Prova comentada Português TRE PR Analista 2012
Prova comentada Português TRE PR Analista 2012
Olá, pessoal!
Hoje faremos a Primeira Maratona TRE PR, por isso decidi colocar o comentário da última prova, para que você já possa entender a forma como a banca cobra. Sabendo como foi a prova, é mais fácil perceber o que e como estudar.
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Vimos no artigo anterior o comentário da prova do TRE PR nível técnico. Agora, partiremos para a Prova comentada Português TRE PR Analista 2012.
(TRE-PR – 2012 – Analista Judiciário – Área Administrativa)
Atenção: As questões de números 1 a 4 referem-se ao texto abaixo.
1. No texto, o autor
(A) está interessado em caracterizar o pensamento brasileiro no que se refere ao exame das relações entre “centro” e “periferia”, o que não o dispensou de citar linhas interpretativas do tema que se aproximam desse pensamento e as restrições que faz a elas.
(B) historia cronologicamente o caminho percorrido pelo pensamento latino-americano desde o início das discussões sobre “centro” e “periferia” até o momento em que se fixa na determinação das diferenças entre os dois conceitos.
(C) propõe a reformulação de dois conceitos importantes no pensamento brasileiro − o “centro” e a “periferia” −, tecendo reflexão que admite recuperar as apresentadas nas últimas décadas por teorias sociais, econômicas e políticas.
(D) reconhece o pioneirismo da teoria do imperialismo no que se refere à análise do diálogo entre “centro” e “periferia”, identificando nela a desejável equanimidade no valor atribuído a cada um dos polos.
(E) correlaciona a temática do “centro” à da “periferia”, e, construindo relação homóloga, obriga-se a estabelecer também correlação entre o pensamento brasileiro e o latino-americano.
Comentário: A alternativa (A) é a correta, pois realmente se consegue perceber que o autor está interessado em caracterizar o pensamento brasileiro no que se refere ao exame das relações entre “centro” e “periferia”. Isso é comprovado na primeira frase do texto (“A discussão sobre “centro” e “periferia” no pensamento brasileiro vincula-se a elaborações que se dão num âmbito mais amplo, latino-americano.”).
Além disso, o autor citou linhas de interpretação do tema que se aproximavam desse pensamento. Isso é comprovado no segundo e terceiro parágrafos, em que o autor cita a “teoria do imperialismo” e algumas personalidades.
Por fim, podemos perceber que as restrições que o autor faz a essas interpretações estão nesses dois parágrafos a partir das conjunções coordenativas adversativas “No entanto” (linha 8) e “contudo” (linha 15). Note que elas iniciam orações que contrastam com as respectivas informações anteriores.
A alternativa (B) está errada, pois o texto não tem a particularização e especificação de dados cronológicos (histórico) e também não tem a intenção de fixar a diferença entre estes dois conceitos: “centro” e “periferia”.
A alternativa (C) está errada, pois o autor não propõe reformulação dos conceitos de “centro” e “periferia”.
A alternativa (D) está errada, pois se sabe que a teoria do imperialismo é antecedente à CEPAL, mas daí a afirmar que aquela teoria é pioneira (a primeira) é bem diferente. Além disso, não se identifica na teoria do imperialismo a equanimidade (igualdade) a cada um dos polos, pois um (o “centro”) é visto como principal em relação ao outro (“periferia”).
A alternativa (E) está errada, pois a construção homóloga nos leva ao entendimento de que haveria equanimidade entre os polos, algo já visto na alternativa anterior como errado.
Gabarito: A
2. A única afirmação INCORRETA sobre a forma transcrita do texto é:
(A) (linha 2) vincula-se / o tempo e o modo verbais indicam que a ideia é tomada como verdadeira.
(B) (linha 8) preocupava-se / a forma verbal designa que o fato é concebido como contínuo.
(C) (linha 9) interessando-se / esse gerúndio, colocado depois do verbo principal − preocupava-se −, indica uma ação simultânea ou posterior, e pode ser legitimamente considerado equivalente a “e interessava-se”.
(D) (linha 11) repercutissem / essa forma subjuntiva enuncia a ação do verbo como eventual.
(E) (linha 25) teriam / constitui forma polida de presente, atenuando a ideia de obrigação ou dever.
Comentário: A alternativa (A) está correta, pois o verbo “vincula” encontra-se no presente do indicativo. Esse tempo e modo são empregados para determinar realidade.
A alternativa (B) está correta, pois o tempo pretérito imperfeito do modo indicativo normalmente é usado para transmitir que a ação é regular, contínua no passado. É justamente o que ocorre na oração “No entanto, a elaboração anterior à CEPAL preocupava-se principalmente com os países capitalistas avançados…” Ela não se preocupou em apenas um determinado tempo no passado. Durante o tempo em que estava em vigor, ela mantinha a preocupação com os países capitalistas avançados.
A alternativa (C) está correta, pois o verbo no gerúndio “interessando” pode ser empregado como ação simultânea ao verbo anterior ou ação posterior como um resultado da ação anterior. Veja os dois sentidos:
Ações simultâneas (com conjunção aditiva “e”)
No entanto, a elaboração anterior à CEPAL preocupava-se principalmente com os países capitalistas avançados e (ao mesmo tempo) interessava-se pelos países “atrasados” na medida em que desenvolvimentos ocorridos neles repercutissem para além deles.
Ações subsequentes (com conjunção conclusiva “assim”)
No entanto, a elaboração anterior à CEPAL preocupava-se principalmente com os países capitalistas avançados, assim interessava-se pelos países “atrasados” na medida em que desenvolvimentos ocorridos neles repercutissem para além deles.
Como a conjunção “e” pode ter valor de simples adição ou conclusão, a expressão “e interessava-se” pode preservar tanto a simultaneidade de ações (adição) quanto a subsequência de ações (conclusão).
A alternativa (D) está correta, pois o tempo pretérito imperfeito do subjuntivo é normalmente empregado para transmitir possibilidade, eventualidade, incerteza. Note que a elaboração anterior à CEPAL interessava-se pelos países atrasados porque estes poderiam, de alguma forma, beneficiar os países ricos. Isso não é certo de ocorrer, por isso o autor utilizou o verbo no subjuntivo.
A alternativa (E) é a errada. O tempo futuro do pretérito do indicativo pode ser usado como uma forma polida de presente, atenuando a ideia de obrigação ou dever, em situações como “Você poderia me acompanhar até o segundo andar e então o direcionaria até o gabinete do diretor.”
