TST e CLDF – como funciona o cálculo da nota objetiva das provas?
Olá pessoal, tudo bem? Recentemente foram publicados os editais dos concursos do TST e da CLDF, ambos da banca FCC. Se você deu uma lida em algum desses editais, certamente se deparou com esta fórmula, que será utilizada para o cálculo da nota da prova objetiva nos dois certames:
Afinal de contas, que fórmula é essa? O que VOCÊ candidato precisa saber sobre ela? Como ela afeta (ou não) a sua estratégia de preparação? É para tentar responder a essas perguntas que estou escrevendo este artigo.
A fórmula acima é bastante utilizada pela FCC. Nela, a nota final do candidato não depende apenas de quantas questões ELE acertou, mas também de como foi o desempenho dos OUTROS candidatos. O desempenho dos demais candidatos aparece na fórmula com duas informações essenciais:
- o número médio de acertos de todos os candidatos;
- o desvio padrão dos acertos de todos os candidatos.
Não se preocupe em compreender a fundo o que é o desvio padrão. Basta ter a seguinte noção: trata-se de uma medida de quão “espalhadas” estão as notas dos candidatos. Se a maioria dos candidatos teve quantidades de acertos muito próximas entre si (seja porque a maioria acertou muitas questões ou porque a maioria errou muitas questões), o desvio padrão é pequeno, mostrando que houve uma certa uniformidade no desempenho das pessoas. Se muitos candidatos tiveram quantidades de acertos bem variadas (parte acertando poucas questões, parte acertando muitas), o desvio padrão tende a aumentar, mostrando que o desempenho do grupo foi mais disperso / variado.
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Entendendo como é feito o cálculo das notas objetivas
Para trabalharmos com números e você compreender melhor, vamos exemplificar com o cargo de Técnico Judiciário – Área Administrativa do TST que, segundo o edital, tem duas provas objetivas:
- conhecimentos básicos – 30 questões, peso 1
- conhecimentos específicos – 40 questões, peso 3
Imagine que você acertou 28 questões de conhecimentos básicos (só errou 2) e todas as 40 questões de conhecimentos específicos. Suponha ainda que:
- na prova de conhecimentos básicos, os candidatos do concurso acertaram em média 20 questões, com desvio padrão de 4 questões.
- na prova de conhecimentos específicos, os candidatos acertaram em média 25 questões, com desvio padrão de 5 questões.
Utilizando a fórmula fornecida pela FCC, você pode calcular qual foi a sua Nota Padronizada (NP) em cada uma das provas. Veja como:
Conhecimentos Básicos:
Conhecimentos Específicos:
Agora devemos levar em consideração os pesos de cada prova (1 e 3, respectivamente) para calcular a sua nota final na prova objetiva, que é:
Observe que você não conseguirá calcular sozinho a sua nota final, pois somente a FCC sabe qual é a média e o desvio padrão das notas de todos os candidatos. E, normalmente, ela não divulga essas informações.
Agora que você já tem uma ideia melhor sobre como é calculada a sua nota, vamos tentar responder dúvidas comuns entre os concurseiros.
Quanto eu preciso acertar para não ser eliminado pelo critério de nota mínima?
O edital do TST diz que serão habilitados os candidatos cuja nota objetiva (calculada como eu fiz acima) for igual ou superior a 200 pontos. Aqui fica a dúvida: afinal de contas, quanto eu posso errar na minha prova para não ser sumariamente eliminado?
Esse valor de 200 pontos não saiu “do nada”. Ele é exatamente a pontuação que um candidato obteria se ele acertasse EXATAMENTE a mesma quantidade de questões que a média do grupo. Na fórmula da nota padronizada, se o seu número de acertos (A) for igual ao número médio de acertos do grupo (X), o fator A – X fica zerado, concorda? Deste jeito, a sua nota padronizada será exatamente igual a 50. Se você tiver nota padronizada igual a 50 tanto nos conhecimentos básicos como nos conhecimentos específicos, a sua nota objetiva será:
Em síntese, guarde isso: se você for igual ou melhor que a média dos candidatos (mesmo que por bem pouco) tanto nos conhecimentos básicos como nos conhecimentos específicos, você NÃO será eliminado automaticamente. Na prática, considerando alguns conceitos relativos à distribuição estatística conhecida como “curva normal” (que não vem ao caso), esse critério adotado para o concurso do TST faz com que cerca de metade dos candidatos não sejam eliminados sumariamente.
