Bancas também erram!
Bancas também erram! Mas às vezes algumas erram com força!
Venho aqui comentar uma questão que demonstra que muitas vezes as bancas vacilam.
O problema não é um erro na questão, pois a banca, ao perceber o problema, anula-a e isso não prejudica os candidatos.
O problema é a permanência no erro…
Vamos a uma questão do Instituto AOCP, que exemplifica isso:
(INSTITUTO AOCP / PC-ES Auxiliar Perícia Médico-Legal 2019)
Fragmento do texto: Essa nova forma de “fazer a segurança pública” é também resultado do processo de democratização das polícias. Em sociedades democráticas, as polícias desempenham várias outras funções além de lidar com o crime. Exige-se que ela esteja constantemente atenta aos problemas que interferem na segurança e bem-estar das pessoas e atenda às necessidades da população tanto de forma reativa (pronto-atendimento) como também pró-ativa (prevenção).
Em “Exige-se que […]”, é correto afirmar que o “se” é
A) partícula apassivadora.
B) índice de indeterminação do sujeito.
C) partícula expletiva.
D) indicador de sujeito acusativo.
E) partícula reflexiva.
Comentário: O verbo “Exige” é transitivo direto, o pronome “se” pode ser apassivador e a oração “que ela esteja constantemente atenta aos problemas” é o sujeito paciente: oração subordinada substantiva subjetiva. Note que podemos trocar a oração substantiva por “isso”: Exige-se isso.
Para termos certeza de que há pronome apassivador, devemos trocar a voz passiva sintética “Exige-se isso” pela passiva analítica “Isso é exigido”.
Assim, a alternativa (A) deveria ser a correta, porém a banca deu o gabarito como a alternativa (B), de uma forma altamente parcial e sem um respaldo gramatical.
Se você está surpreso com a não anulação da questão, veja a justificativa da banca para a manutenção da alternativa (B) como a correta:
“JUSTIFICATIVA: Prezados Candidatos, em resposta aos recursos interpostos, temos a esclarecer que a questão será mantida, tendo em vista que, para funcionar como indeterminante de sujeito, a partícula ‘se’ deve vir acompanhada um verbo transitivo indireto, um verbo intransitivo, um verbo de ligação ou um transitivo direto, em casos de objeto direto preposicionado, sendo este último a ocorrência em questão. A transmutação de tipo de construção passiva não é, por si só, critério de apassivação, assim como a natureza dessas ocorrências não são específicas de determinados tipos verbais (apenas transitivos, por exemplo).” (grifos meus)
Caríssimos alunos, onde está a preposição para se considerar que há objeto direto preposicionado? A banca confundiu a palavra “que” como supostamente uma preposição. Um erro gritante desse é lamentável para a importância que uma banca tem no concurso, na vida das pessoas que se dedicam ao estudo.
Bom, como sempre falamos, banca é constituída de gente, gente que também tem seus defeitos, erros…
Gabarito: B
Deixei esta questão aqui comentada para que se evite que um aluno estude julgando pelo gabarito que há neste caso índice de indeterminação do sujeito.
Comente aqui embaixo o que achou deste artigo e não deixe de ler os anteriores.
Grande abraço, meus amigos!