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AFT: O Auditor-Fiscal do Trabalho pode trabalhar em casa?

O Auditor-Fiscal do Trabalho (AFT) pode trabalhar em casa?

Dependendo do que o AFT faz no seu dia a dia de trabalho, a resposta para a pergunta acima seria: sim; não; talvez.

Não há uma regra rígida quanto ao local onde o AFT deve trabalhar.

Por que não há uma regra rígida quanto ao local de trabalho do AFT?

Porque as situações de trabalho do AFT mudam de uma lotação para outra. Dependendo de onde está lotado, o AFT pode fazer um trabalho interno, externo ou trabalhar em casa.

Vamos falar um pouco da minha situação particular. Estou lotado em Porto Velho-RO. Faço parte do Núcleo de Segurança do Trabalhador. As atribuições desse núcleo, de forma resumida, é fiscalizar empresas com foco na saúde e segurança do trabalhador. Basicamente, o nosso trabalho é fiscalizar o “chão de fábrica” das empresas. Então, temos que obrigatoriamente ir até a empresa.

Desse modo, o nosso trabalho é externo (“estar na rua”). Vamos até onde as empresas estão localizadas. Então, não temos que ficar em um gabinete. Temos que estar nas empresas conversando com patrões e empregados.

Entretanto, não estamos nas empresas todas as horas do dia, todos os dias da semana e todos os dias úteis do mês. Ir até a empresa e fazer a inspeção do local do trabalho toma apenas uma parte das nossas 40 horas semanais.

Então, se vocês não estão todas as horas do dia, todos os dias da semana e todos os dias úteis do mês nas empresas, onde vocês estão?

Bem, a inspeção de um estabelecimento pode levar uma hora, duas horas, um dia, dois dias, uma semana. Isso depende muito do que você encontrar no estabelecimento. A inspeção do local de trabalho é apenas uma parte do nosso dia a dia.

Antes de sairmos a campo, temos que realizar a preparação da fiscalização. Temos que pesquisar a vida da empresa, se já foi fiscalizada, o que foi fiscalizado, se já foi autuada, se há denúncias de trabalhadores contra a empresa, se já houve algum tipo de oposição à fiscalização do trabalho, qual o endereço a ser fiscalizado, etc. Enfim, temos que montar um pequeno dossiê para saber com o que estamos lidando.

Depois de sairmos a campo, temos todo um material para auditar. Por quê? Porque quando fazemos a inspeção física no estabelecimento solicitamos documentos, fazemos anotações, tiramos fotografia das irregularidades encontradas, filmamos e/ou gravamos entrevistas com empregados e empregadores. Enfim, há um grande número de informações que coletamos que precisam ser analisadas. A partir dessa análise, verificamos quais situações merecem ou não merecem serem autuadas.

Depois da auditoria das informações coletadas, fazemos os autos de infração (se for o caso) e os relatórios da fiscalização.

Então como podem ver, não ficamos o tempo todo na rua. Temos um trabalho “burocrático” a ser feito.

Onde é feito esse trabalho burocrático?

No meu núcleo de trabalho, a parte burocrática pode ser feita na repartição ou em casa. Essa escolha fica a critério do AFT.

Particularmente, faço em casa.

Por que faço em casa?

Porque a estrutura atual do ministério em Porto Velho não oferece condições adequadas para que o trabalho seja feito na repartição. Não há mobiliário (mesas, cadeiras, computadores, etc) para todos os AFTs. Então, temos que “disputar” um lugar.

Como assim, o AFT não tem uma mesa, uma cadeira, um computador?

Vejam bem, estou falando da minha realidade. Aqui, em Porto Velho, (por enquanto*) o AFT que trabalha com fiscalização externa não tem um mobiliário seu, ou seja, fica com a estação de trabalho quem chegar primeiro. Se for todo mundo para a repartição, não tem lugar para todos.

Assim, prefiro fazer o trabalho de auditoria das informações coletadas em casa.

Muitos podem estar pensando agora: “Trabalhar em casa é muito bom!”

Sim, é bom. É uma comodidade trabalhar em casa. Porém, temos que lembrar que não há somente bônus nisso. É ótimo ter a liberdade de fazermos o nosso próprio horário e ficarmos perto da família. Em contrapartida, você arca com todos os custos de trabalhar em casa: comprar computador e impressora, pagar internet e energia elétrica, comprar toner e material de escritório, entre outros custos.

Nesse momento, muitos de vocês podem estar querendo me fazer a seguinte pergunta: como você trabalha uma parte do tempo na rua e também em casa, então você não precisa comparecer à repartição?

Não é bem assim. Vamos à repartição frequentemente. Temos que receber as empresas que nos trazem documentos (você não pode receber uma empresa na sua casa), temos que entregar os autos de infração para as empresas, temos reuniões com a chefia.

