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Comentário Prova CGM Niterói- Português (Com recurso)

Olá, pessoal. Tudo joia?

Trago aqui o comentário breve das questões da prova CGM Niterói, aplicada no último domingo. A base do gabarito é a prova tipo 1 – BRANCA.

Vamos lá:

1- A primeira frase do texto nega…
A intertextualidade é basicamente a referência a outros textos, o diálogo intertextos. Sabendo da famosa canção de Ary Barroso chamada “fontes murmurantes” o autor imediatamente nega a referência a tal música, explicando que as fontes murmurantes a que se refere são outras (as fontes jornalísticas). Gabarito letra A.

2- O título dado à crônica…
Fontes murmurantes se refere metaforicamente ao murmúrio das fontes, no sentido de cochichos, boatos, especulações. Então, o gabarito deveria ser a letra B. Isso está claramente no texto:

São fontes realmente murmurantes, que transmitem os murmúrios, as especulações e as jogadas inconfessáveis dos interessados.

No entanto, a FGV, sendo FGV, deu como gabarito preliminar a letra E. De fato, as fontes jornalísticas até podem trazer informações sigilosas (na verdade o texto diz que a FONTE é mantida em sigilo, a informação é divulgada), mas a pergunta é a justificativa do título “Fontes Murmurantes”, que está evidente no texto que destaquei acima.

Cabe recurso aqui, segundo a fundamentação acima. Elaborem COM SUAS PRÓPRIAS PALAVRAS e peçam a anulação ou mudança de gabarito, conforme seja melhor para cada um.

3- O mesmo sentido da palavra sublinhada…
Aqui temos uma sutileza. Em “as fontes são outras” e “são outras as visões desse fato”, outras funciona como adjetivo, com sentido de “diferentes”. Nos demais casos, “outras” é pronome indefinido e tem esse sentido de indeterminação. A FGV costuma cobrar essa diferença em frases como:
Outra mulher voltou da Europa (uma mulher indefinida)
A mulher voltou outra da Europa (voltou diferente, transformada, renovada).

Gabarito letra A.

4- Diante do debate…
No texto, temos a passagem: “…sou contra esse tipo de sigilo e, sobre tudo, contra as fontes em causa”. Em seguida, temos: “O sigilo das fontes beneficia as fontes, e não o jornalista…”
Tais passagens sustentam o gabarito na letra B: O autor é contrário ao sigilo das fontes, pois este protege mais os informantes do que os jornalistas.

5- Depreende-se do texto que…
Esse enunciado é bastante perigoso, porque pede o motivo pelo qual, segundo a crônica, a maioria dos jornalistas defende o sigilo das fontes. Pois bem, segundo a crônica, os jornalistas defendem o sigilo baseados no dever de informar a sociedade. Veja o trecho literal que traz essa informação, segundo a crônica:
“Os defensores do sigilo das fontes se justificam como dever de informar a sociedade.”
Deveria haver uma alternativa com esse teor. Não há. O gabarito oficial aponta para a letra D: os defensores do sigilo querem defender as fontes de possíveis riscos… (Quais riscos? O risco de responsabilização por informação falsa, que é realmente pertinente ao texto, está na letra E, que não foi considerado gabarito)

No entanto,

6- Nesse segmento do texto…

Vejam o problema:

Aqui a banca diz “nesse segmento do texto, o autor nos informa que…

O segmento é: Evidente que fui mais furado do que um ralador de coco.

O gabarito da banca, no entanto, foi uma informação que está em “OUTRO SEGMENTO”, no período seguinte, não no segmento destacado!

Mas não fiz minha carreira no jornalismo na base de furos,
que nunca os dei e nunca os levei a sério, uma vez que a
maioria dos furos são, por natureza, furados.

Dessa forma, entendo que, olhando para o segmento que a própria banca destacou, o “furado” tem sentido de “enganado” e o gabarito é letra B.

7- o segmento do texto destacado….
Uma vez que não indica tempo, indica causa. Gabarito letra E.

8- Assinale a opção que apresenta…
Veja: O sigilo das fontes beneficia as fontes, e (mas) não os jornalistas. O E tem sentido adversativo, como também sinaliza a vírgula antes do E. Gabarito letra D.

9- As opções a seguir apresentam os argumentos…
O autor não diz expressamente que os furos prejudicam o bom jornalismo. Nas demais opções temos sim fatores que fazem o autor ser contra o sigilo das fontes. Gabarito letra B.

10- O texto 1 é visto como uma crônica jornalística…
Nessa, deve caber recurso. No enunciado dessa questão, a mim parece que a FGV não deixou plenamente claro se o candidato deveria marcar uma característica “mais adequada” (termo bem vago, diga-se de passagem) da crônica, da crônica jornalista em geral, ou da crônica jornalística específica que trouxe na prova. Isso porque diz “considerando o texto lido” e traz entre as opções características consideradas gerais, mas que podem não estar no texto lido. Então, creio que queria cobrar o que de fato está no texto lido e, mesmo assim, não trouxe uma característica absolutamente específica da crônica jornalística, que é um texto híbrido que pode ou não ter as características listadas. Assim sendo, o que observamos na crônica é a diversidade de vozes, pois temos a voz do autor, que também traz a voz (opinião) dos jornalistas e também cita uma máxima (outra voz). Há sim, por traz da voz principal, outra vozes, então esse é provavelmente o gabarito.

Contudo, podemos sim argumentar que os parágrafos são logicamente ordenados, embora isso não seja restrito à crônica jornalística; há momentos de uso linguagem popular (furos mais furados que ralador de coco), embora não seja “constante” como a banca diz. Então, embora o gabarito esteja na letra A, que fala dos parágrafos bem ordenados, essa não é a única característica presente no texto, tampouco é exclusiva da crônica, sendo também típica do texto dissertativo-argumentativo.

