Oi pessoal!
A prova de comunicação, de um modo geral, veio com um nível analítico maior do que o costumeiro em provas do Cespe, mas acredito que estávamos preparados para o que viesse.
Bem, as primeiras questões (51-54) trataram de teoria da comunicação, com mais ênfase nas queridinhas “batidas” de sempre: agenda setting e gatekeeper. A abordagem foi mais analítica e menos técnica do que de costume, mas todos os que entenderam a “lógica” por trás dessas teorias conseguiriam responder corretamente.
O segundo grupo de questões é sobre gerenciamento de crise e, além do conteúdo teórico, o bom senso foi um ótimo aliado para responder essas questões. A questão 55 exclui os assessores de comunicação das tomadas de decisão, o que não é o aconselhado. Para tanto, não precisamos nem nos aprofundar nos procedimentos próprios do gerenciamento de crise, basta nos lembrarmos da premissa da comunicação integrada que percebe a organização como um todo e a comunicação inserida em todas as esferas. Desse mesmo modo, o gabarito da questão 56 não é questionável, uma vez que exclui o alto escalão das decisões.
A questões 57 e 58 são ótimos exemplos de bom senso. Mesmo que você não tivesse embasamento teórico para respondê-las, imagine-se trabalhando num órgão público que está sendo acusado de corrupção. Como você reagiria se as respostas do órgão só chegassem a você pela mídia comum? Agora imagine que, prontamente, a Comunicação Interna envie um comunicado interno com sua resposta para as acusações (antes mesmo de mandar para a mídia comum)? Em que caso você sentiria mais alívio? Que caso contribuiria para um ambiente organizacional mais estável e seguro? Aposto que o segundo, não é?
Agora, para responder à questão 58, pense nessas mesmas situações que citei acima. Esse mesmo comunicado interno serve para “homogeneizar” as respostas dos funcionários em referência aos acontecidos, evitando que eles venham a disseminar em seus círculos sociais (afetando, assim, a opinião pública) equívocos baseados em “achismos”.
Em nossa aula tivemos um esquema gráfico que lhe ajudou bastante a responder o terceiro grupo de questões. Não há restrições para a comunicação circular, portanto, dizer que ela está limitada à gestão das comunicações interna e administrativa é um equívoco – ela diz respeito à comunicação organizacional e não à comunicação interna! Ela compreende toda a comunicação integrada organizacional. A comunicação transversal é aquela que “ignora” a hierarquia e a burocracia. Já a comunicação descendente, como o próprio nome diz, é de cima para baixo… E não a base para o topo como fala a questão 62.
A comunicação em rede, presente no quarto grupo de questões, compreende todos os fluxos e níveis da comunicação organizacional. Em nossas aulas, vimos as redes formais, estabelecidas de forma estrutural e burocrática (não excluindo os meios de comunicação para os quais, principalmente os assessores de imprensa, dirigem-se de maneira oficial), e as informais, que surgem de modo espontâneo e subjetivo. A questão 63 está correta. No entanto, a questão 64 tenta confundir você falando em rede e associando-a à comunicação digital e às novas mídias. Ela fala em convergência e mídias, o que não é uma necessidade da comunicação em rede (entenda: a rede de que estamos falando é a rede de comunicação organizacional e não a internet).
Tratemos agora do quinto grupo de questões. Imagino que a questão 66 pode ter deixado alguém com o pé atrás ao falar de “estrita legalidade”. Pois bem, vimos em nossa aula, que a responsabilidade social e a gestão sustentável transcendem a obrigação legal que envolve organização e comunidade. É mais do que fazer o que está previsto em lei, temendo uma punição. Deve ser um código de conduta enraizado em todas as esferas da instituição, refletindo positivamente no balanço social. Portanto, não se fundamenta na estrita legalidade, apesar e não negá-la.
O Marketing Social usa técnicas mercadológicas para gerir processos de inovação social. Sendo assim. Para Glenn Wasek e Miguel Fontes, o Marketing Social é um modelo de gestão que busca o bem-estar social e a vinculação de intervenções sociais com avaliação e impacto e políticas públicas. Ele busca atacar problemas e carências sociais. Segundo José Araújo, o marketing social tem outros objetivos além do lucro previsto no marketing comercial. Para Kotler, o objetivo é a adoção e comportamentos, atitudes, valores e ideias sociais. As causas são sociais, mas os mecanismos são adaptados ao contexto comercial. A questão 68 está, portanto, errada.
Ainda sobre o quinto grupo e questões, a questão 70 fala que o desenvolvimento sustentável situa-se no presente… Achei essa questão um tanto ambígua, pois o desenvolvimento sustentável situa-se no presente, (ações que fazemos hoje!) mas não compromete a estabilidade organizacional nem social no futuro. Ser sustentável é pensar: “se continuarmos assim nos próximos x anos, minha empresa, a sociedade e o planeta vão conseguir aguentar/sustentar-se?” Acho que essa questão pode ser facilmente interpretada como certa.