Mas, no contexto em que aparece na linha 25, o emprego é diferente. O verbo “teriam” tem valor de necessidade, obrigação, e não atenuação. O futuro do pretérito do indicativo nos indica que é uma suposição dessa necessidade.
Gabarito: E
3. É possível encontrar antecedentes a esse tipo de análise na teoria do imperialismo. No entanto, a elaboração anterior à CEPAL preocupava-se principalmente com os países capitalistas avançados, interessando-se pelos países “atrasados” na medida em que desenvolvimentos ocorridos neles repercutissem para além deles.
Considerado o trecho acima transcrito, é correto afirmar:
(A) O sinal gráfico indicativo da crase está adequadamente empregado em à CEPAL, mas se, em vez de Comissão, tivesse sido empregada uma palavra masculina, o padrão culto escrito abonaria unicamente o emprego de a.
(B) A possibilidade referida na frase inicial é descartada, como o comprova o fato de, na segunda frase, nada mais se abordar do assunto mencionado.
(C) Observado que ocorrem aspas em países “atrasados” e que não são usadas em países capitalistas avançados, conclui-se que o autor as emprega para relevar seu julgamento quanto aos países que se defrontam com os países capitalistas avançados.
(D) O emprego de principalmente sinaliza que a elaboração anterior à CEPAL tinha sua atenção dirigida a países com distintos graus de desenvolvimento.
(E) A clareza do texto exige o entendimento de que os segmentos os países capitalistas avançados e (pel)os países “atrasados” são retomados, na última linha, respectivamente, por deles e neles.
Comentário: A alternativa (A) está errada, pois, se no lugar de “Comissão”, que é iniciada pelo artigo “a”, houvesse um substantivo masculino, deveria haver a inserção do artigo “o”.
…anterior à Comissão…
…anterior ao Grupo
Note que o artigo é obrigatório, porque esse primeiro substantivo da sigla (Comissão) é caracterizado pelas demais palavras. Assim, com um substantivo masculino, haveria o mesmo emprego.
A alternativa (B) está errada, pois a possibilidade referida na frase inicial não é simplesmente descartada, o assunto mencionado continua sendo desenvolvido na frase posterior. Isso é comprovado com o uso dos sinônimos da expressão “a elaboração anterior à CEPAL” que retoma a expressão “teoria do imperialismo”, realizando a continuação do tema.
A alternativa (C) está errada. Primeiro devemos entender o que a banca quis dizer com a expressão “para relevar seu julgamento quanto aos países que se defrontam com os países capitalistas avançados”.
O uso do verbo “relevar” dá a ideia de que as aspas teriam valorizado os países atrasados em relação aos “capitalistas avançados”. Mas não foi isso que ocorreu no texto. O autor, inserindo as aspas, chama-nos a atenção quanto à forma como eram vistos os países não desenvolvidos. Assim, é uma visão depreciativa.
A alternativa (D) é a correta. O advérbio “principalmente” enfatiza a maior preocupação da elaboração anterior à CEPAL com os países capitalistas avançados. Assim, a atenção é dada aos principais, depois aos demais. Por isso, podemos entender que houve atenção de acordo com graus distintos de desenvolvimento.
A alternativa (E) está errada, pois os pronomes “neles” e “deles” se referem apenas aos países “atrasados”.
Gabarito: D
4. O texto legitima o seguinte comentário:
(A) (linhas 12 a 16) se a caracterização de Caio Prado Jr., Eric Williams e Sérgio Bagu fosse eliminada, a argumentação não perderia intensidade, pois eles são citados meramente como exemplos.
(B) (linha 14) no segmento da sua região, o pronome remete às regiões indicadas tanto pelos adjetivos pátrios específicos, quanto pelo adjetivo pátrio que reporta ao processo de colonização.
(C) (linha 20) a expressão tal percepção evidencia que se nega a Caio Prado Jr., Eric Williams e Sérgio Bagu a categoria de pensadores, dado que não se reconhece alguma organização intelectual na intuição que tiveram.
(D) (linhas 17 a 19) o segmento ganha impulso uma linha de reflexão que sublinha a diferença entre centro e periferia, ao mesmo tempo que enfatiza a ligação entre os dois polos exprime a evolução simultânea de duas ações opostas, uma de desvalorização, outra de valorização.
(E) (linha 19) A expressão Na verdade introduz esclarecimento acerca das teorias citadas, indicando com precisão que elas se preocupam com a universalidade, e não exatamente com a questão do centro e da periferia.
Comentário: A alternativa (A) está errada, porque os nomes não foram citados como meros exemplos. Note que a caracterização “certos latino-americanos”, “brasileiro”, “trindadense” e “argentino” reforça o emprego da elaboração da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL).
A alternativa (B) é a correta. Para perceber com mais facilidade, vamos à sintaxe. Observe que a informação principal é “Também certos latino-americanos (…) haviam chamado a atenção para a vinculação (…) da sua região com o capitalismo mundial.”
Assim, é mais fácil perceber que o pronome “sua” refere-se a “latino-americanos” (vinculação da região latino-americana com o capitalismo mundial).
Note que a expressão “certos latino-americanos” é exemplificada com a enumeração “como o brasileiro Caio Prado Jr., o trindadense Eric Williams e o argentino Sérgio Bagu”. Assim, o pronome “sua” também faz referência a esses termos enumerados. Por isso, está correta a afirmativa de que “o pronome (“sua”) remete às regiões indicadas tanto pelos adjetivos pátrios específicos (“brasileiro”, “trindadense” e “argentino”), quanto pelo adjetivo pátrio que reporta ao processo de colonização (“latino-americanos”)”.
A alternativa (C) está errada, pois a expressão “não se reconhece alguma organização intelectual” possui uma palavra categórica (“alguma”), a qual nega por completo qualquer organização intelectual na intuição que tiveram. Para reforçar que isso é errado, note que a conjunção coordenativa adversativa “contudo” ressalta uma quebra de expectativa. Podemos interpretar que deles se poderia esperar uma percepção sistemática; porém, neste caso, isso não ocorreu. Além disso, a conjunção “contudo” nos impõe perceber que há neles organização intelectual.
A alternativa (D) está errada, pois a ação de sublinhar a diferença entre centro e periferia e a de enfatizar a ligação entre os dois polos certamente não se constituem em oposição (desvalorização/valorização).
