Aprovado no concurso ALECE para o cargo de Analista Legislativo em 13° lugar na área de Direito
Legislativo“Sempre fui muito estudioso. Eu era alguém que estudava muito, porém sem aprovações. Com o tempo, descobre-se que a questão não é o quanto se estuda, mas o como se estuda. Nesse como, existem algumas questões fundamentais…”
Confira nossa entrevista com Thiago Mota, aprovado no concurso ALECE para o cargo de Analista Legislativo em 13° lugar na área de Direito:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Thiago Mota: Sim, sou formado em Direito. Tenho 32 anos e sou de Fortaleza, Ceará.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Thiago: Comecei cedo a ministrar aulas em alguns cursinhos preparatórios de Fortaleza. Esse foi meu primeiro contato – planejado e racionalizado – com o mundo dos concursos públicos. Devidamente inserido nesse contexto, logo algumas áreas me atraíram pelo tipo de atividade e pela remuneração.
Estratégia: Por que a área legislativa? Você tinha alguém na família que o inspirou, gostava de processo legislativo, o que te fez estudar para concursos do legislativo?
Thiago: Não houve uma deliberação no sentido de focar na área Legislativa. Estudo para Advocacia Pública e encontrei na ALCE uma oportunidade excelente pelos seguintes motivos:
• Uma carreira excelente – relativamente próxima do meu foco – e “em casa”;
• Gosto realmente de Direito Constitucional – o que inclui processo legislativo – e a descrição legal das atividades do cargo de Consultor Jurídico certamente me possibilitarão utilizar tais conhecimentos.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Thiago: Minha realidade diz respeito a trabalho e estudos. Decidi ter uma carga leve na advocacia para poder ter mais tempo para estudos. Uma escolha difícil: ganhar menor remuneração como advogado – possivelmente abrindo mão de uma possibilidade de carreira – para poder alcançar objetivos mais rápidos; o famoso um passo para trás para dar dois para frente.
Ainda encaixo algumas atividades voluntárias na congregação de fé a que pertenço e algumas ajudas ao pequeno negócio de meus pais.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Thiago: Advogado – FUNECE, Polícia Penal – AGEPEN/CE, Técnico Judiciário – TJ/CE, Consultor Técnico Legislativo – Câmara Municipal de Fortaleza, Agente Fiscal – CRECI/CE, Procurador – PGM/Cascavel. A última aprovação se deu para o cargo de Consultor Jurídico da ALCE e, segundo o gerador de resultados do site “Olho na Vaga”, estou em 11ª empatado com outras duas pessoas, dentro das vagas, portanto.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Thiago: Nada radical. Em épocas sem edital, muita disciplina na semana e liberdade total no final de semana. Em pós-editais, usava também os finais de semanas para estudos intensos.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Thiago: Moro com minha esposa e minha filha de 1 ano e 5 meses. Em todo momento e em qualquer circunstância, minha esposa me apoiou. Já a minha bebezinha…agarra-se às minhas pernas algumas vezes ao me ver estudando.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovado? Qual foi o segredo de manter a disciplina durante todo o período?
Thiago: Esse concurso foi atípico. Do edital à prova foram quase 2 anos, uma longa suspensão em função da pandemia. Como já dito, não houve foco ou direcionamento para esse concurso durante esses 2 anos; fui com o que estava construindo à luz do planejamento do meu foco – Advocacia Pública; não estudei, assim, disciplinas que não fazem parte do citado foco como Administração, Administração Pública, Direito Eleitoral e Português. Quando da remarcação da prova, nas últimas 3 semanas que a antecedia, porém, decidi focar na legislação de interesse institucional do órgão – Constituição do Estado do Ceará, Regimento Interno da ALECE, Estrutura Administrativa da ALECE, Processo e Técnica Legislativa.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação? Que diferencial encontrou em nosso material?
Thiago: Nas disciplinas centrais do meu foco, estudo por livros.
Em outras disciplinas mais periféricas – aquelas estudadas nas últimas 3 semanas e com as quais não me familiarizava muito -, o Estratégia me foi crucial. Crucial porque eu podia encontrar o necessário para a aprovação ao logar no site de minha assinatura: planejamento, método, material didático e um excelente banco de questões. Tais disciplinas, embora periféricas ao se considerar o meu foco, foram decisivas para a minha aprovação no concurso da ALCE. Sem o material do Estratégia para essas disciplinas, certamente deixaria de fazer algumas questões e não lograria êxito.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Thiago: No início, livros e algumas videoaulas dentro do planejamento do meu foco. Às vésperas da prova da ALCE, nas últimas 3 ou 4 semanas, apenas PDFs.
Livros e videoaulas envolvem um planejamento de grande prazo. Essa opção exige paciência e maturidade para “deixar os editais passarem”. Comparando-se com a primeira opção, um bom e bem direcionado PDF envolve um planejamento de curto e médio prazo.
