Cabe recurso contra a questão 12 da Prova de Português TRT 11ª Região
Olá, pessoal! Cabe recurso contra a questão 12 da Prova de Português TRT 11ª Região.
Refiro-me à prova de Analista Judiciário, prova A01, tipo 3.
A questão apresentou o gabarito preliminar como alternativa (B), mas isso depende de um efeito estilístico, e acredito que seja interessante entrarem com recurso, o qual transcrevo abaixo.
Primeiro, veja a questão:
Um detalhe: omiti o texto porque conseguimos comentar sem mesmo voltar a ele.
12. A assertiva que a gramática normativa aprova é:
(A) (linha 12) Se, em vez da caracterização original do processo, houvesse uma outra formulação, ela estaria correta, por exemplo, assim: “se trata de um processo cujo desfecho dependerão várias religiões”.
(B) (linhas 6 e 7) Em que um dia lhe valeu o desgastado título que o aclama como “o maior país católico do mundo”, o pronome destacado pode ser substituído por “a ele”, sem prejuízo do sentido e da correção originais.
(C) (linha 1) O pronome destacado em Três em cada quatro brasileiros se consideram católicos determina que se entenda a frase como equivalente a “Três em cada quatro brasileiros são considerados católicos”.
(D) (linha 4) A função do pronome esse restringe-se a sinalizar que o país referido é aquele que vem anunciado, logo em seguida, como o maior e mais populoso da “América católica”.
(E) (linhas 6 e 7) Em que um dia lhe valeu o desgastado título que o aclama como “o maior país católico do mundo”, o pronome destacado tem sentido possessivo, como em “Colocou-lhe no dedo a aliança prometida”.
Comentário: A alternativa (A) está errada, pois o verbo “dependerão” rege a preposição “de”. Assim, o objeto indireto seria: “de cujo desfecho”.
A banca elegeu a alternativa (B) como correta, mas devemos entender que o verbo "aclama" é transitivo direto, o sujeito é o pronome relativo "que" e o objeto direto é o pronome átono "o", o qual não admite a preposição “a”.
Possivelmente a banca vá querer sustentar o gabarito, haja vista um possível efeito estilístico, por meio do objeto direto preposicionado, porém tal efeito é desnecessário para a clareza e para a estrutura sintática, que muito bem já havia sido organizada por meio do pronome átono "o".
A alternativa (C) está errada, pois o pronome “se” se encontra, pelo contexto, na função de pronome reflexivo, pois a pessoa considera a si mesma católica. Assim, não cabe, neste contexto, o pronome apassivador, sugerido na alternativa.
A alternativa (D) está errada, pois se sugeriu que esse pronome tivesse valor catafórico, isto é, que fizesse referência a uma informação posterior. Porém, tal pronome faz referência a uma informação anterior e seu recurso é anafórico.
A alternativa (E) está errada, pois o pronome “lhe” ocupa a função de objeto indireto e não apresenta valor de posse, como sugere a alternativa.
Gabarito: B
Base de recurso:
Senhor avaliador,
Quanto à alternativa (B), da questão 12, da prova A01, tipo 3, peço verificar a possibilidade de ter havido uma incoerência na consideração de ser esta a afirmação correta. Isso se baseia na ideia de que o verbo "aclama" é transitivo direto, o sujeito é o pronome relativo "que" e o objeto direto é o pronome átono "o", o qual não admite a preposição “a”. Possivelmente a banca entendeu aí um possível efeito estilístico, por meio do objeto direto preposicionado, porém tal efeito é desnecessário para a clareza e para a estrutura sintática, que muito bem já havia sido organizada por meio do pronome átono "o".
Vale lembrar as palavras do renomado linguista Evanildo Bechara em sua Moderna Gramática Portuguesa, quando se refere, à página 343, ao objeto direto preposicionado:
"A preposição quase sempre aparece para evidenciar o contraste entre o sujeito e o complemento, não se confundindo com o caso do posvérbio, porque este repercute na significação do verbo."
Observemos que a intenção do linguista foi afirmar que poderia haver, em determinada situação, uma confunsão entre o sujeito e o objeto direto, como, por exemplo, na antecipação do objeto direto: Ao gato mordeu o cachorro.
Sem a preposição, haveria, sim confusão entre o objeto direto e o sujeito.
Porém, na oração "que o aclamou", não cabe confusão entre o sujeito "que" e o objeto direto "o".
Entender a simples troca do objeto direto "o" por "a ele" seria admitir, salvo melhor juízo dessa renomada banca, que o critério estilístico passaria a um simples subjetivismo do autor, o que na verdade não cabe.
Ressalta-se o outro critério do emprego do objeto direto preposicionado pelo renomado linguista: o posvérbio. Neste caso, seriam verbos que mudam o matiz semântico, por exemplo em casos como "beber a água/beber da água", "comer o pão/comer do pão".
Certamente, esse caso não está vinculado ao contexto da questão.
Por tudo isso, peço a revisão da questão e uma possível anulação.
Moçada, infelizmente, tenho passado por um período meio crítico por problemas de saúde de pessoa da família.
Assim, não conseguirei comentar toda a prova agora, mas me disponho a ajudar na observação de outros possíveis recursos.
Assim, se você discorda do gabarito de outra questão e realmente já procurou observar tudo o que foi possível e não conseguiu, deixe sua mensagem abaixo. Eu analiso a questão e complemento este artigo.
Desde já, grande abraço a todos!
E a gente vai se vendo por aí!
Décio Terror