Olá caros(as) amigos(as),
Aqui estamos novamente! Agora, vamos comentar as questões restantes da prova de Economia do BACEN.
CADERNO DE QUESTÕES – TIPO I – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CARGO DE ANALISTA – ÁREA 06
Julgue os próximos itens, relativos aos regimes cambiais e seus efeitos sobre a economia.
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40 Em um regime com câmbio fixo, a expansão dos gastos do governo implica o aumento da renda e das reservas internacionais de equilíbrio a retração das exportações líquidas.
Comentários:
CABE RECURSO
Na ausência de maior especificação da questão, vamos trabalhar com a regra geral, qual seja: uma situação de curto prazo, e a hipótese de um país pequeno (perante o mundo) e com livre movimentação de capitais.
Em um regime cambial fixo, a expansão dos gastos do governo (política fiscal expansiva) desloca a curva IS para a direita. A taxa de juros interna aumentará, atraindo capital estrangeiro para o país. Como o câmbio é fixo, a autoridade monetária deverá comprar esse excesso de moeda estrangeira, decorrente da entrada de capitais. Isto fará com que o nível de reservas internacionais aumente. Até aí, a questão está correta.
No entanto, ceteris paribus, não haverá retração das exportações líquidas, pois a taxa de câmbio não muda, uma vez que o câmbio é fixo (o governo compra dólares e ocorre o aumento das reservas internacionais, justamente para evitar a desvalorização da moeda nacional perante a moeda estrangeira).
Abaixo, reproduzo um quadro-resumo, extraído de Macroeconomia, N. GREGORY MANKIW, 7a. edição, página 275 (clique na figura para ampliar):
Observe que, com taxa de câmbio fixa, a expansão fiscal (e a monetária também) não afeta o valor de NX (que são justamente as exportações líquidas).
Ademais, por oportuno salientar, a questão apresenta uma incoerência em sua redação, na parte final do texto. Observe o trecho “… implica o aumento da renda e das reservas internacionais de equilíbrio a retração das exportações líquidas”. Ficou faltando algum conectivo antes da expressão “a retração das exportações líquidas”. Isto acaba por inviabilizar o entendimento adequado da questão. Sendo assim, pedimos a anulação da questão, devido a falhas na elaboração e transposição do enunciado para o caderno de provas.
Gabarito: Certo
Solicitação: Alteração para Errado
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41 No regime de câmbio flutuante, a expansão do salário nominal não é capaz de afetar o produto de equilíbrio da economia.
Comentários:
Segundo literatura adotada pela banca, em questões anteriores (questões 34 a 37), um aumento de salário nominal desloca a curva LM para a esquerda (efeito Keynes). Esta foi, talvez, a maior dificuldade desta questão.
Isto acontece porque o aumento de salário (w) faz os preços aumentarem (na análise OA-DA, a curva OA vai para a esquerda, aumentando os preços).
O aumento de preços, por sua vez, reduz a oferta real de moeda (M/P), fazendo com que a curva LM vá para a esquerda. Relembremos uma passagem – já trazida nos comentários da questão 37 – de Macroeconomic Theory, THOMAS SARGENT, página 61:
“An increase in the money wage (the Keynes effect): An increase in w causes the LM curve to shift to the left… ”
Na prática, então, o aumento de salário nominal pode ser comparado a uma política monetária restritiva (que desloca a curva LM para a esquerda). Nós sabemos que, no regime cambial flutuante, a política monetária é eficaz para alterar o produto. Sendo assim, a questão é errada.
Gabarito: Errado
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42 Em um regime com câmbio fixo, o aumento do salário nominal decorrente de política governamental acarreta tanto apreciação da taxa real de câmbio quanto redução das exportações líquidas.
Comentários:
CABE RECURSO
Segundo literatura adotada pela banca, em questões anteriores, um aumento de salário nominal desloca a curva LM para a esquerda (efeito Keynes). Segundo SARGENT:
“An increase in the money wage (the Keynes effect): An increase in w causes the LM curve to shift to the left… ”
Então, o aumento de salário nominal pode ser comparado a uma política monetária restritiva (que desloca a curva LM para a esquerda). Nós sabemos que, no regime cambial fixo, a taxa nominal de câmbio não muda. No entanto, a questão fala em taxa real de câmbio (que depende do diferencial de preços entre os países).
Pois bem, na ausência de maiores especificações, em regra, trabalhamos com o curto prazo. Se a banca quiser que o candidato trabalhe com o longo prazo, o enunciado deve ser expresso neste sentido. Se não houver especificação, em regra, usa-se o curto prazo.
No curto prazo, os preços são considerados rígidos, de tal forma que a taxa nominal de câmbio é igual à taxa real.
Segundo KRUGMAN E OBSTFELD, Economia Internacional, 8a. edição, página 358:
“Não existe apreciação real no curto prazo, como ocorre sob taxas flutuantes de câmbio”.
Desta forma, com câmbio fixo, o deslocamento da LM (decorrente do aumento de salário nominal) não altera a taxa de câmbio (real ou nominal), simplesmente porque o câmbio é fixo.
Outro erro da assertiva está no fato de que, quando utilizamos regime cambial fixo, o termo correto não é apreciação real da taxa de câmbio, mas sim valorização real da taxa de câmbio. Isto, por si só, já torna a assertiva errada.
Segundo BLANCHARD, Macroeconomia, 4a. edição, página 405:
“Uma diminuição da taxa de câmbio sob um regime de taxa de câmbio fixa é chamada de desvalorização, em vez de depreciação, e um aumento da taxa de câmbio sob um regime de taxa de câmbio fixa é chamado de valorização, em vez de apreciação.” (destaques do AUTOR).
