso de, na mesma questão, serem exigidos conhecimentos de IS-LM, regimes cambiais, e multiplicador.

Essa multidisciplinaridade de assuntos é algo que, normalmente, as bancas não cobram (pelo menos nas provas de Economia). Também, é algo que torna as provas um pouco mais difíceis.

Encontrei possibilidade de recursos nas questões 17, 20, 24 e 28. Caso esteja apressado apenas para usar os recursos, vá direto a essas questões. Lembre-se de mudar um pouco a redação do recurso, ok ;-)

Questão 17: boas chances de ser anulada

Questão 20: probabilidade baixa do recurso dar certo

Questão 24: grandes chances de ser anulada

Questão 28: chances médias de ser anulada

 

16. A equivalência ricardiana parte do princípio de que
(A) os agentes econômicos não encontram motivos para alterar sua conduta de consumo presente em razão da redução dos impostos por parte do governo.
(B) a baixa na carga tributária do presente refletirá em aumento de arrecadação futura, o que compensa a manutenção de dívida pública ao longo do tempo.
(C) as famílias determinam seu padrão de consumo em função de sua renda disponível.
(D) se o governo baixar a carga tributária, os agentes econômicos respondem positivamente ao consumo e, portanto, contribuem para o crescimento econômico do presente.
(E) o déficit público é impulsionador do crescimento econômico e, neste aspecto, assemelha-se à política fiscal expansionista.

Comentários:

(A) Correta. É justamente a ideia geral da equivalência ricardiana. O consumo não é alterado em face a alterações da tributação.

Observação: o consumo até pode ser alterado em funções de alteração da tributação, mas isso só ocorre em situações específicas (alteração de gastos simultânea com a redução da tributação, restrição de crédito, informações equivocadas e ausência de preocupação com as gerações futuras). No entanto, a regra geral é o consumo não ser alterado em face à alteração de tributação.

(B) Incorreta. A primeira parte da assertiva é correta, mas a parte final não. A equivalência ricardiana não trabalha com a ideia que “compensa a manutenção da dívida ao longo do tempo”.

(C) Incorreta. Essa é uma ideia da função consumo Keynesiana.

(D) Incorreta. É justamente o contrário do que nos diz a equivalência ricardiana.

(E) Incorreta. Segundo a equivalência ricardiana, o déficit público não é impulsionador do crescimento (pelo contrário, ele não influencia o crescimento).

Gabarito: A

 

17. Com relação aos conceitos básicos de macroeconomia, marque V para verdadeiro ou F para falso e, em seguida, assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.
( ) Países com a renda líquida enviada ao exterior negativa possuem um PNB maior do que o PIB.
( ) A renda nacional de um país é calculada subtraindo-se a depreciação e os impostos indiretos do PIB.
( ) Uma das formas de mensuração do produto é a ótica da despesa em que se avalia o produto de uma economia, considerando a soma dos valores de todos os bens e serviços produzidos no período em que não foram destruídos ou absorvidos como insumos na produção de outros bens e serviços.
( ) No sistema de contas nacionais considerado economia aberta com governo, exportações de bens e serviços não fatores são lançadas a crédito na conta transações com o resto do mundo e a débito na conta de capital.
( ) Na identidade macroeconômica para economia aberta, em que Y + M = C + I + G + X, o lado esquerdo da expressão representa a oferta agregada global.
(A) V/ V/ F/ V/ V
(B) V/ F/ V/ F/ V
(C) F/ F/ V/ V/ F
(D) V/ V/ F/ F/ F
(E) F/ V/ V/ F/ V

Comentários:

(V) A fórmula que relaciona PIB e PNB é esta: PIB = PNB + RLEE.

Se a RLEE é negativa, então, o PNB é maior que o PIB. Afinal, o PNB menos algum valor será igual ao PIB. Logo, PNB > PIB, se RLEE é negativa.

(F) CABE RECURSO.

A renda nacional é o mesmo que RNLcf. A partir do PIB, para chegarmos ao valor da RNLcf, devemos:

Transformar Preços de Mercado em Custo de Fatores:

PIBpm = PIBcf + II – Sub

Logo, PIBcf = PIBpm – II + Sub

Para transformar o Interno em Nacional:

PNBcf = PIBpm – II + Sub – RLEE

Para transformar Bruto em Líquido:

PNLcf (Renda Nacional) = PIBpm – Impostos Indiretos + Subsídios – RLEE – Depreciação   (1)

Conforme se vê na expressão (1), renda nacional de um país é calculada subtraindo-se a depreciação e os impostos indiretos do PIB (PIBpm). Assim, a assertiva é verdadeira.

A redação da assertiva traz uma informação que é, visivelmente, verdadeira. Observando a expressão, nota-se que, sim, a renda nacional é calculada subtraindo-se a depreciação e os impostos indiretos do PIB.

É bem verdade que a alternativa não está completa – isso é fato! – mas o que a assertiva nos apresenta é verdadeiro, conforme se vê pela expressão (1).

Desta forma, a redação da alternativa acabou levando o candidato à discordância do gabarito oficial, apesar do prévio conhecimento sobre a matéria.

(V) CABE RECURSO.

Na verdade, o conceito de Produto pela ótica da despesa leva em conta a soma dos bens e serviços consumidos pelos agentes econômicos. Se somarmos os bens e serviços produzidos, temos o conceito de Produto pela ótica do Produto.