A alternativa (E) está errada, pois a preocupação com a validade universal não era a principal, como afirma a alternativa por meio da expressão “indicando com precisão”. Veja que elas foram elaboradas com o propósito de se ligarem às condições particulares e acabaram sendo tomadas com validade universal.
Gabarito: B
Atenção: As questões de números 5 a 11 referem-se ao texto abaixo.
5. No excerto, o autor, crítico de cinema,
(A) resguarda-se de julgar o mérito do artigo de Pauline Kael sobre “Cidadão Kane”, não sem, entretanto, atribuir à crítica a malícia de provocar com ele afervorados movimentos de opinião.
(B) dá ciência do comportamento de Pauline Kael, há décadas, quando escreveu sobre Orson Welles, e legitima tanto a defesa que ela fazia do roteirista Herman J. Mankiewicz, quanto a reputação de gênio maldito de que o diretor gozava.
(C) faz referência a dados biográficos e a específico artigo de Pauline Kael, também crítica de cinema, com o objetivo de produzir um tributo à trajetória da americana.
(D) esquadrinha a composição de coletânea sobre específica criação de Orson Welles, em que se inclui célebre artigo de crítica de cinema americana.
(E) faz reparo, em função de direito suposto, a atitude de Pauline Kael, considerando-a comportamento antiético e apenável.
Comentário: Primeiramente, vamos comentar todas as alternativas erradas, para, em seguida, percebermos a correta.
A alternativa (B) está errada, primeiro porque “há décadas” transmite valor de tempo decorrido. Esta circunstância está ligada ao verbo “dá”. Assim, entendemos que a observação do autor sobre o comportamento de Pauline é realizado ao longo de décadas; mas o contexto nos mostra que foi o texto da crítica que foi veiculado há décadas.
O texto não é argumentativo, isto é, não há a apreciação, julgamento ou opinião explícita do autor do texto, ele simplesmente relata o comportamento da crítica Pauline. Assim, não se pode dizer que o autor legitima (confirma) a defesa que ela fazia do roteirista Herman J. Mankiewicz.
A alternativa (C) está errada, pois o objetivo do texto não foi produzir um tributo (homenagem) à trajetória da americana. Perceba que a expressão “surgem agora evidências de que a própria Pauline atuou de modo tão pouco ético como ela acusava Welles de ter agido” deprecia a crítica Pauline, mesmo não sendo esse o objetivo principal do texto.
A alternativa (D) está errada, pois o verbo “esquadrinha” significa esmiuçar, detalhar; mas claramente percebemos que o texto não detalhou as composições de Orson Weles.
A alternativa (E) está errada, pois faz subentender que o autor condena explicitamente a atitude de Pauline, mas vimos que o autor apenas relata, no final do texto, a conduta pouco ética da crítica.
Assim, a alternativa correta é a (A), pois já vimos que o autor não condena, não julga atitudes, pois o texto é expositivo, ele faz saber por meio de seu texto. Por isso, está correto afirmar que o autor do texto “resguarda-se de julgar o mérito do artigo de Pauline Kael sobre ‘Cidadão Kane’” (não julga).
Mas percebemos que o autor, no parágrafo final, não deixa de relatar o comportamento pouco ético de Pauline e que seu texto fora contestado: “o artigo foi bastante contestado na época”. Isso confirma a segunda parte da alternativa (A): “não sem, entretanto, atribuir à crítica a malícia de provocar com ele afervorados movimentos de opinião”.
Gabarito: A
6. Ela queria fazer justiça a Mankiewicz, que caíra em esquecimento, enquanto Welles entrara para a história com a reputação de gênio maldito, frequentemente reivindicando para si as principais qualidades de “Kane” e a coautoria do roteiro − embora Pauline jurasse que Welles não escrevera nem sequer uma linha do script.
Outra redação para o trecho destacado, que preserva o sentido e a correção originais, é:
(A) apesar da crítica Pauline jurar que Welles não escrevia pelo menos uma linha do script.
(B) apesar de Pauline negar a Welles o mérito de escrever mais do que uma linha do script.
(C) não obstante Pauline jurava que Welles não tinha escrito nem sequer uma linha do script.
(D) a despeito de Pauline jurar que Welles não tinha escrito nem ao menos uma linha do script.
(E) mesmo tendo sabido que Pauline jurou: “Welles não escreve ainda que seja uma linha do script”.
Comentário: A oração subordinada adverbial concessiva “embora Pauline jurasse que Welles não escrevera nem sequer uma linha do script” mostra que, apesar de Welles ter entrado para a história, Pauline ratifica que ele não escrevera nem uma linha do script.
Na alternativa (A), além da mudança de sentido provocada pelo verbo “escrevia” (pretérito imperfeito do indicativo), não pode haver sujeito com núcleo preposicionado. Assim, a contração “apesar da”, que inicia a oração reduzida de infinitivo “apesar da crítica Pauline jurar”, deve ser desfeita: “apesar de a crítica Pauline jurar”.
A alternativa (B) está errada, pois a nova redação transmite uma mudança de sentido: “apesar de Pauline negar a Welles o mérito de escrever mais do que uma linha do script”. Assim, admite pelo menos uma linha do script.
A alternativa (C) está errada, pois o verbo “jurava” encontra-se no pretérito imperfeito do indicativo, mas ele deveria estar conjugado no pretérito imperfeito do subjuntivo “jurasse”.
A alternativa (D) é a correta, pois a locução prepositiva “ a despeito de” mantém o sentido adverbial concessivo e inicia uma oração reduzida de infinitivo “a despeito de Pauline jurar que Welles não tinha escrito nem ao menos uma linha do script.” Assim, mantêm-se o sentido e a correção gramatical.
A alternativa (E) está errada, pois a estrutura mudou por completo. A citação entre aspas obrigatoriamente faz mudar o sentido. Note que o presente do indicativo “escreve” é empregado para transmitir regularidade na ação. Assim, mudaríamos o sentido, pois haveria a afirmação de que Welles não teria por hábito escrever script, sentido bem diferente do texto, concorda?!!!
Gabarito: D
7. Há 40 anos, a mais célebre crítica de cinema dos Estados Unidos, Pauline Kael (1919-2001), publicava seu artigo mais famoso.
