Olá, caros amigos do Estratégia Concursos! Tudo bem?
Venho aqui comentar com vocês as questões de Português que fizeram parte da prova da Polícia Científica de Pernambuco, que ocorreu no dia 12/06/2016, cargos de Auxiliar de Legista, de Auxiliar de Perito e de Perito Papiloscopista.
RECURSO? É possível! Foco na questão 3 deste artigo!
Venham comigo:
Texto CG1A01AAA
As perícias médico-legais relacionadas ao fato tanatológico comportam sempre forte impregnação cronológica.
A definição cronológica da morte, isto é, a determinação do momento em que ela ocorreu, é de extrema importância. Em termos jurídicos, é bastante relevante a determinação do momento de ocorrência do êxito letal ou de seu relacionamento com eventos não ligados diretamente a ele — como no caso, por exemplo, dos problemas sucessórios surgidos na comoriência. Também na área do direito penal, sobretudo quando se lida com mortes presumivelmente criminosas, a fixação do momento da morte tem especial importância, pois pode ajudar a esclarecer os fatos e a apontar autorias.
Por outro lado, os progressos da ciência médica têm tornado imperioso que o momento do óbito seja estabelecido com o máximo rigor. De fato, a problemática ligada à separação de partes cadavéricas destinadas a transplantes em vivos exige que sua retirada seja feita em condições de aproveitamento útil, o que impõe, em muitos casos, que esse procedimento seja feito em prazos curtos, iniciados com o momento da morte. É importante, pois, que o médico estabeleça o momento de ocorrência do êxito letal com a maior precisão possível.
Estabelecer o momento da morte é situá-la no tempo e, para situar um acontecimento no tempo, é preciso que se tenha um conceito claro do que seja tempo. Fugindo das conceituações matemáticas ou filosóficas de tempo, pragmaticamente aceitamos a conceituação popular de tempo, isto é, a grandeza que se mede em minutos, horas, dias, meses ou anos. Essa tomada de posição, embora simplista e empírica, é a única que se nos afigura capaz de contribuir para a solução do problema tanatognóstico e, consequentemente, do da conceituação do momento da morte.
Estando a medicina legal a serviço do direito e as conceituações jurídicas estando frequentemente ligadas às noções temporais, compreende-se que se deva esperar da medicina legal uma função cronodiagnóstica. Os critérios cronológicos não se limitam a classificar os fatos em anteriores ou posteriores; vão mais longe. É preciso medir o tempo que separa dois eventos, pois, como afirma Bertrand Russel, só podemos afirmar que conhecemos um fenômeno quando somos capazes de medi-lo, e o conceito de morte está intimamente ligado ao conceito de tempo.
José Maria Marlet. Conceitos médico-legal e jurista de morte. Internet: (com adaptações).
QUESTÃO 1 – INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
Assinale a opção correta de acordo com as ideias do texto CG1A01AAA.
A) Uma das principais atribuições da medicina legal, ao apurar as causas de uma morte, é determinar a ordem de acontecimento dos fatos, sem que, para isso, seja necessário precisar o momento de ocorrência de cada um deles.
B) A determinação do momento de ocorrência da morte de uma pessoa tem grande relevância nos casos de mortes criminosas.
C) A não determinação do momento exato da morte de uma pessoa, em caso de morte criminosa, inviabiliza a identificação do autor do crime.
D) Quando o procedimento de retirada das partes do corpo de um cadáver é iniciado no momento da morte, encaminham-se as partes saudáveis para transplante.
E) Por não serem precisas, as conceituações matemáticas e filosóficas do tempo são inócuas no campo jurídico.
Comentário: a alternativa B é a mais adequada para a resposta. O texto fala da importância de se determinar o momento exato da morte, inclusive para a determinação de casos criminosos.
A alternativa A está errada, pois afirma não ser necessário determinar o momento exato em que os fatos ocorreram.
A Alternativa C está errada uma vez que o autor não afirma que não determinar o momento exato da morte inviabiliza a identificação do autor do crime.
Para entender o erro da alternativa D, vamos reler o trecho: “De fato, a problemática ligada à separação de partes cadavéricas destinadas a transplantes em vivos exige que sua retirada seja feita em condições de aproveitamento útil, o que impõe, em muitos casos, que esse procedimento seja feito em prazos curtos, iniciados com o momento da morte”. A chave da questão é o termo “em muitos casos”, que inviabiliza a alternativa, pois infere-se da alternativa que a única maneira de enviar os órgãos saudáveis é fazendo a retirada deles no momento da morte. O texto diz que isso ocorre em muitos casos, não na totalidade.