Vejamos as notas metodológicas do IBGE, no que tange ao conceito de Produto pela ótica da despesa (demanda):

Nota Metodológica nº 5 do IBGE (páginas 3 e 4) – Clique aqui

Produto interno bruto Total dos bens e serviços produzidos pelas unidades produtoras residentes destinados ao consumo final sendo, portanto, equivalente à soma dos valores adicionados pelas diversas atividades econômicas acrescida dos impostos, líquidos de subsídios, sobre produtos. O produto interno bruto também é equivalente à soma dos consumos finais de bens e serviços valorados a preço de mercado sendo, também, equivalente à soma das rendas primárias. Pode, portanto, ser expresso por três óticas:

a) da produção – o produto interno bruto é igual ao valor bruto da produção, a preços básicos, menos o consumo intermediário, a preços de consumidor, mais os impostos, líquidos de subsídios, sobre produtos;

b) da demanda – o produto interno bruto é igual a despesa de consumo das famílias, mais o consumo do governo, mais o consumo das instituições sem fins de lucro a serviço das famílias (consumo final), mais a formação bruta de capital fixo, mais a variação de estoques, mais as exportações de bens e serviços, menos as importações de bens e serviços;

c) da renda – o produto interno bruto é igual à remuneração dos empregados, mais o total dos impostos, líquidos de subsídios, sobre a produção e a importação, mais o rendimento misto bruto, mais o excedente operacional bruto. ” (GRIFO NOSSO)

Nota metodológica nº 2 do IBGE (página 21) – Clique aqui

Assim, o PIB também é igual à soma dos usos finais de bens e serviços menos as
importações. Ele é, também, igual à soma dos componentes do valor adicionado. O PIB,
portanto, pode ser expresso por três óticas:
1. do lado da produção – o PIB é igual ao valor da produção menos o consumo
intermediário mais os impostos, líquidos de subsídios, sobre produtos não incluídos
no valor da produção.
2. do lado da demanda – o PIB é igual a despesa de consumo final mais a formação
bruta de capital fixo mais a variação de estoques mais as exportações de bens e
serviços menos as importações de bens e serviços.
3. do lado da renda – o PIB é igual a remuneração dos empregados mais o total dos
impostos, líquidos de subsídios, sobre a produção e a importação mais o
rendimento misto bruto mais o excedente operacional bruto.” (GRIFO NOSSO)

Sendo assim, solicita-se a anulação da questão, pois o fato de esta assertiva ser incorreta faz com que a questão não apresente resposta possível.

(F) A conta de transações com o resto do mundo – que evidencia o valor da poupança externa – registra as exportações como débito, pois o resto do mundo está perdendo poupança em uma transação com o Brasil. Na conta de capital (que identifica os fontes de financiamento do capital), também são registradas a débito, pois diminuem uma das fontes de financiamento (que é a poupança externa).

(V) Se rearrumarmos a expressão do PIB = C + I + G + X – M, teremos:

PIB + M = C + I + G + X

O lado esquerdo da equação é a oferta global (produção interna mais os produtos importados) e o lado direito da equação é a demanda global.

Gabarito: B (cabe recurso, nas alternativas 2 e 3, de tal modo que a questão ficaria sem resposta correta)

18. A tabela abaixo apresenta informações da evolução dos preços (P) e a quantidade (Q) de três produtos (A, B e C), entre os anos de 2012 e 2013. Assinale a alternativa que apresenta o índice Laspeyres de preços para esses três produtos, no período considerado, tomando por base o ano de 2012.
questao

Comentários:

Questão simples (para quem sabia a fórmula do índice de Laspeyres).

L = [Somatório (P2013 x Q2012)] / [Somatório (P2012 x Q2012)]

L = [(7 x 30) + (17 x 60) + (32 x 110)] / [(5 x 30) + (12 x 60) + (26 x 110)]

L = 4.750 / 3.730

L = 1,2735

Gabarito: A

 

19. Considere as seguintes operações internacionais efetuadas por um país, em determinado período de tempo:
• o país exportou mercadorias no valor de $700 milhões de dólares, recebendo à vista.
• o país importou mercadorias no valor de $600 milhões de dólares, pagando à vista.
• o país pagou $380 milhões de dólares, à vista, referente a juros, lucros e aluguéis.
• o país amortizou empréstimo no valor de $20 milhões de dólares.
• ingressaram, no país, máquinas e equipamentos no valor de $350 milhões de dólares.
• ingressaram, no país, $80 milhões de dólares, sob a forma de capitais de curto prazo.
• o país realizou doação de medicamentos no valor de $50 milhões de dólares.
Tomando por base as informações acima, pode-se afirmar que as reservas do país, no período, apresentaram
(A) elevação de $80 milhões de dólares.
(B) elevação de $130 milhões de dólares.
(C) diminuição de $120 milhões de dólares.
(D) diminuição de $200 milhões de dólares.
(E) diminuição de $220 milhões de dólares.

Comentários:

Neste tipo de questão, devemos, primeiro, olhar a informação que o enunciado está pedindo: a variação das reservas internacionais.

A chave da questão está no entendimento de que algumas transações, pela natureza de seus lançamentos, não irão afetar o saldo do BP (e, portanto, não irão afetar a variação das reservas).

