Aprovada no Concurso Receita Federal
“Quando comecei a estudar, não sabia absolutamente nada. Fui dando pequenos passos, um dia de cada vez. Costumava falar para meus amigos: “eu não penso, só sigo em frente. Porque se eu parar para pensar, veria que isso é loucura!” A montanha-russa, durante a preparação, é normal. Um dia, você se sente confiante. No outro, acha que não sabe nada. (…) Toda essa jornada envolve muito o psicológico da pessoa. A incerteza do futuro é algo que mexe muito com você”
Como adjetivar um concurseiro? Como já dizia o teólogo brasileiro Leonardo Boff “todo ponto de vista, é a vista de um ponto”. Ou seja, para quem está de fora, o concurseiro pode parecer um louco. Alguém que deseja alcançar algo impossível. Já para quem está mais de perto, é possível ver o mesmo concurseiro como alguém determinado, que luta pelo seus sonhos e objetivos. Mas, o mais interessante, é como o próprio concurseiro se vê! Interessante porque não há tão somente uma definição. Mas, uma gama enorme de adjetivos que variam de acordo com o momento que está vivendo.
Anelise Kletemberg foi aprovada no concurso para Auditor Fiscal da Receita Federal (AFRF). Ela é um exemplo de que ser concurseiro é estar sujeito a viver uma montanha-russa de sentimentos. No entanto, o mais importante é saber lidar com cada um deles. Principalmente, aqueles que desmotivam e prejudicam a caminhada rumo à aprovação.
Confira o depoimento de Anelise. E veja que autocontrole, disciplina e estratégia são ingredientes que não podem faltar na vida de quem deseja se tornar um servidor público!
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você. Dessa maneira, nosso leitor conhecerá você melhor. Você é formada em que área? Trabalhava e estudava? Ou se dedicava, inteiramente, aos estudos? Quantos e quais concursos já foi aprovada? Qual o último?
Anelise Faucz Kletemberg: Olá, amigos do Estratégia Concursos! Primeiramente, gostaria de agradecer a oportunidade de compartilhar com os colegas concurseiros a minha experiência nessa longa jornada rumo à aprovação!
Meu nome é Anelise Faucz Kletemberg. E sou formada em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda. Cheguei a trabalhar em uma pequena agência de publicidade aqui em Curitiba. Mas, logo percebi que meu caminho seria outro. Larguei o emprego e me lancei de cabeça nos estudos! Ainda me lembro quando fui me aconselhar com meus tios concurseiros. E quase caí para trás quando vi a pilha de material que eles utilizavam. No final, acho que a minha estava maior ainda! (risos).
O primeiro concurso que prestei foi o de AFRFB em 2012. No entanto, foi só para ver como era. Pois fazia apenas dois meses que estava estudando. Claro que a minha nota foi absurdamente baixa. Depois, prestei para o Tribunal Regional do Trabalho (TRT), Auditor Fiscal do Trabalho (AFT) e Analista-Técnico Administrativo do Plano Especial de Cargos do Ministério da Fazenda (PECFAZ). Consegui a aprovação nesse último, sendo o cargo que exerço atualmente (e adoro!). E, agora, fui aprovada/classificada no concurso para AFRFB,
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Anelise: Ao ver meu nome na lista, a sensação que tive, foi de alívio: “ufa, acabou!”. É que por mais que você já tenha uma boa ideia de como foi, por meio ranking que o pessoal faz nos fóruns, nunca é certeza, não é?! Ainda mais para mim, que fiz o favor de não passar as últimas 10 questões da primeira prova para o espelho. Fiquei quase um mês pensando “e se eu não passei para o gabarito oficial também?”.
Aconselho a todos a prestarem extrema atenção a tudo! Para não perderem a cabeça como eu! (risos)
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social para passar no concurso o mais rápido possível?
Anelise: Como tive a oportunidade de só estudar, não precisei abdicar tanto das saídas e encontros com os amigos. Mas mesmo assim, por ficar só em casa, a sua vida social acaba minguando. Às vezes, ficava chateada com isso. Na realidade, os verdadeiros amigos nunca somem. Porém, tive um efeito colateral (que, segundo alguns, é inevitável para um concurseiro!): insônia. Só quem já teve essa infeliz experiência sabe a falta que algumas horas de sono faz! Principalmente, quando se tem que estudar no dia seguinte. A boa notícia: isso passa. Desde que saiu o resultado, eu durmo como um bebê! (risos).
Estratégia: Ao longo de sua jornada, você tentou outros concursos, para treinar e se manter com uma alta motivação? Ou decidiu manter o foco apenas naquele concurso que era o seu sonho? Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Anelise: Acredito que a primeira coisa a fazer quando se inicia os estudos, é colocar aquele super concurso que você sonha, desde sempre, como meta. Eu seguia o programa de Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil (AFRFB). E ficava de olho nos outros concursos. Se aparecia um com matérias afins, eu me inscrevia.
Não vale a pena ficar mudando totalmente sua programação, cada vez que sai um edital diferente. O melhor é focar em uma área e ir tentando. Afinal, também não é bom depender de um único concurso (que pode demorar 2, 3 ou 5 anos e você lá, com a sua vida parada).
