Aprovada em 2º lugar no concurso TCU para Auditor Federal de Controle Externo (resultado preliminar), no CGU (3º lugar), no TCE-RJ, no ISS GRU entre outros:
Tribunais de Contas (TCU, TCE, TCM)Controladorias/Gestão (CGU, CGE, STN, EPPGG)“Defina seu foco, faça um bom planejamento e, acima de tudo, tenha muita disciplina para cumpri-lo. O que você faz nos períodos sem edital é determinante para seu sucesso na prova”
Confira nossa entrevista com Nazli Setton Filippini, aprovada em 2º lugar no concurso TCU para Auditor Federal de Controle Externo (resultado preliminar), no CGU (3º lugar), no TCE-RJ, no ISS GRU entre outros:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formada em que área? Qual sua idade? De onde você é?
Nazli Setton Filippini: Sou formada em Engenharia de Computação, tenho 25 anos e atualmente moro em Votorantim, no interior de São Paulo.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Nazli: Quando me formei, estava um pouco insatisfeita com o mercado de trabalho na minha área de formação. Os concursos públicos apareceram como uma boa alternativa para o nível de qualidade de vida que eu buscava, levando em conta as excelentes remunerações, estabilidade e cargas horárias razoáveis. Inicialmente, foi esse aspecto mais prático mesmo que me levou a começar a estudar. Depois, já com alguns meses de estudo, estava gostando bastante das matérias e percebi que estava no caminho certo.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseira, você trabalhava e estudava (como conciliava trabalho e estudos?), ou se dedicava inteiramente aos estudos para concurso?
Nazli: Durante a maior parte da minha preparação, eu me dediquei inteiramente aos estudos.
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovada? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Nazli: Fui aprovada/classificada em alguns concursos da Área Fiscal:
– ISS Guarulhos 2019 – Inspetor Fiscal de Rendas (1º lugar)
– ISS Campinas 2019 – Auditor Fiscal Tributário Municipal (5º lugar)
– ISS Campo Grande 2019 – Auditor Fiscal da Receita Municipal (14º lugar, antes do curso de formação)
– ISS Itapevi 2019 – Auditor Fiscal Tributário (3º lugar)
– ISS Valinhos 2019 – Auditor Fiscal (1º lugar)
Da área de controle, minha primeira aprovação foi o TCE-RJ, depois o CGU, e agora o TCU para Auditor Federal de Controle Externo.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Nazli: Fiquei muito feliz! O TCE-RJ foi minha primeira prova de concursos com discursiva, e eu acompanhava os resultados de provas anteriores da Área de Controle em que muita gente era eliminada por não fazer os mínimos da discursiva. Apesar de ter treinado bastante, ainda estava apreensiva. Foi um alívio ver que tinha ido bem! Ter passado dentro das vagas foi uma surpresa, porque não estava estudando especificamente para esse concurso, como contarei adiante.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Nazli: Em geral, eu era mais radical. Estudava de segunda a sábado, o dia inteiro. Como eu “só” estudava, me sentia na obrigação de encarar o estudo como um trabalho. Você não para o trabalho mais cedo quando está cansado, desmotivado, etc. Então eu não fazia isso com o estudo também. O domingo era sempre dia de descanso, quando não havia edital na praça. No pós edital, às vezes eu estudava 1 ou 2 horinhas no domingo de manhã, caso eu julgasse que estava atrasada no meu cronograma.
Estratégia: Você é casada? Tem filhos? Namora? Mora com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseira? Se sim, de que forma?
Nazli: Eu moro com os meus pais, que sempre apoiaram meus estudos para concurso, desde não me expulsando de casa após a faculdade (hahaha, brincadeira), até respeitando meus horários de estudo. Eu pedia para não ser interrompida enquanto estivesse estudando e, em geral, eles respeitavam bastante. Também me ajudavam deixando menos tarefas de casa para mim, para não gastar tempo de estudo.
Eu namoro desde que comecei a estudar para concursos. Meu namorado também sempre me apoiou nos estudos, até porque ele também é concurseiro. Criamos o nosso ideal de vida futura juntos e estudamos duro para atingi-lo. Assim, um tira dúvidas do outro, motiva quando bate aquele desânimo com os estudos, etc. Essa parceria facilitou bastante a minha caminhada como concurseira, porque meu namorado nunca se queixou de eu sempre estudar no sábado e ter pouco tempo livre para sair, por exemplo.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovada?