Considerado o acima transcrito, é correto afirmar:
(A) A forma verbal publicava foi empregada para denotar uma ação passada habitual ou repetida.
(B) Se em vez de Há 40 anos fosse outra a formulação, esta estaria correta: “Devem fazer uns 40 anos”.
(C) Na frase, há duas informações prestadas de modo subentendido.
(D) Se Há 40 anos fosse deslocado para o fim da frase, não haveria alteração de sentido, pois o contexto não contém contraponto que justificasse ter sido dado relevo ao segmento por meio de sua colocação no início do enunciado.
(E) Considerados (I) a mais célebre crítica de cinema dos Estados Unidos e (II) seu artigo mais famoso, a ausência, em II, do determinante destacado em I sinaliza que, numa dada escala, I ocupa lugar significativamente mais elevado do que o lugar ocupado por II.
Comentário: A alternativa (A) está errada, pois a expressão de tempo “Há 40 anos” marca um momento do passado. Assim, a ação de publicar foi executada naquele momento, não continuou no tempo passado e ela não se repetiu. Tanto assim, que este tempo verbal (pretérito imperfeito do indicativo) poderia ser substituído pelo pretérito perfeito do indicativo:
Há 40 anos, a mais célebre crítica de cinema dos Estados Unidos, Pauline Kael (1919-2001), publicou seu artigo mais famoso.
O motivo do uso do tempo pretérito imperfeito do indicativo (“publicava”) é estilístico, dando a sensação de que essa ação vem sendo lembrada ao longo do tempo.
A alternativa (B) está errada, pois o verbo “Fazer” está sendo empregado com sentido de tempo decorrido. Ele é impessoal, isto é, não tem sujeito e não pode se flexionar no plural. Da mesma forma, quando há locução verbal com este verbo sendo o principal, o auxiliar deve se flexionar no singular: “Deve fazer uns 40 anos”.
A alternativa (C) é a correta. Esta alternativa trabalha os vestígios que nos apontam informações não explícitas (subentendidas). O vestígio é o advérbio de intensidade “mais” nas duas ocorrências.
Na expressão “mais célebre crítica de cinema dos Estados Unidos”, está explícito que ela se sobressaiu a outros como crítica, e isso nos faz subentender que há nos Estados Unidos outros célebres críticos de cinema.
Na expressão “seu artigo mais famoso” está explícito que foi publicado o artigo de maior relevância de sua autoria, e o advérbio “mais” nos faz subentender que Pauline possuía outros famosos artigos de sua autoria sobre cinema.
Vale lembrar que os números entre parênteses não apenas sugerem, mas explicitam o ano de nascimento e o de morte da autora. Assim, são dados explícitos.
A alternativa (D) está errada. Observe que não foi afirmado se haveria ou não uma vírgula antes da estrutura adverbial temporal “há 40 anos”. Isso faria muita diferença e veremos a seguir.
A expressão “Há 40 anos” está ligada ao verbo “publicava” (publicava há 40 anos). Com a mudança de posição para o final do período (sem vírgula), haveria mudança de sentido, pois esta expressão poderia ter vínculo com o adjetivo “famoso”, o qual é intensificado pelo advérbio “mais”. Assim, poderíamos ter o entendimento de que não se sabe quando foi publicado, mas o artigo é o mais famoso há 40 anos. Compare:
Há 40 anos, a mais célebre crítica de cinema dos Estados Unidos, Pauline Kael (1919-2001), publicava seu artigo mais famoso. (publicado há 40 anos)
A mais célebre crítica de cinema dos Estados Unidos, Pauline Kael (1919-2001), publicava seu artigo mais famoso, há 40 anos. (publicado há 40 anos)
A mais célebre crítica de cinema dos Estados Unidos, Pauline Kael (1919-2001), publicava seu artigo mais famoso há 40 anos. (mais famoso há 40 anos)
Como a banca não comentou sobre o uso da vírgula, podemos interpretar com sentido diferente. Por isso, há erro na afirmativa.
A alternativa (E) está errada. A afirmação está truncada e nos faz ter muito cuidado ao analisá-la. Foi afirmado que a ausência do determinante (artigo “a”) em “seu artigo mais famoso” sinaliza que o trecho I (a mais célebre crítica de cinema dos Estados Unidos) é mais importante que o trecho II (seu artigo mais famoso).
A banca está querendo enrolar você!!!!!!!!
Primeiramente, observe que o trecho I é o sujeito e o trecho II é o objeto direto. O artigo “a” e o advérbio “mais” dão destaque à crítica entre outros críticos. Já o segundo trecho não possui o artigo “o”, não porque ele seja menos importante, mas simplesmente porque nele há o pronome possessivo “seu”, o qual admite ser antecipado facultativamente pelo artigo “o”, e não “a”. Assim, a inserção ou não do artigo “o” não faria mudança de sentido.
Gabarito: C
8. Considerado o segundo parágrafo, é correto afirmar:
(A) (linha 7) O padrão culto escrito legitima tanto a forma defendia que, como a forma “defendia de que”.
(B) (linha 9) O emprego de até denota que, considerada uma gradação, se tem a expectativa de que a força criativa de maior grandeza seja a do diretor do filme.
(C) (linha 9) Substituindo Ela queria fazer por “Ela tensionava fazer”, o sentido e a correção originais estariam preservados.
(D) (linha 11) A expressão entrara para a história estaria corretamente substituída por “passou a figurar no conjunto de conhecimentos relativos ao passado do cinema e sua evolução”.
(E) (linha 14) A ideia negativa presente na caracterização de gênio (gênio maldito) está também marcada na palavra reputação.
Comentário: A alternativa (A) está errada, pois o verbo “defendia”, no contexto em que se encontra, só pode ser transitivo direto. Assim, não admite a preposição “de”.
A alternativa (B) é a correta. Vamos reler a parte mais importante da primeira frase do parágrafo:
“No texto (…) Pauline defendia que o roteirista Herman J. Mankiewicz era a força criativa por trás do filme, mais importante até que o diretor, Orson Welles”
A palavra denotativa de inclusão “até” (=inclusive) é um vestígio que nos faz subentender que seria natural um diretor ser o mais importante do filme, mas, na opinião da crítica Pauline, foi o roteirista Herman J. Mankiewicz.