Estratégia: Você estudou por quanto tempo, contando toda a sua preparação? Durante esse tempo de estudo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos? Mesmo naqueles períodos em que não havia edital na mão?
Anelise: Comecei a estudar em julho de 2012. Então, o total foi 1 ano e 10 meses de estudo até a prova. Entretanto, sempre achei essa história de tempo de estudo muito relativo. Porque concurso não é vestibular. Não tem todo ano para você ter uma base de comparação. Depende também da dedicação de cada um, do período de vida que a pessoa está passando, etc. Na verdade, admiro muito aquelas pessoas que trabalham, cuidam da família e ainda arranjam tempo para se dedicar aos estudos. Esses são os verdadeiros heróis!
No meu ponto de vista, manter a motivação não é fácil. E se torna ainda mais difícil, quando não há nenhuma previsão de edital. Você fica sem perspectiva, meio sem rumo, parece que as pessoas à sua volta estão vivendo e você não. Mas também, cada vez que pensava no Monte Everest diante de mim, eu me tocava que ainda havia muita escalada pela frente! É só você pensar: se a prova fosse hoje, eu passaria? Isso mantém você na linha.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Anelise: Comecei fazendo cursinho telepresencial, para pegar o ritmo e ter uma base das matérias (fora português e inglês, eu não sabia absolutamente nada!). Para as matérias pesadas de direito, utilizei livros de autores mais conceituados. Porém, todos voltados para concurso, para não perder o foco. O resto foi tudo pelos cursos em PDF (quase todos do Estratégia) e videoaulas. Sou muito a favor dos PDFs. Pois, além de serem mais objetivos e específicos para cada concurso, os professores atualizam o conteúdo quando sai o edital. Eu ficava tranquila. Porque sabia que não iriam me deixar na mão.
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios? Ou na leitura e releitura da teoria?
Anelise: Na internet, você encontra dezenas de métodos de estudo diferentes. Eu li todos e não apliquei quase nenhum! (risos). É uma coisa muito pessoal. Todavia, eu achava alguns um pouco exagerados. Gente que cronometra o tempo que vai ao banheiro… Para mim, não dava!
O que fiz foi seguir o método dos ciclos. Montei uma grade horária de acordo com os pesos das matérias e com o meu grau de dificuldade. Por exemplo, as que tinham peso 1, eu calculava 1 hora de estudo; as de peso 2, 1 hora e meia. Já raciocínio-lógico, eu determinava 2 horas; porque era meu ponto fraco. O total acho que fechava um ciclo de 32 horas. Desse modo, você fica tranquilo pois não está negligenciando nenhuma matéria. E está dedicando o tempo certo para cada uma.
Essa alternância de matérias também ajuda na fixação. Pois você está, constantemente, vendo cada uma, sem deixar cair no esquecimento. Com relação a cada matéria, eu seguia as aulas e os livros até acabarem. E recomeçava tudo; quantas vezes fossem necessárias até o edital.
Não tinha paciência para fazer resumos. Fiz só alguns de Constitucional para aquelas coisas bem decorebas (competências, quem julga quem, etc.). No geral, grifava de marca texto as passagens importantes. E, depois, quando quisesse revisar, olhava só elas. Os exercícios comentados são primordiais; principalmente, na reta final. Comprei vários materiais só com eles. E posso dizer, com firmeza, que eles foram decisivos para a minha aprovação. Contudo, sempre comentados. Porque por mais que você acerte a questão, sempre tem algo a mais para se aprender com aquele assunto.
Uma coisa que eu fazia (pouco convencional) era estudar escutando música clássica. Vi isso em algum lugar e resolvi tentar. Pois me distraía muito com qualquer barulho. Deu super certo e a partir daí, só estudava com o canal de música da NET ligado (risos). Ela isola os barulhos externos. E como ela é calma, ajuda a se concentrar; tirando também outras músicas que estejam na sua cabeça. Até na hora da prova, eu me imaginei, em casa, escutando um Mozart (risos).
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar essas dificuldades?
Anelise: Para mim, a disciplina carrasca sempre foi raciocínio-lógico. Desde que comecei a estudar, sempre soube que esse seria meu tendão de Aquiles. Porém, eu não iria desistir de um concurso por causa de uma matéria, não é? E lá fui eu, todo santo dia vendo 2 horas de videoaula para aprender a bendita matemática. E tive meus altos e baixos com ela. Quantas vezes eu saí do meu quarto chutando tudo, chorando que nunca iria aprender aquilo! (risos). Ou pulando de felicidade por ter conseguido resolver aquele exercício difícil! No fim, minha dedicação valeu a pena: gabaritei a matéria no concurso do PECFAZ e fiz 8 de 10 no de AFRFB. Outra também muito difícil foi Contabilidade. Quando chegou na parte avançada, fiquei mega perdida. Todavia, com o tempo, dedicação e bons professores, superei e consegui fazer uma boa pontuação.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como você levou seus estudos nesse período? Você se concentrava nas matérias de maior peso? Ou distribuía seus estudos de maneira mais homogênea? Focava mais na releitura, em resumos, em exercícios, etc ?
