A realização dos concursos jurídicos nos permite conhecer e passar por variadas experiências.
Passei algum tempo fazendo concursos e me deparei com algumas situações no mínimo cômicas.
Certa vez, morando em Brasília-DF, fiz uma inscrição (entrega de documentos pessoais) para o concurso de Procurador da República (velho sonho que possuía, graças a Deus passou). Como morava com meu irmão, o levei para se ambientar no mundo dos concurseiros e aquela era a oportunidade perfeita, pois encontraríamos os diversos candidatos (detalhe: fui arrumado a caráter, terno, gravata, roupa social; afinal, queria causar uma boa impressão).
Meu irmão nunca foi afeto ao serviço público e, sempre brincalhão, aquele era o momento adequado para tirar o “sarro” dos colegas concorrentes, como dizem os nordestinos.
Fui entregar os documentos numa sala pequena e lá a servidora os recebeu e me desejou boa sorte (engraçado é que sempre fazem isso). Meu irmão ficara lá fora juntamente com os demais concorrentes, segundo ele, destrinchando o mundo dos livros.
Entrego os documentos e volto ao local de saída, quando percebo alguns candidatos querendo falar comigo sobre aprovações, livros, bibliografias, etc, questões essas que eu também estava em dúvida. O mais estranho é que como estava arrumado de roupa social e aparentava ter uns 35 anos ou mais (muitos anos na linha de roça no interior do Piauí), todos me chamavam de doutor, procurador, autoridade, servidor.
Eu também não me desfiz das qualificações profissionais que me deram (afinal queria ser algo importante, pelo menos na teoria) e passei a falar de livros, artigos, resumos, etc, sem que os colegas soubessem que era eu quem queria saber os que ditas pessoas usavam.
Evidentemente que achei meio estranha a conversa, pois eu não era nada daquilo que me chamaram. Contudo, sabia que tinha dedo de meu irmão naquela questão toda.
Indagado sobre a história, meu irmão sorriu e me contou o seguinte: ele estava sentado me esperando ao lado de vários candidatos, os quais conversavam sobre concursos. Ele aproveitou-se da situação de minhas vestimentas (roupa social) e, como eu não estava estava por lá, disse aos concorrentes que o irmão dele (eu) já era “grande autoridade”, procurador regional de alguma coisa, que havia sido aprovado em 1º lugar e só não havia passado na NASA pois inexistia certame público.
Disse também que era ele que estava se inscrevendo no concurso (nunca fez faculdade nenhuma, só a da vida) e que era bom os concorrentes ficarem atentos, pois uma vaga era dele e seria aprovado em primeiro lugar (num sei como, mas ele inventou essa grande história). E mais: todos estavam perdendo tempo ali, pois deveriam ficar estudando (o homem era ruim).
Da dita conversa de meu mano, adveio a série de questionamentos dos concorrentes sobre os métodos de estudos e aprovação (detalhe, nunca havia sido aprovado para cargo de Procurador da República). Inclusive perguntaram se a pessoa que contou a minha história era irmão e eu respondi que sim, pois havia aprendido no interior do Piauí que não se desmente irmão.
Com essa história, conseguiu meu irmão fazer o bem, pois muitos concorrentes saíram com dicas de estudos e foram estudar mais ainda!
Disso tirei as seguintes conclusões: não leve familiar para fazer inscrição em concurso público; nunca vá de roupa social realizar inscrição e, se seu irmão “aumentar os fatos” concorde com ele, mesmo que esteja errado, pois pode acabar fazendo o bem a alguma pessoa.
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Parabéns um exemplo ...de vida...e dedicação e disciplina..para me incentivar que tudo e possível...Deus no comando sempre... Atenciosamente Vitor Paulo Rocha Kaminski...