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Auditora Fiscal da Receita Federal – Minha jornada até a aprovação!

Boa tarde concurseiros!

Sou a Jaqueline Oliveira, Auditora Fiscal da RFB e nova coach aqui no Estratégia Concursos!  Quero compartilhar com vocês um pouco da minha experiência em concursos públicos e como consegui chegar ao cargo que ocupo hoje.

Tudo começou lá em 2001, quando fui despedida de meu primeiro emprego na iniciativa privada. Cursando o primeiro ano da faculdade de comércio exterior e com bastante dificuldades em conseguir trabalho, fiz a minha primeira prova de concurso público, para uma sociedade de economia mista (SEM). Eram apenas três vagas e eu queria muito umas delas, tendo me dedicado demais para tal certame. Depois de uns dois meses de preparação, logrei aprovação em terceiro lugar e fiquei muito feliz. Entretanto, a nomeação não chegava nunca e eu precisava trabalhar.

Consegui um novo emprego na iniciativa privada e continuei prestando concursos públicos: Caixa Econômica Federal, Emdec (Empresa pública aqui em Campinas), Nossa Caixa Nosso Banco, Técnico do INSS, prefeituras, entre outros, obtendo aprovação em alguns deles. Nesse intervalo de tempo, veio a minha nomeação para a sociedade de economia mista. Era 2003 e eu já cursava o terceiro ano da faculdade.

Depois de empossada, acabei me decepcionando com algumas coisas que lá vi e decidi radicalizar: orientada e incentivada por alguns amigos feirantes, saí completamente da área administrativa e comprei um ponto comercial no Ceasa Campinas, conhecido como “pedra”. Isso mesmo, passei a vender legumes e verduras, numa tentativa de dar um upgrade na minha vida financeira!

No início eu continuava com o outro emprego, cumulativamente à faculdade e ao trabalho na Ceasa, que, às segundas, quartas e sextas, iniciava-se as 4:30hs. Em pouco tempo o desgaste e o cansaço me consumiram e fizeram com que eu perdesse o emprego na SEM, já que lá eu era uma celestista como qualquer pessoa da iniciativa privada e eu dormia sentada todos os dias na frente do computador (rsrs). Decidi que era a hora de “entrar de cabeça” naquele negócio e ficar apenas lá, enquanto concluia meu curso superior.

Terminada a faculdade no ano de 2005, fiz planos pessoais e durante os anos seguintes fiquei sem pegar em um livro sequer. Foi quando minha irmã mais velha me falou sobre a abertura do concurso de TRF – técnico da receita federal, atual analista-tributário, que a chama dos concursos se reacendeu, e eu decidi voltar a estudar. Entretanto, com o trabalho esgotante como feirante (às vezes trabalhava aos domingos) e demais obrigações da minha vida pessoal, fiz uma preparação ruim, utilizando apenas apostilas fracas e poucas horas de estudo, principalmente nas horas em que não havia movimento no meu ponto comercial na CEASA.

Fiz a prova no ano de 2006 e tive a primeira grande frustração “concurseira” da minha vida. Acertei apenas 50% da prova e vi meu sonho de alcançar o cargo público mais longe. No entanto, eu persistente que sou, decidi que iria trabalhar na Receita Federal. E, em maio de 2007, desfiz-me da “pedra”, guardando dinheiro suficiente para me manter em casa por um ano.

Nesse mesmo mês surgiu o concurso para técnico da justiça federal e eu me interessei pelo salário e benefícios, ainda que objetivasse a Receita Federal. Eram apenas três vagas para 9.000 inscritos, para toda a região de Campinas e ouvi de muitas pessoas que eu estava defasada e não iria conseguir. Fiz minha inscrição, estudei loucamente e logrei aprovação em 9º lugar, em agosto de 2007. No dia seguinte, retomei os estudos para a receita federal.

Continuava estudando errado, apenas por apostilas. Até que conheci algumas pessoas que estudavam para a área fiscal e que me incentivaram a prestar o concurso para o cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal, e que isso deveria ser feito com livros, tais como os do Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo. Peguei o edital “gigante” de 2005 e tomei um susto: a maioria das matérias eu nunca tinha visto na vida. Mas me interessei muito, pois além de estar formada em Comércio Exterior (claro que pensei na Aduana), havia cursado o ensino médio juntamente com o técnico em Contabilidade. Ahhhh, eu sempre adorei essa matéria!

Mas como nem tudo são flores, iniciei os estudos e logo vieram as dificuldades. Em pouco tempo o dinheiro acabou e nada de vir minha nomeação. Para ajudar, eu sofria demais para aprender economia e naquele tempo não havia cursos tão bons como os que temos hoje, principalmente on-line. Eles surgiram apenas no fim da minha preparação. Pensei várias vezes em desistir, principalmente quando comecei a estudar informática. Aquilo não entrava na minha cabeça, mas acabei ultrapassando essa barreira e veio o ano de 2008.