Nesta questão, a entrada de máquinas e equipamentos e a doação de remédios não afetam o saldo do BP, pois não representam entrada nem saída de dólares do país.

Assim, o cálculo da questão é:

Saldo do BP = +700 – 600 – 380 – 20 + 80

Saldo do BP = -220

Gabarito: E

 

20. Com relação ao modelo keynesiano simples de determinação da renda, assinale a alternativa correta.
(A) O princípio de demanda efetiva keynesiano baseia-se na hipótese de flexibilidade de preços.
(B) Para Keynes, o consumo cresce proporcionalmente menos que a renda, pois os indivíduos de rendas elevadas têm o hábito de poupar uma proporção maior de suas rendas. Essa relação conduz a uma situação de instabilidade econômica, caracterizada por níveis aviltados de renda e índices elevados de desemprego. Nessa situação, o governo deveria
incentivar importações, de modo a aumentar a renda de equilíbrio.
(C) No modelo keynesiano com consumo e investimento, o investimento é uma variável
dependente da renda.
(D) Se a função consumo for C = 280 + 0,76Y, o investimento I = 360, o gasto público G = 517 e a tributação T = 0,25Y, o multiplicador do gasto será 1.500.
(E) Se o nível de produção se encontra além da posição de equilíbrio, mas aquém do nível de pleno emprego, as empresas acumularão estoques indesejados, o que levará a economia a se afastar ainda mais da posição de pleno emprego.

Comentários:

CABE RECURSO (letra C)

(A) Incorreta. O modelo keynesiano simples repousa sobre a ideia da rigidez de preços e salários.

(B) Incorreta. O aumento das importações tende a reduzir a renda de equilíbrio.

(C) Incorreta (a nosso ver, Correta!).

A função Investimento, no modelo Keynesiano Simples, tem o seguinte formato:

I = Io + i.Y

Onde Io é o investimento autônomo e “i” é a propensão marginal a investir, e Y é a renda. Ou seja, pela equação, percebe-se que a função investimento é função da renda. Sendo assim, a alternativa poderia ser considerada verdadeira.

Infelizmente, o examinador “pinçou” a afirmação de uma bibliografia. Se soubéssemos a bibliografia utilizada pelo examinador, seria fácil “entender” a questão. No entanto, como são raras as bancas de concurso que colocam a bibliografia sugerida, o candidato torna-se refém de situações como esta. Segue a passagem recortada pelo examinador (Manual de Macroeconomia, 3a. edição, Vasconcellos e Lopes, página 149):

Clique para ampliar:

keynes

No entanto, se procurarmos outra bibliografia, podemos encontrar a função investimento dependente da renda.

Segundo VICECONTI E NEVES, Introdução à Economia, 12ª edição, página 261 (Capítulo 10: Modelo Keynesiano Simples):

O investimento (I) pode ser suposto total ou parcialmente autônomo:

I = Io   (1)

I = Io + d.Y   (2)

Onde:

Io = investimento autônomo

d = propensão marginal a investir

Na primeira hipótese, assume-se que os empresários tomam suas decisões de investir sem levar em consideração o nível de renda presente. Na segunda, mais realista, o nível de investimento depende de forma direta do nível de renda da economia, ou seja, quando mais alto este, maior aquele. (GRIFO NOSSO)

Assim, esta alternativa poderia ser considerada correta, o que enseja a anulação da questão, por haver 02 respostas corretas (letras C e E).

(D) Incorreta.

O multiplicador neste caso será:

K = 1 / (1 – c + c.t)

K = 2,32

(E) Correta.

Basicamente, nesta questão, temos a seguinte situação (clique na figura para ampliar):

equilibrio

Ou seja, se o nível de produção está além do equilíbrio (a produção corrente é maior que a de equilíbrio), irão sobrar produtos nas prateleiras. A tendência é de redução da renda ou produção corrente (uma vez que a economia tende ao equilíbrio). Assim, as vendas caem e os estoques aumentam; com isso, a economia vai se distanciar ainda mais da renda de pleno emprego.

Gabarito: E

 

21. Leia o trecho abaixo.
“O multiplicador dos meios de pagamento depende, basicamente, de dois parâmetros. O primeiro é um parâmetro comportamental, ou seja, ele está ligado ao comportamento das pessoas com relação a seus recursos líquidos: que parcela deles as pessoas, em média, mantêm em papel-moeda e que parcela deixam em depósito à vista nos bancos comerciais. O segundo é um parâmetro que depende tanto da decisão dos bancos comerciais quanto a seus encaixes, quanto do Banco Central, no que diz respeito aos critérios que regulamentam os encaixes compulsórios dos bancos comerciais.”
PAULANI, Leda Maria.; BRAGA, Márcio Bobik. A nova contabilidade social. SP, Editora Atlas, 2000. p.199).
Sobre o assunto, assinale a alternativa correta.
(A) Se o público mantiver 68% dos recursos líquidos sob a forma de depósitos à vista e os encaixes totais dos bancos comerciais representarem 32% do total de seus depósitos, o multiplicador bancário será de 9,76.
(B) O multiplicador bancário será de 3,3 caso o público mantiver 90% de seus recursos em depósitos à vista e os bancos mantiverem reservas de 27% do total de seus depósitos.
(C) Se o público mantiver 35% dos seus recursos em depósitos à vista e os bancos mantiverem reservas de 65% do total de seus depósitos, o multiplicador bancário será de 1,14. Caso o Banco Central deseje expandir os meios de pagamento em circulação na
economia, poderá elevar o percentual de encaixes compulsórios.
(D) Caso o público mantiver 50% de seus recursos líquidos sob a forma de depósitos à vista e os encaixes totais dos bancos comerciais representarem 20% do total de depósitos, cada
unidade monetária, a mais, de base monetária, dá origem a 1,67 unidade monetária adicional de meios de pagamento.
(E) Quanto maior for a relação encaixe total dos bancos comerciais como proporção dos depósitos à vista nos bancos comerciais, maior será o multiplicador bancário.

