Português TJ PR – sem recurso
Olá, pessoal!
Só hoje tive acesso ao gabarito preliminar da banca.
Uma prova que apresenta 3 textos para 20 questões naturalmente é pesada. Por isso ela não foi simples, e aprofundou bastante na interpretação.
Veja a prova em que me baseio aqui.
Veja o gabarito aqui.
Após a análise detalhada de cada questão, não percebi motivação para recurso.
Observando a prova anexa, algumas questões foram mais diretas, como a 3 (conectivo), 4 (interpretação), 5 (reescrita: valor de oposição entre os segmentos), 7 (recurso anafórico do pronome “isso”), 10 (palavra denotativa), 11 (texto dissertativo-argumentativo, o qual expressa uma opinião), 12 (interpretação literal), 14 (conectivos), 15 (recurso anafórico do pronome “isso”), 16 (pontuação), 17 (regência: “onde” = “em que”), 18 (interpretação literal), 19 (interpretação literal), 20 (semântica: advento=aparecimento).
Vamos a algumas questões que geraram dúvida:
1. A noção de leitura abordada ao longo do texto 1A1-I aproxima-se,
sobretudo, daquela de
A domínio da linguagem verbal.
B atuação na realidade social.
C construção de conceitos e teorias.
D entendimento de estruturas gramaticais.
E interpretação de objetos e processos.
Muita gente ficou na dúvida entre (B) “atuação na realidade social” e (E) “interpretação de objetos e processo”.
Havemos de perceber que, ao longo do texto, fala-se da percepção, da compreensão que temos ao lermos as informações. É fato que, ao fim do texto, o autor diz que “É preciso ler, interpretar e fazer alguma coisa com a interpretação“. Assim, devemos agir, atuar na realidade social, após a interpretação. Por isso não cabe a alternativa (B), mas, sim, a alternativa (E). A ação na realidade é uma consequência da leitura, não é a noção de leitura.
Portanto, percebo que realmente só cabe a alternativa (E) como resposta.
2. Ao afirmar que o astrônomo e o geógrafo leem, respectivamente,
estrelas e terrenos, o autor sugere que esses profissionais
A estudam a configuração desses elementos para descobrir dados
acerca das origens de tais elementos e das transformações por
que tenham passado.
B procuram vestígios de histórias escritas por povos remotos na
superfície desses elementos.
C deixam-se levar pela imaginação e fantasiam histórias
maravilhosas que poderiam ter efetivamente acontecido nesses
lugares.
D analisam o aspecto dessas formações de modo a obter
previsões a respeito do mundo e dos seres humanos.
E encaram tais superfícies como sinais gráficos a serem
decodificados ou traduzidos.
Eliminamos rapidamente as alternativas (B) e (C), pois realmente extrapolam as informações do texto.
Note que a alternativa (A) é a correta, pois, ao afirmar que “O astrônomo lê o céu, lê a epopeia das estrelas” e que “Que epopeias o geógrafo lê nas camadas acumuladas em um simples terreno”, entendemos que são estudiosos desses elementos, portanto, o verbo “estudam” na alternativa é adequado. Além disso, podemos entender do texto que eles estudam a configuração desses elementos para descobrir dados acerca das origens de tais elementos e das transformações por que tenham passado.
A alternativa (B) restringe-se ao astrônomo, pois a leitura de um terreno por um geógrafo não necessariamente seria para obter previsões a respeito do mundo e dos seres humanos. Mas note que a questão faz afirmação sobre “astrônomo” e “geógrafo”.
A alternativa (E) está errada, por ser muito literal. Eles não leem sinais gráficos, mas elementos em busca de dados.
6. Infere-se do texto 1A1-II que o autor escreve, de modo metafórico,
sobre a ideia de fim de mundos a partir de
A um desastre natural.
B uma mudança de estação.
C uma guerra mundial.
D uma previsão astrológica.
E um anúncio feito por cientistas.
Muitos alunos informaram que marcaram a alternativa (C), pois o autor faz menção, em boa parte do seu texto, à 1ª Guerra Mundial. Porém, devemos notar que a questão pede a inferência do texto, de que o autor escreve, de modo metafórico, sobre a ideia de fim de mundos a partir de.
Observe a expressão “fim de mundos” (plural). A guerra não foi o fim de mundos, metaforicamente, foi o fim de uma situação, de uma era, de um mundo.
Além disso, note a expressão de origem “a partir de”. Assim, devemos encontrar a menção a tal expressão e notamos, no primeiro parágrafo, o seguinte:
“Não se sabe ainda se o mundo acabou realmente no sábado, como fora anunciado.”
