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O dinheiro na era digital – atualidades para o Banco do Brasil

Olá, pessoal! A prova do concurso do Banco do Brasil se aproxima, e estamos aqui para falar sobre O dinheiro na era digital. Esse é um tema importante, presente no edital na parte de Conhecimentos Básicos – Atualidades do mercado financeiro, portanto comum aos dois cargos.

A era digital vem revolucionando diversos aspectos de nossas vidas. Um exemplo simples é a oferta de versões cada vez mais modernas e conectadas de equipamentos já conhecidos, como celulares e televisões. Há também impactos mais disruptivos, como a criação de serviços completamente novos e suas consequentes transformações nas relações de trabalho.

Nesse contexto, abriu-se espaço para escrever um novo capítulo na história do dinheiro, com o surgimento e avanço de formas alternativas às moedas ou cédulas de papel.

O primeiro passo dessa evolução foi a substituição das moedas e cédulas pelo dinheiro de plástico – os cartões de crédito.

Em seguida, a mudança de paradigma foi ainda maior, quando o dinheiro eletrônico, aquele que transita entre os sistemas eletrônicos de pagamento dos bancos, foi potencializado pelo advento da internet banking e mobile banking.

Esse movimento vem ganhando mais força com as empresas de pagamento online, que fazem intermediação para compras através da internet, abrindo ainda mais espaço para o dinheiro invisível.

Após esse breve histórico, podemos passar à mais recente etapa dessa história, o dinheiro digital.

o dinheiro na era digital
O dinheiro na era digital

O que são criptomoedas? – o dinheiro na era digital

Criptomoedas, também conhecidas como moedas virtuais ou moedas digitais, são moedas criptografadas e constituem uma forma de dinheiro que existe apenas digitalmente.

Funcionam como uma espécie de moeda online e, portanto, é possível utilizá-las para adquirir produtos e serviços, apesar de ainda serem poucas as lojas que as aceitam diretamente. Porém, também é possível utilizá-las a partir de um cartão virtual que faz a conversão para moedas soberanas, como o dólar americano (USD) ou o euro (EUR).

No entanto, diferentemente das moedas oficiais, as criptomoedas não são regulamentadas por bancos centrais.

No Brasil, o Banco Central (BACEN) emitiu um comunicado em 2017, informando que questões relacionadas à conversibilidade e ao lastro de tais ativos não são reguladas, autorizadas ou supervisionadas pela instituição. O seu valor decorre, então, da confiança que os indivíduos conferem ao seu emissor.

Principais características

As principais características das criptomoedas são:

Descentralização

Refere-se ao fato de não existir nenhum organismo financeiro ou autoridade governamental para definir regras ou fazer qualquer tipo de monitoramento do comércio desse tipo de moeda.

Sendo assim, não há intermediação ou autorização para a emissão, transferência e controle das operações. São os próprios usuários quem decidem sobre a governança da rede e, consequentemente, da criptomoeda.

Anonimato

As transações relacionadas ao dinheiro digital são realizadas de forma anônima, o que é um grande atrativo para alguns usuários. Ao mesmo tempo, os governos repudiam essa característica, por dificultar a tributação das operações.

Embora haja transparência, no sentido de que todas as transações são registradas, é muito difícil associar os endereços de cada conta da rede aos seus proprietários no mundo “real”. Ou seja, é possível identificar que “x” moedas foram transferidas do endereço “AWDZ86” para o “ZDWQ22”. Mas não é possível saber o CPF ou CNPJ associado.

Criptografia

O uso de criptografia avançada protege as transações e os dados de seus usuários, conferindo segurança na emissão e transação de criptomoedas.

Bitcoin, a mais famosa criptomoeda

A Bitcoin (BTC) surgiu em 2009 e foi a primeira criptomoeda que teve força suficiente para ganhar aderência e dar relevância ao conceito. Até hoje, é a moeda digital mais conhecida e utilizada.

Cada Bitcoin é um arquivo computacional armazenado na carteira digital, ou wallet, de seu proprietário. Por sua vez, cada carteira representa um endereço na rede, de forma que os usuários podem enviar Bitcoins ou frações para uma determinada carteira digital e, da mesma forma, recebem os valores a eles direcionados.

Todas as transações são gravadas na rede, sendo possível, portanto, rastrear o histórico dos Bitcoins, para impedir um usuário de gastar moedas através de cópias falsas ou do desfazimento de transações honestas.

Outra importante característica é o fato de o número de Bitcoins disponível ser finito: no máximo, 21 milhões de moedas podem ser emitidas. Até 2019, estima-se que foram emitidas 18 milhões.

Como conseguir Bitcoins?

É possível obter Bitcoins por três caminhos:

  • Compra dos Bitcoins, usando moedas oficiais, como o Real;
  • Venda de bens ou prestação de serviços, permitindo que o pagamento seja efetuado em Bitcoin;
  • Criação, através de ferramentas computacionais – mineração.

A terceira opção está ligada a um conceito bastante importante, explicado a seguir.

Para que o sistema funcione, é necessário que alguns participantes da rede disponibilizem seus computadores para processar transações de outros usuários. Na prática, o processamento consiste na resolução de cálculos matemáticos extremamente complexos e custosos tanto em energia elétrica quanto em recursos computacionais.

Como forma de recompensa, são criadas novas Bitcoins para remunerar os participantes da rede que se disponibilizam para exercer a função de validação de transações. Esse processo de investir em poder computacional para ganhar o dinheiro digital é denominado mineração.