Comentários:

(A) Se d=0,68 (logo, c=0,32) e r=0,32, então:

K = 1 / (c + r.d)

K = 1 / (0,32 + 0,32.0,68)

K = 1,86

(B) Se d=0,90 (logo, c=0,10) e r=0,65, então:

K = 1 / (c + r.d)

K = 1 / (0,10 + 0,65.0,90)

K = 1,45

(C) Se d=0,35 (logo, c=0,65) e r=0,65, então:

K = 1 / (c + r.d)

K = 1 / (0,65 + 0,65.0,35)

K = 1,14

No entanto, a elevação da taxa de depósitos compulsórios não elevará os meios de pagamento. Por isso, a alternativa é errada.

(D) Correta.

Se d=0,50 (logo, c=0,50) e r=0,20, então:

K = 1 / (0,50 + 0,20.0,50)

K = 1 / (0,60)

K = 1,67

(E) Incorreta. Quanto maior for a relação encaixe total dos bancos comerciais como proporção dos depósitos à vista nos bancos comerciais, menor será o multiplicador bancário.

Gabarito: D

 

22. Sobre crescimento de longo prazo, analise as assertivas abaixo.
I. No estado estacionário do modelo de Solow em que não há progresso técnico, a taxa de crescimento do produto real da economia será igual a zero.
II. No modelo de crescimento de Solow em estado estacionário, a renda depende da taxa de poupança da economia.
III. A “regra de ouro” consiste em determinar que taxa de poupança maximiza o consumo por trabalhador no estado estacionário.

É correto o que se afirma em
(A) I e II, apenas.
(B) II e III, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) I, II e III.
(E) II, apenas.

Comentários:

Essa foi uma questão fácil sobre um tema difícil ;-)

I. Incorreta. Sem progresso técnico (mas com crescimento populacional), o produto total da economia cresce à mesma taxa do crescimento populacional.

II. Correta. Não há muito o que falar … that’s it!

III. Correta. É a definição da regra de ouro.

Gabarito: B

 

23. Considerando as curvas IS e LM, assinale a alternativa correta.
(A) Partindo de uma situação de equilíbrio entre o mercado de bens e o monetário, um aumento nos impostos, tudo o mais constante, desloca a curva IS para a esquerda, refletindo queda de taxa de juros e aumento da renda motivada pelo crescimento do
consumo.
(B) No modelo IS-LM, uma expansão monetária eleva produto e taxa de juros.
(C) Quanto maior for o multiplicador da demanda agregada e maior for a elasticidade do investimento em relação à taxa de juros, mais inclinada será a curva IS.
(D) A função LM mostra as combinações de demanda agregada e as taxas de juros consistentes com o equilíbrio monetário para certo nível dado de saldos monetários reais.
(E) No caso especial da armadilha da liquidez em que a demanda por moeda não é sensível à taxa de juros, a curva LM é vertical e a expansão fiscal provoca efeitos sobre a renda.

Comentários:

(A) Incorreta. O aumento de impostos desloca a IS para a esquerda, reduzindo a renda.

(B) Incorreta. Uma expansão monetária reduz os juros.

(C) Incorreta. Quanto maior for o multiplicador da demanda agregada e maior for a elasticidade do investimento em relação à taxa de juros, menos inclinada (mais deitada) será a curva IS.

(D) Correta. É a definição da LM: o lugar onde temos combinações de juros e renda (demanda agregada) para os quais o mercado monetário está em equilíbrio.

(E) Correta. Na armadilha da liquidez, a LM é horizontal e a demanda por moeda é totalmente sensível aos juros.

Gabarito: D

 

24. A respeito da Curva de Phillips e da oferta agregada, analise as assertivas abaixo.
I. Quando os preços são rígidos, a oferta agregada não é positivamente inclinada.
II. Na ausência de assimetrias de informação, a curva de oferta agregada de curto prazo torna-se mais inclinada na medida em que os salários ajustam-se mais rapidamente a variações no desemprego.
III. No longo prazo, a possibilidade de que políticas ativas de administração da demanda sejam utilizadas para reduzir a taxa de desemprego, trazendo-a para um nível inferior à taxa natural, independe do formato da Curva de Phillips, afinal, no modelo original da curva, o trade off entre inflação e desemprego é permanente.
IV. Se os salários nominais fossem mais flexíveis, uma política monetária expansionista seria mais eficaz em reduzir a taxa de desemprego.
V. A redução da tributação em uma Curva de Phillips negativamente inclinada expande a demanda agregada, reduz o desemprego, mas eleva a taxa de inflação.
É correto o que se afirma em
(A) I, IV e V, apenas.
(B) II e IV, apenas.
(C) I, II e V, apenas.
(D) I, II e III, apenas.
(E) IV e V, apenas.