Nazli: Eu não estudei direcionada para o TCE-RJ durante nenhum período. Do início de 2018 até outubro de 2019, eu estudava para a Área Fiscal. Comecei com foco na Receita Federal (2018 inteiro) e, em 2019, decidi ampliar meu leque de opções. Foi quando eu obtive algumas aprovações na Área Fiscal. Após a prova do ISS Campinas, migrei para a Área de Controle, com a notícia de que o TCU aconteceria em 2020.
Eu gostava bastante do TCU desde o início dos meus estudos, quando pesquisei carreiras no serviço público. Porém, acabei optando pela Área Fiscal porque julguei que teria mais chances de ser aprovada em menos tempo, tanto pelo maior número de vagas que a Área Fiscal até então ofertava, quanto pelo fato de muitos concursos da Área de Controle exigirem formação específica.
Quando saíram as notícias de que o TCU aconteceria em 2020, avaliei o que eu teria que estudar para migrar da Área Fiscal para a Área de Controle e tomei a decisão de tentar. Assim, desde outubro de 2020 estudei para esse concurso.
Quando saiu o edital do TCE-RJ, decidi não estudar para ele porque o TCU teoricamente estava próximo. Faria TCE-RJ apenas para treinar. Acontece que, por conta da pandemia, tudo acabou atrasando.
Então, quando os concursos do TCE-RJ e do TCDF foram retomados em novembro de 2020, optei por focar no TCDF nos três meses que faltavam até a prova. Mas eu revisei as coisas para o TCDF numa ordem que fosse útil pra prova do TCE-RJ também, tentando maximizar meu desempenho nos dois concursos. Vale ressaltar também que o edital do TCE-RJ estava em grande parte contido no edital do TCU, então acabei estudando indiretamente para ele durante meus estudos para o TCU, o qual também fui aprovada!
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Nazli: Bom, primeiramente acho que temos que diferenciar “fazer outro concurso” de “estudar para outro concurso”. Fazer a prova pelo treino, por exemplo, sempre pode valer a pena, mas é claro que você tem que avaliar o custo-benefício (deslocamento, inscrições e outros gastos X quanto de experiência a prova vai te agregar).
Por outro lado, estudar para outro concurso, com foco diferente do seu objetivo maior, já é uma decisão mais delicada. Primeiramente, para focar em outro concurso acho que ele tem que ser bastante compatível com o concurso dos seus sonhos, em termos de conteúdo programático. Depois, você deve avaliar, na minha opinião, o quanto esse “desvio” de foco vai custar em termos de tempo, verificando se isso pode comprometer seu objetivo final. Se seu concurso dos sonhos estiver longe (nem estiver autorizado, por exemplo) e você julgar que o desvio de foco não é grande, acho que vale a pena sim! Só o fato de estudar para um edital publicado já aumenta nossa motivação e nossa disciplina, proporcionando um grande avanço nos estudos.
Além disso, focar em uma área já te proporciona boas chances de ser aprovado em concursos dessa área, mesmo sem se dedicar a um edital específico. Foi o que aconteceu comigo no ISS Campo Grande, por exemplo, quando eu estudava para a Área Fiscal. E, agora, foi o que aconteceu com o TCE-RJ.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Nazli: Estudei por bastante tempo sem edital, tanto no início dos meus estudos, como em períodos entre editais. Para manter a disciplina, eu me impunha uma meta de estudos diária e semanal. Eu tentava nunca parar de estudar num dia, sem ter cumprido a meta. É claro que às vezes surgem imprevistos, mas aí eu tentava compensar em outro dia da semana. Além disso, acho que ajuda ter um cronograma a longo prazo, uma visão macro de quanto tempo você demorará para cumprir um edital. Assim, vendo que esse prazo pode ser de meses (às vezes mais de um ano, dependendo da sua carga horária) fica claro que é bem difícil se preparar num bom nível apenas depois que sai o edital. Essa percepção do todo ajuda a manter o ritmo para estar preparado quando a hora realmente chegar.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso?
Nazli: Meu estudo da teoria era 99% focado em PDFs, que proporcionam um conteúdo completo e mais rápido quando comparados às videoaulas. Conforme ia acabando as matérias, eu focava em resolver muitos exercícios, em sistemas de questões.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Nazli: Recebi a indicação de um colega, quando comecei a estudar para concursos.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que devem ser memorizados. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso?
Nazli: Eu organizava meu estudo em ciclos. Lá em 2018, quando estava iniciando a jornada, eu estudava só 6 matérias básicas da Área Fiscal (Direito Constitucional, Direito Administrativo, Direito Tributário, Português, RLQ/Matemática Financeira e Contabilidade). Conforme ia acabando uma matéria, inseria uma matéria nova em seu lugar e mantinha a matéria finalizada em “modo revisão” (principalmente por meio de questões, com uma menor carga horária). E assim fui avançando nos editais, sempre estudando em torno de 4 a 6 matérias novas por vez e mantendo as já finalizadas com menor carga horária no ciclo. Chega uma hora que praticamente toda sua semana de estudos é revisão. Se eu sentisse dificuldade nos exercícios, ia voltando na teoria para revisar melhor algum assunto.