Voltando ao questionamento inicial, na minha situação particular, eu posso dizer que faço um misto de trabalho na rua, trabalho na repartição e trabalho em casa.

*A sede da Fiscalização do Trabalho em Porto Velho está em reformas. Provavelmente, depois da reforma, teremos melhores condições de trabalho. Possivelmente, haverá estações de trabalho para todos os AFTs.

(artigo escrito em outubro de 2016)

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Veja os comentários
  • Prezado professor, gostaria de saber como é o trabalho no dia a dia em relação "ao perigo da profissão". Já ouvi relatos de ameaças, emboscadas, etc. Procede? Com a reforma trabalhista acredita que ainda haverá concurso para esse cargo?
    Paulo em 23/08/18 às 11:56
    • Paulo, tudo bem? Hoje em dia, ser servidor público é perigoso. A população, na minha visão, não está acreditando mais nas instituições públicas por diversos problemas que vive o país. Então, temos casos de médicos, enfermeiros, professores, servidores do INSS, entre outros tantos, agredidos ou insultados em seus locais de trabalho. Com o AFT não é diferente. Você não vai a uma empresa porque ela é "boazinha". Geralmente, vamos às empresas por causa de denúncias ou pelos levantamentos efetuados anteriormente que a empresa está possivelmente em alguma falta. Assim, nem sempre os empresários (patrões) vão receber o AFT de braços abertos (é sempre um embate entre o Estado Fiscalizador e o Administrado). O concurso acontecerá mais cedo ou mais tarde. Isso é questão de tempo. Há falta de auditores em todas as regiões do Brasil. Bons estudos. Prof. Adinoél
      Adinoél Sebastião em 25/08/18 às 08:36
  • Olá Adinoel, No seu caso, vc poderia fazer o trabalho burocrático na sua casa em Apucarana - PR, por exemplo, e voltar a Porto Velho para reuniões?
    danillo em 23/08/18 às 09:53
  • Boa Noite Professor! Muito bom o artigo, esclarecedor, sou apaixonada por essa profissão e é meu sonho, espero conseguir passar em breve no concurso. Obrigada sempre pelos artigos.
    Daniela Alves de Souza Reis em 05/11/16 às 19:40
    • Cara Daniela, Obrigado pelos comentários. Bons estudos. Prof. Adinoél Sebastião
      Adinoél Sebastião em 06/11/16 às 08:17
  • NÃO TENHO CONHECIMENTO EM LINGUA ESTRANGEIRA.QUAL MATERIA O SENHOR RECOMENDA QUE EU ESTUDE INGLES OU ESPANHOL
    romulo em 31/10/16 às 10:15
    • Caro Rômulo (não sei se escrevi corretamente seu nome), Sua dúvida é comum no mundo dos concursos. Escrevemos um artigo sobre isso para a Receita Federal, mas vale para qualquer concurso. Segue link do artigo: https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/espanhol-receita-federal/ Se ainda restar dúvidas, por genteliza, escreva para o meu email: [email protected] Abraço. Prof. Adinoél Sebastião
      Adinoél Sebastião em 31/10/16 às 11:57
  • Quando vc fiscaliza as empresas, vai acompanhado? Parabéns pelo artigo.
    Camila em 31/10/16 às 06:48
    • Olá Camila, As nossas lotações não são iguais. O Brasil é imenso e temos realidades diferentes. Para as fiscalizações em Porto Velho podemos ir acompanhados ou não. As fiscalizações no interior são sempre em equipe. Em fiscalização que podem causar algum tipo de oposição do empregador somos acompanhados pela polícia. Abraço. Prof. Adinoél Sebastião
      Adinoél Sebastião em 31/10/16 às 07:02
  • Prezado colega Adinoél, Como comentário à questão apresentada sobre locais onde o AFT desenvolve seu trabalho, tenho a comentar que a aparente comodidade de executar algumas atividades em casa não é muito adequada, por mais que alguns achem melhor. Eu prefiro trabalhar nas instalações da SRTE. No entanto, razão da precariedade do prédio que está em reforma, espero que rápida, tenho até de usar meu carro como depósito de material de trabalho. Nestes anos de trabalho, já passamos por diversas situações que levariam muitos a desistir e buscar mudar de ares, não fosse o alcance social de nossa atividade. Muitos resultados que conseguimos nos motivam a seguir em frente, apesar de tudo. No entanto, os que buscam os concursos para AFT, não pensem que estes problemas de estrutura precária acontecem somente com o MTE. Não conheço nenhum outro órgão do Executivo Federal, onde servidores de outras carreiras atrativas tenham estrutura adequada e suporte administrativo suficiente. Temos de dar jeito, improvisar, "correr atrás". Quanto a boatos, eles sempre existirão e existiam quando entrei, há mais de vinte anos. Mas, chegamos até aqui e seguiremos em frente. No final, tudo vale à pena quando conseguimos alcançar o objetivo: ajudar a melhorar o mundo do trabalho. Aos que buscam ser AFTs, tenho certeza que vocês contam com o melhor auxílio de um profissional dedicado como o prof. Adinoél, que os privilegiará na preparação e no sucesso da aprovação. Bons estudos! AFT Bianor Salles.
