“A preguiça consome a vida assim como a ferrugem corrói o ferro. Um dia de procrastinação, de preguiça na cama e de autossabotagem sempre vai te colocar mais distante do seu objetivo. No futuro, você pode se arrepender por não aproveitar as oportunidades que, hoje, se escancaram para você. Assuma a responsabilidade do seu destino e passe a persegui-lo de maneira séria desde agora, pois só temos uma vida para sermos felizes.”
Confira nossa entrevista com Filipe Almeida Campos Mota, aprovado no concurso PC-PA em 5º lugar no cargo de Escrivão e 74º no cargo de Investigador:
Estratégia: Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Filipe Almeida Campos Mota: Meu nome é Filipe Mota e sou da cidade de Valente/BA. Sou formado na Faculdade de Direito da UFBA e tenho pós-graduação em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho. Tenho 28 anos.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos? Por que a área Policial?
Filipe: A decisão surgiu a partir da insatisfação com o resultado da relação esforço x remuneração nas experiências que tive trabalhando na iniciativa privada. Apesar de nos dedicarmos em demasia, nem sempre somos reconhecidos como merecemos ou recebemos um salário justo pelo que desempenhamos. Além disso, a pandemia demonstrou que os servidores públicos, por terem estabilidade, possuem uma tranquilidade maior na condução da própria vida.
A área policial, inicialmente, surgiu como uma oportunidade, já que antes do “boom” dos concursos dessa área, tivemos uma escassez dos concursos de tribunais. Como eu já havia tomado a decisão de ser servidor público e estava com este projeto em prática, resolvi aceitar o desafio de mudar de área e trabalhar com algo diametralmente oposto ao serviço cartorário que eu já estava acostumado. Depois de certo tempo, percebi que foi a melhor decisão que poderia ter tomado, pois comecei a me apaixonar cada vez mais pela área policial e entender a dignidade que existe no exercício dos profissionais da saúde pública. Inclusive, não vejo a hora de ingressar na polícia civil.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseiro, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Filipe: Apenas estudava.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Filipe: Este foi o meu único concurso. Fiquei em 5º lugar para escrivão (EPC) e em 74º para investigador (IPC)
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados na primeira fase do certame?
Filipe: Na primeira fase, que correspondeu à etapa objetiva, eu já sabia que seria aprovado pela alta pontuação que fiz conferindo as minhas respostas com o gabarito. A surpresa real veio com o resultado da segunda fase, já que a etapa discursiva foi crucial não só para que eu ganhasse muitas posições, mas, principalmente, para sacramentar a minha aprovação. Pode parecer clichê, mas não há palavras para descrever essa sensação. É mais do que a sensação de dever cumprido, mais do que a felicidade de ter conquistado um desafio… vai além disso. É um êxtase que retoma, como um filme, toda a sua extensa e dolorosa etapa de preparação e atinge o seu ápice com borboletas no estômago. É uma sensação de atingir o inatingível, de alcançar o inalcançável. Pra mim foi como sentir que, com dedicação, eu tenho o poder de alcançar aquilo que eu quiser.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Filipe: Excluí redes sociais, restringi o convívio a pouquíssimos amigos e me dediquei integralmente aos concursos. Não me arrependo nenhum pouco. Saiba que aqueles que são seus amigos de verdade estarão te apoiando e te aguardando para celebrar o sucesso que virá. O momento é de se preocupar consigo mesmo e de construir o seu futuro.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseiro? Se sim, de que forma?
Filipe: Não sou casado, não possuo filho e nem namoro. Com relação à moradia, vivi uma parte sozinho e outra parte posso dizer que alternei entre a capital (para onde me mudei desde 2009) e casa do meu pai e da minha mãe no interior. Na pandemia essa situação de moradia ficou um pouco complicada para mim. Entretanto, posso dizer que sem o apoio da minha família não teria chegado à aprovação. Eles sempre me apoiaram, acreditaram em mim e, até hoje, continuam me incentivando a chegar ainda mais longe.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Filipe: Depois que descobri a minha vocação para a área da segurança pública, pretendo nela permanecer. Farei outros concursos apenas para Delegado de Polícia, pois as outras áreas já não me atraem depois que compreendi a nobreza dessa profissão e, de fato, me vejo feliz trabalhando nela.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovado?