No referido ano eu adoeci. Fiquei tão ruim que mal podia estudar. As horas caíram de 6-8/dia para 2. Passava a maior parte do tempo buscando médicos e tratamentos e ninguém descobria o que eu tinha. Em meio a várias dificuldades, veio minha nomeação para a justiça federal em dezembro/2008. Eu estava tão ruim naquela época que ia para o trabalho com uma sacola de remédios. Graças a isso, quase perdi minha vaga e colhi muitas consequências por aquela entrada desastrosa, que apenas com muito tempo e esforço eu conseguiria reverter. Apesar de tudo isso, em momento algum deixei de sonhar com o cargo de Auditora Fiscal. Muito pelo contrário: eu utilizava qualquer horário vago para estudar, ainda que fossem os 50 minutos restantes do meu horário de almoço, ou o retorno para casa, quando ouvia aulas e assistia vídeos.

Em meados de 2009 veio o concurso para o ICMS-SP e resolvi arriscar. Abandonei as matérias que não eram concomitantes ao concurso de Auditor Fiscal e devorei o regulamento do ICMS. Entretanto, para minha frustração, deixei de estudar ITCMD e IPVA, por conta do tempo exíguo entre edital e prova, e houve cobrança grande desses tributos na prova específica. Também não consegui responder boa parte das questões da P1, a prova de conhecimentos gerais, e faltaram apenas três pontos para minha aprovação.

Recolhi os cacos e voltei a estudar para o cargo de Auditor Fiscal da RFB em poucos dias, afinal Deus tinha outro propósito para mim. Em setembro de 2009 veio o edital. Quanta decepção: seis novas matérias, retirada de apenas duas e inclusão das discursivas. Seis. Isso mesmo, seis discursivas. Eu não sabia se comorava a chegada da prova ou se chorava. Aliás, chorei bastante porque não conseguia tempo para estudar, e sabia que concorria com pessoas que tinham bem mais tempo para estudar que eu.

Arregacei as mangas e comecei a estudar também as matérias novas. Hora do café da manhã, almoço (levava uma marmita para não perder tempo), caminho para casa e, quando lá chegava, banho e jantar eram acessórios. Eu sentava na frente do computador e estudava até não aguentar mais. E assim todos os dias até a chegada do concurso, em dezembro de 2009.

Na primeira fase do concurso (testes), eram três provas: sábado à tarde e domingo o dia todo. Quando terminou o segundo dia de provas eu tinha certeza da minha aprovação, bastava aguardar o gabarito. Quando este saiu e eu verifiquei que tinha as notas mínimas em todas as matérias, além de quase 80% na prova toda, começou outro suplício: a demora na publicação do nome dos aprovados para a prova discursiva, sim, porque embora eu acreditasse na aprovação, só teria certeza dela após verificar o Edital de convocação.

Nesse interregno, entre a realização das provas objetivas e publicação dos nomes dos aprovados para a segunda fase, realizei a prova de analista-tributário, para a qual também logrei aprovação, e uma cirurgia. O problema foi que meu dentista me garantiu que em 15 dias eu estaria boa, entretanto, passado esse prazo eu não aguentava segurar minha própria cabeça, quanto mais voltar a estudar para as discursivas, tendo perdido preciosos dias de estudo.

A licença médica para a cirurgia acabou e tive que voltar a trabalhar na Justiça Federal. Em alguns dias saiu o resultado do concurso da Receita e não estava estudando por conta das dores, para as discursivas. Entrei em desespero e, orientada por uma colega, pedi férias à diretora, para que pudesse repousar e claro, estudar. Fiz o que pude, estudei todos os dias, minutos e segundos que pude para as temidas dissertativas. E fiz o que devia: apesar das quase oito horas escrevendo, entreguei as seis redações e senti um alívio indescritível.

O que mais me recordo é que durante a minha preparação para o concurso de Auditor Fiscal eu vislumbrava todos os dias como seria aquele em que obteria a minha aprovação. Como me sentiria e qual seria minha reação. Eu me imaginava “jogando” ctrl+f na tela do DOU e digitando meu nome. E isso fez com que eu estudasse com afinco, ainda que fosse feriado, fim de semana ou apenas aqueles 50 minutos que me restavam no horário de almoço, cansada ou não, abrindo mão da minha vida social e de vários momentos em família.

Em março de 2010, tudo aconteceu como eu imaginava e havia trabalhado para tanto. Ao digitar meu nome no DOU, ele surgiu: entre a 150º e a 160º posição (acabei ficando em 163º, após os recursos). Aquele foi o dia mais feliz da minha vida. Aquele em que acreditei que a meritocracia existia. Muitas emoções vieram, com o curso de formação e a demora na nomeação. Mas nada superou aquele em que “joguei” ctrl + f e meu nome apareceu!