Comentários:

CABE RECURSO (assertiva I)

I. Correta (a nosso ver, incorreta).

Esta questão deve ser anulada! Quando os preços são rígidos, a oferta agregada será sim positivamente inclinada.Portanto, a questão não apresenta gabarito (uma vez que a assertiva I é falsa).

Segundo N. GREGORY MANKIW, Macroeconomia, 6a. edição, página 276:

Nossa primeira explicação para a curva de oferta agregada de curto prazo com inclinação ascendente é chamada de modelo de preços rígidos.

….

Para verificar como preços rígidos podem ajudar a explicar a curva de oferta agregada com inclinação ascendente, consideraremos, inicialmente, as decisões sobre determinação de preços em empresas individuais, para depois somar as decisões de muitas empresas para explicar o comportamento da economia como um todo.” (GRIFO NOSSO)

Segundo ANA CLAUDIA ALÉM, Macroeconomia: teoria e prática no Brasil, 1ª edição, página 273 (Capítulo 7: Oferta e Demanda Agregadas – Modelo AS/AD):

Como existe a hipótese de rigidez de preços, o reajuste de preços como reflexo do aumento dos custos ocorre de forma moderada ao longo do tempo. No curto prazo, a oferta agregada é representada por uma curva de oferta agregada positivamente inclinada: o aumento dos níveis de produção se reflete  em crescimento dos preços, ainda que de forma moderada.” (GRIFO NOSSO)

II. Correta.

As assimetrias de informação (ou percepções equivocadas) são um dos motivos que fazem a curva de oferta agregada ser positivamente inclinada. Na ausência destas imperfeições no mercado, a curva se torna vertical (portanto, mais inclinada) e a economia tende se equilibrar na taxa natural de desemprego.

III. Incorreta.

No longo prazo, as políticas de administração da demanda (políticas fiscal e monetária) tendem a não alterar a taxa de desemprego da economia, de modo que a mesma permaneça na taxa natural.

IV. Incorreta.

Na hipótese de salários nominais flexíveis (como na teoria clássica), a oferta agregada tende a ser mais vertical, o que faz com que os deslocamentos da demanda agregada (provenientes de política fiscal ou monetária) sejam menos eficazes.

V. Correta.

A redução de tributação é política fiscal expansiva, o que expande a curva de demanda agregada, reduzindo o desemprego e aumentando os preços.

Gabarito: C (a nosso ver, não possui gabarito, face ao recurso da assertiva I).

 

25. Quanto às teorias de inflação e seu combate no Brasil, assinale a alternativa correta.
(A) Os teóricos da inflação inercial separam o processo inflacionário em dois elementos, choque e tendência, dando maior importância ao primeiro.
(B) Dentre as propostas de desindexação da economia brasileira, estava a do choque ortodoxo em que se entendia que a inflação era resultado de cláusulas de indexação que a perpetuavam ao longo do tempo.
(C) Sarney, em 28 de fevereiro de 1986, lança o Plano Cruzado de combate à inflação, adotado de acordo com a proposta de que a causa da inflação brasileira era o excessivo gasto público.
(D) No governo Collor, a tese de que a possibilidade de monetização das aplicações financeiras como resposta à política monetária foi considerada como a principal fonte da inflação e, em seu plano de estabilização, o confisco da liquidez foi utilizado como medida de combate à inflação sem que qualquer congelamento de preços fosse necessário no combate à inflação.
(E) O Plano Real admite certo caráter inercial da inflação brasileira, mas procura combater sua
principal causa: o desequilíbrio nas contas públicas.

Comentários:

Em nossa última aula (Resumão + Questões CETRO), alertamos para a possibilidade de uma questão como essa. Apostamos em alguma questão sobre o Plano Real.

Em relação ao nosso palpite, a banca alargou mais o período, e buscou conhecimentos de épocas mais antigas (década de 80). No entanto,felizmente, o gabarito se encontrava justamente numa das principais características do Plano Real (que vimos na aula): a definição do excesso de gasto público como principal causa da inflação. Por isso, a letra E é o gabarito.

(A) Incorreta. Na inflação inercial, a tendência tem mais importância do que o choque.

(B) Incorreta. Na verdade, entre as propostas de desindexação, estavam choques heterodoxos (como o congelamento de preços). Choque ortodoxo significaria a adoção de políticas restritivas (fiscal e monetária).

(C) Incorreta. Segundo o Plano Cruzado, a causa da inflação brasileira era a inércia inflacionária.

(D) Incorreta. No Plano Collor, houve sim congelamento de preços.

(E) Correta. O Plano Real admitiu a existência de inflação inercial (por isso, houve a U.R.V. – Unidade Real de Valor), mas a principal causa da inflação brasileira era o descontrole dos gastos públicos.

Gabarito: E

 

26. Considerando a economia aberta, assinale a alternativa correta.
(A) No modelo Mundell-Fleming, em regime de câmbio fixo, não é possível implementar uma política monetária independente.
(B) Independentemente do regime cambial vigente e na condição satisfeita de paridade de juros, em uma economia aberta, os efeitos da política monetária contracionista serão a diminuição do produto, o aumento da taxa de juros e a apreciação da moeda doméstica.
(C) A curva J mostra como transcorre, ao longo do tempo, o efeito de uma desvalorização cambial sobre a balança comercial.
(D) A âncora cambial do Plano Real foi adotada via desvalorização devido à necessidade de elevar exportações brasileiras e de aumentar o nível de reservas internacionais no Banco Central.
(E) No caso de uma pequena economia aberta, a política fiscal não exerce impacto sobre a renda quando as taxas de câmbio são fixas.