Antes, era possível minerar Bitcoin usando apenas notebooks ou desktops. Porém, com o passar do tempo, a dificuldade foi aumentando, pois os mineradores foram adquirindo equipamentos específicos para aumentar sua competitividade, a exemplo dos ASICs, que podem formar um conjunto dedicado de processamento para a mineração de Bitcoins.

Como consequência, não é mais possível lucrar com a mineração de Bitcoins através de um computador pessoal. No entanto, ainda existe a opção de fazer mineração em casa no contexto de outras moedas, menos famosas.

Outras opções de criptomoedas

De acordo com dados de janeiro de 2020, o número de criptomoedas disponíveis na internet é superior a 6.000, e essa quantidade está em constante crescimento, já que qualquer usuário pode, a qualquer momento, criar sua criptomoeda, desde que construa uma rede com essa finalidade.

É importante conhecer outras moedas que vêm ganhando espaço:

  • Ether (ETH): é a segunda maior criptomoeda e pertence a uma importante plataforma de Blockchain – a Ethereum;
  • Dogecoin (DOGE): também possui uma base significativa de usuários e, diferentemente da Bitcoin, sua quantidade pode aumentar todo ano, sem nenhum limite, o que é um atrativo para os mineradores;
  • Litecoin (LTC): foi criada em 2011 e possui muitas características comuns à Bitcoin, porém seu tempo de processamento é mais curto, o que agiliza as transações. Por esse motivo, alguns analistas a consideram mais apropriada para o dia a dia;
  • Bitcoin Cash (BCH): é uma moeda mais recente, criada em 2017. Seus criadores também buscaram proporcionar transações com taxas mais baixas e confirmações mais rápidas, relativamente à Bitcoin.

O que é Blockchain? – o dinheiro na era digital

O conceito de Blockchain foi primeiramente apresentado em 2008, sob a autoria do pseudônimo Satoshi Nakamoto, como um conjunto de princípios técnicos do funcionamento da criptomoeda Bitcoin.

Em outras palavras, pode-se dizer que Blockchain é a tecnologia que está por trás das criptomoedas, com elas não se confundindo. Nos últimos anos, seu domínio de aplicação tem se expandido para além das moedas digitais, alcançando, principalmente, o setor financeiro e as áreas da saúde, energia elétrica, educação e transporte.

Em linhas gerais, uma Blockchain típica consiste em uma rede peer-to-peer de computadores – chamados nós – que mantêm uma base compartilhada e descentralizada de registros, na qual todos os participantes são responsáveis por armazenar e manter a base de dados.

As transações que ocorrem na rede são transmitidas para todos nós, que devem confirmar a validade das informações, bem como a sequência em que elas ocorreram. Uma vez aprovadas, essas transações são adicionadas a estruturas denominadas “blocos”, que são confirmados na rede para formar uma corrente ou cadeia; daí vem o nome Blockchain.

Por sua vez, cada bloco possui um carimbo para identificar sua data e hora e armazena um hash único, que funciona como uma espécie de impressão digital, que o conecta ao bloco anterior, além de fazer referência a seu próprio conteúdo. Blocos somente podem ser adicionados, e não deletados.

Dessa forma, a Blockchain interliga os usuários de uma mesma criptomoeda, de modo que todos participem ativamente de todas as transações executadas através da rede. Uma vez que o usuário participa da rede Blockchain, pode também ser validador das informações.

Essa arquitetura possibilita a eliminação de uma figura centralizadora que atue como intermediador, pois permite que as partes compartilhem informações e executem transações diretamente e de modo seguro.

CDBC (Central Bank Digital Currencies) – o dinheiro na era digital

Conforme explicado, as criptomoedas existentes não são regulamentadas pelos bancos centrais, o que as torna não oficiais. Entretanto, os governos têm percebido que não é possível ignorar a existência das criptomoedas, ou simplesmente condená-las.

Assim, como forma de acompanhar a transformação iniciada pela economia digital, o conceito de CDBC vem ganhando força, e países importantes, como China e Estados Unidos anunciaram planos de digitalizar suas moedas.

CDBC – ou moedas digitais de banco central – é a moeda digital emitida por um banco central ou outra autoridade monetária. Trata-se, portanto, de uma moeda oficial, soberana, porém digital, e não apenas de mais uma criptomoeda. No caso do Brasil, seria o Real Digital.

O Banco Central do Brasil inclusive também declarou que tem planos de, em breve, lançar sua moeda digital.

Ao contrário das criptomoedas comuns, as CDBCs possuem todas as características de uma moeda soberana (autoridade emissora, curso forçado e poder liberatório).

Além disso, possuem uma característica que as diferencia das moedas soberanas tradicionais, que é o fato de não possuir forma física, tampouco representar uma manifestação da versão física da moeda, como é o caso da moeda escritural. A moeda digital tem emissão apenas eletrônica desde sua origem.

A principal vantagem da adoção da CDBC é a redução de custo. Hoje, os bancos centrais têm um custo muito alto para fazer a gestão da impressão das cédulas e da logística de distribuição.

Por outro lado, essa implementação traz diversos desafios, não apenas tecnológicos. Do ponto de vista social, a falta de digitalização da sociedade apresenta-se como uma barreira, já que grande parte da população não tem acesso a smartphones e/ou Internet.

Caros alunos, chegamos ao final de mais um artigo. Bons estudos e até a próxima!

Lara Dourado

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