Começaremos bem! Com polêmica! rs
Na realidade não se trata de uma decisão simples, como razoavelmente possa parecer. No meu caso envolvia Razão x Emoção.
Quando iniciei os estudos, ou melhor, quando passei a cogitar voltar aos bancos escolares, e lançar-me novamente no mundo dos concursos, estava certo da área que eu queria: área policial. Quem nunca sonhou em vestir o uniforme da Polícia Federal?
Aos 26 anos, recém casado e sem filhos, eu era Tenente da Marinha, Fuzileiro Naval (eitaa!). Teoricamente com a vida já “encaminhada”. Mas (porém, entretanto, contudo, todavia) a contrario sensu, estava insatisfeito. Por que não alçar voos mais altos?
Desde criança, e trago até hoje, sempre tive uma paixão fervorosa pela área policial, mas era contido pelos meus pais em virtude do risco indiscutível da atividade. Lembro-me de certa vez, lá pelo ano de 2006, quando ainda cursava o ensino médio no Colégio Naval (saudoso barco amarelo), após receber a alegre notícia que um grande amigo entrara para Academia da Polícia Militar do RJ, decidi prestar concurso também, abandonar a carreira de oficial da marinha e abraçar a carreira de oficial da PMERJ. Meus pais não aceitaram, e eu prometi a mim mesmo que caso repetisse de ano, ou tivesse alguma intercorrência no curso do Colégio Naval, a minha primeira opção seria a Polícia. Acabei delegando minha decisão ao destino e aos desígnios de Deus. Passei de ano e não tive problemas, logo, não fiz a prova da PMERJ, e me formei Oficial da Marinha.
Como o bom filho à casa torna, coube, então, ao destino tornar este imbróglio novamente à minha vida. Cá estava Eu, 10 anos depois, a decidir novamente se prestaria concurso para área policial ou não. Mas desta vez não deleguei o que cabia a mim.
Eu era Fuzileiro, lado operativo da marinha, adorava armas, tiro (ainda gosto! rs), tinha porte de arma, estava certo que o próximo passo seria a Polícia Federal, e motivação não faltava. Envergar aquelas letras amarelas garrafais nas costas, escrito “Polícia Federal”, olha que sensacional!
Já na fase de planejamento de estudos conversei com algumas pessoas, dentre elas o meu irmão mais velho, Dihego Antonio (com H mesmo), pessoa na qual sempre me inspirei, um norte. Ele, que é Auditor da Receita Federal, tratou de trazer à razão alguns aspectos que à época não me pareciam tão factíveis, mas pelo respeito que sempre tive por seus conselhos, os ouvi.
A carreira policial é atrativa, tem status, é vibrante, autoridade em pessoa, mas exige de você abnegação, entrega; é um estilo de vida. Além disso, e especialmente em se tratando de Brasil, é uma atividade de alto risco. Escolher passar a vida inteira sendo operativo é uma decisão complexa, e, por mais que tenha também muito trabalho administrativo, existe o risco de vida inerente da “condição” de “ser policial”.
A carreira fiscal, além de possuir uma média salarial bem acima (salvo exceções), é atrativa, tem status (é carreira de estado) e não exige de você tanta entrega. Risco, existe, mas nem tanto. Para os que querem adrenalina, existe na Receita Federal uma área específica que combate o contrabando e o descaminho. Operativo, usa armas, dá tiro. Cansou? Volta para trás da mesa e passa ao trabalho intelectual.
Trazendo para a realidade, um grande amigo chamado de Diego (esse sem H), Ex-Policial Civil do RJ, atualmente Auditor Fiscal Municipal, confidenciou:
“A área fiscal oferece um risco de vida bem menor se comparado a área policial, apesar de existir. Lá as operações eram constantes. Não conseguia sequer programar minha vida, por ser constantemente acionado, inclusive aos finais de semana. Os plantões, então, eram muito desgastantes.
(…)
A remuneração pesou muito para trocar de área. Na área fiscal é muito atrativa.”
Pois bem, eu também pensava da mesma forma, mas decisões como essa exigem maturidade e sabedoria, pois ao longo da vida alguns valores, crenças pessoais e até propósitos mudam.
Hoje, aos 31 anos, casado, pai de um filho de 2 anos, não sou a mesma pessoa de anos atrás. Amadureci bastante, evolui como ser humano, e o risco que até então estava disposto a assumir, hoje não mais cogito. Consigo olhar para trás certo de ter tomado a decisão correta, sem arrependimento, ainda que permaneça sendo um grande entusiasta da carreira policial, dos que arriscam sua vida em prol da sociedade.
Abracei a área fiscal, estudei muito (contabilizei cerca de 3.000 horas líquidas), fui aprovado em dois concursos, além de outros nos quais não fiquei classificado nas vagas, e hoje sou Auditor da Receita Municipal. Exerço uma função importante para a sociedade, amo o que faço, além de ter uma excelente remuneração, flexibilidade e tempo. Minha “veia policial” carrego na minha Taurus 838C (porte de arma para Auditores Fiscais: um bom tema para um próximo artigo! rs) que anda comigo sempre que julgo necessário e seguro o suficiente para me manter vivo.
Como falei no início, não é uma decisão fácil. Não se trata de qual função é mais nobre. Essa foi minha história, minha experiência. Envolve fatores objetivos e subjetivos, principalmente propósitos de vida. O mais importante é tomar a decisão que lá na frente não lhe traga remorso ou arrependimento.
