Como fui aprovado para Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil
Olá futuros colegas! Hoje vou contar um pouco sobre minha história no Concurso da Receita Federal.
Me chamo Thompson Rodrigues, sou Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil e coach no estratégia concursos.
Escrevo este artigo para me apresentar, contar um pouco da minha história no mundo dos concursos, mostrar que atingir esse objetivo não é um bicho de sete cabeças e depende apenas de cada um de nós, com disciplina, organização e o método adequado.
Pois bem, iniciei no mundo dos concursos com 15 anos de idade, quando fui aprovado para a Escola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCAR), em Barbacena/MG, no ano de 1997. Tinha o sonho de ser piloto e dei a sorte de serem oferecidas vagas para o segundo ano, já que eu cursava o primeiro ano do segundo grau.
Fiz minha inscrição e fui fazer a prova sem muitas ambições, nem meu pai acreditava que eu seria aprovado! Acabei aprovado em trigésimo nono e me formei aviador na Academia da Forca Aérea no ano de 2003.
Foi maravilhoso ter sido aprovado naquele concurso e ter vivido tudo que vivi na Força Aérea Brasileira durante meus onze anos e meio de serviço militar, mas por se tratar de um certame realizado apenas por adolescentes e as vagas para o segundo ano terem sido reabertas naquele ano, acabou fazendo com que todos fossem pegos de surpresa e não tivessem tempo para se preparar, sendo assim, acredito que isso me deixou com uma visão um pouco distorcida do que era um concurso público.
Em 2005, já formado e servindo na Base Aérea de Santa Cruz, zona oeste do Rio de Janeiro, percebi que não queria ser militar para o resto da vida e resolvi estudar para o concurso de Auditor-Fiscal da RFB, fiz minha matricula em um cursinho no centro da cidade, mas após alguns dias me deslocando de Santa Cruz para o Centro do Rio de Janeiro (aproximadamente 70 Km) e com a rotina de viagens de um aviador, acabei desistindo de frequentar aulas e resolvi estudar por conta própria.
Baixei o edital do concurso anterior na internet, encomendei livros de todas as matérias e pensei que com minha disciplina e força de vontade conseguiria ser aprovado para AFRFB.
Iniciei meus estudos com muita determinação, mas sem nenhuma organização, lembro que li e resolvi todos os exercícios do livro de Direito Constitucional do Vicente Paulo em duas semanas, estudava no máximo três matérias de cada vez e acreditava que, dando meu melhor, uma das vagas seria minha.
Assim os meses foram passando até que saísse o edital com algumas modificações, minha confiança e determinação eram enormes, eu continuava focado e acreditando que conseguiria ser aprovado, apesar de toda dificuldade para conseguir estudar com viagens constantes e serviços no quartel. Fiz minha inscrição para a Região Norte e fui fazer a prova em Belém/PA.
No primeiro dia de prova eu saí arrasado, achei a prova de contabilidade de outro mundo, fui fazer as outras provas dando meu melhor, mas no último dia eu me perdi no tempo resolvendo a prova de Português e entrei em desespero percebendo que seria muito difícil conseguir minha aprovação. Quando saíram os gabaritos havia ficado reprovado em Matemática Financeira e Estatística, matérias que tinha subestimado para me dedicar a outras que considerava mais importantes.
Aquela derrota fez com que eu revertesse minha opinião sobre concursos. A sensação de que passar em concurso era fácil, que acabei criando quando passei para a EPCAR, se tornou uma visão de que concurso era demasiadamente difícil, que com meu trabalho e minha rotina seria praticamente impossível eu conseguir ser aprovado para AFRFB.
Depois daquele dia eu parei de estudar e assim permaneci até maio de 2008, quando fui designado para a chefia da garagem da Base Aérea de Santa Cruz. Inicialmente fiquei chateado por sair do esquadrão de vôo e ir prestar serviço na base, mas havia um rodízio dos oficiais e tinha chegado a minha vez.
Comecei a voar menos e convivendo com oficiais mais antigos tive a noção de que em alguns anos eu reduziria minha rotina de voos para ter uma vida mais burocrática dentro da instituição. Essa situação despertou minha vontade de abandonar minha carreira de piloto militar mais uma vez e me tornar um AFRFB, sabia que na RFB existia a DIOAR (Divisão de Operações Aéreas) e, caso eu sentisse muita saudade de voar, poderia tentar ingressar naquela divisão.
