Olá pessoal, no
artigo de hoje trago uma questão estilo Cespe e comentários sobre a crise que
se instalou no Mali país africano até
então pouco comentado por aqui.
(Questão inédita) O Mali, na África, faz
fronteira com oito países e está entre os mais pobres da região. Dos cerca de
12 milhões de habitantes, mais da metade vive abaixo da linha da pobreza.
Incertezas políticas e um histórico de golpes de Estado fazem parte do
cotidiano do Mali. Nos últimos anos, a instabilidade aumentou com a ação de
grupos extremistas islâmicos que tentam combater o governo do país. No dia 29
de janeiro de 2013, a União Africana (que reúne 42 nações) debate a crise. A
localização do Mali faz com que o país se transforme em área estratégica tanto
para extremistas quanto para forças oficiais, atingindo todas as nações
próximas.
(http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-01-21/entenda-crise-no-mali)
Em relação à crise que se instalou no Mali,
julgue os itens a seguir:
1) Os primeiros sinais de problemas
começaram a surgir mais clara e consistentemente em janeiro de 2012, quando o
grupo rebelde tuaregue Movimento Nacional para a Libertação de Azawad passou a
utilizar armas em busca de mais autonomia para o sul do país. Essa situação
levou à queda do ditador do país, em março do mesmo ano, Amado Toumani Touré,
que já esta há mais de quinze anos no poder. Na mesma época, houve um êxodo de
refugiados e a instabilidade na região aumentou.
2) A
intervenção militar francesa no Mali decidida no dia 11 de janeiro de 2012 pelo
presidente François Hollande com o pretexto de combater o terrorismo e impedir
o avanço dos grupos islâmicos para as regiões do Sul implicou um resultado
dramático: um grupo islâmico que se reivindica com um braço da Al Qaeda
proveniente do norte do Mali atacou uma usina de gás situada na localidade de
Amenas, na Argélia, fazendo aproximadamente 600 sequestrados .
Comentários:
1) Errado. A
questão começa correta, porém o Movimento Nacional para Libertação de Azawad não
buscou autonomia para o sul do país, mas sim para o norte. Além disso, Amado
Touré não era um ditador, mas sim um presidente democraticamente eleito, que
foi deposto por um golpe militar em março de 2012. Os grupos extremistas
islâmicos, que representam três comandos distintos, ocupam o Norte do Mali,
enquanto o governo tem o controle do Sul. Os grupos extremistas que atuam no
Norte do Mali são a Al Qaeda do Magrebe Islâmico (Aqmi), o Ansar Dine Movimento
para a Unidade e a Jihad no Oeste Africano (Mujao). Em decorrência dos
confrontos entre os extremistas e as forças do governo, o número de refugiados
aumenta diariamente, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os
Refugiados (Acnur).
2) Correto. A
França decidiu intervir militarmente no Mali, no início de 2012, e essa situação
acabou gerando a revolta de grupos extremistas que agem na região. Um desses
grupos atacou uma usina de gás na Argélia e fez um número bastante alto de reféns,
aproximadamente 600 segundo informações não oficiais. Os sequestradores exigiam
que as tropas francesas deixassem o Mali. Sobre essa situação destaco uma notícia
de Eduardo Febbro publicada pela Carta Maior em 21 de janeiro de 2012. Vejam só
alguns trechos dessa matéria: (…) Um grupo islâmico que se reivindica com um braço da Al
Qaeda proveniente do norte do Mali atacou uma planta de gás situada na
localidade argelina de Amenas, ao sudeste do país e perto da fronteira com a
Líbia. O comando da Aqmi (Al Qaeda no Magreb islâmico) sequestrou 41 pessoas,
em sua maioria estrangeiros norteamericanos (71), franceses (2), noruegueses
(13) e japoneses e reteve dentro da planta mais de 600 empregados argelinos. O
assalto inicial à planta de gás explorada pela companhia nacional Sonatrach,
juntamente com a britânica British Petroleum e a norueguesa Statoil deixou um
saldo de mortos, um britânico e um argelino. Mas 24 horas depois da operação
lançada pelos homens da Aqmi, o exército argelino agiu para libertar os reféns.
As informações sobre o saldo de vítimas ainda são confusas: a imprensa argelina
fala da morte de 14 ou 49 pessoas, entre reféns e sequestradores. As agências
internacionais falam de seis reféns e oito jihadistas mortos, mas a agência
árabe ANI e o canal Al Jazeera asseguram que há 34 reféns mortos e 15
sequestradores. Seja como for, o governo argelino reconheceu que havia vítimas
entre os reféns. (…)A operação montada pelos integrantes da Al Qaeda no
Magreb islâmico está ligada à intervenção militar francesa no Mali realizada a
partir de uma leitura muito parcial da resolução 2085 do Conselho de Segurança
das Nações Unidas que no dia 21 de setembro de 2012 aprovou o deslocamento de
uma força da União Africana (UA). (…)Este episódio ocorre no momento em que a
França mudou sua estratégia de intervenção no Mali. As tropas francesas, um
total de 2.500 homens, ou seja, mais do que as que estavam mobilizadas no
Afeganistão, começaram a combater corpo a corpo com os islâmicos que tentam
dominar as cidades do sul de Mali. A configuração desta guerra decidida pelo
presidente socialista François Hollande mudou imediatamente com a permeável leitura
que Paris fez da resolução 2085 do Conselho de Segurança da ONU. O Conselho não
autorizou de modo algum a intervenção direta de um país ocidental e, menos
ainda, com tropas em terra. A resolução só fala de um apoio logístico da
Europa, mas não a participação de tropas. (…) A escolha da Argélia com alvo
também se explica pela solidariedade que Argel manifestou com Paris a propósito
da intervenção militar no Mali. Em sinal de apoio, a Argélia anunciou que
fecharia sua fronteira com o Mali para impedir que os grupos islâmicos se
refugiassem na Argélia. Tarde demais. A guerra parece encantar as opiniões
públicas ocidentais, sobretudo quando o alvo são muçulmanos ou islâmicos. Cerca
de 75% da opinião pública mundial respalda a decisão do presidente socialista
de entrar no conflito de Mali. Agora, porém, com esse sequestro coletivo e a
quantidade de mortos que deixou a operação para libertá-los o conflito adquire
uma dimensão muito mais internacional e imprevisível. O governo socialista agiu do mesmo
modo que o ex-presidente conservador Nicolas Sarkozy com a resolução 1373 que
autorizou em 2011 o emprego da força na Líbia, ou seja, interpreta as
resoluções como bem entende. São as tropas e os aviões franceses que lutam
agora no terreno em apoio ao derrotado exército de Mali. Neste sentido, a
França intervém fora do marco da resolução da ONU, mesmo que as autoridades
aleguem que o governo interino do Mali pediu a intervenção expressa de Paris..
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Abraços e até a próxima,
Rodrigo.
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