Câmara Municipal do Rio de Janeiro – Comentários às provas de Atualidades – Níveis médio e superior
Olá, pessoal! Espero que tenham feito excelente prova. A prova da Câmara Municipal do Rio de Janeiro enfatizou alguns pontos extremamente específicos, além de conceitos sócio-políticos. Interessante apontar a relevância de estudar conceitos como globalização, neoliberalismo e pós-modernidade, entre outros. Em meus cursos, costumo apontar para esses conceitos, mas muitos alunos não percebam a importância desses conhecimentos. Aproveito a oportunidade para reafirmar que não basta saber simplesmente os fatos atuais, é fundamental compreender suas vinculações históricas e analisá-los criticamente. Dito isto, vamos às provas:
ASSISTENTE TÉCNICO LEGISLATIVO – PROVA 1
21 – Questão bastante difícil. O assunto é direitos humanos, mas é uma questão mais de história do que de Atualidades. Particularmente, entendo que o candidato não teria obrigação de saber quais os países que não ratificaram a Convenção, entretanto, infelizmente, não foi assim que a banca pensou. De fato, EUA e Somália não ratificaram o documento. Letra b é o gabarito.
22 – Questão fácil. A questão poderia ser feita mediante conhecimentos de Administração, Direito Administrativo ou simples conhecimento do mundo atual. O texto faz referências às ONGs, que são entidades fora do Estado, mas, ao mesmo tempo, sem fins lucrativos. Muitos autores relacionam o surgimento das ONGs ao mundo globalizado e também ao neoliberalismo, já que com a diminuição do Estado surge a necessidade de entidades que atuem em áreas não abrangidas por ele. Letra a é o gabarito.
23 – Questão difícil. Para mim, a dificuldade maior seria o candidato identificar a diferença entre o conservacionismo e o preservacionismo, uma vez que semanticamente os vocábulos são próximos. Não vejo o porquê de a banca ter cobrado este conhecimento, pois essas são vertentes filosóficas dentro do ambientalismo. Apesar disso, a diferença entre elas é que o preservacionismo entende que qualquer interferência do homem no meio ambiente é nociva, enquanto que o conservacionismo entende que é possível intervir de forma racional e equilibrada. Letra d é o gabarito.
24 – Questão fácil. Primeiramente, caso o candidato não soubesse a resposta, uma forma de chutar seria percebendo que o nome dos autores no texto são italianos. Apesar de isso não significar que necessariamente a Itália é a resposta, essa seria uma maneira de tornar o chute mais racional. De fato, a Itália é considerada um país extremamente corrupto, o que pode ser observado por meio de casos famosos como o do ex-primeiro ministro Silvio Berlusconi. Letra c.
25 – Questão difícil. Particularmente, se eu fosse fazer a prova, não teria estudado a Lei Orgânica do Município. Não adotaria essa estratégia, pois o custo benefício seria muito ruim. O candidato seria obrigado a estudar uma lei inteira para responder apenas uma questão sobre o tema. Acredito que poucos candidatos sabiam responder essa questão. Segundo o parágrafo único do art. 133 da LOMRJ, “não se aplica ao Conselho Municipal de Educação a vedação de remuneração estabelecida neste artigo”. Letra a.
No geral, não achei a prova bem formulada, cobrando especificidades e pontos que dificilmente seriam estudados pelos candidatos. Contudo, não vi possibilidades de recurso.
ANALISTA LEGISLATIVO SEM ESPECIALIDADE – PROVA 1
21 – Questão fácil. Não era necessário sequer ter o conhecimento de todas as informações apresentadas nas alternativas, pois a letra c é bastante evidente. Como sabemos, a China, apesar de ter um sistema de partido único, tem um mercado aberto a multinacionais. Letra c.
22 – Questãomuito difícil. A questão trouxe conhecimentos relativos à Convenção do Cairo de 1987, tema pouquíssimo cobrado em concursos públicos. Segundo Claudia Miola Lima, “em 1987 surgiram as Diretrizes do Cairo, que foram elaboradas com o propósito de orientar os Estados no gerenciamento dos resíduos perigosos. Contudo, não teve validade jurídica naquele momento, entretanto mais tarde serviram de base para a formulação do plano de discussão dos tópicos que constituíram a Convenção de Basiléia”. Sinceramente eu mesmo não saberia responder essa questão, tive que pesquisar para fazê-lo. Apesar de não entender qual é a importância de se cobrar isso, o gabarito da banca está correto. Letra a.
23 – Questão fácil. A questão trata de Intervenção Federal, o que é assunto de Direito Constitucional e não de Atualidades. Infelizmente a banca não teve essa sensibilidade. Como a CF/88 consta na bibliografia, não acredito que a questão seja anulada. A intervenção é um mecanismo de controle constitucional típico do modelo federativo de Estado e sua função é garantir a autonomia dos entes. Letra d.
24 – Questão fácil. Mais uma vez ressalto a importância de conhecermos conceitos que ajudam a entender o mundo atual. Ao longo do curso, vimos que a sociedade contemporânea se caracteriza pela globalização e, em maior ou menor grau, pelo neoliberalismo, apesar de a crise de 2008 ter sido uma crise deste paradigma. Sem dúvida alguma o texto faz referência a esses dois conceitos. Letra b.
25 – Questão muito difícil. Considero essa questão muito difícil, porque é impossível imaginar que os candidatos deveriam saber qual é o tema de cada conferência sobre direitos humanos. Gostaria de dizer que é muito fácil elaborar uma questão com esse nível de dificuldade, pois é só escolher uma informação extremamente específica e elaborar uma questão de prova. Afinal, será que o examinador sabe o tema de cada conferência sobre direitos humanos ou será que ele consultaria o Google? Infelizmente provas realizadas por bancas inexperientes estão sujeitas a isso. Infelizmente há bancas que não avaliam conhecimentos realmente relevantes para o cargo nem o conhecimento dos candidatos. De todo modo, os temas foram mulher e assentamentos. Sim!: eu consultei o Google. Letra c.
Pessoal, infelizmente não vi nenhuma possibilidade de recursos. No mais, achei a prova mal elaborada, cobrando demasiadamente especificidades em alguns assuntos. Não acredito que este seja o melhor modo de se elaborar uma prova. Esse tipo de prova não nivela por cima, porque cobra pontos que ninguém saberá responder. Infelizmente não nos cabe mais o que fazer, mas fica registrada minha opinião como professor e concurseiro.
Qualquer dúvida, sugestão ou crítica enviem para [email protected]
Abraços,
Rodrigo Barreto