Sem a palavra denotativa “até”, não haveria ênfase de que seria normal o diretor ser o mais importante. Compare:
“No texto (…) Pauline defendia que o roteirista Herman J. Mankiewicz era a força criativa por trás do filme, mais importante até que o diretor, Orson Welles” (subentende-se e enfatiza-se que seria normal o diretor ser o mais importante, mas não é)
“No texto (…) Pauline defendia que o roteirista Herman J. Mankiewicz era a força criativa por trás do filme, mais importante que o diretor, Orson Welles” (não há ênfase, apenas é informado que o roteirista é o mais importante)
A alternativa (C) está errada, pois a grafia correta deve ser “tencionava”.
A alternativa (D) está errada. Note que, contextualmente, “entrar para a história” (do cinema) é o mesmo que passar “a figurar no conjunto de conhecimentos relativos ao passado do cinema e sua evolução”. Mas o problema é a simultaneidade expressa pelos verbos “caíra” e “entrara”, os quais estão sendo empregados no pretérito mais-que–perfeito do indicativo (passado do passado), tendo em vista se distinguirem do tempo futuro do pretérito do indicativo “queria”, o qual é um passado mais próximo do presente. Além disso, perceba que a conjunção temporal “enquanto” confirma essa simultaneidade.
Ao utilizarmos o verbo “passou” no pretérito perfeito do indicativo, automaticamente, exclui-se a simultaneidade, que é exigida pela conjunção “enquanto” (as duas ações ao mesmo tempo). Assim, passaríamos a um desnível temporal (primeiro Mankiewicz caíra em esquecimento, depois Welles passou a figurar…). Isso não é admitido pela conjunção “enquanto”:
Ela queria fazer justiça a Mankiewicz, que caíra em esquecimento, enquanto Welles entrara para a história com a reputação de gênio maldito, frequentemente reivindicando para si as principais qualidades de “Kane” e a coautoria do roteiro – embora Pauline jurasse que Welles não escrevera nem sequer uma linha do script.
A alternativa (E) está errada, pois a palavra “reputação” não tem valor negativo, ela significa “renome”, “fama”, “celebridade”.
Gabarito: B
9. Considere os itens abaixo. Em cada um deles, encontram-se a transcrição de um segmento do texto e o mesmo segmento pontuado de maneira diferente da original.
I. (linhas 12 a 13) frequentemente reivindicando para si as principais qualidades de “Kane” e a coautoria do roteiro / frequentemente reivindicando, para si, as principais qualidades de “Kane” e a coautoria do roteiro
II. (linhas 15 a 16) Independentemente do quanto de justiça e veracidade “Raising Kane” trazia (o artigo foi bastante contestado na época), / Independentemente do quanto de justiça e veracidade “Raising Kane” trazia − o artigo foi bastante contestado na época −
III. (linhas 16 a 18) surgem agora evidências de que a própria Pauline atuou de modo tão pouco ético como ela acusava Welles de ter agido. / surgem agora, evidências de que a própria Pauline atuou de modo tão pouco ético como ela acusava Welles de ter agido.
O padrão culto escrito abona a nova pontuação de
(A) I, apenas.
(B) I e II, apenas.
(C) I, II e III.
(D) I e III, apenas.
(E) II e III, apenas.
Comentário: A frase I está correta. Apesar de pensarmos que a expressão “para si” seria um objeto indireto; na realidade, essa expressão é um dativo livre de interesse, isto é, “reivindicando as principais qualidades” em benefício próprio. O dativo livre muitas vezes se comporta como uma locução adverbial, por isso admite facultativamente ficar entre vírgulas. É o que ocorre em construções como “Para mim, estudar é importante.”; “Levaram, para mim, as bagagens à casa nova”.
A frase II está errada, pois a estrutura adverbial "Independentemente do quanto de justiça e veracidade “Raising Kane” trazia (o artigo foi bastante contestado na época)," está antecipada e entendida como grande extensão. Assim, a vírgula após os parênteses é obrigatória.
Como a expressão "o artigo foi bastante contestado na época" é um comentário do autor, pode ficar separada também por duplo travessão, mas deve ser preservada a vírgula da estrutura adverbial antecipada. Assim, teríamos as duas possibilidades:
Independentemente do quanto de justiça e veracidade “Raising Kane” trazia (o artigo foi bastante contestado na época), surgem agora evidências…
Independentemente do quanto de justiça e veracidade “Raising Kane” trazia ─ o artigo foi bastante contestado na época ─, surgem agora evidências…
Desconsiderar a vírgula após o duplo travessão seria admitir como correta a omissão da vírgula após a oração subordinada adverbial antecipada.
A frase III está errada, pois o advérbio “agora” está intercalado. Como é considerado termo de pequena extensão, pode ficar entre vírgulas ou sem nenhuma. O que não pode é haver apenas uma vírgula, como nesta reescrita.
Gabarito: A
10. Independentemente do quanto de justiça e veracidade “Raising Kane” trazia (o artigo foi bastante contestado na época), surgem agora evidências de que a própria Pauline atuou de modo tão pouco ético como ela acusava Welles
de ter agido. A crítica teria baseado o seu artigo nos estudos realizados por outra pessoa − Howard Suber, pesquisador da UCLA (Universidade da Califórnia, em Los Angeles), que colaborou com Pauline, mas que, por fim, não foi sequer mencionado no texto final.
Afirma-se com correção sobre o acima transcrito:
(A) Em surgem agora evidências de que, o emprego do segmento destacado é determinado pelo verbo presente na frase.
(B) Os parênteses em (o artigo foi bastante contestado na época) acolhem a razão da ressalva expressa anteriormente.
(C) Independentemente do quanto de justiça e veracidade “Raising Kane” trazia equivale à forma correta “Independente que “Raising Kane” tivesse de justiça e verdade”.
(D) Entende-se corretamente que a palavra agora remete ao exato instante em que o leitor realiza a leitura do texto.
(E) O emprego de teria em teria baseado sinaliza a presença de uma hipótese que, pelo contexto, é improvável.
Comentário: A alternativa (A) está errada, pois não é o verbo que exige a preposição “de”, mas o substantivo “evidências”. A oração “de que a própria Pauline atuou de modo tão pouco ético” é subordinada substantiva completiva nominal.
A alternativa (B) é a correta. O advérbio “Independentemente” sugere que naquela oração haveria dados positivos (“quanto de justiça e veracidade”), para, em seguida, contrastar com um dado negativo sobre a crítica (“evidências de que a própria Pauline atuou de modo tão pouco ético como ela acusava Welles de ter agido”).
