Banco Central: Quadro atual é crítico, diz chefe de Pessoal. 1.850 vagas já foram pedidas
Guardião da moeda, supervisor do sistema financeiro e balizador da política monetária. Foram essas as atribuições, fundamentais para o desenvolvimento do país, destacadas pelo chefe adjunto do Departamento de Gestão de Pessoas (Depes) do Banco Central (BC), Delor Moreira dos Santos, em entrevista exclusiva à FOLHA DIRIGIDA, para dar a certeza de que o governo atenderá ao pleito da autarquia, de recomposição dos seus quadros por meio do concurso, solicitado no fim do mês passado ao Ministério do Planejamento. (Leia também matéria exclusiva sobre os próximos concursos: Demanda de 1.090 admissões em 2013)
Caso não conte com novas seleções, o BC poderá ver o seu quadro reduzido a cerca de apenas metade das 6.470 vagas previstas em lei para os cargos de técnico, analista e procurador, até 2014. ?A nossa situação está caminhando para ficar muito crítica?, alerta o dirigente. A expectativa na autarquia é que o Ministério do Planejamento autorize ainda este ano pelo menos parte das 1.850 vagas pedidas, sendo 400 para técnico, 1.330 para analista e 120 para procurador.
?Esperamos, sim, que esse concurso seja autorizado este ano, para que possamos colocar pessoas no Banco Central a partir do mês de outubro ou novembro do próximo ano, porque estamos com muitas aposentadorias?, projetou Delor, argumentando que em 2012 já foram registradas 282 aposentadorias, o que dá uma média similar à do ano passado, quando 382 servidores servidores do banco passaram à inatividade.
O chefe adjunto do Depes afirmou que para o cargo de técnico, provavelmente, será oferecida ?uma quantidade muito expressiva de vagas? na área de suporte técnico-administrativo, cujo requisito é apenas o ensino médio completo. Já com relação ao cargo de analista, o banco estuda a possibilidade de reduzir o número de áreas oferecidas no concurso (na última seleção, aberta em 2009, foram seis), o que não impactará na abrangência da oportunidade, uma vez que o cargo é aberto aos graduados em qualquer área de formação.
FOLHA DIRIGIDA – O Banco Central encaminhou ao Ministério do Planejamento um pedido de concurso para 1.850 vagas, sendo 400 de técnico, 1.330 de analista e 120 de procurador. A expectativa é que sejam autorizadas todas as vagas?
Delor Moreira dos Santos – A solicitação de 1.850 vagas é uma estimativa que o Banco Central fez da sua necessidade até o final de 2014, não é uma coisa para imediato. Então, estamos estimando que o ministério autorize uma parte dessas vagas.
Como vai funcionar? Serão dois concursos ou apenas um, com o provimento escalonado, parte em 2013 e parte em 2014?
O ideal para o Banco Central seria que fosse somente um concurso, que (o Ministério do Planejamento) já autorizasse esse provimento total, ainda que escalonado no tempo. Agora, se o ministério autorizar só uma parte, vamos ter de fazer dois concursos. Se ele autorizar o total, poderemos fazer um concurso apenas, porque realizar um concurso é muito trabalhoso e muito desgastante. Então, se pudéssemos fazer um único concurso, seria muito melhor. Mas vai depender realmente de como o ministério conduzirá o assunto.
Existe a informação de que já há um entendimento entre o Banco Central e o Planejamento para que esse concurso seja autorizado ainda este ano. Como está a perspectiva de autorização?
Nós esperamos, sim, que esse concurso seja autorizado este ano, para que possamos colocar pessoas no Banco Central a partir do mês de outubro ou novembro do próximo ano, porque estamos com muitas aposentadorias. Para dar uma ideia, só este ano tivemos 282 aposentadorias, até hoje. No ano passado tivemos 382. Fizemos concurso em 2009, admitimos 887 servidores e estamos hoje com um número de servidores menor do que estávamos antes de ter feito aquele concurso. A nossa situação está caminhando para ficar muito crítica.