Filipe: Cerca de sete meses. Entretanto, eu já havia estudado por alguns meses antes para tribunais, cujas provas não aconteceram até hoje por conta da pandemia e por falta de prioridade dos respectivos estados em que elas ocorreriam.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Filipe: Sim. Para mim não houve diferença em termos de disciplina na fase pré ou pós-edital. Eu sempre entendi que ambas tinham um papel relevante e que um pós-edital conduzido de maneira desesperada seria infrutífero. A minha disciplina vinha da força de vontade mesmo, da decisão de mudar de vida, excluindo redes sociais e recusando outras distrações e programas que prejudicassem o meu desempenho durante a semana. Eu sempre tive um senso de responsabilidade muito grande, principalmente com os estudos. Pra mim, cada tempo disponível não estudado é um desperdício, desde que você não prejudique a sua saúde com excessos.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Filipe: Utilizei apenas o material em PDF do Estratégia. A videoaula jamais será tão completa e tão detalhada como o material em PDF. A leitura pode ser chata e cansativa, mas exige um estudo ativo e uma concentração reforçada. Ademais, os grifos proporcionam uma revisão de qualidade. Vale lembrar também que em uma hora de leitura atenta é possível consumir muito mais conteúdo do que assistindo videoaulas. Apenas baixava algumas aulas em áudio para ouvir na academia, mas nunca para assistir na frente do computador. Ainda que eu fizesse anotações das videoaulas, seria muita pretensão da minha parte achar que elas seriam mais ricas do que o material escrito preparado pelo próprio professor.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Filipe: Lembro-me como se fosse hoje. Numa sala de aula, comentei que estava pensando em comprar outro curso no formato de videoaulas. Uma colega, que também estava na lida dos concursos, me alertou que eu faria um mal negócio, pois o Estratégia tinha um material mais completo. Após, fui pesquisar na internet e vi que o diferencial estava no número de aprovações, amplamente divulgados na mídia. Números são incontestáveis. Não admitem juízo de valor. Se é o que mais aprova, é porque tem um material de qualidade. Este foi o fator diferencial para a minha decisão.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso?
Filipe: Para estudar todo o conteúdo do concurso eu estabeleci uma lista de prioridades. As matérias que eu nunca tinha visto, como Contabilidade e Estatística, seriam vistas por 4 vezes num ciclo; Outras que eu já tinha conhecimento, mas tinham um grande peso no concurso, como Direito Penal, seria vista 3 vezes por semana. Treinava discursiva pelo menos duas vezes; as matérias que eu tinha mais domínio, como Direito Constitucional e Raciocínio Lógico, apenas uma vez. Após decidir a importância de cada matéria (de 1 a 4) construí um ciclo de estudos que respeitasse essa prioridade. Ou seja, veria Contabilidade na proporção de 4:1 em relação a Direito Constitucional. Eu estudava todas as matérias de vez, pois acho que essa rotatividade é importante até para dar segurança de que você está conhecendo todo o conteúdo do edital. Eu somente fiz resumos na reta final, nas últimas 8 semanas e exclusivamente de pontos cruciais para serem revistos na última semana da prova. Fiz um caderno à mão com essas anotações específicas de cada matéria que costumavam ser traiçoeiras e que me faziam errar repetidamente os exercícios. Com relação a estes, inclusive, fiz muitos, mas acho que eles têm a mesma relevância da revisão da teoria dos PDFs. Eu também criava questões sobre assuntos que ainda não tinham caído e sobre leis que haviam sido atualizadas. O meu plano de estudos foi montado por mim mesmo, após tentar vários. O que mais me adaptei foi o de 24/7/30, que funciona com 3 revisões: uma após 24 horas que vi a matéria, outra após 7 dias e mais uma após 30 dias. É um método cansativo e exige muita disciplina e organização, porém é o mais completo por permitir que você passe diversas vezes pelo mesmo conteúdo. Não é fácil utilizá-lo, mas após testar outros (como revisões no finais de semana etc), percebi que foi o que mais contribuiu para a memorização.