Analista MP/RJ – prova de Português comentada.
Olá, pessoal, tudo bem?
Vamos bater um papo sobre a prova para Analista do MPE/RJ, que aconteceu no último domingo, dia 01.
A FGV trouxe uma prova bem característica da banca, com questões de interpretação (não muitas) e abordando temas como sinonímia, regência, crase, concordância, uso das classes gramaticais, orações e, é claro, uma questão que exigia do aluno saber a diferença entre Adjunto Adnominal e Complemento Nominal!!
Como foram 30 questões, selecionei algumas para comentar aqui com vocês, aquelas que podem gerar mais dúvidas!!
Tomando como base, a prova para a Área Administrativa, tipo 1, branca, temos o seguinte:
Texto 1
Problemas Sociais Urbanos
Brasil escola
Dentre os problemas sociais urbanos, merece destaque a questão da segregação urbana, fruto da concentração de renda no espaço das cidades e da falta de planejamento público que vise à promoção de políticas de controle ao crescimento desordenado das cidades. A especulação imobiliária favorece o encarecimento dos locais mais próximos dos grandes centros, tornando-os inacessíveis à grande massa populacional. Além disso, à medida que as cidades crescem, áreas que antes eram baratas e de fácil acesso tornam-se mais caras, o que contribui para que a grande maioria da população pobre busque por moradias em regiões ainda mais distantes
Essas pessoas sofrem com as grandes distâncias dos locais de residência com os centros comerciais e os locais onde trabalham, uma vez que a esmagadora maioria dos habitantes que sofrem com esse processo são trabalhadores com baixos salários. Incluem-se a isso as precárias condições de transporte público e a péssima infraestrutura dessas zonas segregadas, que às vezes não contam com saneamento básico ou asfalto e apresentam elevados índices de violência.
A especulação imobiliária também acentua um problema cada vez maior no espaço das grandes, médias e até pequenas cidades: a questão dos lotes vagos. Esse problema acontece por dois principais motivos: 1) falta de poder aquisitivo da população que possui terrenos, mas que não possui condições de construir neles e 2) a espera pela valorização dos lotes para que esses se tornem mais caros para uma venda posterior. Esses lotes vagos geralmente apresentam problemas como o acúmulo de lixo, mato alto, e acabam tornando-se focos de doenças, como a dengue.
PENA, Rodolfo F. Alves. “Problemas socioambientais urbanos”; Brasil Escola. Disponível em http://brasilescola.uol.com.br/brasil/problemas-ambientais-sociais-decorrentes-urbanização.htm. Acesso em 14 de abril de 2016.
01. A estruturação do texto 1 é feita do seguinte modo:
(A) uma introdução definidora dos problemas sociais urbanos e um desenvolvimento com destaque de alguns problemas;
(B) uma abordagem direta dos problemas com seleção e explicação de um deles, visto como o mais importante;
(C) uma apresentação de caráter histórico seguida da explicitação de alguns problemas ligados às grandes cidades;
(D) uma referência imediata a um dos problemas sociais urbanos, sua explicitação, seguida da citação de um segundo problema;
(E) um destaque de um dos problemas urbanos, seguido de sua explicação histórica, motivo de crítica às atuais autoridades.
Comentário: logo no início do texto, o autor é direto em dizer que vai falar de UM DOS problemas sociais que, para ele, merece destaque, ou seja, é o mais importante. Vejam: “Dentre os problemas sociais urbanos, merece destaque a questão da segregação urbana” (l. 1 e 2)
GABARITO: B
02. Pela leitura do primeiro período do texto 1, a segregação urbana tem como principal causa:
(A) a concentração de renda;
(B) a falta de planejamento público;
(C) a ausência de políticas urbanas;
(D) o crescimento desordenado das cidades;
(E) a falta de espaço nas grandes cidades.
Comentário: vamos reler o primeiro período:
“Dentre os problemas sociais urbanos, merece destaque a questão da segregação urbana, fruto da concentração de renda no espaço das cidades e da falta de planejamento público que vise à promoção de políticas de controle ao crescimento desordenado das cidades”.
O autor coloca a concentração de renda como primeiro causador da segregação urbana, pois vem primeiro na ordem, a falta de planejamento vem depois. Pela leitura global, confirma-se que o motivo de afastamento das pessoas dos grandes centros é pelo valor dos imóveis que ali estão, então, pela concentração de renda.
GABARITO: A
03. “Dentre os problemas sociais urbanos, merece destaque a questão da segregação urbana, fruto da concentração de renda no espaço das cidades e da falta de planejamento público que vise à promoção de políticas de controle ao crescimento desordenado das cidades”.