Caso você vá fazer o concurso da CLDF, o critério é mais rigoroso. Lá os pesos das provas de conhecimentos básicos e específicos são 1 e 2, respectivamente, e o mínimo para não ser eliminado é de 180 pontos. Se você acertar exatamente a mesma quantidade que a média dos candidatos, você terá nota padronizada igual a 50 em cada prova, e a sua nota objetiva será:
Ocorre que, como eu já disse, o mínimo para não ser eliminado sumariamente na CLDF é de 180 pontos. Ou seja, se você acertar exatamente o mesmo que a média, você será eliminado! É preciso acertar mais do que a média, caso contrário você nem continua na brincadeira rs… Sendo mais preciso, se você acertar o equivalente a 1 desvio padrão a mais do que a média, sua nota objetiva será exatamente igual a 180. Portanto, se em média os candidatos acertaram 15 questões de conhecimentos básicos e o desvio padrão foi de 5 questões, isto significa que você precisa acertar pelo menos 15+5 = 20 questões para conseguir fazer a pontuação mínima. É claro que você pode compensar uma prova na outra (isto é, talvez você vá ligeiramente pior nos conhecimentos básicos mas compense isso indo muito bem nos conhecimentos específicos).
No critério da CLDF, como são classificados apenas os candidatos que acertarem 1 desvio padrão a mais do que a média, isto significa que aproximadamente 84% dos candidatos serão eliminados por este critério, e somente os 16% melhores permaneçam na disputa.
Sabendo que a FCC vai usar a nota padronizada para calcular a minha pontuação, devo de alguma forma alterar a minha estratégia de preparação?
Não muito, mas…
Como você deve imaginar, não é possível prever quais serão as médias e desvios padrões de acertos em cada prova. E, no final das contas, os pesos de cada conjunto de provas (neste caso os pesos 1 e 3) acabam tendo forte influência na nota final. Ou seja, é preciso priorizar o estudo de conhecimentos específicos, que tem peso 3. Entretanto, há um cuidado a ser tomado: como a sua nota será calculada comparando o seu desempenho com o do grupo, caso o seu desempenho seja pior que o da média em alguma prova, você pode ser bem prejudicado.
Por exemplo, imagine que você acerte apenas 19 questões de conhecimentos básicos, e não 28. Deste modo, sua nota padronizada de conhecimentos básicos será:
Compare este cálculo com o que fizemos anteriormente. Perceba que, embora você tenha errado só 9 questões de peso 1 a mais do que no caso anterior (28 – 19), a sua nota padronizada não caiu apenas 9 pontos! Ela caiu de 70 para 47,5 pontos, ou seja, um total de 22,5 pontos! Em um concurso tão disputado como o seu, isto pode ser fatal.
Portanto, lembre-se disso: ainda continua sendo importante ir muito bem nos conhecimentos específicos, que tem peso maior. Mas, como o cálculo da nota é feito de forma RELATIVA, ter um desempenho abaixo da média em qualquer das provas é MUITO prejudicial para a sua nota final.
Errar uma questão de peso 3 equivale a errar 3 questões de peso 1?
Não necessariamente. Em uma prova normal em que o peso dos conhecimentos específicos fosse 3 e o peso dos conhecimentos gerais fosse 1, realmente “daria na mesma” você errar uma questão de peso 3 (perdendo três pontos) ou errar 3 questões de peso 1 (também perdendo três pontos).
A padronização das notas pode alterar esses números. Vamos ilustrar utilizando o seguinte caso:
- conhecimentos gerais: a média de acertos foi de 25 das 30 questões, com desvio padrão igual a 2.
- conhecimentos específicos: a média de acertos foi de 30 das 40 questões, com desvio padrão igual a 10.
Suponha que eu só errei 1 questão de conhecimentos específicos e gabaritei conhecimentos gerais. Já você errou 3 questões de conhecimentos gerais, mas gabaritou os conhecimentos específicos.
A minha nota final seria 252:
A sua nota final seria 250:
Veja que a minha nota foi maior que a sua. Por quê isso aconteceu?
Isso aconteceu porque você errou em uma prova cujo desvio padrão foi baixo (2), e eu errei em uma prova em que o desvio padrão foi alto (10). Ou melhor, você errou em uma prova onde era esperado um desempenho mais homogêneo dos candidatos, enquanto eu errei em uma prova em que era esperado um desempenho mais heterogêneo. Você divergiu mais (e negativamente) do desempenho do grupo do que eu. Em síntese:
- em provas com desvio padrão baixo (onde é esperado um desempenho mais homogêneo entre os candidatos), se você for mal será mais penalizado que o normal. Por outro lado, se você se destacar positivamente (for muito bem), você também será mais beneficiado que o normal.
- em provas com desvio padrão alto (onde os candidatos tiveram desempenhos mais dispersos entre si), você não será muito penalizado se for mal, mas também não será muito beneficiado caso se destaque positivamente.
Que lição você pode tirar disso? Como esta é a regra do jogo, você precisa chegar na sua prova dominando o “feijão com arroz”, isto é, aqueles conhecimentos mais básicos que provavelmente a grande parte dos candidatos vai acertar. É essencial que você vá bem naquela prova em que a massa de candidatos tiver um bom desempenho. Isto é verdade em qualquer concurso, mas é especialmente mais relevante para o método de cálculo usado pela FCC.
Ficou com alguma dúvida? Deixe o seu comentário aqui neste post que, na medida do possível, eu vou respondendo!
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Uma excelente preparação!
Saudações,