Aprovado em 19° lugar no concurso da PF para o cargo de Delegado
Jurídico - Delegado“É preciso criar uma rotina sólida. Existem dias em que você vai estar motivado e disposto, ocasiões nas quais estudar será aprazível. Por outro lado, vão existir dias em que você estará totalmente desmotivado e estudar será um tormento. O que fazer nessas ocasiões? Não estudar simplesmente porque não estamos inspirados? Obviamente, não. A disciplina, fruto de uma rotina absolutamente sólida, te fará estudar. Por isso a importância de manter uma rotina bastante rígida”
Confira nossa entrevista com Marcelo Malaquias, aprovado em 19° lugar no concurso da PF para o cargo de Delegado:
Estratégia Concursos: Qual sua idade? De onde você é? É formado em que área?
Marcelo Malaquias: Atualmente, tenho 25 anos, nasci em Salvador – BA e sou formado em Direito pela UFBA.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos? Por que a área Policial?
Marcelo: Estudo para concursos por me identificar com as carreiras jurídicas. Desde o início da faculdade, sempre soube que prestaria concurso público, ainda que não tivesse, à época, exata noção de qual cargo gostaria de ocupar. Ademais, desgosto fortemente de diversos aspectos da advocacia, o que já exclui a opção de trabalho mais notória do setor jurídico privado.
Além disso, escolhi uma carreira policial em decorrência da minha afeição pessoal com o Direito Penal. Fiz TCC em Penal, OAB em Penal, além de sempre me imaginar exercendo uma carreira pública vinculada ao Direito Penal.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Marcelo: Felizmente, tive/tenho o privilégio de poder me dedicar integralmente aos estudos.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Marcelo: Ao longo da jornada dos concursos públicos, acumulamos algumas aprovações e outras tantas reprovações. As minhas aprovações foram:
1. Técnico do MP-BA, concurso de 2017, aprovado em 174ª posição. Fui nomeado em 2021, porém recusei a posse, por estar me dedicando integralmente à Polícia Federal.
2. Técnico do TRF4, concurso de 2019, aprovado em 240º lugar. Atualmente, aguardando nomeação, porém, provavelmente, não assumirei, também em decorrência da PF.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados?
Marcelo: A mais pura felicidade e, também, um pouco de surpresa. Liguei para minha melhor amiga na mesma hora!!!
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Marcelo: Eu sou radical quanto às restrições da vida social. Não saía para lugar nenhum, salvo raríssimas exceções, como, por exemplo, Natal e Ano Novo. Fora isso, estudava de domingo a domingo. Também não tenho nenhuma rede social: nem Instagram, nem Facebook, nem nada. Até o Whatsapp eu cogitei desativar, mas também o utilizava para fins acadêmicos, então acabei mantendo.
Apesar disso, não acho que a solução seja idêntica para todos. É preciso autoconhecimento, saber o que vai funcionar pra você. Eu tenho noção de que me distraio fácil, então preferia vedar tudo aquilo que não fosse essencial. Às vezes, menos é mais.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Marcelo: Estou solteiro. Não tenho filhos. Moro com meus pais, pessoas que apoiaram e continuam apoiando imensamente a minha jornada no mundo dos concursos públicos. Sempre fui incentivado a estudar, desde pequeno, o que evidentemente reflete na pessoa que sou hoje.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior? (Se esse ainda não é o concurso dos seus sonhos, se possível, citar qual é se pretende continuar se preparando para alcançar esse objetivo)
Marcelo: Penso ser contraproducente prestar concursos com foco diverso do concurso-fim almejado. Eu, por exemplo, estudava/estudo para a magistratura federal, de forma que prestar o concurso de Delegado da PF foi quase intuitivo, dada a similaridade de disciplinas. Entretanto, acho desacertado estudar para carreiras muito distintas simultaneamente.
Atualmente, sigo estudando para a magistratura federal, mas pretendo tomar posse na PF e, inclusive, não descarto a possibilidade de me apaixonar pela carreira policial, podendo eventualmente permanecer, de maneira definitiva, na área da segurança pública.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso em que foi aprovado?
Marcelo: Direcionado para Delegado da PF, estudei por 3 meses. Todavia, eu estudo para concursos desde julho de 2018.
Estratégia: Durante a fase pré-edital, como fazia para manter a disciplina nos estudos?
Marcelo: É preciso criar uma rotina sólida. Existem dias em que você vai estar motivado e disposto, ocasiões nas quais estudar será aprazível. Por outro lado, vão existir dias em que você estará totalmente desmotivado e estudar será um tormento. O que fazer nessas ocasiões? Não estudar simplesmente porque não estamos inspirados? Obviamente, não. A disciplina, fruto de uma rotina absolutamente sólida, te fará estudar. Por isso a importância de manter uma rotina bastante rígida.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? O que funcionou melhor para você?
Marcelo: Resolução de questões à exaustão é, a meu ver, o melhor método de aprendizado. Repare que eu disse “à exaustão”. É preciso responder muitas questões. E é preciso respondê-las com frequência.
Por outro lado, desgosto de ler livros doutrinários. Penso que eles tendem a indicar a opinião pessoal do autor, o que evidentemente é irrelevante para a prova. Aulas presenciais podem ser uma boa fonte de estudos, notadamente quanto à motivação. Entretanto, em Salvador, desconheço cursinhos relevantes que ofereçam preparação para carreiras jurídicas.