Pode ser inferido desse segmento do texto 1 que:
(A) não há concentração de renda em todas as cidades;
(B) os problemas sociais urbanos resumem-se à segregação;
(C) o planejamento público se destina a impedir o crescimento das cidades;
(D) as políticas de controle impediriam a concentração de renda;
(E) os problemas sociais urbanos são vários e passíveis de controle.
Comentário: a partir das informações dadas no trecho e no texto 1 como um todo, as razões para a segregação urbana já foram identificadas. Sendo assim, passíveis de controle.
GABARITO: E
04. “Dentre os problemas sociais urbanos, merece destaque a questão da segregação urbana, fruto da concentração de renda no espaço das cidades e da falta de planejamento público que vise à promoção de políticas de controle ao crescimento desordenado das cidades”.
Os dois elementos ligados pela conjunção E são fatores bastante diferentes; o pensamento abaixo em que os termos ligados por essa conjunção podem ser considerados sinônimos é:
(A) “A Academia Francesa é como a Universidade: uma e outra eram necessárias num tempo de ignorância e de mau gosto; hoje são ridículas” (Voltaire);
(B) “A agulha é pequena e delgada; no entanto sustenta uma família toda” (Steinberg);
(C) “O amor e a amizade excluem-se mutuamente” (La Bruyère);
(D) “A amizade de alguns homens é mais funesta e danosa do que o seu ódio ou aversão” (Marquês de Maricá);
(E) “Todo bajulador tem de ser forçosamente um malévolo e um ingrato” (Nestor Vítor).
Comentário: nem sempre a conjunção “e” cumpre a função de ligar termos sinônimos, mas na alternativa D isso acontece: funesta e danosa possuem o mesmo significado, aquela que causa dano.
GABARITO: D
05. “Dentre os problemas sociais urbanos, merece destaque a questão da segregação urbana, fruto da concentração de renda no espaço das cidades e da falta de planejamento público que vise à promoção de políticas de controle ao crescimento desordenado das cidades”.
Nesse primeiro período do texto 1, o termo que se liga sintaticamente a um termo anterior, de forma diferente dos demais, é:
(A) concentração de renda;
(B) espaço das cidades;
(C) falta de planejamento;
(D) promoção de políticas;
(E) crescimento das cidades.
Comentário: questão típica da FGV! Quer saber se o candidato sabe diferenciar um adjunto adnominal de um complemento nominal. Sabendo que o complemento nominal está ligado sempre a um substantivo abstrato, nunca a um substantivo concreto, você “mata” a questão! Veja que apenas em “espaço das cidades” (alt. B) temos substantivo concreto (espaço), então, “das cidades” é um adjunto adnominal, enquanto nos demais casos os substantivos são abstratos, sendo “de renda”, “de planejamento”, “de políticas” e “das cidades” (alt. E) complementos nominais.
Relembre:
GABARITO: B
07. No texto 1, há quatro ocorrências do acento grave indicativo da crase: “vise à promoção de políticas de controle” (1), “tornando-os inacessíveis à grande massa populacional” (2), “Além disso, à medida que as cidades crescem”(3) e “que às vezes não contam com saneamento básico”(4).
Os casos de crase que correspondem à união de preposição + artigo definido são:
(A) 1 e 2;
(B) 1 e 4;
(C) 2 e 3;
(D) 3 e 4;
(E) todos eles.
Comentário: a banca quer que o candidato analise os casos de uso da crase a partir da regra geral (preposição + artigo definido), o que ocorre em:
1 – “vise à promoção de políticas de controle”
Verbo “visar” (no sentido de desejar) rege o uso da preposição “a” que se use ao artigo feminino “a” de “a promoção”.
2 – “tornando-os inacessíveis à grande massa populacional”
O nome “inacessíveis” exige o uso da preposição “a” formando a crase aglutinando-se ao artigo feminino “a”, que acompanha “grande massa”.
Já nos dois outros casos, a crase está justificada por fazer parte de uma locução feminina (“às vezes” e “à medida que”).
GABARITO: A
10. Os verbos de estado indicam: estado permanente, estado transitório, mudança de estado, aparência de estado e continuidade de estado. A frase do texto 1 que mostra um verbo de estado com valor de mudança de estado é:
(A) “áreas que antes eram baratas e de fácil acesso”;
(B) “tornam-se mais caras”;
(C) “habitantes que sofrem com esse processo são trabalhadores com baixos salários”;
(D) “Além disso, à medida que as cidades crescem”;
(E) “a grande maioria da população pobre busque por moradias em regiões ainda mais distantes”.