Para comprovar essa ressalva iniciada pelo advérbio “Independentemente”, o autor se valeu da expressão entre parênteses para confirmar o contraste e assim apresentar com mais força o dado negativo: a conduta pouco ética de Pauline.
A alternativa (C) está errada, pois não se pode excluir deste contexto a noção de quantidade expressa em “do quanto”.
A alternativa (D) está errada, pois o advérbio “agora” faz referência ao período atual, de maneira geral, e não ao exato momento da leitura deste texto.
A alternativa (E) está errada, simplesmente porque o contexto permite inferirmos que é provável Pauline ter baseado o seu artigo nos estudos realizados por outra pessoa.
Gabarito: B
11. Há 40 anos, a mais célebre crítica de cinema dos Estados Unidos, Pauline Kael (1919-2001), publicava seu artigo mais famoso.
Transpondo a frase destacada para a voz passiva, a forma verbal encontrada é:
(A) era publicado.
(B) publicaram.
(C) havia sido publicado.
(D) publicou-se.
(E) tinha publicado.
Comentário: O verbo “publicava” é transitivo direto e se encontra no tempo pretérito imperfeito do indicativo. Seu objeto direto é “seu artigo mais famoso”, o qual se transforma em sujeito paciente, levando o verbo a concordar com ele. O que antes era sujeito agente (a mais célebre crítica) passa a agente da passiva (pela mais célebre crítica). Deve-se inserir o verbo “ser” no mesmo tempo verbal de “publicava” (pretérito imperfeito do indicativo: era). Veja:
12. A frase construída em conformidade com o padrão culto escrito é:
(A) Registram-se em livros de história que aqueles artesãos eram bastante hábeis com as ferramentas que eles mesmo produziam, o que lhes garantiu a fama de burilar com criatividade qualquer tipo de material.
(B) Qualquer que sejam os motivos alegados pela comissão para justificar o atraso, lhe devem ser repassadas as anotações acerca dos itens em que houve perda do prazo de entrega anteriormente acordado.
(C) Demos a eles a notícia que mais almejam e passeamos nosso olhar sobre seus semblantes: o que veremos surpreenderá, pois será muito mais do que alguém possa supor.
(D) O empreiteiro jura que reconstróe a laje danificada em poucos dias, mas existe, na avaliação do engenheiro e do arquiteto, sérias dúvidas quanto à possibilidade de isso ser possível.
(E) Pelo que tudo indica, os responsáveis pela empresa hão de questionar a advertência que lhes foi feita pelo setor de cobranças, que, durante dias, os procurou para tratar do assunto em pendência.
Comentário: A alternativa (A) está errada, pois o verbo “Registra” é transitivo direto, o pronome “se” é apassivador e o sujeito paciente é a oração subordinada substantiva subjetiva “que aqueles artesãos eram bastante hábeis com as ferramentas”, a qual força o verbo ao singular (Registra-se isso→isso é registrado). Vale lembrar que a expressão “em livros de história” é o adjunto adverbial de lugar.
O vocábulo “bastante” está bem empregado, pois é um advérbio que intensifica o adjetivo “hábeis”. Assim, não se flexiona.
O pronome demonstrativo “mesmo” é o adjunto adnominal do núcleo do sujeito “eles”, por isso deve se flexionar no plural: eles mesmos.
O verbo “garantiu” está corretamente flexionado no singular, porque seu sujeito é o pronome relativo “que”, o qual retoma o pronome demonstrativo “o”. O pronome “lhes” está corretamente flexionado no plural, porque se refere ao pronome plural “eles”.
Registra-se em livros de história que aqueles artesãos eram bastante hábeis com as ferramentas que eles mesmos produziam, o que lhes garantiu a fama de burilar com criatividade qualquer tipo de material.
A alternativa (B) está errada, pois o pronome indefinido “Qualquer” refere-se ao substantivo plural “motivos”. Assim, deve se flexionar no plural: Quaisquer. Além disso, o pronome “lhe” não deve se posicionar após uma pausa (vírgula).
Quaisquer que sejam os motivos alegados pela comissão para justificar o atraso, devem lhe ser repassadas as anotações acerca dos itens em que houve perda do prazo de entrega anteriormente acordado.
A alternativa (C) está errada, pois os dois-pontos assinalariam uma oração explicativa subsequente, mas o contexto não permite esta interpretação. Há, na realidade, dois enunciados coordenados e somados um ao outro. Assim, cabe o ponto final. Veja:
Demos a eles a notícia que mais almejam e passeamos nosso olhar sobre seus semblantes. O que veremos surpreenderá, pois será muito mais do que alguém possa supor.
A alternativa (D) está errada, pois a grafia verbal correta é “reconstrói”. O verbo “existe” é intransitivo. Como seu sujeito “sérias dúvidas” está flexionado no plural, este verbo também será. Além disso, há um pleonasmo vicioso, pois se repetiu a estrutura “possibilidade/possível”.
O empreiteiro jura que reconstrói a laje danificada em poucos dias, mas existem, na avaliação do engenheiro e do arquiteto, sérias dúvidas quanto a essa possibilidade.
A alternativa (E) é a correta. Note que o núcleo do sujeito (“responsáveis”) levou a locução verbal “hão de questionar” ao plural. O pronome “lhes” é o objeto indireto da locução verbal “foi feita” (foi feita aos responsáveis) e está corretamente flexionado no plural, porque se refere ao substantivo “responsáveis”. A locução verbal da voz passiva “foi feita” está corretamente flexionada no singular, pois seu sujeito paciente é o pronome relativo “que”, o qual retoma o substantivo “advertência” (a advertência foi feita aos responsáveis).
O verbo “procurou” está flexionado no singular, porque seu sujeito é o pronome relativo “que”, o qual retoma o substantivo “setor”. O pronome “os” está corretamente empregado por ser o objeto direto do verbo “procurou” e se referir ao substantivo “responsáveis” (o setor de compras procurou os responsáveis).
Pelo que tudo indica, os responsáveis pela empresa hão de questionar a advertência que lhes foi feita pelo setor de cobranças, que, durante dias, os procurou para tratar do assunto em pendência.
Gabarito: E
13. A frase correta do ponto de vista da grafia é:
(A) Sempre ansiosos, desenrolaram no saguão apinhado a faixa com que brindavam os recém-formados, com os seguintes dizeres: “Viagem bastante e divirtam-se, nobres doutores”.