Entrei na internet e fui buscar cursinhos para reiniciar minha jornada, fiz minha matrícula na turma de Comercio Internacional do professor Rodrigo Luz. A reprovação no primeiro concurso me fez enxergar que seria mais demorada minha evolução em algumas matérias caso estudasse sozinho novamente e Comercio Internacional era uma delas.
Na primeira aula encontrei um conhecido que viria a se tornar um dos meus grandes amigos. Sentei ao lado dele e no intervalo ele comentou comigo sobre as dicas do Alex Meireles, eu estava totalmente por fora de tudo e confesso que se não tivesse encontrado esse amigo, teria feito novamente muitas coisas erradas.
Aquele encontro, na minha opinião, foi o ponto fundamental para minha aprovação. Eu passei seis anos em regime de internato, era um pessoa totalmente determinada e disciplinada, mas não tinha o método correto de estudo para concursos.
A partir daquele dia organizei meus ciclos de estudos, controle de horas, revisão, etc.
Tinha certeza que aquilo era o que tinha me faltado em 2005 e que no próximo seria diferente. Mas quando seria o próximo? Já se passavam quase 3 anos do último concurso e podia sair outro a qualquer momento.
A iminência de ser publicado o edital da RFB fez com que eu intensificasse meus estudos. Aproveitava as duas horas que dirigia todo dia, indo e voltando para o trabalho, e ouvia as aulas gravadas como uma forma de revisão. Sempre que podia eu deixava de voar para estudar, mas por vezes isso era impossível e durante voos mais longos eu aproveitava para revisar algumas matérias durante a rota.
Passou o segundo semestre de 2008 e em 2009 foi aberto o edital para assistente técnico administrativo, como era a mesma banca do concurso de auditor, resolvi fazer para me testar. O salário era menos de um terço do que eu ganhava na Força Aérea, e a princípio não teriam motivos para eu deixar de ser piloto e me tornar ATA.
Acabei sendo aprovado em décimo nono, mas como falei anteriormente, fiz aquele concurso apenas para me testar.
Em maio de 2008 pedi para ser transferido para o Parque de Material Aeronáutico dos Afonsos, já que era mais próximo da minha residência, no entanto esta transferência acabou sendo muito prejudicial para meus estudos.
Como eu era o aviador mais novo da unidade (na época era Primeiro Tenente e o segundo mais novo era um Major), todos os voos fora do expediente acabavam sendo realizados por mim, e não eram poucos. Alguns oficiais foram transferidos e eu acabei acumulando toda a carga de trabalho dos mesmos, o que fez com que eu passasse alguns meses sem conseguir atingir minhas metas de estudo, tendo isso me deixado muito chateado por saber que o edital da RFB estava cada vez mais próximo.
Foi então que tomei uma das decisões mais difíceis da minha vida. Era agosto de 2009 quando fui até o meu comandante e informei que iria sair da Força Aérea para assumir como ATA.
Tenho certeza que a maioria das pessoas naquela época me viram como um louco. Meu comandante foi uma das pessoas que tentou me convencer a desistir da ideia. Lembro-me como se fosse hoje dele dizendo que eu tinha uma carreira toda pela frente e que o aviador era o dono da Força Aérea, oportunidade em que lhe falei que já havia tomado minha decisão e que continuar naquela rotina só iria dificultar a concretização dos meus planos.
Alguns dias após, fui até Rio Branco/AC prestar concurso para Auditor da Receita Estadual. Tinha milhas para comprar a passagem de avião e resolvi me aventurar. Mesmo meu estudo sendo totalmente focado para a RFB, a maioria das matérias eram as mesmas e, além de acreditar que tinha chances, serviria como um teste e me daria experiência.
Conheci alguns concurseiros durante a escala do voo em Brasília e ao chegarmos na cidade fomos para o mesmo hotel. Durante as conversas me senti despreparado, vendo aqueles colegas falando de assuntos que por vezes eu desconhecia. Fui tirar uma dúvida e um dos colegas disse que estava torcendo para que todos os candidatos estivessem com o mesmo nível de preparação que eu.