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Filipe: Sim. A minha dificuldade inicial foi em Contabilidade e Estatística. Para superar essa dificuldade, estabeleci uma carga horária (muito) maior em relação às disciplinas que eu já conhecia. No início é uma tortura, pois você tende a não gostar de estudar aquilo que não conhece ou que não tem facilidade. Entretanto, isso faz parte do processo. Aceite o desafio, pois a recompensa vale a pena.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Filipe: Na semana que antecedeu a prova eu fiz uma lista de todos os assuntos sobre os quais ainda paravam alguma dúvida. Nesse ponto eu já não utilizava a revisão de 24/7/30, pois já tinha visto o edital várias vezes e tinha consciência daquilo em que eu não ia bem. Após anotar no papel o que estava pecando em cada matéria, anotei no calendário quais assuntos daquela lista estudaria nas duas últimas semanas numa espécie de “contagem regressiva”. Ter o controle sobre esses pontos fracos foi essencial para que eu chegasse no dia da prova tendo certeza de que minhas deficiências foram cumpridas. Na véspera da prova eu revisei os meus cadernos quase por completo, pois eles tinham sido preparados exatamente para isso: continham anotações específicas de pontos que precisavam ser revistos. Se você pode, na noite anterior, rever determinados pontos que sabe não ter decorado bem para que na hora da prova eles estejam frescos na sua memória, por que não fazer? No dia seguinte, após a prova, você descansa, ué.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Filipe: Aconselho a treinar desde o início e sem preguiça. Insira a parte discursiva como uma “matéria” no seu ciclo de estudos e treine de três em três dias, no mínimo. As pessoas tem preguiça de treinar a redação e de aperfeiçoar o vocabulário e você pode ganhar muitas posições nessa fase. Para investigador, subi mais de 100 posições por conta da nota 10 na redação e para escrivão, subi de 22º para 5º. Isso só foi possível com bastante treino.
Estratégia: Como está sendo sua preparação para o TAF e para as demais etapas?
Filipe: Eu sempre gostei de atividades físicas e já compreendia que o TAF era uma etapa eliminatória e, portanto, essencial para o concurso da área policial. Portanto, já venho me preparando há 7 meses. Recomendo que todos procedam dessa forma, pois a atividade física dá mais disposição para estudar. Além disso, você não precisará se desesperar quando for convocado para prestá-la.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Filipe: O meu principal erro foi não compreender que meu corpo não é uma máquina e que, enquanto ser humano, sou falho. Julguei-me e me consumi por muitas vezes quando eu não conseguia estudar após uma noite ruim de sono, algum problema pessoal ou só por não estar num dia bom. Custei a entender que não são um ou dois dias não estudados que me farão reprovar. O segredo está na constância, está em voltar no terceiro dia e não desisti. O meu maior acerto foi aperfeiçoar o meu material em PDF incluindo informações novas que aprendia nas questões e fazendo grifos estratégicos que me possibilitavam ser mais rápido ao rever cada matéria. Ter um material próprio, muito bem anotado e que você conheça como a palma da sua mão faz você ganhar tempo e te dá confiança.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Filipe: O mais difícil é acordar dia após dia e manter a força de vontade para estudar numa rotina que sempre te desafia com longos PDFs pra ler e questões intermináveis para resolver online. Se manter em movimento, aceitar que o cansaço é necessário e tirar distrações do caminho (como séries de TV, saídas no meio da semana ou redes sociais) são indispensáveis para o sucesso. Nunca pensei em desistir, pois sou muito obstinado e já tinha definido esse objetivo como irrenunciável.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Filipe: Uma profissão que fizesse os meus olhos brilharem, a estabilidade e um salário digno.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Filipe: A preguiça consome a vida assim como a ferrugem corrói o ferro. Um dia de procrastinação, de preguiça na cama e de autossabotagem sempre vai te colocar mais distante do seu objetivo. No futuro, você pode se arrepender por não aproveitar as oportunidades que, hoje, se escancaram para você. Assuma a responsabilidade do seu destino e passe a persegui-lo de maneira séria desde agora, pois só temos uma vida para sermos felizes.