Assim, partiu-se do princípio de que o mundo acabaria, conforme fora anunciado por alguém.
No terceiro parágrafo, o autor continua da seguinte forma:
“É possível que a previsão dos astrólogos indianos não tivesse base, e que o mundo atual dure muitos anos.”
Note o emprego do artigo “a” diante de “previsão”. Assim, foi uma previsão anteriormente inserida no texto. Aí está o vestígio que nos remete à alternativa (D): uma previsão astrológica.
8. No primeiro parágrafo do texto 1A1-II, o trecho “Muitas vezes o
mundo acaba em silêncio, ou fazendo um barulho leve de folha”
(l. 4 e 5) constitui
A um argumento que reforça a informação expressa no período
imediatamente anterior.
B uma afirmação que resume as ideias expressas no período
seguinte.
C uma condição para que ocorra o que é expresso no período
seguinte.
D uma informação que expressa a finalidade do que se afirma no
período imediatamente anterior.
E um fato que contraria a ideia expressa no período
imediatamente anterior.
No trecho “A falta de sinais estrondosos e visíveis não é prova bastante da continuação. Muitas vezes o mundo acaba em silêncio, ou fazendo um barulho leve de folha. Tempos depois é que se percebe, mas já então vivemos em outro mundo, com sua estrutura e seus regulamentos próprios.”, notamos que a frase em negrito explica a anterior, tanto assim que podemos inserir a conjunção “pois” entre elas. Assim, é um argumento que reforça a informação expressa no período imediatamente anterior e a alternativa (A) é mesmo a correta.
9. O texto 1A1-II é uma crônica, gênero que se caracteriza como texto
de cunho pessoal, em que se imprimem opiniões e visões de mundo
do autor. Considerando-se essa informação, é correto afirmar que,
no segundo parágrafo do texto, o autor posiciona-se ao afirmar que
A alguns hábitos e conceitos anteriores à guerra pareciam
eternos.
B a Primeira Guerra Mundial foi um acontecimento europeu.
C pessoas que assistiram à morte do mundo em 1914 ainda
estavam vivas àquela época.
D a guerra acabou com a belle époque e os hábitos vitorianos.
E a servidão civil feminina era uma questão que ainda perdurava
àquela época.
Note que a questão pede a alternativa que apresenta o posicionamento do autor, justamente para explorar o conteúdo programático da diferença entre fato e opinião.
A alternativa (A) está errada, pois fica nítido que a afirmação “mundo que parecia eterno” (linhas 12 e 13) não é o posicionamento do autor, mas de pessoas que pensavam assim. O próprio contexto nos mostra que não é uma opinião do autor.
A alternativa (B) está errada, pois a Primeira Guerra foi mundial, não só na Europa. Além disso, não há aí uma opinião.
A alternativa (C) está errada, pois não há opinião.
A alternativa (D) está errada, pois não há opinião.
A alternativa (E) é a correta, pois expressa a opinião do autor. Note que a frase “Pedaços dele andam por aí, vagando, como o colonialismo, a opressão de grupos financeiros, a servidão civil da mulher, mas pertencem a um contexto liquidado, rabo de lagartixa vibrando depois que o corpo foi abatido.” transmite a opinião do autor, incluindo aí a servidão civil da mulher.
13. De acordo com o texto 1A2-I, a convivência em sociedade é
A pautada na ética.
B oposta à ética.
C produto da ética.
D obstáculo à ética.
E dissociável da ética.
Alguns alunos ficaram na dúvida entre as alternativas (A) e (C). Vamos ao trecho do texto que elucida isso:
“Até o século VI a.C., ethos (em grego arcaico) significava morada do humano, o lugar onde nós vivemos juntos. Depois, os gregos passaram a chamar isso de oikos, o que chamamos de ecologia. Se moramos juntos, temos de conviver bem. Os latinos traduziram isso por “moral” — morada, moradia — ou “hábito” — habitação. É onde vivemos juntos. Portanto, a ética relaciona-se com a nossa convivência. Não existe ser humano que tenha só vivência; tudo para nós é convivência.”
Dessa forma entendemos que a convivência é fator da ética, e não o contrário. Só há ética por causa da convivência. Assim, não cabe a alternativa (C), pois a ética é produto da convivência, e não a convivência ser produto da ética.
Assim, a alternativa (A) é a correta: a convivência em sociedade é pautada na ética.
Bom, meus amigos!
Esta é a minha visão, após uma análise bem detalhada da prova com o gabarito preliminar.
Espero ter ajudado!
Vou comentar adiante esta prova na íntegra, mas quis colocar aqui minhas considerações por não entender possibilidade de recurso.
Grande abraço!
Décio Terror