Aulas telepresenciais podem vir a ser interessantes, muito embora eu, pessoalmente, não tenha tido oportunidade de frequentar muitas. Por fim, acompanhar a jurisprudência do STF e STJ é essencial, especialmente os informativos.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos? Qual o diferencial que encontrou em nosso material? Recomendaria para um amigo que está começando os estudos?
Marcelo: Conheci o Estratégia por meio dos simulados semanalmente disponibilizados. Como dito, adoro resolver questões e sempre busco perguntas novas, daí resolvia frequentemente os simulados. As provas disponibilizadas eram bem elaboradas, além de serem gratuitas e contarem com correção no Youtube.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Marcelo: Adotei pra mim uma metodologia para tentar “driblar” a curva do esquecimento. O método consiste basicamente em estudar as disciplinas similares com o máximo de dilação temporal possível. Exemplificando: suponhamos que eu precise estudar 4 disciplinas, sendo elas Tributário, Financeiro, Penal e Processo Penal. Eu as estudaria na seguinte ordem: Tributário, Penal, Financeiro e Processo Penal. Isso porque se você optar por estudar Financeiro logo após Tributário, você terá contato com temas comuns a ambas as disciplinas no mesmo intervalo de tempo.
Optando por separá-las o máximo possível, você acaba se forçando a revisitar a mesma temática com mais frequência, o que favorece o aprendizado. Num exemplo com 4 disciplinas pode parecer que não faça tanta diferença, mas quando você precisa estudar 15 (ou mais) matérias diferentes, a ordem dos fatores, certamente, altera o resultado.
Acredito que idealmente seja mais produtivo estudar mais de uma disciplina ao mesmo tempo, porém eu prefiro me dedicar unicamente a uma matéria. Ou seja, somente após esgotada determinada disciplina, eu passo para a subsequente.
Ademais, eu estudava, no mínimo, 6 horas por dia. Geralmente, estudava bem mais que isso (por volta de 10hrs ~ 12hrs), mas eu só computava um dia como “produtivo” se estudasse ao menos por 6 horas. Algumas pessoas não gostam de cronometrar o próprio tempo de estudo, preferindo se guiar pela quantidade de assuntos lidos. Pessoalmente, cronometrar o estudo funciona muito bem para mim.
Não tenho o hábito de fazer resumos escritos, muito embora revisite os temas mais importantes sempre por meio de questões. Além disso, também utilizava o aplicativo “Anki”, que é basicamente um sistema de memorização por intermédio de flashcards.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Marcelo: Gosto bastante de todas as disciplinas jurídicas, mas creio ter certa dificuldade em Direito Empresarial, notadamente a parte de títulos de crédito. Tributário também pode ser surpreendentemente difícil, a depender do nível de profundidade que o examinador cobre. Não existe propriamente um segredo para superar uma dificuldade específica numa disciplina determinada. É preciso revisá-la frequentemente.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Marcelo: Mantive minha rotina de estudos totalmente normal no período pós-edital, incluindo a véspera da prova. Não estudar me gera nervosismo, então prefiro manter a mente ocupada.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Marcelo: É preciso fazer um treinamento específico, a fim de aprender como elaborar peças para as provas de Delegado. Ademais, a fase discursiva exige do estudante conhecimento teórico aprofundado, de forma que ler doutrina torna-se necessário.
Estratégia: Como foi sua preparação para o TAF? E para a prova oral?
Marcelo: Na preparação para o TAF, fiz aulas de natação e crossfit, além de manter uma alimentação balanceada e um sono regular.
Na preparação da prova oral, fiz alguns cursinhos específicos, dentre eles o do Estratégia, que aconteceu em São Paulo, oportunidade absolutamente necessária na minha preparação.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Marcelo: Quanto aos erros, no início da preparação, eu estudava para cargos-meio, notadamente técnico e analista judiciários, planejando estudar para as carreiras-fim somente após ser aprovado nesses cargos intermediários. Se fosse começar hoje de novo, estudaria para a carreira-fim desde o primeiro dia. Além disso, comecei a estudar para concurso tardiamente: somente após a faculdade passei a estudar seriamente para concurso público. Voltando no tempo, estudaria para concurso desde os primeiros semestres da faculdade.
Quanto aos acertos, acredito que resolver questões realmente seja o melhor método de estudos e foi essa metodologia que eu adotei desde o início. Também tenho facilidade em manter rotinas repetitivas, o que a preparação exige (e muito).
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Marcelo: Felizmente, nunca pensei em desistir. Acredito que o mais difícil são as incertezas, especialmente saber se todo o sacrifício que estamos fazendo naquele momento será suficiente para uma aprovação.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Marcelo: Realização pessoal e, especialmente, independência financeira.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Marcelo: Descubra qual carreira você quer seguir (magistratura, MP, defensoria, procuradorias, carreiras policiais, etc.) e seja especialista naquilo. Evite dispersar o seu foco.
Não fique preso a modelos de estudos prontos, como “estude X horas por dia” ou “leia X páginas por dia”. Evidentemente, você pode se basear em rotinas adotadas por outras pessoas, mas é essencial adaptar e, até mesmo, construir uma rotina que funcione para você. A minha rotina fui eu que criei do zero.
Por fim, é clichê, mas é verdade: não desista! Você pode, é claro, descansar. Entretanto, retome os seus estudos assim que estiver apto.