As conceituações matemáticas são sim precisas, o que inviabiliza, entre outras questões, a alternativa E.
GABARITO: B
QUESTÃO 2 – USO DAS VÍRGULAS
Seriam mantidos o sentido original e a correção gramatical do texto CG1A01AAA caso fosse inserida uma vírgula imediatamente após a palavra
A) “única” (l.32).
B) “classificar” (l.39).
C) “morte” (l.12).
D) “letal” (l.23).
E) “preciso” (l.26).
Comentário: vamos analisar o caso de cada alternativa
A) Não devemos colocar vírgula antes do pronome relativo.
B) Não devemos usar vírgula entre verbo e complemento.
C) Não devemos usar vírgula entre sujeito e o seu verbo.
D) É possível o uso da vírgula para isolar o termo adverbial “com a maior precisão possível”, indicando ideia de modo.
E) Não devemos separar com vírgula orações substantivas.
GABARITO: D
QUESTÃO 3 – SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS. SINONÍMIA.
A correção e o sentido original do texto CG1A01AAA seriam preservados caso se substituísse
A) “êxito” (L.7) por prêmio.
B) “progressos” (L.15) por desenvolvimentos.
C) “empírica” (L.31) por científica.
D) “frequentemente” (L.36) por diuturnamente.
E) “comportam” (L.2) por procedem.
Comentário: ainda que o candidato não conheça o significado de todas as palavras das alternativas, a melhor maneira de resolver uma questão como esta é fazendo as possíveis substituições no texto, percebendo a viabilidade ou não. Vejam:
ORIGINAL: “…é bastante relevante a determinação do momento de ocorrência do êxito letal”
PROPOSTA ALTERNATIVA A: “…é bastante relevante a determinação do momento de ocorrência do PRÊMIO letal”
Não faz sentido. Êxito letal é a conclusão da morte, o momento em que ela ocorre.
Agora vejamos a B:
ORIGINAL: “Por outro lado, os progressos da ciência médica têm tornado imperioso…”
PROPOSTA DE REESCRITA: “Por outro lado, os DESENVOLVIMENTO da ciência médica têm tornado imperioso…”
Podemos sim entender progressos por desenvolvimento! Alternativa correta.
Nas outras alternativas:
C) Empírica tem a ver com experiências vividas e não pode ser substituída por científica.
E) Comportar, no sentido de admitir, não pode ser substituído por proceder.
VAMOS ANALISAR COM CUIDADO A ALTERNATIVA D, isso porque a diferença de significado entre frequentemente e diuturnamente é bem pequena:
Frequentemente: algo feito muitas vezes (dentro de um espaço temporal). Podemos entender como a repetição de algo.
Diuturnamente: é uma derivação de diuturno, que significa algo que vive muito tempo; que tem longa duração, que se prolonga, prorroga ou se protela no tempo. Entendemos como prolongamento de algo OU…REPETIÇÃO! CONTINUIDADE!
No texto, teríamos:
Estando a medicina legal a serviço do direito e as conceituações jurídicas estando diuturnamente (continuamente) ligadas às noções temporais…
RECURSO!!!
GABARITO: B
QUESTÃO 4 – ANÁLISE SINTÁTICA
No texto CG1A01AAA, a oração “que sua retirada seja feita em condições de aproveitamento útil” (L. 19 e 20) exerce a função de
A) sujeito.
B) adjunto adnominal.
C) predicativo do sujeito.
D) predicativo do objeto.
E) objeto direto.
Comentário: a oração “que sua retirada seja feita em condições de aproveitamento útil” exerce função sintática de objeto direto do verbo “exigir”.
GABARITO: E
QUESTÃO 5 – USO DAS CONJUNÇÕES
No texto CG1A01AAA, a conjunção “pois” (L.22) introduz, no período em que ocorre, uma ideia de
A) conclusão.
B) explicação.
C) causa.
D) finalidade.
E) consequência.
Comentário: a conjunção “pois” introduz a conclusão para o fato de que a retirado dos órgãos para doação deve ser feita logo após a morte da pessoa.
GABARITO: A
QUESTÃO 6 – PRONOME APASSIVADOR
No texto CG1A01AAA, a partícula “se”, em “a grandeza que se mede em minutos, horas, dias, meses ou anos” (L. 30 e 31), classifica-se como
A) parte integrante de verbo.