Fé e Café!
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Bom dia
Passei por isso recentemente, estudo para tribunais e nunca pensei em mudar para outra área, mas com o tempo o estudo fica "maçante" então resolvi procurar uma motivação e encontrei na galera que estuda para as áreas policiais toda aquela empolgação mexeu comigo e por muito pouco não fui para o lado "dark" rs, ainda sinto muita admiração pela carreira policial, mais minha razão me faz ficar nos tribunais rsrsr....
Olá, Geane. Muito bacana saber que passou pela mesma experiência. Realmente a motivação dos alunos da carreira policial é fora do comum, acredito que pela própria natureza da atividade que demanda esse espírito de vibração. Agora que voltou ao seu estado "normal", use a motivação que lá encontrou. Boa sorte!
Excelente artigo! Parabéns ao autor! Muito esclarecedor!
Obrigado pelo feedback, Renan. Isso nos encoraja a escrever mais. Sucesso!
Ótimo artigo! Escolha muito pessoal... eu decidi pela área fiscal, rumo ao fisco com Rodrigo!
Obrigado pelo feedback, caro Bruno. Não importa a escolha (Fiscal ou Policial), o importante é tomar decisões com sabedoria para não se frustrar mais à frente. Rumo ao Fisco. (Ps.: Bruno é um nome iluminado, tenho grandes amigos de sucesso que se chamam Bruno!rs)
Toda decisão precisa ser muito bem pensada. Ótimo texto demonstrando sua experiência.
Verdade, Cintia. Grato pelo carinho!
Muito bom artigo! Estou passando por isso. A muitos anos estudo para carreiras policiais, mas parece que a idade esta chegando e estou muito pensativo em mudar de área. Muito bom saber que não é só eu que passo por isso.
É muito bom saber que não somos só nós a passar por isso, e mais ainda saber que posso de alguma forma orientar. Pense com muita calma, não é fácil "abandonar" um sonho. Sugiro colocar todos os fatores que te influenciam para escolher ou não, e pensa-los juntamente com sua família (pais, esposa, filhos,...). Tomar decisão sozinho é sempre mais difícil.
Nossa, excelente artigo. É a realidade de muitos. Hoje estudo para área policial, mas no futuro engrenarei na área fiscal, visto que requer ainda mais tempo de estudo e maturidade.
Meus parabéns, pelo excelente trabalho.
Desejo muito sucesso em sua jornada.
Muito obrigado pelo carinho, querida Samantha. Parabéns pelas suas escolhas e determinação! Sucesso!
Nobre colega, fale um pouco mais sobre seu porte de arma ("porte para auditores fiscais")! Peço com base no fato de que, até onde já pesquisei, o Estatuto do Desarmamento não contempla auditores fiscais municipais nas exceções para porte de arma de fogo. Obrigado!
Olá, caro Jorge.
Realmente o Estatuto do Desarmamento em seu inciso X, Art.6, não contempla os Auditores Fiscais Estaduais e Municipais.
Quanto aos Auditores Estaduais, já vi legislações estaduais que previam o porte funcional, como Goiás; o Rio de Janeiro no mês passado que tentou aprovar, mas a câmara barrou.
Quanto aos Auditores Municipais, meu caso, o trâmite segue o mesmo rito dos cidadãos comuns. Exames, testes, certidões e a temida "declaração de necessidade".
Ocorre que a Instrução Normativa DPF nº 23 de 01/09/2005 em seu artigo 18, parágrafo segundo, inciso I, prevê que exerce atividade de risco servidor público que exerça cargo efetivo, entre outras, nas áreas fiscalização e auditoria..
Este é o argumento que enseja a concessão, embora o Superintendente possua total discricionariedade para indeferir. Nestes casos, o judiciário em seus precedentes tem seguido o entendimento que se a própria policia federal indica a atividade como sendo atividade de risco, numa normativa que regula o porte de armas, não há discricionariedade e o porte deve ser concedido.
Eu não tive problemas, e baseado nesta IN DPF, tive o porte concedido.
Espero tê-lo ajudado. Forte Abraço
Instrução Normativa DPF nº 23 de 01/09/2005
Art. 18. Para a obtenção do Porte de Arma de Fogo:
(...)
§ 2º São consideradas atividade profissional de risco, nos termos do inciso I do § 1º do art. 10 da Lei nº 10.826 de 2003, além de outras, a critério da autoridade concedente, aquelas realizadas por:
I - servidor público que exerça cargo efetivo ou comissionado nas áreas de segurança, fiscalização, auditoria ou execução de ordens judiciais;
Parabéns Rodrigo pela determinação, tenho um história bem parecida com a sua, também fui Militar da marinha concursado, porém praça e no ano do curso de formação decidir sair pois aquilo não me satisfazia mais, fiz o concurso para bombeiro, passei em 80º ,dentro das 100 vagas, entretanto uma semana antes do teste físico sofri um acidente de moto que me deixou mais de 1 ano em processo de recuperação, enfim, superado isso hoje estou voltando a estudar e com a mesma dúvida que você teve, entre a carreira policial ou fiscal, gostaria de uma orientação sobre o ônus e bônus de cada uma das duas áreas se possível. Um grande abraço e que em breve venha a minha aprovação.
Quais os critérios para ingresso na epr ?
E no caso do cargo de delegado da polícia civil?