Dicas para uma boa discursiva + Prova AFRF/2009 corrigida pela ESAF
Olá, amigos do Estratégia.
Sei que o momento é de muita
tensão na preparação para a prova discursiva.
É comum este clima e de vez em
quando bate mesmo um certo desespero.
Muitos alunos têm solicitado dicas
a respeito da preparação para esta etapa. Por isso, gostaria de deixar algumas
considerações que julgo importantes.
No final do artigo (lá embaixo da assinatura), eu anexei a minha
prova discursiva de AFRF/2009 corrigida pela ESAF, na qual obtive a 5ª maior nota nacional, para que você possa
verificar qual o estilo de correção da banca, onde o examinador gosta de tirar
pontos e onde você pode conquistá-los.
Ficou um pouco grande, mas não
deixe de ler, pois são dicas importantes, que podem garantir pontos preciosos.
1 – PREPARAÇÃO
1º PONTO: Forma x Conteúdo
A primeira pergunta que você deve
responder é: Eu escrevo bem?
A grande maioria se preocupa muito
com o conteúdo e esquece a forma.
Meus amigos, não adianta nada
saber tudo da matéria se você não consegue expressar suas ideias nas folhas
fornecidas pela ESAF.
Saber expressar bem as ideias e
conseguir expor de forma clara e organizada para o examinador faz toda a
diferença. Pode ter certeza disso!
Por isso, meu primeiro conselho é:
preocupe-se, de início, com a forma. Saber escrever bem é muito importante
nessa fase.
2º PONTO: O que estudar?
O objetivo de uma prova discursiva
não é avaliar se o candidato sabe todos os detalhes de todas as matérias. Esse
objetivo é observado na prova objetiva, etapa que já foi vencida. Você não está
indo para a segunda etapa pela sorte. Seus conhecimentos já foram avaliados.
O objetivo da banca agora é
avaliar se você está bem em tudo o que comentamos no 1º ponto, ou seja, se você
sabe expressar bem o seu conhecimento.
Nessa linha, estando bem na
escrita, o candidato deve saber filtrar o que estudar.
Por tudo o que comentamos, as
bancas, geralmente, costumam exigir temas mais genéricos.
Não estou afirmando aqui que não
possa ser cobrado um tema mais específico da matéria. Mas a probabilidade de
cair algo genérico é muito maior.
Sendo assim, recomendo que você
esteja afiado nos aspectos mais gerais que envolvem as matérias e filtre
aqueles temas mais específicos que têm maior repercussão.
Vários professores aqui do
Estratégia já deram suas opiniões sobre os temas mais relevantes.
3º PONTO: Treinar muito
É muito importante você escrever
algumas redações para treinar vários aspectos:
–
sua letra
–
tempo de prova
–
capacidade de expor suas ideias em um número limitado de
linhas
Por isso, sempre treine escrevendo
à mão. Nada de fazer no Word.
Assim, você molda a sua letra,
vai sabendo se o tamanho está adequado para a quantidade de linhas e vai
adaptando isso.
Escrevendo no Word, na hora da
prova você poderá ter uma surpresa desagradável quanto ao número de linhas.
Além disso, é importante saber em
quanto tempo você consegue desenvolver o tema. A prova terá um tempo limitado e
isso pode fazer a diferença.
Vou dar o exemplo do que aconteceu
comigo na prova discursiva de AFRF 2009. Foram 2 temas e 4 questões, divididos
em dois períodos. No período da manhã, eu iniciei o primeiro tema fazendo o
rascunho e tive dois problemas:
1- O tamanho da letra no rascunho
ficou pequena e quando estava passando a limpo, vi que iria ultrapassar o
limite de linhas. Resultado: tive que fazer ajustes de última hora na
conclusão.
2- Perdi um tempo enorme, o que
prejudicou a resolução das questões seguintes. Resultado: não pude me dar ao
luxo de fazer rascunho para as questões seguintes, fiz direto na folha de
respostas. Imagine o medo de errar… J
Por isso, meu amigo, escrever em
casa lhe prepara para todos esses pontos, de forma que reduzirá ao máximo os
imprevistos.
4º PONTO: Ajuda de terceiros
Sempre que você concluir uma
redação, peça para alguém ler. Pergunte o que achou, que nota daria. Não
precisa ser um concurseiro. Basta que avalie a forma. Isso ajuda a encontrar
erros que nós mesmos não percebemos.
5º PONTO: Auto-avaliação
Sempre que concluir sua redação,
leia com calma e faça uma auto-avaliação, mas não de imediato. Eu sempre
pensava assim: se isso fosse uma matéria de jornal ou um artigo numa revista,
eu aprovaria o texto ou faria críticas?.