Comentários:

(A) Incorreta. Política monetária independente é aquela que não influencia outras variáveis como: juros, renda, câmbio (são as relevantes para o Mundell-Flemming). Com câmbio fixo, a política monetária não influencia os juros, nem o câmbio, nem a renda. Assim, com câmbio fixo, ela pode sim ser independente.

(B) Incorreta. Os efeitos da política monetária dependem do regime cambial adotado.

(C) Correta. A curva J é um item relativo ao estudo do “câmbio” e não foi abordado por mim nos cursos em PDF, nem em aulas presenciais ou nas aulas em vídeo. Nós aprendemos que a desvalorização da moeda faz com que as exportações aumentem, e o nível de importações diminua. Ou seja, a desvalorização da moeda melhora o saldo da balança comercial.

Isso acontece, exatamente como vimos em nossas aulas, no entanto, demora um pouco. Existe uma defasagem de tempo, que pode durar até alguns anos! A curva J mostra essa defasagem, esse transcorrer de tempo.

Segundo essa teoria, as transações correntes “caem” durante os primeiros momentos dessa alteração cambial. E isso ocorre quando não se pode deixar de importar. Em um gráfico, a queda faz surgir a figura da “barriga do J”, e a partir daí, após o cumprimento dos contratos antigos, e caso se consiga reverter a balança comercial, é que haverá a possibilidade, no futuro, de se observar se foi cumprida a tendência de se obter algum resultado positivo a partir da desvalorização da moeda (com o aumento das exportações e redução das importações) e iniciar a subida do “J”.

grafico3

(D) Incorreta. A âncora cambial do Plano Real foi adotada via valorização do Real.

(E) Incorreta. No caso de uma pequena economia aberta, a política fiscal  exerce impacto sobre a renda quando as taxas de câmbio são fixas.

Gabarito: C

 

27. Quanto ao sistema financeiro e ao multiplicador bancário, assinale a alternativa correta.
(A) No balanço estilizado do Banco Central, os títulos públicos federais estão lançados como passivo.
(B) Quando uma empresa desconta duplicatas em um banco comercial e recebe o valor descontado em sua conta corrente, não há nem destruição nem criação de moeda. Há apenas deslocamento de saldos monetários.
(C) Depósitos à vista e depósitos a prazo são lançados nas contas do Ativo no balancete consolidado dos bancos comerciais.
(D) Quando a quantidade de depósitos à vista, em relação ao total de meios de pagamento, é aumentada, dada uma quantidade de reservas bancárias em relação ao total de depósitos à vista, maior será o multiplicador monetário.
(E) As operações de redesconto servem basicamente para determinar qual será a massa de recursos que ficará disponível para os bancos comerciais emprestarem.

Comentários:

(A) Incorreta. Os títulos públicos federais são parte do Ativo do BACEN. Geralmente, são títulos que o BACEN comprou do Tesouro Nacional para negociar no open market. Portanto, são ativo do BACEN perante o Tesouro Nacional.

Observação: esta alternativa e a letra C estão no item “Contas do Sistema Monetário” (vistas na Aula 05).

(B) Incorreta. No desconto de duplicata, há criação de moeda. Este foi, inclusive, coincidentemente, um dos exemplos de que tratamos (na Aula 05) para explicar o item de criação ou destruição da moeda.

(C) Incorreta. Esses depósitos são obrigações dos bancos comerciais perante os depositantes (são recursos dos depositantes). Portanto, estarão no Passivo dos bancos comerciais.

(D) Correta. Quando o coeficiente “d” (DV/M1) aumenta, o multiplicador aumenta.

(E) Incorreta. O redesconto significa a operação de empréstimo do BACEN aos bancos comerciais, mas não necessariamente será toda a massa de recursos disponíveis para os bancos comerciais emprestarem (essa massa é constituída, na verdade, em grande parte, pelos recursos dos depositantes).

Gabarito: D

 

28. Considerando o modelo de determinação da renda em economia aberta, assinale a alternativa correta.
(A) Um país que não tenha acesso ao mercado internacional de capitais não consegue equilibrar suas contas de Balanço de Pagamentos.
(B) No modelo de determinação da renda em economia aberta, a inclinação da curva BP dependerá basicamente do grau de propensão a importar da economia doméstica.
(C) A perfeita mobilidade do capital implica igualdade entre as taxas de juros dos ativos nacionais e estrangeiros, independentemente dos fatores relacionados à tributação dos ativos.
(D) Sob a hipótese de um regime de câmbio fixo, uma expansão fiscal não resulta em efeitos reais devido à acomodação monetária requerida para manter o câmbio fixo.
(E) O multiplicador da demanda agregada será menor em uma economia aberta do que em uma economia fechada, independentemente de a economia apresentar superávit ou déficit comercial.

Comentários:

CABE RECURSO (letra B)

(A) Incorreta. O país sem acesso aos mercado internacional de capitais não conseguirá saldo positivo na conta capital e financeira, mas pode conseguir alcançar o equilíbrio no balanço de pagamentos por meio do saldo de transações correntes.