Há algo de interessante aqui: se estivermos falando de um sujeito que é bom de ouvido, videoaula cai bem; se estivermos falando de um sujeito mais visual, PDFs é disparadamente melhor.
Não creio, assim, que há a priori uma opção melhor. A escolha dependerá do modo como o sujeito aprende, do foco/carreira e do tempo de preparação estimado.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos? Estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Quantas horas líquidas estudava por dia?
Thiago: Uma matéria por dia. Cerca de 5 a 6 horas líquidas.
Estratégia: Como fazia revisões? Costumava fazer resumos, simulados ou algo mais?
Thiago: Faço revisões no esquema 4 para 1: depois de 4 semanas de conteúdo “inédito”, a semana seguinte é revisão. Sim, fiz resumos das minhas principais disciplinas. Quanto a simulado/questões, especificamente quando das últimas semanas que antecederam a prova da ALCE, resolvi muitíssimas.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Thiago: Trata-se, no meu caso, de um bom método de revisão. Nas últimas semanas que antecederam a prova, fazia cerca de 700 questões por semana.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Thiago: Não digo dificuldade, mas desinteresse. Tive de me conscientizar que o concurso da ALCE era uma boa oportunidade de modo que eu deveria me interessar pelas disciplinas que não faziam parte do meu foco inicial. Não se trata de motivação, mas de disciplina para fazer o que não se gosta. Há um ditado que levo sempre comigo: primeiro se faz o que é necessário, depois, se sobrar tempo, se faz o que gosta. Quer passar em concurso? Prepare-se para fazer/estudar o que não gosta! Um bom recurso para me prender na cadeira de estudo são contracheques com valores altíssimos. Dica final: pegue sempre contracheques de dezembro!
Estratégia: Você fez alguma tabelinha com prazos, datas, quóruns, para auxiliar na memorização de tanta informação? Pregou post it no quarto, algo do tipo?
Thiago: Tenho dois tipos de resumos. Um que me acompanha ao longo da preparação extensiva e um de reta final rico em tabelas e esquemas.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Thiago: Rotina de revisão com muitas questões! O fazer questões me “descansa” se comparado à leitura de livro ou PDF. No dia pré-prova, aquela olhada final em algumas tabelas…
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Thiago: Assisti às duas primeiras aulas da disciplina no curso do Estratégia. Li também todo o site da ALCE procurando informações que poderiam servir de tema. Acompanhava ainda alguns deputados nas redes sociais – notadamente o presidente da ALCE – para estar a par do dia a dia da ALCE.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Thiago: Sempre fui muito estudioso. Eu era alguém que estudava muito, porém sem aprovações. Com o tempo, descobre-se que a questão não é o quanto se estuda, mas o como se estuda. Nesse como, existem algumas questões fundamentais:
• A necessária delimitação do foco/carreira. Concurseiro que pula de edital em edital não passa em concurso disputado. Depois de cirandar editais, decidi o foco/carreira e encontrei algumas aprovações no caminho.
• Fator tempo. Cada um tem o seu. Encontrei o meu timing. Isso é questão de maturidade e encarar a realidade: não se passa em concurso disputado em 2 meses. O tempo varia de acordo com as circunstâncias pessoais e a carreira escolhida.
• Planejamento e método. Os concurseiros atualmente estão “profissionalizados”. Sem o controle sobre o que se faz e sem o caminho adequado certamente a luta fica bem mais difícil.
• Paciência e disciplina. Concurso é maratona, não explosão de 100 metros. Vence o resistente. Eu encontrei essas virtudes. Há épocas em que se diminui o ritmo e há épocas em que se acelera. Aqui o “devagar e sempre” funciona.
• Concorrência não importa. É óbvio que numa maratona há os que correm mais e os que correm menos. Não se compare, apenas entenda o seu ritmo e alcance a linha de chegada. Não precisa ser o 1º ou como o 1º, pois o último a entrar ganha sempre o mesmo que o 1º. Entendi isso e tive paz.
• Não tenha medo do fracasso. Arrisque. Sim, senhores, deixei de passar em algumas provas com medo de reprovação. Não as fui fazer e lamentei em casa as chances perdidas. Descobri que lamentar a reprovação dói menos que lamentar a chance perdida.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Thiago: Sim, penso que num planejamento de longo prazo não há como não pensar em desistir. Aprendi com David Hume sobre uma fraqueza que alcança todos nós:
“…mas muito mais frequente é os homens serem distraídos de seus principais interesses, mais importantes, mas mais longínquos, pela sedução de tentações presentes, embora muitas vezes totalmente insignificantes. Esta grande fraqueza é incurável na natureza humana.”
Como sempre coloquei minha família em primeiro plano, fazia por eles, não por mim. Essa era minha “motivação”. Eu ainda ganhei uma “motivação” extra quando minha filha nasceu: os boletos aumentaram!