11- Entre os segmentos a seguir, assinale…
A intertextualidade com o discurso religioso está na referência aos mandamentos supremos. Precisaríamos lembrar os “Dez mandamentos”. Cuidado com as alternativas que se referem à inquisição: embora seja um evento histórico relacionado à igreja, não é propriamente um vocabulário do discurso religioso. Gabarito letra A.

12- Leia o segmento a seguir…No segmento, o termo que funciona como complemento…
Referência é um substantivo abstrato derivado de verbo e pede complemento. Fazemos referência A alguma coisa. Essa “coisa” é então o complemento de Referência, introduzido por uma preposição gramatical, exigida pela regência do nome.
Então, temos exemplo de complemento em: referência às fontes murmurantes
Nas demais opções, os temos são apenas adjuntos adnominais (D e E) ou adverbiais (C e B), não são complementos obrigatórios. Gabarito letra A.

13- A relação de semelhança…
Essa questão admite mais de uma resposta, pois podemos sim dizer que, olhando amplamente, ambos os textos têm sim alguma relação com a atividade jornalística e com o tema da liberdade de expressão. Também poderíamos pensar que publicar uma notícia falsa ou “furada” (texto 1) ou uma notícia\charge que ofenda injustamente uma categoria sejam ambas “falhas na atividade jornalística”. Contudo, fazendo uma análise específica, podemos dizer que o primeiro texto fala de sigilo e veracidade das informações e o segundo fala de liberdade de expressão e de censura prévia. Dessa forma, ambas as questões são temas ligados à atividade jornalística. Gabarito letra D.

14- Sobre os componentes desse segmento…
Façamos esta por exclusão:
a) A leitura da charge não é “indispensável”, pois o texto já declara o teor da charge, não seria necessário lê-la. Eliminamos a letra A.
b) A charge tem um conteúdo de humor suficiente em si mesmo, lendo a charge dez anos antes ou depois de hoje, ainda haveria um elemento de humor em um bandido vestido de policial assaltar um policial vestido de bandido. Além disso, a charge é o contexto da outra notícia, mas não depende dela. No entanto, a banca entendeu que a charge só faz sentido no carnaval, só porque fala de pessoas fantasiadas de policial ou de bandido. Olhando no google, recentemente houve diversos casos em que bandidos se fantasiaram de policiais para roubar e não é carnaval há muito tempo; enfim…
c) O termo “em que” se refere a “charge”. Eliminamos a letra C.
d) A categoria citada refere-se aos policiais. Eliminamos a letra D.
e) Esta se refere a atitudes que ferem a liberdade de expressão, o que, segundo a FGV é o problema judicial. Foi uma forma muito muito indireta mesmo de dizer que a ação movidas pelos policiais fere a liberdade de expressão. Na verdade, o texto diz que o problema é com o judiciário, quando a atitude veio dos policiais (processar os jornalistas fere a liberdade de expressão, não “ter um problema com o judiciário”; também não foi dito em nenhum momento qual foi a ação do judiciário. Este é o gabarito, com ressalvas.

Então é isso, pessoal! Prova pesada! Qualquer dúvida, entrem em contato!

 

Fotos da prova:

Coordenação

Ver comentários

  • Olá Professor, tudo bem? Na questão 14, discordo da análise que explica a eliminação da letra E.

    O texto dizia "...atitudes como esta ferem a liberdade de expressão". Ora, "atitudes" já é um termo semanticamente genérico por estar no plural que não especificou a que atitudes se está referindo. O demonstrativo "Esta" vem justamente para fazer referência a algo já dito anteriormente que especifique que atitudes são estas a que o autor está se referindo. Quem " ferem a liberdade de expressão" ? São as "atitudes como Esta". Mas esta qual ?
    A atitude específica que foi citada no texto (no 1o parágrafo) é "...o caso de processos sendo movidos por policiais do Espírito Santo contra o jornal A Gazeta". Ou seja, "Esta" refere-se sim - semanticamente - ao problema judicial = "caso de processos sendo movidos...".

  • Felipe,

    Muito obrigada pela correção.

    Gostaria de ponderar com você também a possibilidade de recurso para a questão 6.

    "Ser furado" no jargão jornalístico é levar furo dos "coleguinhas" de outros jornais que cobrem o mesmo assunto que você e conseguem publicar uma informação que você não tem.

    "Fui mais furado do que um ralador de coco." Cony evidentemente quis dizer que já levou muitos furos jornalísticos de colegas que protegem suas fontes, coisa que ele nunca fez.

    Por isso, acho incoerente dizer que ele "foi enganado por muitas fontes."

    Marquei a opção C:
    "nunca divulgou fatos ainda desconhecidos."

    Acho que a banca interpretou indevidamente o jargão.

    Aguardo seu retorno.

    Abraços e obrigada!

  • Felipe,

    Muito obrigada pela correção.

    Gostaria de ponderar com você também a possibilidade de recurso para a questão 6.

    "Ser furado" no jargão jornalístico é levar furo dos "coleguinhas" de outros jornais que cobrem o mesmo assunto que você e conseguem publicar uma informação que você não tem.

    "Fui mais furado do que um ralador de coco." Cony evidentemente quis dizer que já levou muitos furos jornalísticos de colegas que protegem suas fontes, coisa que ele nunca fez.

    Por isso, acho incoerente dizer que ele foi "enganado por muitas fontes."

    Marquei a opção C:
    "nunca divulgou fatos ainda desconhecidos", apesar de ainda não ser a opção ideal.

    Acho que a banca interpretou indevidamente o jargão.

    Como podemos sustentar um recurso como esse?

    Aguardo seu retorno.

    Abraços e obrigada!

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