(B) Incorreta (a nosso ver, Correta). CABE RECURSO!

Esta assertiva trabalha com o modelo IS-LM na economia aberta, com a hipótese de mobilidade imperfeita de capitais. É um assunto mais avançado, geralmente não trabalhado pelas bancas. Na maioria dos livros da Graduação de Economia (Mankiw, Blanchard, Dornbusch, Vasconcellos, etc), o assunto não é trazido. A exceção fica por conta do livro do Froyen, que explica muito bem o conteúdo. Aliás, todo o meu conteúdo de IS-LM é retirado deste livro ;-)

A inclinação da curva BP depende de 02 fatores:

– Elasticidade de entrada de capitais em relação aos juros;

– Propensão marginal a importar.

Assim, vejam que a inclinação depende sim da propensão marginal a importar. Agora, observemos a redação da alternativa:

No modelo de determinação da renda em economia aberta, a inclinação da curva BP dependerá basicamente do grau de propensão a importar da economia doméstica.

O termo “basicamente” trazido na assertiva pode levantar alguma confusão, mas devemos ter em mente que “basicamente” não é o mesmo que “somente” ou “exclusivamente”. Ou seja, a assertiva não está transmitindo a mensagem que a inclinação da curva BP depende somente da propensão marginal a importar (isso seria incorreto).

“Basicamente” significa a importância de algo; é um termo utilizado para ressaltar a indispensabilidade do que lhe é essencial. Neste sentido, sim, a inclinação da curva BP depende, “de modo essencial” ou “de modo indispensável” da propensão marginal a importar. Por isso, a alternativa poderia ser considerada correta.

Segundo FROYEN, Macroeconomia, ed. Saraiva, página 587:

A curva BP também será mais inclinada quanto maior for a propensão marginal a importar. Com uma propensão marginal a importar mais alta, um dado aumento na renda irá produzir um maior aumento nas importações.”

Desta forma, nota-se, de modo essencial (ou basicamente), que a inclinação da curva BP depende da propensão marginal a importar.

Por isso, solicita-se a anulação desta questão, pois existem 02 alternativas corretas (B e E).

(C) Incorreta. A perfeita mobilidade do capital implica igualdade entre as taxas de juros dos ativos nacionais e estrangeiros, levando-se em conta que não há custos (nem tributação) para a movimentação dos ativos.

(D) Incorreta. Com regime cambial fixo, a política fiscal resulta em efeitos reais sobre a renda.

(E) Correta. Vejam que, nesta questão de IS-LM na economia aberta, foi colocada uma assertiva sobre o multiplicador Keynesiano. Nesta aula do curso (Aula 04), aprende-se que o multiplicador da economia aberta é menor que o multiplicador da economia fechada.

Gabarito: E (mas solicita-se a anulação da mesma)

 

30. Sobre a Curva de Laffer, analise as assertivas abaixo.
I. Alteração na alíquota tributária afeta o incentivo de ganhar renda passível de tributação.
II. Existe um valor máximo que pode ser arrecadado para determinado nível de taxa de juros e de inflação.
III. O formato da Curva sugere que, se a carga tributária estiver elevada e o governo reduzir a alíquota de um imposto, a arrecadação poderá ser aumentada em vez de diminuída.
IV. Não existe um valor de alíquota tributária ótima que venha a maximizar a receita do governo.
É correto o que se afirma em
(A) I e II, apenas.
(B) II, III e IV, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) III e IV, apenas.
(E) II, apenas.

Comentários:

Questão tranquila sobre um assunto mais tranquilo ainda: a Curva de Laffer!

I. Correta. Alíquotas muito altas podem desincentivar o trabalho, momento em que entramos na parte negativamente inclinada da curva de Laffer.

II. Incorreta. A Curva de Laffer não trabalha com os conceitos de inflação e taxa de juros (ela trabalha com receita tributária versus alíquota tributária).

III. Correta. No trecho negativamente inclinado da Curva de Laffer, a arrecadação pode ser aumentada com uma redução da alíquota tributária.

IV. Incorreta. Existe sim uma alíquota ótima que maximiza a receita tributária.

Gabarito: C

 
31. Acerca da classificação dos tributos, analise as assertivas abaixo.
I. Tributos diretos são aqueles cujo ônus recai sobre o próprio contribuinte.
II. Tributos incidentes sobre a renda ou patrimônio são considerados como indiretos e atendem ao princípio da capacidade de pagamento.
III. Imposto cumulativo sobre vendas de mercadorias é classificado como indireto e atende aos princípios de neutralidade e progressividade.
IV. Impostos seletivos a exemplo dos incidentes sobre bebidas alcoólicas ferem o princípio da neutralidade e são considerados como indiretos.
É correto o que se afirma em
(A) I, apenas.
(B) IV, apenas.
(C) II e III, apenas.
(D) I e II, apenas.
(E) I e IV, apenas.

Comentários:

I. Correta. É exatamente a definição de tributo direto.

II. Incorreta. Tributos incidentes sobre a renda ou patrimônio são considerados como diretos e atendem ao princípio da capacidade de pagamento.

III. Incorreta. Imposto cumulativo sobre vendas de mercadorias é classificado como indireto e não atende aos princípios de neutralidade e progressividade (na verdade, o tributo indireto é classificado como regressivo).