E quando seria publicado o edital?
Queremos publicar o edital, no máximo, três meses após a publicação (da autorização). Se tudo ocorrer conforme imaginamos, em fevereiro ou março do próximo ano estaremos publicando esse edital.
Seria um único edital ou editais separados e simultâneos?
Gostaríamos de fazer dois concursos separados. Um para técnico e um para analista. E se houver o de procurador, um terceiro para procurador. Editais separados facilitam muito o nosso trabalho.
Normalmente os cargos de técnico e analista são distribuídos por áreas. Como será desta vez? Técnico, por exemplo, teve em 2009 vagas para a área de Segurança Institucional, que tem requisitos específicos, e para a área de apoio administrativo, cujo requisito é apenas o nível médio. Como será a distribuição por áreas?
Para os técnicos, provavelmente, teremos uma quantidade muito expressiva de vagas na área 1, de suporte técnico-administrativo. E para analista, ainda estamos discutindo se vamos manter as mesmas áreas ou se reduziremos um pouquinho, simplificar um pouquinho o concurso, e a distribuição por área vai depender então da decisão que for tomada a respeito do número de áreas e de quais áreas.
Há também a questão da distribuição por localidades. O Banco Central está presente em dez capitais, e o senhor já chegou a afirmar que o Rio de Janeiro, por exemplo, pela sua característica de atuação, certamente será um dos contemplados com vagas. É isso mesmo?
Olha, eu estou convicto de que vamos colocar servidores em todas as dez praças, inclusive no Rio de Janeiro. Os números é que eu não posso precisar.
E o BC também aplicará provas nas dez praças, como costuma fazer?
Com certeza. Entendemos que é interessante, é importante que o Banco Central realize provas nas praças nas quais ele oferece vagas, ou nas praças onde ele tem representação, que é o tradicional nosso.
E para quem já quer começar a se preparar, o edital do concurso anterior é uma boa base? Como o senhor pode orientar esse estudo?
Eu diria que 90% do que está ali, em termos de conteúdo, será apenas atualizado e aproveitado no próximo concurso. Alguma mudança, só eventual, possivelmente em função de algum ajuste de demanda que as unidades do banco façam ao nosso departamento.
O banco já fez contato com alguma organizadora para realizar esse concurso?
Ainda não. Nós terminamos o estudo técnico e encaminhamos ao Ministério do Planejamento. A partir de agora é que vamos começar os estudos com vistas a nos preparar para o próximo concurso. Inclusive, com relação à consulta às organizadoras.
E qual será a validade do concurso? O Banco Central tem a tradição de convocar além do número inicial de vagas, até por contar com uma validade, em geral, extensa: um ano, com possibilidade de prorrogar por igual período. No último concurso isso aconteceu, e foram preenchidas mais vagas do que o edital trazia. Para o próximo, qual deve ser a validade?
Depende também de como o ministério (do Planejamento) conduzirá o assunto. Se o ministério autorizar todas as vagas que pedimos para 2013 e 2014, provavelmente faremos um concurso com uma validade maior. Caso contrário, provavelmente, faremos um concurso com validade de um ano, como temos feito nos últimos concursos.
O Banco Central é um órgão estratégico do governo. Quem está tentando ingressar no banco pode ter a certeza de que essas oportunidades previstas irão se consolidar?
Com certeza. O Banco Central está entre as carreiras típicas de Estado, ao lado da magistratura, da segurança, Polícia Federal, por exemplo, da diplomacia. O Banco Central é o guardião da moeda, é o supervisor do sistema financeiro, o balizador da política monetária. Estamos entre as principais carreiras do Executivo, e as pessoas que queiram vir trabalhar no Banco Central, certamente, sentirão muito orgulho de contribuir de maneira bem significativa para o desenvolvimento do país.
Fonte: Folha Dirigida