Anelise: Nesse concurso, tivemos muita sorte. Pois, além de não entrarem matérias novas, saíram algumas. Foi realmente um presente para quem não desistiu desde 2012. Quando saiu o edital, aumentei minha carga horária. E como não tinham matérias novas, o foco foi em revisar tudo e fazer muitas, mas muitas questões comentadas. É a hora do tudo ou nada: dedicação total.
Estratégia: Na semana da prova, por um lado, nós sempre observamos vários candidatos assumindo uma verdadeira maratona de estudos (estudando, intensamente, dia e noite). Por outro, também vemos concurseiros que preferem desalecerar um pouco, para chegar no dia da prova com a mente mais descansada. O que você aconselha?
Anelise: É, realmente, muito pessoal a escolha do que fazer quando se está em cima da prova. Eu tentei acelerar ainda mais o ritmo. Contudo, não deu certo (risos). Sério, lembro que era terça-feira e minha cabeça pesava, minha vista embaralhava e não conseguia lembrar direito das coisas. Fiquei meio assustada. Entretanto, pedi conselhos para minha mãe (ela é sempre ótima nessas horas) e ela disse para eu desacelerar. Foi o certo. Dois dias antes da prova, parei de estudar (na verdade, dei uma olhada em alguma coisa aqui e ali….). Porque, sinceramente, o que você vai aprender em dois dias que não aprendeu em dois anos? Melhor descansar a mente e ir de cabeça fria para a prova. Mas como disse, isso é muito pessoal. Alguns dizem que esse procedimento ajuda a se concentrar. Só escute sua mente e respeite seu corpo.
Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Anelise: Não fiz muita coisa diferente da preparação para as objetivas. No entanto, umas duas semanas antes da prova, procurei aprofundar-me em alguns conteúdos mais extensos. Pois, a probabilidade de um desses temas caírem (a meu ver) era maior; por ter mais coisas para falar em uma discursiva. Procurei também ficar ligada nas novidades: novos decretos, novos programas, todos os assuntos novos! Porque sabia que, se caísse algo assim, ou você teve a sorte de ter visto ou nada feito!
Aconselho também àqueles que sentirem mais dificuldade com a redação, a fazerem os cursos de discursiva, mesmo sem edital na praça. Assim, você vai se preparando. E quando chegar a hora da prova, deve concentrar-se no conteúdo (que é o item com maior peso). Siga o famoso “modelo padrão” de resposta e tudo dará certo!
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS, em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Anelise: Meu maior erro foi, com certeza, estar sempre muito ansiosa e nervosa, com tudo! A insônia, realmente, fez com que eu tirasse alguns dias úteis de estudo e de paz interior (risos). Dá vontade de viajar no tempo e falar para mim mesma: “não se preocupe, tudo vai dar certo!”. O importante é manter a calma na hora da prova (ou tentar) e dar o seu máximo, sempre.
Meu maior acerto acho que foi sempre me cobrar bastante. E nunca deixar um assunto que não tenha entendido para trás. Sempre volte naquele conteúdo que você sabe que não sabe (risos). Não se engane. Pois, são esses os “diabinhos” que minam a nossa confiança e deixam aquela sensação de que não sabemos nada. Revise quantas vezes for preciso. Até se sentir seguro para ir adiante.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação?
Anelise: Nossa, muitas coisas foram difíceis durante a minha preparação. Diria que a principal é aprender o conteúdo mesmo. Pois, é realmente uma montanha de coisas para se estudar. Quando comecei a estudar, não sabia absolutamente nada. Fui dando pequenos passos, um dia de cada vez. Costumava falar para meus amigos: “eu não penso, só sigo em frente. Porque se eu parar para pensar, veria que isso é loucura!” (risos).
A montanha-russa, durante a preparação, é normal. Um dia, você se sente confiante. No outro, acha que não sabe nada. Mas tenho muito a agradecer também. Sempre tive todo o apoio da minha família, moralmente e financeiramente (risos). Acho que não teria conseguido sem a ajuda deles. Pois, toda essa jornada envolve muito o psicológico da pessoa. A incerteza do futuro é algo que mexe muito com você. São nessas horas, que aquela palavra de incentivo de quem você ama vale mais do que ouro.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que, um dia, almejam chegar aonde você chegou!
Anelise: É uma honra, para mim, dar palavras de incentivo para os novos concurseiros! Pois, até ontem, eu era um deles! Gente, sei que é clichê, mas de verdade, acredite em você. Corra atrás de bons materiais, estabeleça uma rotina de estudo, um método que funcione para você e se arrisque! Mantenha a disciplina, não se engane e não fique reclamando. A competição é forte. Então, você deve se armar até os dentes! Quando cheguei para fazer a minha prova, vi aquele mar de gente e pensei: “não faz mal, eu estou no páreo e uma vaga é minha!”.
O Prof. Ricardo Vale abria todas as aulas com uma frase, que eu grifava sempre com marca texto: “O segredo do sucesso é a constância no objetivo”. Pense, se eu consegui, você também consegue!
Um abraço e sorte a todos!
Assessoria de Comunicação