Ao término de toda essa jornada, eram cerca de 20 cadernos de 200 folhas e muitos e muitos livros. Muitas horas de aulas on-line e pdf´s. Eu devorava exercícios, provas anteriores. Resumia absolutamente tudo, ainda que nunca mais olhasse para o resumo. Se tivesse que ler o mesmo livro três vezes, eu lia. E só parei quando passei. Se eu tivesse um coach com certeza esse caminho seria mais curto e menos sofrido. Sim, muito mais objetivo. Apesar de tudo, eu faria tudo de novo se fosse necessário. Nada me dá mais orgulho do que saber que tudo que conquistei foi fruto do meu esforço, garra e determinação.

Desejo a todos vocês que não desanimem durante a sua própria jornada. Um dia poderão olhar pra trás e ter orgulho de tudo que fizeram e, mais do que isso, colher os frutos do seu trabalho!

Podem contar comigo! A partir de agora, estou aqui para ajudar!

Grande abraço,

Jaqueline Raquel Vaz de Oliveira – Coach do Estratégia Concursos.

Pode deixar seu comentário e/ou pergunta, lerei e responderei a todos.

 

 

Jaqueline Raquel

Ver comentários

  • Gostei. Mostra muitos obstáculos vencidos. Para mim, nem todo aprovado em concurso merece meus aplausos. Preciso de alguém em que eu veja o reflexo de minhas dificuldades. Alguém chega para mim e diz: "Eu estudo 10 horas por dia, tenho um coach etc". Eu trabalho, tenho obrigações fora do trabalho. Tempo líquido de estudo por dia? Umas 03 horas.

    • Boa noite Dickson!
      Se precisar de um coach estou aqui! rsrs
      É isso mesmo. A história é pra incentivar, mostrar que é possível para qualquer um, respeitados os desafios a que cada um está sujeito.
      Eu intercalei 9 meses de estudos em casa, com mais um ano e meio de estudos concomitantes com o trabalho. Foi bem mais complicado, porém possível.
      Continue com as três horas, aproveitando-as da melhor maneira possível.

      Obrigada!

  • É admirável sua garra e força de vontade, porém estudar dessa forma ''abrindo mão da vida'' pra mim é um absurdo, eu já fiz isso durante 2 anos e digo q não vale a pena, ainda que você seja aprovado como foi meu caso. Estudar tem q ser algo natural e progressivo, e não algo maçante e robótico, transformando a vida da pessoa em um inferno, mas infelizmente essa é a lógica do capitalismo, faz com q as pessoas prefiram empregos ''seguros'' e chatissimos a trabalhos mais edificantes e prazerosos. Quanto ao coach, eu acho q o estratégia está '' delirando'' colocando esses valores de 5 mil reais.

    • Victor, boa noite!
      Por mais que tentemos às vezes escrevemos menos do que gostaríamos. Eu abdiquei de vida social quando saiu o edital. Também consegui estudar de maneira mais tranquila durante o período em que fiquei sem trabalhar. O maior problema que enfrentei foi quando adoeci mesmo e na época da nomeação para técnica judiciária. Quando saiu o edital, aí sim eu “vegetei” rs. Como o edital do ICMS e da receita foram publicados num prazo muito exíguo, acabei emendando praticamente seis meses de estudos intensos.
      Quanto a preferir empregos chatos e seguros, concordo com você. Não dá pra passar o resto da sua vida fazendo algo que não gosta. Já presenciei isso tanto na justiça quanto na receita federal. Felizmente esse não é meu caso, pois sempre apreciei contabilidade e serviços burocráticos. Agora com o curso de direito estou ainda mais feliz!

      Muito obrigada pela participação.

  • Sua história me tocou muito. Também "tomei pau" em 2009, tanto na Receita quanto no Sefaz. Desisti. Resolvi retomar os estudos no ano passado. Trabalho freneticamente aqui na região de Campinas, não estudo como gostaria. Como faço para entrar em contato com você, Jaqueline? Um abraço!

  • Oi jaque acompanhei um pouco dessa trajetória, que embora difícil e com muitos obstáculos foi linda. Parabéns.

    • Oi João, tudo bem? Quanta saudade de você! Muito obrigada por ter feito parte dessa história!

      Super beijo!

  • Nissan Jacqueline, que Linda historian. Inspiradora o que e Mais importante. Estudo desde 2009 e home sou concursada ha 3 Amos, mas nao consign sentient que min ha caminhada terminou. Hoje com Familia, 2 filhas o que me sobra e estudar de Madrigada. Fiz um concur so ha um mes que o primeiro classification fez 92 questoes...figures trust pensando she ainda Tenno condicao de passer concorrendo com pessoas q tem tan to tan to tempo para estudar...USA historian me due for a para continual. Obrigada

    • Michelle, boa tarde! Não se preocupe com a concorrência não. Continue se esforçando e estudando o tempo que puder. Pense na possibilidade de ter um coaching que possa te ajudar a se organizar.
      Boa sorte!
      Abraços.

  • Emocionante, muito emocionante mesmo! Histórias como essa tem que estar na "parede motivação" de qualquer concurseiro da Receita. Parabéns mesmo por muitos motivos e dentre eles, a sua resiliência. Muitos no seu lugar usariam as circunstâncias para se justificar e não estudar, não correr atrás!

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