Aprovado no concurso da Receita Federal do Brasil para o cargo de Analista-Tributário
Fiscal - Federal (RFB e AFT)“Sobre todos que foram aprovados: nenhum deles iniciou sabendo tudo.”
Confira nossa entrevista com Vítor Jorge Santos Vieira Alves, aprovado em 99° lugar no concurso da Receita Federal do Brasil para o cargo de Analista-Tributário:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-lo. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Vítor Jorge Santos Vieira Alves: Sou nascido e criado em Niterói, no Rio de Janeiro, e me formei em Direito, em 2022.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Vítor: Eu estava bem perdido quando me formei, não tinha certeza se iria querer o serviço público. Decidi estudar enquanto esperava a carteira da OAB ser expedida, para ver como seria. Minha família também me incentivou.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Vítor: Sim, eu era advogado. Trabalhava de forma autônoma, então quando vi que iria seguir o caminho dos concursos eu pude diminuir o tempo destinado ao trabalho.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Vítor: Fui aprovado fora das vagas imediatas em outros concursos, o PGM Niterói e a PGE Rio de Janeiro, para Analista Processual, e o da Agenarsa, para Analista técnico.
Analista da Receita Federal foi o primeiro em que passei dentro das vagas.
Sobre continuar estudando, sim! Estou me preparando pra Fiscal de Rendas do município do Rio de Janeiro, quase não parei depois da prova da Receita. Continuo porque Fiscal de Rendas (ou Auditor Fiscal) é o cargo que quero realmente. Tentei para Analista na Receita Federal porque já estava de olho nos fiscos e sabia que teríamos os do Rio em breve, municipal e estadual, e também queria mais tempo para estudar para Auditor Fiscal, eu me achava muito iniciante para o cargo na época.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos e família?
Vítor: Era bem limitada, principalmente depois que saiu o edital. Eu saía bem pouco com amigos, evitava sair tarde para manter o sono regrado. Também mal visitava os familiares, mas eles entendiam o motivo.
Estratégia: Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseiro? De que forma?
Vítor: Minha família me apoiou bastante, foi por causa deles que eu pude manter os estudos em primeiro plano, sem tanta preocupação no trabalho. Meus amigos também, eles entendiam que minha vida social estava limitada na época.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Vítor: Estudei uns 10 meses com foco no concurso da Receita.
Sobre a disciplina, a virada de chave pra mim foi — e eu comecei a fazer isso em meados de janeiro — ir estabelecendo um cronograma para os estudos. Baixei um daqueles apps de afazeres e comecei a, toda semana, preencher os dias com o que ia estudar, as matérias, os assuntos, se era leitura de matéria nova ou revisão, colocava tudo ali e o app me avisava. Ter esse cronograma e essas metas diárias me ajudava a manter a disciplina.
Outra coisa que me ajudou foi ter o concurso da Receita como prioridade, mas me empenhando para fazer outros ao longo do caminho. Isso porque foi bom para mim ter esses outros concursos que iam saindo — o PGE Rio de Janeiro, o do Senado — como minhas metas de curto prazo, ao invés de ficar focado só no da Receita, que na época que eu comecei a estudar não tinha nem sido autorizado, e é mais difícil manter a disciplina para algo assim de longo prazo. Então eu fui me disciplinando a cada concurso, me acostumando a manter a disciplina. E isso, é claro, me ajudava também pela experiência de fazer as provas e notar minhas fraquezas.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Vítor: Quando eu comecei, eu não tinha assinatura, então estudava principalmente por provas recentes (CGU e TCU, na época). Quando assinei o Estratégia eu comecei preferindo as videoaulas, porque era como eu tinha aulas na faculdade, então achei que seria melhor por eu já estar acostumado. O problema é que as videoaulas demoram bastante, e eu notei isso quando passei a priorizar os pdf’s, percebia que era bem mais eficiente.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Vítor: Já havia ouvido falar, fui conhecer mesmo quando estudava para a OAB, porque lia os artigos sobre o exame, sobre estratégia de prova e os temas mais cobrados, e via os vídeos do Youtube comentando as provas passadas, principalmente sobre as discursivas.
Estratégia: Antes de conhecer o Estratégia, você chegou a usar materiais de outros cursos? Se sim, o que mais incomodava quando você estudava por esse concorrente?
Vítor: Antes do Estratégia eu estudava por minha conta, com questões de provas atuais e o que tinha de conteúdo gratuito na internet. Eu aprendi algumas coisas, mas era bem ineficiente. Assim que foi autorizado o concurso da Receita eu assinei o Estratégia.