Sendo assim, pedimos a alteração de gabarito: de Certo para Errado
Gabarito: Certo
Solicitação: Alteração para Errado
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No que se refere ao plano real e à economia brasileira pós-estabilização, julgue o item abaixo.
43 De acordo com o regime de metas de inflação, adotado no Brasil no referido período de tempo, caso o valor do IPCA acumulado nos últimos dozes meses superasse o teto da meta, o presidente do BACEN deveria escrever carta aberta ao ministro da fazenda justificando o descumprimento, bem como apresentando as providências a ser tomadas para o retorno da inflação ao patamar estabelecido.
Comentários:
Nesta questão, a banca cobrou uma questão muito mais de “Direito” do que de “Economia”. Pela literalidade do Decreto 3.088/1999, que implantou o Regime de Metas de Inflação, temos o seguinte:
Art. 4o. – Considera-se que a meta foi cumprida quando a variação acumulada da inflação – medida pelo índice de preços referido no artigo anterior, relativa ao período de janeiro a dezembro de cada ano calendário – situar-se na faixa do seu respectivo intervalo de tolerância.
Assim, a questão é errada mesmo, conforme gabarito da banca, pois a variação de preços a ser verificada não é dos últimos doze meses, mas sim do período de janeiro a dezembro de cada ano calendário.
Gabarito: Errado
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A respeito das crises financeiras internacionais ocorridas a partir de 2007, julgue os itens subsecutivos.
44. No auge da crise da dívida soberana dos países europeus, o Brasil apresentou a sua mais alta taxa de crescimento do produto interno bruto em relação a das últimas décadas.
Comentários:
CABE RECURSO
A crise da dívida soberana dos países europeus pode ser conceituada com a crise da dívida pública de vários países da União Européia (não é uma crise do PIB dos países, mas sim de suas dívidas, e a consequente capacidade de cada país continuar pagando sua dívida).
Neste rumo, o auge da crise da dívida soberana dos países europeus ocorreu em 2010. Neste mesmo ano, o PIB brasileiro cresceu 7,5%; um crescimento expressivo, portanto.
No entanto, a questão não deixa claro o que vem a ser “últimas décadas”. Serão 02, 03, 04 décadas? Enfim, não se sabe. É muito subjetivo.
Se considerarmos, como “últimas décadas”, apenas as décadas dos anos 2000 e 1990, a questão é correta, pois o crescimento de 2010 (7,5%) foi maior do que em qualquer ano daquelas décadas (2000 e 1990).
No entanto, se considerarmos a década de 1980, a questão já passa a ser errada. Por exemplo, em 1985, o PIB do Brasil cresceu 7,8% (fonte: IBGE); portanto, mais que em 2010 (7,5%).
Desta forma, pela alta carga de subjetividade do termo “últimas décadas”, pedimos a anulação da questão, pois, mesmo para o candidato que sabia os dados de crescimento do PIB das últimas décadas, não era possível inferir com grau de certeza sobre a correção ou não da assertiva.
Gabarito: Certo
Solicitação: Anulação da questão
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45. As operações efetuadas fora de balanço dos bancos foi um dos elementos que afetou a crise financeira do subprime. No entanto, apesar dos efeitos danosos sobre a economia, essas operações são legais do ponto de vista regulatório.
Comentários:
Esta foi, talvez, a questão mais “limpa” da prova ;-)
Temos como exemplo destas operações efetuadas fora de balanço dos bancos, a criação dos SIV (os “bancos virtuais”). Com eles, era possível elevar os índices de alavancagem das instituições de crédito e, assim, driblar as exigências regulatórias. Era algo legal, previsto dentro das leis, apesar de ter provocado sérios danos à economia.
Gabarito: Certo
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Bem pessoal, é isso!
Desejo a todos nós sucesso nos recursos. Vamos torcer pelo bom senso do examinador ;-)
Abraços!
Heber Carvalho
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Caro Helber Carvalho. Desculpe o incomodo a sua pessoa, mais visto em relação do seu conhecimento gostaria de saber se vc poderia me ajudar na solução dessas duas questões de uma bateria que já resolver.
1º- O cambio fixo foi implantado no Brasil em 1994 quando se iniciou o plano de estabilização econômica(plano real). esse modelo provoca algumas interações macroeconômicas no pais, por isso ele é um modelo paliativo, com prazo determinado. nesse sentido, aponte a alternativa que não condiz com os fundamentos desse modelo.
a) o pais fica suscetível a ataques especulativos contra sua moeda.
b) esse modelo tende a provocar fortes déficits na balança comercial do pais.
c) o ponto de equilíbrio é fornecido pelo governo.
d) a moeda tende a tornar-se sobrevalorizada.
e) haverá a subvalorizarão da moeda, beneficiando as exportações.
2.o produto interno bruto(pib) e o produto nacional bruto(PNB) tem pesos relevantes na estrutura econômica dos países. seus dimensionamentos mostram o grau de vulnerabilidade desses países, levando-os a apresentar crescimento ou retração econômica. a equação do PIB contempla:
a) não há diferença, pois são expressões similares
b) o calculo do produto nacional bruto considera a renda liquida enviada do exterior
c) o calculo do produto interno não considerado a inflação
d) o calculo do produto interno bruto considera as transações comercias com o exterior.
e) a expressão produto interno bruto contempla C que é o consumo das famílias, I que é o investimento publico, G - T que é o déficit publico e X-M que é o saldo da balança comercial.