(B) Era grande a insidência de casos de enjoo quando era servido aquele alimento, por isso o episódio não foi tratado como exceção, atitude que garantiu o êxito das providências.
(C) Em meio a tanta opulência da mansão leiloada, encontrou a geringonça que, tratada criativamente por ele, garantiu por anos seu apoio a entidades beneficientes.
(D) Seus gestos desarmônicos às vezes eram mal compreendidos, mas seu jeito afável de falar, sem resquícios de mágoa, revelava sua intenção de restabelecer a paz entre os familiares.
(E) Defendeu-se dizendo que nunca pretendeu axincalhar ninguém, mas as suas caçoadas realmente humilhavam e incitavam à malediscência.
Comentário: A alternativa (A) está errada, pois o contexto nos mostra o verbo “viajar” no imperativo afirmativo (“Viajem”), não o substantivo “viagem”.
Note que está correta a grafia “recém-formados”, pois o prefixo “recém-“, seguido de adjetivo, recebe hífen.
A alternativa (B) está errada, pois o verbo “incidir” gera o substantivo “incidência”.
Note que, com a nova reforma ortográfica, o hiato com vogal dobrada não recebe acento. Assim, “enjoo" está corretamente grafado.
A alternativa (C) está errada, pois a grafia correta do adjetivo é “beneficentes”.
A alternativa (D) é a correta. Note que “harmônicos” possui “h”. Mas, quando recebe o prefixo “des”, exclui-se o “h”: “desarmônicos”.
A alternativa (E) está errada, pois a grafia correta deve ser “achincalhar” e “maledicência”.
Gabarito:D
14. Considerado o padrão culto escrito, a frase que NÃO exige correção é:
(A) Os valores por que tantos lutaram e morreram não serão jamais esquecidos, pois nossa geração se dedicará a relembrá-los a cada passo.
(B) No memorial do professor está registrado que ingressou para a universidade em idade inferior à determinada pela lei.
(C) O fato que o acusado se recusa a dar detalhes é o que mais pesará na decisão dos jurados.
(D) O movimento que me filiei nos anos 70 foi grandemente responsável pela renovação da pintura no Brasil.
(E) Esta é, enfim, a parca remuneração da qual arco totalmente com as despesas da casa.
Comentário: A questão pede a alternativa correta (aquela que não exige correção).
A alternativa (A) é a correta. Veja que a oração “por que tantos lutaram” é subordinada adjetiva. O pronome “tantos” é o sujeito, o verbo “lutaram” é transitivo indireto e exige a preposição “por”. Assim, a expressão “por que” é o objeto indireto (tantos lutaram pelos valores). O pronome “-los” também está corretamente empregado, pois se refere a “valores”.
A alternativa (B) está errada. A expressão “No memorial do professor” é um adjunto adverbial de lugar, o qual se encontra antecipado na oração. Assim, deve receber vírgula. Mas a FCC costuma ignorar esta vírgula por poder ser entendida como pequena extensão, apesar de haver quatro palavras.
Outro problema nesta frase é o verbo “ingressou”, o qual não se refere a nenhuma palavra explícita ou implícita. Assim, há erro gramatical.
No memorial do professor, está registrado que (alguém) ingressou para a universidade em idade inferior à determinada pela lei.
A alternativa (C) está errada, pois o substantivo “detalhes” exige o complemento nominal, iniciado pela preposição “de” (dar detalhes do fato), por isso o pronome relativo “que” deve ser antecipado de tal preposição (“de que”). Veja:
O fato de que o acusado se recusa a dar detalhes é o que mais pesará na decisão dos jurados.
A alternativa (D) está errada, pois o verbo “filiei” é transitivo direto e indireto. O pronome “me” é reflexivo na função de objeto direto, e o pronome relativo “que” deve ser antecipado da preposição “a”, por ser o objeto indireto (filiei-me ao movimento)
O movimento a que me filiei nos anos 70 foi grandemente responsável pela renovação da pintura no Brasil.
A alternativa (E) está errada. Deve-se substituir a preposição “de” pela locução prepositiva “por meio de”, tendo em vista que cabe ao pronome relativo a função sintática de adjunto adverbial de meio (arco com as despesas da casa por meio da parca remuneração).
Esta é, enfim, a parca remuneração por meio da qual arco totalmente com as despesas da casa.
Gabarito: A
15. A frase que respeita o padrão culto escrito é:
(A) A manutenção e apoio ao grupo de escoteiros dependem dele aceitar a contrapartida dos empresários, que não é, aliás, nada abuso, visto que eles executam as tarefas solicitadas cotidianamente, sem desgaste exaustivo.
(B) Não obstante a grande aprovação recebida pelos candidatos da legenda, não se ignora que, se não revirem suas plataformas, cujas bases têm fragilidades que só há pouco os analistas expuseram, sairão lesados em futuro bem próximo.
(C) Tudo que fizeram afim de angariar a simpatia do diretor pela proposta não deu bons frutos, por isso não lhes restaram, conforme estavam todos de acordo, outra idéia a não ser agregar valor ao projeto inicial.
(D) Os jornalistas não creem que existam documentos espúrios em meio àqueles já examinados, e isso por que já haviam feito cuidadosa checagem, todavia, a transparência impondo, voltarão a tarefa de imediato.
(E) A questão ficou cada vez mais descaracterizada quando, logo depois da visita o antropólogo defendeu que aquelas dificuldades não se restringiam para as nações indígenas daquela região, sendo mais universal.
Comentário: A alternativa (A) está errada, pois o verbo “aceitar” tem como sujeito “ele”, o qual não pode contrair-se com a preposição “de”, exigida pelo verbo “dependem”. Lembre-se de que sujeito não pode ser preposicionado. Assim, a preposição “de” não tem vínculo com o sujeito, ela inicia oração subordinada substantiva objetiva indireta reduzida de infinitivo “de ele aceitar a contrapartida dos empresários”. O substantivo “abuso” deve ser transformado no adjetivo “abusiva”, o qual se flexiona no feminino para concordar com “contrapartida”. O pronome “ele” está retomando corretamente o “grupo”, e “eles” está corretamente retomando o substantivo “escoteiros”.