Não gostei de ouvir aquilo, fui para o quarto e dei uma lida na legislação dos tributos estaduais antes de dormir.
No dia seguinte pela manhã realizei a primeira prova, a banca era CESPE, apesar de não ser a banca para a qual eu me preparava, achei que tinha ido bem, aquilo me deu ânimo e mais esperança de conseguir a aprovação. Resolvi nem almoçar, fiz apenas um lanche, regressei ao hotel e aproveitei o tempo que tinha disponível para revisar o máximo de matérias possível.
No período da tarde realizei a segunda e última prova e senti que poderia ser aprovado.
Regressei para o RJ e alguns dias depois comecei meu trabalho na RFB como ATA. Passei a ir e voltar do trabalho de ônibus, mas continuava a aproveitar o tempo para ouvir minhas aulas. Durante o expediente passava meu dia numerando processos, na hora do almoço ia para a biblioteca e revisava algumas matérias.
Dia 18 de setembro saiu o edital para AFRFB e alguns dias depois, quando estava no ônibus regressando para casa, meu telefone começou a tocar e recebi a notícia de que tinha sido aprovado no concurso do Acre, ficando em sétimo lugar.
Como eram 20 vagas, sabia que a nomeação seria questão de tempo. No dia seguinte pedi minha exoneração da RFB, pensando em me dedicar para o que realmente queria, ser aprovado para Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil.
Fiquei desempregado durante três meses, período em que me dediquei exclusivamente a estudar para a RFB, fiz minha inscrição para realizar a prova em Rio Branco, já que não sabia quando seria convocado para a posse.
Esses três meses de estudos foram intensos.
Como sempre o edital veio com mudanças, inclusive provas discursivas e inserção de várias matérias.
Próximo a prova de AFRFB saiu a convocação para a posse no Acre, para ser mais preciso, a prova da RFB seria num final de semana e a posse três ou quarto dias depois.
Cheguei em Rio Branco na sexta-feira, as provas seriam sábado e domingo, e tive minha mudança (duas malas, uma de roupa e outra com meu material de estudo) extraviada no caminho.
Entrei em contato com a companhia aérea, comprei algumas coisas que precisaria até que minhas malas fossem encontradas (o que ocorreu alguns dias depois), mas não podia deixar aquilo me abalar, nos próximos dois dias eu precisaria estar focado para atingir meu objetivo.
Fiz as provas objetivas, tendo ficado inicialmente dentro do número de vagas, mas acabei indo mal nas discursivas e ficando de fora da primeira chamada por um mísero ponto.
Eu e todos os excedentes ficamos um ano na expectativa de sermos chamados, o que acabou ocorrendo em meados de 2011.
Pronto! Ali eu acabava de cruzar a linha de chegada, um pouco depois do que havia programado, mas com o mesmo gosto de vitória que teria sentido caso tivesse sido chamado na primeira turma.
Um mês antes de sair a convocação dos excedentes, conheci minha esposa e como estava bem classificado entre os excedentes, consegui escolher Rio Branco e permaneci mais alguns anos naquela cidade.
Trabalhei dois anos como chefe da seção de fiscalização, depois fui selecionado para fazer parte de uma equipe de auditoria interna, na qual permaneci por dois anos.
O que posso deixar de mensagem para todos vocês é que realmente valeu a pena!
O caminho de concurseiro é doloroso e como tudo na vida tem momentos de altos e baixos, horas em que as coisas dão certo e horas em que as frustrações acontecem, mas temos que ter foco, determinação, darmos o nosso melhor a cada dia, independentemente de as circunstancias não serem como desejamos.
Nossa vida vai passar e cabe a nós deixarmos ela fluir fazendo alguma coisa ou simplesmente não fazendo nada!
Eu optei por fazer e um dia o que eu almejava foi alcançado.
Acredito no potencial de cada um de vocês para traçar seus caminhos e como muito foco, determinação e fé concretizar cada sonho idealizado.
Abraços!
Thompson Rodrigues de Oliveira
Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil
Coach Estrategia Concursos