Escrevia imaginando o que o leitor
pensaria. Na verdade, o ideal é escrever sempre pensando nisso. E no caso
específico da prova, o leitor será o examinador, a ESAF.
Então, faça suas próprias
críticas. Mas não o faça logo após concluir a redação. Leia no dia seguinte,
ficará um pouco mais imparcial.
2 – NA HORA DA PROVA
1º PONTO: Entender o que a questão
pede que se responda
Para isso é preciso estar afiado
na matéria. Saber que ponto da matéria está sendo cobrado e que conhecimentos
irá utilizar do seu arsenal.
É muito comum nós pegarmos uma
questão de um tema que sabemos bem e pensar: Ah! Agora eu vou arrebentar! E
aí pensamos em escrever tudo o que sabemos sobre aquele tema para impressionar
o leitor.
Ora, você sabe muita coisa sobre a
matéria e se for escrever tudo, as linhas não serão suficientes.
Então, vou deixar o exemplo do que
ocorreu comigo. Na época, havia um amigo que elaborava questões para mim e
corrigia minhas redações, fornecendo as respectivas notas. Lembro que ele fez
uma questão sobre atos administrativos e aí pensei da forma como mencionei
acima. O problema é que a questão pedia a classificação dos atos e eu resolvi
falar tudo o que sabia sobre atos administrativos e quando resolvi escrever
sobre a classificação, não havia mais espaço. Resultado: me deu nota 2.
Fiquei revoltado com aquela nota.
Pensei: esse é o assunto que mais sei de Direito Administrativo, como pode o
cara me dar uma nota dessa?. Ai fui ler com calma e vi que realmente eu não
respondi o que a questão pedia.
Na minha prova acabou caindo uma
questão de atos administrativos e acabei tirando nota máxima, porque fui direto
ao ponto.
Não basta saber demais. Na discursiva
tem que saber o que responder. Você terá que filtrar do seu enorme conhecimento
aquilo que deverá ser usado na questão.
2º PONTO: Em busca das gaivotas
Que gaivota, professor? Tá de
brincadeira? Não, meu amigo, permita-me explicar.
Nas escolas militares, as provas
contêm um número determinado de itens e, na correção, o examinador vai marcando
o que você acertou com aquele visto, que lembra um V maiúsculo, a famosa
gaivota. Para ganhar o ponto, você deve responder exatamente igual à grade de respostas.
Se tiver uma palavra diferente, você perdeu o ponto.
Não quero dizer com isso que você
só vai ganhar ponto se citar as palavras chaves que muitos costumam defender.
Claro que há determinadas questões que exigem o uso de alguns termos
específicos, sem os quais ficaria sem sentido.
Porém, o que quero defender aqui é que você saiba identificar o que é “gaivota” na questão, ou seja, aquilo que o examinador vai buscar para pontuar.
Há vários tipos de questões.
Quando a questão expressamente
traçar um roteiro, não pense duas vezes: SIGA A
MESMA ORDEM!
Seria mais ou menos assim: fale
sobre o assunto tal, abordando necessariamente: a) b)…
Diante disso, cada item que a
questão citou é gaivota, é ponto certo, meu amigo. O examinador vai corrigir
sua prova procurando aqueles itens. Se você seguir a proposta da questão, será
mais fácil para o examinador achar suas respostas e os pontos virão mais
rapidamente, evitando busca-los mediante recursos.
Em questões mais genéricas, a
identificação do que é ponto certo requer uma atenção maior e é aí que saber
procurar as gaivotas faz toda a diferença.
Por exemplo, na minha prova caiu
uma questão que pedia para relacionar o motivo do ato administrativo aos
conceitos jurídicos indeterminados. Ganharia o ponto quem falasse que essa
indeterminação abriria uma certa margem de discricionariedade. Comentando com
os colegas no final da prova percebi que houve uma dificuldade em identificar o
que a questão queria.
Por isso, recomendo que ao ler sua
questão, identifique, de imediato, o que você julga ser ponto certo. Faça um
check-list, pontuando tudo o que o examinador vai buscar na sua redação, ou
seja, tente se antecipar à grade de correção, identifique as gaivotas que
estão sobrevoando a questão.
Meus amigos, são muitos detalhes
que fazem uma prova discursiva. Não dá para tratar de todos aqui. O texto já
está muito grande.
No entanto, julgo esses os
principais.
Se você teve paciência de ler até
aqui, não deixe de baixar a prova corrigida pela ESAF para ir conhecendo o
estilo do examinador.
Um grande abraço e bons estudos.
George Firmino