    BIANOR SALLES COCHI em 31/10/16 às 02:01
    • Caro colega Bianor, Obrigado pelos comentários. Nossos alunos precisam de uma visão real do que acontece em nosso dia a dia. Abraço. Adinoél Sebastião
      Adinoél Sebastião em 31/10/16 às 07:04
  • Colega, embora eu não tenha interesse em ser Auditor-Fiscal do Trabalho, considero suas postagens umas das melhores por aqui! É muito legal saber como é o dia a dia de certos profissionais, e, além disso, saber o que se passa na cabeça deles quando da realização dos trabalhos. Continue assim! Estou sempre no aguardo de suas próximas postagens! Um abraço.
    Caique em 30/10/16 às 19:55
    • Caro Caique, Obrigado pelas palavras. Abraço. Prof. Adinoél Sebastião
      Adinoél Sebastião em 31/10/16 às 07:04
  • Ótimo artigo. Clareou bastante o assunto. Parabéns mestre !!!
    Bruno em 30/10/16 às 16:21
    • Bruno, Grato pelas suas palavras. Prof. Adinoél Sebastião
      Adinoél Sebastião em 30/10/16 às 19:12
  • Prof. Adinoél parabéns pelo trabalho... vc dá muito ânimo pra quem, como eu, esta estudando pra fazer parte dessa linda profissão.
    claudia em 30/10/16 às 15:34
    • Claudia, Obrigado pelo comentário. Abraço. Prof. Adinoél Sebastião
      Adinoél Sebastião em 30/10/16 às 19:13
  • Caro Professor, boa tarde! Como o Sr. acredita que a PEC 241 poderá afetar o concurso para AFT? Será que esse próximo concurso acontecerá somente em 2018? E o número de vagas vai diminuir? Gostaria de saber sua opinião a respeito... Obrigado pelo incentivo e ajuda de sempre!
    Pedro Coimbra em 29/10/16 às 16:32
    • Pedro, Sinceramente, na minha vida a PEC 241 vai afetar todos os concursos, mas isso apenas num primeiro momento. Depois, como aconteceu em todas as vezes que falaram que os concursos iam acabar, etc, etc, etc, as coisas voltam ao normal. Afinal, não dá para tocar o Brasil sem servidores públicos. Bons estudos. Prof. Adinoél Sebastião
      Adinoél Sebastião em 29/10/16 às 21:14
  • Eu vou passar com certeza. No proximo. E remocao e dificil para nordeste?
    Marcelo em 29/10/16 às 15:49
    • Marcelo, Temos que pensar da seguinte maneira: cada dia estudado é um dia a menos para a aprovação. Quanto à remoção para o Nordeste, dependerá que quantas aposentadorias tivermos daqui para frente naquela região. Abraço. Prof. Adinoél Sebastião
      Adinoél Sebastião em 29/10/16 às 21:15
  • Bem esclarecedor o artigo.
    Olívia em 29/10/16 às 15:06
    • Olívia, Obrigado. Prof. Adinoél Sebastião
      Adinoél Sebastião em 29/10/16 às 15:23
  • Olá Dino! Nem entrei contigo em 2013, mas sinto que no próximo AFT estaremos juntos! Parabéns por mais um artigo que nos motivo e mostra a beleza da atividade que para mim é uma das mais importantes do país! Gratidão por você manter esse meio de contato conosco, aspirantes AFT. Forte abraço!
    Giovani Pepe em 29/10/16 às 14:35
    • Giovani, Obrigado pelas palavras. Abraço. Prof. Adinoél Sebastião
      Adinoél Sebastião em 29/10/16 às 15:24
  • Ótimo! Acho que esse equilíbrio de vários lugares para trabalhar é fundamental, pois a vida fica muito mais dinâmica e nada entediante não é mesmo? Realmente uma profissão apaixonante! Se Deus quiser em breve serei eu!
    AFT_2017 em 29/10/16 às 13:11
    • Melina, Obrigado pelos comentários. Prof. Adinoél Sebastião
      Adinoél Sebastião em 29/10/16 às 15:25
  • EXCELENTE ARTIGO. APROVEITO O ESPAÇO PARA TAMBÉM ELOGIAR SUAS AULAS DE ESPANHOL DO ESTRATÉGIA PARA AUDITOR FISCAL. SÃO ÓTIMAS E DIDÁTICAS.
    IVANILSON LIMA DA SILVA em 29/10/16 às 11:52
    • Ivanilson, Obrigado pelo comentário. Abraço. Prof. Adinoél Sebastião
      Adinoél Sebastião em 29/10/16 às 15:22