A manutenção e apoio ao grupo de escoteiros dependem de ele aceitar a contrapartida dos empresários, que não é, aliás, nada abusiva, visto que eles executam as tarefas solicitadas cotidianamente, sem desgaste exaustivo.
A alternativa (B) é a correta. Note que o verbo “ignora” está flexionado no singular, porque é transitivo direto, o pronome “se” é apassivador e seu sujeito é a oração “que (…) sairão lesados em futuro bem próximo” (ignora-se isso→isso é ignorado). O verbo “revirem” e “sairão” possuem sujeitos elípticos, isto é, não estão explícitos na oração, mas são facilmente subentendidos no texto, pois se referem ao substantivo “candidatos” e por isso esses verbos se flexionam no plural.
Não obstante a grande aprovação recebida pelos candidatos da legenda, não se ignora que, se não revirem suas plataformas, cujas bases têm fragilidades que só há pouco os analistas expuseram, sairão lesados em futuro bem próximo.
A alternativa (C) está errada, pois a oração subordinada adverbial de finalidade deve ser iniciada pela locução prepositiva “a fim de” (vocábulos separados). Além disso, a expressão “pela proposta” é o objeto indireto do verbo “fizeram” (fizeram tudo pela proposta). Assim, esta expressão deve ser posicionada junto ao seu verbo.
O verbo “restaram” deve se flexionar no singular, pois seu sujeito é o substantivo “outra idéia”. O pronome “lhes” está corretamente flexionado no plural, porque se refere a algum termo plural que se encontra subentendido como sujeito do verbo “fizeram” (eles fizeram; restou a eles).
Note que esta prova foi realizada em fevereiro de 2012, época de transição entre da nova reforma ortográfica. Assim, até final de 2012, admitia-se acento na palavra paroxítona com ditongo aberto tônico “éi” (idéia ou ideia). A partir de janeiro de 2016, esse acento ficou proibido definitivamente.
Tudo que fizeram pela proposta a fim de angariar a simpatia do diretor não deu bons frutos, por isso não lhes restou, conforme estavam todos de acordo, outra idéia a não ser agregar valor ao projeto inicial.
A alternativa (D) está errada, pois os vocábulos que compõem a expressão “por que” devem se juntar num só, pois o contexto exige uma conjunção causal: porque.
Para que o texto fique mais claro e objetivo, na oração “a transparência impondo”, o objeto direto “a transparência” deve ficar após o verbo (impondo a transparência).
Além disso, o verbo “voltarão” exige a preposição “a” e o substantivo “tarefa” é iniciado pelo artigo “a”. Assim, há crase.
Os jornalistas não creem que existam documentos espúrios em meio àqueles já examinados, e isso porque já haviam feito cuidadosa checagem, todavia, impondo a transparência, voltarão à tarefa de imediato.
A alternativa (E) está errada, pois o adjunto adverbial “logo depois da visita” está intercalado e é iniciado por vírgula. Assim, deve receber outra vírgula após o substantivo “visita”. O verbo “restringiam” rege preposição “a”, por isso devemos evitar o uso da preposição “para”.
A questão ficou cada vez mais descaracterizada quando, logo depois da visita, o antropólogo defendeu que aquelas dificuldades não se restringiam às nações indígenas daquela região, sendo mais universal.
Gabarito: B
Agora, vamos a uma análise dos conteúdos!
Edital do concurso TRE PR 2012 para todos os cargos:
Ortografia oficial. Acentuação gráfica. Flexão nominal e verbal. Pronomes: emprego, formas de tratamento e colocação. Emprego de tempos e modos verbais. Vozes do verbo. Concordância nominal e verbal. Regência nominal e verbal. Ocorrência de crase. Pontuação. Redação (confronto e reconhecimento de frases corretas e incorretas). Intelecção de texto.
Quadro-resumo das questões com relação ao conteúdo do edital:
Questão 1: Intelecção de texto.
Questão 2: Emprego de tempos e modos verbais.
Questão 3: Ocorrência de crase. Intelecção de texto. Pontuação. Sentido das palavras ou expressões (dentro do conteúdo “intelecção de texto”). Pronomes: emprego.
Questão 4: Intelecção de texto. Pronomes: emprego. Sentido das palavras ou expressões (dentro do conteúdo “intelecção de texto”).
Questão 5: Intelecção de texto.
Questão 6: Redação (confronto e reconhecimento de frases corretas e incorretas).
Questão 7: Emprego de tempos e modos verbais. Concordância. Intelecção de texto. Sentido das palavras ou expressões (dentro do conteúdo “intelecção de texto”).
Questão 8: Regência verbal. Sentido das palavras ou expressões (dentro do conteúdo “intelecção de texto”). Ortografia. Redação (confronto e reconhecimento de frases corretas e incorretas).
Questão 9: Pontuação.
Questão 10: Regência verbal. Pontuação. Redação (confronto e reconhecimento de frases corretas e incorretas). Sentido das palavras ou expressões (dentro do conteúdo “intelecção de texto”). Emprego de tempos e modos verbais.
Questão 11: Vozes do verbo.
Questão 12: Redação (confronto e reconhecimento de frases corretas e incorretas).
Questão 13: Ortografia.
Questão 14: Redação (confronto e reconhecimento de frases corretas e incorretas).
Questão 15: Redação (confronto e reconhecimento de frases corretas e incorretas).
Assim, podemos eleger uma prioridade de estudo com base nos temas mais relevantes, ordenando de forma decrescente os temas que mais caem nas provas, da seguinte forma:
1°. Intelecção de texto. (11 ocorrências)
2°. Redação (confronto e reconhecimento de frases corretas e incorretas). (6 ocorrências)
3°. Pontuação. (3 ocorrências)
Emprego de tempos e modos verbais. (3 ocorrências)
5°. Regência nominal e verbal. (2 ocorrências)
Pronomes: emprego e colocação. (2 ocorrências)
Ortografia oficial. (2 ocorrências)
8°. Concordância nominal e verbal. (1 ocorrência)
Vozes do verbo. (1 ocorrência)
Ocorrência de crase. (1 ocorrência)
11°. Acentuação gráfica. (nenhuma ocorrência)
Flexão verbal. (nenhuma ocorrência)
Pronomes (formas de tratamento) (nenhuma ocorrência)
Flexão nominal (nenhuma ocorrência)
Espero ter ajudado você a perceber como a banca cobrou o conteúdo de Português nesta prova.
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Grande abraço a todos!
Décio Terror