IV. Correta. Impostos seletivos são aqueles cujas alíquotas mudam de acordo com o tipo de produto que é tributado. Por isso, eles provocam mudanças de comportamento nos agentes econômicos. Assim, eles ferem o princípio da neutralidade.

Gabarito: E

 

32. Sobre necessidades de financiamento do setor público, assinale a alternativa incorreta.
(A) O déficit nominal é obtido pela diferença entre os gastos públicos e as receitas públicas.
(B) A necessidade de financiamento do setor público no conceito operacional não considera a correção monetária incidente sobre a dívida fiscal líquida.
(C) O critério “abaixo da linha” observa o déficit público com base na variação da dívida pública, pela ótica de seu financiamento.
(D) No Brasil, as necessidades de financiamento do setor público, bem como a dívida líquida do setor público são apuradas pelo regime de caixa.
(E) As necessidades de financiamento do setor público no conceito primário exclui das necessidades de financiamento nominais o pagamento de juros que incide sobre a dívida fiscal líquida.

Comentários:

Este era um assunto com alto custo/benefício. Alertamos sobre isso na aula de Questões Comentadas do CETRO ;-)

A única incorreta é a letra D.

As NFSP são apuradas por um regime híbrido. Os resultados primários são contabilizados pelo regime de caixa. Já as despesas financeiras líquidas incidentes sobre a dívida líquida do setor público (juros nominais pagos e recebidos) são apuradas pelo Banco Central pelo regime de competência.Ou seja, há uma “mistura”.

Com isso as NFSP, no conceito nominal (que é o mais completo), formadas pela soma do resultado primário e dos juros nominais (despesas financeiras líquidas), são computadas de forma híbrida.

Gabarito: D

 
33. Quanto ao gasto público, assinale a alternativa correta.
(A) A renda não se altera quando o governo aumenta tributos e gastos na mesma proporção, tal que o déficit primário fique inalterado.
(B) De acordo com a equivalência ricardiana, uma redução de impostos financiada pela emissão de títulos públicos não implica aumento de poupança.
(C) O déficit primário no orçamento público faz crescerem o déficit público total e os gastos com pagamento de juros.
(D) Em uma economia sem crescimento real, o endividamento é a única forma de pagar os gastos governamentais.
(E) NFSP no conceito operacional contempla correção monetária e cambial pagas sobre o estoque de dívida.

Comentários:

(A) Incorreta. Assunto sobre Modelo Keynesiano Simplicado: se os gastos e os tributos são alterados no mesmo montante (tal que o déficit ou o saldo do orçamento não mude), a renda será aumentada neste mesmo montante. É o que nos diz o teorema do orçamento equilibrado.

Por exemplo, se os gastos aumentam em 100; e os tributos também aumentam em 100, de tal modo que o déficit primário se mantenha constante, a renda será aumentada também em 100. Portanto, a renda se altera sim.

(B) Incorreta. Uma redução de impostos (exceto se decorrente da redução simultânea de gasto público) tende a não alterar o consumo presente, de tal modo que a poupança tende a aumentar. Afinal, o consumo não muda, e o valor que se paga de imposto diminui. Portanto, sobra mais dinheiro.

Os agentes vão usar a redução de tributos para aumentar a poupança, em ordem para pagar o aumento de tributos que será necessário no futuro.

(C) Correta. É plenamente aceito que o superávit primário serve para pagar os juros e a correção monetária (o serviço ou o custo) da dívida. Vimos isso na Aula de Questões do CETRO (questão 34).

Se temos um déficit primário, então, não haverá recursos para pagar o custo da dívida, de modo que ela será aumentada. Se a dívida é aumentada, consequentemente, o pagamento de juros (incidente sobre essa dívida) também será aumentado.

(D) Incorreta. A tributação e a emissão monetária também são formas de pagar os gastos governamentais.

(E) Incorreta. As NFSP no conceito operacional não contemplam correção monetária e cambial pagas sobre o estoque de dívida.

Gabarito: C

 

35. Tomando por base as funções clássicas do governo, assinale a alternativa incorreta.
(A) O governo tem por função a promoção de ajustamentos na distribuição da renda, criando
condições para a maior eficiência na utilização dos recursos disponíveis na economia.
(B) A manutenção da estabilidade refere-se ao controle do nível agregado da demanda, no intuito de diminuir o impacto social e econômico de crises de inflação e depressão.
(C) A adoção da progressividade tributária é condizente com a função distributiva.
(D) A oferta de bens semipúblicos integra a função alocativa.
(E) A existência do governo se justifica, pois o sistema de mercado não é capaz de, sozinho, desempenhar todas as suas funções econômicas.

Comentários:

Questão um pouco difícil!

Temos um (pequeno) erro na letra A.

Quando o governo promove ajustamentos na distribuição de renda (função distributiva), ele não está buscando condições para uma maior eficiência na utilização dos recursos da economia (função alocativa).

Na verdade, temos um trade-off (um dilema) entre a eficiência e a equidade. Se o governo procurar redistribuir renda, haverá perdas de eficiência econômica, e vice-versa.

Gabarito: A

….

Bem pessoal … é isso! Desejo a todos um excelente resultado no concurso ;-)

Abraços!

Heber Carvalho

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