Sobre o sexto grupo de questões, na perspectivada comunicação integrada, TUDO o que diz respeito ao processo comunicativo está… integrado. Sem participação restrita e nenhuma parte (questão 71), para objetivos comuns e planejados para a organização (e não pessoais, questão 72), sem considerar ações fragmentadas (mas uma união de partes integradas, questão 73).
Sobre a questão 74: a comunicação mercadológica busca vender, enquanto que a reputação é objeto de trabalho das RP e não o marketing (que é quem mais opera a comunicação mercadológica, junto com a publicidade). Ainda sobre as RP, temos a questão 75, tendo que tratar e cuidar da reputação da organização, é, sim, de sua responsabilidade a comunicação institucional e, a nível interno, ele coordena, junto ao setor de RH, a comunicação interna e administrativa.
No próximo grupo de questões continuamos a falar das RP. Resgatemos o modelo simétrico e duas mãos, segundo o qual deve haver diálogo aberto, contextualização e um bom planejamento para gerir a comunicação organizacional. A ferramenta SWOT é desenvolvida para a análise dos ambientes e sua utilização não se restringe ao Marketing. Todos os departamentos de comunicação integrada devem ter um planejamento estratégico, ou seja, de longo prazo e não meramente táticos.
A questão 79 também diz respeito ao novo modelo de RP, o qual é mais humanizado e contrasta totalmente com a visão baseada em competências e resultados (apesar de não ignorá-los).
Nas questões sobre instrumentos de comunicação interna (80-83) temos:
– Newsletter não são necessariamente impressos, podendo ser enviado virtualmente por email (modelo até mais usado atualmente).
– Como vimos em aula, a intranet tem extrapolado as barreiras administrativas e tem servido para a comunicação instantânea entre os funcionários, incluindo portais e entretenimento, informações e disseminação da cultura (tanto organizacional quanto social).
– House organ é sinônimo de veículos de comunicação para o público interno.
– O memorando é um gênero textual utilizado para a comunicação, especificamente, interna e administrativa, portanto, não se dirige a várias pessoas e órgãos indiscriminadamente.
O próximo grupo de questões (84-87) fala da comunicação digital. Na questão 84, é tratada a funcionalidade das novas tecnologias da informação. Veja bem, essa funcionalidade está relacionada com a capacidade daquela ferramenta cumprir o papel que foi planejado e é esperado. Qualquer meio de comunicação deve ser pensado de acordo com sua adequação à mensagem e ao público. Qualquer meio, inclusive as novas mídias, estão sujeitas a serem usadas e forma errada e a não atingirem os objetivos desejados.
Ainda nessa linha de raciocínio, encontramos a questão 87, que fala de eficiência e eficácia. Apesar de serem usadas assim, não são palavras sinônimas. Para Peter Drucker: “eficiência consiste em fazer certo as coisas e a eficácia em fazer as coisas certas.” A eficácia relaciona-se diretamente com o resultado e a eficiência com a qualidade do método escolhido.
No grupo das questões sobre comunicação pública (88-90), gostaria de destacar a questão sobre a comunicação de serviço (89)… Muito pouco se tem desenvolvido, teoricamente, sobre ela. Essa é uma comunicação que foca os serviços públicos, é direcionada para os cidadãos e não pelos cidadãos. No entanto, na comunicação pública em geral (onde a comunicação de serviços está inserida) é prevista a participação ativa do cidadão. Esse é um ponto em que caberia um recurso, mas muito difícil de defender por não encontrarmos embasamento na literatura com facilidade. E sobre a questão 90, a reflexão em torno do conceito de público e privado é justamente do que trata o estudo de Habermas sobre a esfera pública e privada.
Vamos para o grupo seguinte, sobre imagem institucional. Como vimos em aula, imagem organizacional e identidade corporativa não são a mesma coisa! A identidade é o que e fato define a empresa, sua missão, valores. A imagem é como ela é vista pelos seus públicos.
O último grupo de questões da nossa parte misturou a comunicação digital e as técnicas de redação. Nesse contexto, nada na literatura (e na prática) aponta para a não utilização e hiperlinks nos textos para Internet. Muito pelo contrário… esse é um recurso que enriquece e é característico desse meio. Já uma característica das mídias sociais é a falta de apuração antes da disseminação de ideias. Essa comunicação é marcada pela espontaneidade e instantaneidade.
Devido à praticidade, a pirâmide invertida ainda é bastante utilizada, mas não é o único método utilizado.
É isso pessoal. A prova veio um pouco diferente do que o normal, mas não fugiu daquilo que vimos em “sala de aula” e não vi espaço significativo para recursos. Sei que muitas vezes é uma questão de interpretação e meu ponto de vista pode não estar de acordo com o seu. Se isso aconteceu, vamos conversar e trocar uma ideia. Não se acanhe! Se você acha que deve recorrer, recorra! Você não tem nada a perder, apenas ganhar (ou continuar na mesma…).
Desejo a todos boa sorte, um feliz Natal e um ano novo com uma baita novidade!
Abraços,
Paolla Marletti
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