Em geral, em períodos sem edital, eu estudava de 35 a 40 horas líquidas semanais. No pós edital, a carga horária semanal ficava entre 42 e 47 horas líquidas semanais.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Nazli: Quando migrei da Área Fiscal para a Área de Controle, senti dificuldades em Contabilidade Pública porque estava estudando ao mesmo tempo de AFO e, agora, vejo que teria sido bom começar AFO um pouco antes de Contabilidade Pública. Porém, essas dificuldades diminuíram conforme eu avancei nas duas matérias e fiz uma revisão completa de ambas. Outra matéria em que eu tinha dificuldades é Administração Pública. São muitos autores diferentes, com teorias diferentes, e a banca nem sempre é clara a respeito de quem está cobrando. Acho que, em parte, resolvi essa dificuldade com muitas questões, mas é algo que ainda me persegue… hahaha
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Nazli: A minha rotina na semana que antecedeu a prova foi normal, em termos de estudos. O que eu mudei foi aumentar a frequência de atividades físicas (passei de correr 2 vezes por semana para correr 4 vezes por semana), pois isso me ajudava a não ficar ansiosa e, consequentemente, dormir melhor.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Nazli: O estudo para as discursivas fazia parte do meu ciclo de estudos semanal. Eu dedicava em torno de 3 horas por semana para fazer e corrigir questões antigas. Como eu não tinha dificuldades em Português, eu não me preocupava tanto com o ato de escrever em si. A minha principal preocupação era cair um tema que eu não dominasse. Por isso, primeiro foquei em estudar muito bem as matérias para só depois começar a fazer questões discursivas. Se você não tem quem corrija as suas questões discursivas, aconselho que você mesmo as corrija de forma muito crítica, buscando perceber o que a banca queria (quando ela disponibiliza o padrão de resposta) versus o que você fez, focando em o que poderia melhorar. Mesmo sem o padrão de resposta da banca, você mesmo pode corrigir sua discursiva, voltando na teoria e vendo tudo o que você esqueceu de colocar na resposta.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS.
Nazli: Durante o início dos meus estudos, um grande erro foi focar em só estudar, sem dar muita atenção para o corpo e para a mente. Isso é sustentável por alguns meses, mas não a longo prazo. Depois dos meus primeiros concursos, corrigi esse erro, que inclusive prejudicava meu sono e, consequentemente, meu rendimento nos estudos. Outro erro foi dar muita atenção para instabilidades políticas/econômicas, pensando que isso poderia afetar os cargos para os quais eu estava estudando. Não temos nenhum controle sobre isso e a preocupação só atrapalha o estudo.
Em termos de acertos, creio que meus principais foram fazer bons planejamentos de estudo e ter a disciplina necessária para cumpri-los.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Nazli: O mais difícil, para mim, foi me manter firme diante de notícias potencialmente ruins. Em 2018, por exemplo, por alguns meses se falou em redução do salário inicial do funcionalismo público para R$ 5000. Naquela época, isso me perturbava bastante. Com o tempo, a gente vai vendo que todas essas mudanças levam bastante tempo e, em geral, não são aprovadas como são propostas. Isso acaba dando mais segurança para continuar os estudos, mesmo em épocas de notícias ruins.
Pensar em desistir já passou pela minha cabeça, mas eram sempre pensamentos instantâneos, que segundos ou minutos depois já tinham sido abandonados. Eu lembrava porque tinha começado a estudar, o que eu não queria na iniciativa privada, e aí eu desistia de desistir (hahaha).
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Nazli: Minha principal motivação foi ter um trabalho que me proporciona uma excelente qualidade de vida, com boa remuneração, bom ambiente de trabalho, estabilidade e com tempo para me dedicar aos meus hobbies.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Nazli: O meu conselho para quem está iniciando os estudos para concurso é: defina seu foco, faça um bom planejamento e, acima de tudo, tenha muita disciplina para cumpri-lo. O que você faz nos períodos sem edital é determinante para seu sucesso na prova. Além disso, tenha um pensamento crítico em relação aos estudos, avaliando sempre o que está bom e o que precisa melhorar. Fazendo melhorias contínuas e mantendo a disciplina nos estudos, a sua hora vai chegar! :)