Comentário: questão bem interessante que aborda os verbos de ligação. O enunciado trouxe um breve resumo sobre o assunto. O candidato precisa analisar cada caso para encontrar o verbo que marca mudança de estado. Vejamos:
(A) “áreas que antes eram baratas e de fácil acesso”;
Verbo “ser” indicando estado permanente no passado. CUIDADO! Não indica mudança de estado, ainda que as áreas citadas no texto tenham ficado mais caras com o passar dos anos.
(B) “tornam-se mais caras”;
Olha o pulo do gato! O verbo “tornar-se” é do tipo que marca mudança de estado. Esse foi o processo pelo qual passaram as áreas citadas no texto: tornaram-se mais caras. Eis o nosso gabarito!
Nas alternativas C, D e E encontramos verbos que NÃO são de ligação, portanto, não expressam estado.
GABARITO: B
12. “Essas pessoas sofrem com as grandes distâncias dos locais de residência com os centros comerciais e os locais onde trabalham, uma vez que a esmagadora maioria dos habitantes que sofrem com esse processo são trabalhadores com baixos salários”.
A afirmativa inadequada sobre os componentes sublinhados nesse segmento do texto 1 é:
(A) o termo “Essas pessoas” se refere obrigatoriamente a um termo citado anteriormente;
(B) a preposição com poderia ser adequadamente substituída por em relação a, com as adaptações necessárias;
(C) a locução uma vez que tem valor semântico equivalente a visto que;
(D) a forma verbal sofrem deveria ser substituída pela forma correta sofre;
(E) as formas baixos salários ou salários baixos mostram o mesmo sentido.
Comentário: a questão aborda remissão textual e concordância. Vejamos:
(A) o termo “Essas pessoas” se refere obrigatoriamente a um termo citado anteriormente;
CORRETA. O pronome “essa” é anafórico, ou seja, faz referência a um termo já citado.
(B) a preposição com poderia ser adequadamente substituída por em relação a, com as adaptações necessárias;
CORRETA. Essas pessoas sofrem com as grandes distâncias dos locais de residência em relação aos centros comerciais e aos locais onde trabalham.
(C) a locução uma vez que tem valor semântico equivalente a visto que;
CORRETA. Valor de semântico de CAUSA.
(D) a forma verbal sofrem deveria ser substituída pela forma correta sofre;
OPA!! Cuidado com a concordância. O candidato pode ser tentado a julgar a substituição proposta como correta, pensando em fazer a concordância do verbo “sofrer” no singular com o termo “a esmagadora maioria”. Aí está o erro. Essa concordância não é possível já que temos relativo “que” retomando “habitantes”. A única possibilidade para o verbo “sofrer” é ficar no plural! Eis o gabarito!!
(E) as formas baixos salários ou salários baixos mostram o mesmo sentido.
CORRETA. Não há alteração de sentido na troca de posição entre substantivo e artigo neste enunciado.
GABARITO: D
14. O segmento abaixo em que NÃO é possível trocar de posição os elementos textuais sublinhados é:
(A) “Incluem-se a isso as precárias condições de transporte público e a péssima infraestrutura dessas zonas segregadas, que às vez es não contam com saneamento básico ou asfalto e apresentam elevados índices de violência”;
(B) “às vezes não contam com saneamento básico ou asfalto e apresentam elevados índices de violência”;
(C) “Essas pessoas sofrem com as grandes distâncias dos locais de residência com os centros comerciais e os locais onde trabalham”;
(D) “Além disso, à medida que as cidades crescem, áreas que antes eram baratas e de fácil acesso tornam-se mais caras”;
(E) “merece destaque a questão da segregação urbana, fruto da concentração de renda no espaço das cidades e da falta de planejamento público que vise à promoção de políticas de controle ao crescimento desordenado das cidades”.
Comentário: tenho certeza de que alguns candidatos ficaram um bom tempo pensando nesta questão, pois parece que a troca de posição entre os termos é possível em todos os casos, mas, na verdade, não é! Atenção para a alternativa A:
“Incluem-se a isso as precárias condições de transporte público e a péssima infraestrutura dessas zonas segregadas, que às vezes não contam com saneamento básico ou asfalto e apresentam elevados índices de violência”;
Não é possível a troca de posição entre os termos já que o sintagma “zonas segregadas” foi retomado pelo pronome relativo “que” e sobre esses locais foi acrescentado em seguida que “não contam com saneamento básico ou asfalto e apresentam elevados índices de violência”. Se a troca dos termos sublinhados acontecer, a remissão ficará perdida.
GABARITO: A
Meus queridos, alguma questão sobre a qual ainda restam dúvidas e que eu não tenha comentado aqui? Se sim, deixem nos comentários ou mandem um e-mail para mim! Terei prazer em responder a todos!
Só tenho a desejar sucesso para todos!!
Abraço,
Rafaela Freitas.
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