B) pronome reflexivo recíproco.
C) pronome apassivador.
D) palavra expletiva.
E) índice de indeterminação do sujeito.
Comentário: o “se”, em “a grandeza que se mede em minutos, horas, dias, meses ou anos”, é pronome apassivador: a grandeza é medida em horas…. Observem que o sujeito “grandeza” é paciente, ou seja, sofre a ação.
GABARITO: C
QUESTÃO 7 – PADRÃO OFÍCIO (REDAÇÃO OFICIAL)
Conforme o Manual de Redação da Presidência da República (MRPR), os expedientes oficiais que seguem o padrão ofício
A) respeitarão o quesito clareza, se, em seu texto, forem evitadas palavras inúteis, eliminadas as redundâncias e suprimidos trechos que nada acrescentem ao entendimento do assunto abordado.
B) devem ser redigidos de forma concisa, para que o leitor consiga, de imediato, apreender o conteúdo do texto.
C) admitem o emprego de jargão técnico em situações específicas, devendo ser evitado seu uso indiscriminado.
D) devem obedecer às regras de forma estabelecidas pelo manual, que se restringem ao emprego adequado das formas e das expressões de tratamento e ao uso da norma padrão da língua.
E) abordam assuntos relativos à administração pública e também questões pessoais referentes aos interlocutores, quando tomados como representantes do poder público.
Comentário: questão tendenciosa, CUIDADO! O Manual de Redação Oficial da Presidência da República pede que seja EVITADO o uso de jargões, subentende-se, então, que em situações específicas possam ser usados. Assim, a alternativa C, embora muito vaga (que situações específicas?), estaria correta. O fato é que as outras alternativas trazem erros concretos, vejam:
A) ERRADO. Manter a clareza é evitar enunciados ambíguos, ou seja, com duplo sentido, incoerentes ou com palavras raras (de difícil compreensão). Determinar palavras como inúteis e trechos como dispensáveis é uma análise mito pessoal.
B) ERRADO. Para que o leitor compreenda de imediato, o texto deve ter clareza.
D) ERRADO. As regras estabelecidas pelo manual vão além do emprego adequado das formas e das expressões de tratamento e ao uso da norma padrão da língua.
E) ERRADO. Os expedientes oficiais não devem tratar de questões pessoais referentes aos interlocutores.
GABARITO: C
QUESTÃO 8 – MEMORANDO (REDAÇÃO OFICIAL)
A respeito da finalidade e das características de um memorando, assinale a opção correta.
A) Por ser uma forma de comunicação eminentemente interna, o memorando tem caráter estritamente administrativo, não podendo ser utilizado para outros fins.
B) Para compor memorando expedido pelo diretor do serviço de medicina legal a um dos chefes de repartição desse serviço, estariam adequados o fecho e a identificação do signatário a seguir:
Atenciosamente,
(espaço para assinatura)
Nome
Diretor do Serviço de Medicina Legal
C) O memorando deve ser utilizado apenas nas situações em que não seja possível o uso de correio eletrônico.
D) Em memorando destinado ao secretário de defesa social do estado de Pernambuco, este deve ser evocado da seguinte forma:
A Sua Excelência o Senhor
Nome da pessoa a quem o expediente se destina
Secretário de Defesa Social do Estado de Pernambuco
E) Entre os elementos pré-textuais de um memorando deve constar o cabeçalho, com o nome do órgão, o endereço postal e o endereço de correio eletrônico do destinatário.O
Comentário: a alternativa B traz o uso correto do fecho da comunicação oficial entre um diretor e um chefe de repartição: atenciosamente.
Lembrando:
– para autoridades superiores, inclusive o Presidente da República:
Respeitosamente,
– para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior:
Atenciosamente,
A identificação do signatário também está correta. Relembrando…
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da República, todas as demais comunicações oficiais devem trazer o nome e o cargo da autoridade que as expede abaixo do local de sua assinatura.
ATENÇÃO: o memorando é uma comunicação marcada pela agilidade, mas não ligada exclusivamente ao uso do correio eletrônico.
GABARITO: B
GABARITO: E
É isso, meu queridos! Prova dentro do esperado com relação aos conteúdos abordados. Um detalhe ou outro que pode ser polêmico, mas estamos falando de Cespe/UnB, né! Nenhuma novidade!
Desejo sorte para todos!
Abraço.
Rafaela Freitas.
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