Estratégia: Você chegou a fazer algum concurso enquanto ainda se preparava com esse outro material? Foi aprovado?
Vítor: Fui aprovado na PGE Rio de Janeiro, fora das vagas.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação? Que diferencial encontrou nos materiais do Estratégia?
Vítor: Gostei bastante do material, o material escrito é bem completo, e o fato de ter questões logo ali no pdf facilitava muito a revisão. Depois que eu comecei a estudar por pdf’s, não abandonei as videoaulas: várias eram boas para revisão, pelo fato dos professores pegarem questões bem recentes e entrarem em detalhes sobre os pontos mais complexos. Das videoaulas, acho que as da Nelma Fontana e Adriana Figueiredo foram as que mais assisti.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Vítor: Em janeiro que eu comecei com um plano de estudos organizado, e eu estudava umas cinco, seis matérias novas por semana, deixando outras para revisão. Escolhia as matérias com base no peso e na complexidade, e também controlava de semana a semana — se eu passasse uma semana sem estudar ou revisar uma matéria, na seguinte eu já fixava ela na grade. Sobre o tempo, eu estudava todos os dias, por cerca de cinco horas líquidas.
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Vítor: No começo eu fazia resumindo as matérias e lendo os resumos. “Funcionou até aqui, mudar pra quê?”, eu pensava, mas isso era super ineficiente! Não sei se passaria se continuasse assim. O que passei a fazer — e o que faço atualmente — é resolver muitas questões, só “resumindo” aqueles pontos que eu via que: a) caíam bastante; e b) eu tinha dificuldade.
Fiz simulados também, para me preparar para as nove horas de prova e para a questão discursiva.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Vítor: O Sistema de Questões de vocês me disse que fiz 3.595 até a data da prova. Isso, somado às listas, simulados, provas anteriores etc. deve dar quase o dobro, e com certeza foi o que mais me ajudou a me preparar. Saber o que e como é cobrado e saber suas fraquezas foi essencial.
Antes de estudar para concursos eu não sabia que jurisprudência era tão cobrada, por exemplo, e em matérias muito amplas, com muitos detalhes — Contabilidade, os ramos do Direito, Português — é essencial saber em que se deve focar.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Vítor: Tecnologia da Informação, apelidada Fluência em Dados, sem dúvida foi o maior desafio, várias coisas ali eu não assimilava. Nesta minha preparação foi bem deficiente, deixei de lado alguns pontos do edital e foquei nos que achei mais viáveis. Tinha coisa ali que eu sabia que, com o tempo, eu pegaria, mas me tomaria muito tempo, então guardei essa energia para outras matérias que também valiam muitos pontos e nas quais meu aproveitamento era melhor.
Tenho que mencionar também a Contabilidade, que acho que foi a que mais demorei a assimilar. Para ela, precisei reservar bastante tempo, e toda semana ver um assunto novo e revisar os passados, só assim para eu começar a me familiarizar com a matéria.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Vítor: Na semana anterior, algo que me ajudou muito foi ir ajustando meu fuso horário. Para ir fazer a prova eu acordei às 5h20, bem mais cedo que eu normalmente acordava, então fui adiantado aos poucos o despertador durante essa semana. Isso me ajudou bastante a me mantar descansado e alerta para a prova inteira.
Sobre os estudos, praticamente só fiz questões e revi meus erros de provas passadas. Deixei para revisar nessa última semana os tópicos mais importantes de cada matéria, para tirar proveito da memória de curto prazo. Tinha vários pontos do edital que eu não tinha tido tempo de estudar, o que me deixava apreensivo, mas deixei assim mesmo e priorizei essas revisões. Fui num ritmo bem intenso até a quinta-feira, depois priorizei o descanso para chegar bem para fazer a prova.
No sábado nem toquei no material. Talvez eu tenha perdido alguma questão por não ter revisado algum ponto no último minuto, mas não me arrependo. Ganhei bem mais por estar relaxado e descansado para fazer as provas.
Estratégia: No seu concurso, além da prova objetiva, teve a discursiva. Como foi sua preparação para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Vítor: Eu fiz questões de provas anteriores, de simulados, mas também escolhia alguns temas e discorria sobre eles num certo tempo, detalhando o máximo que podia. Acho que isso é bem útil, porque te faz notar se você de fato sabe o tema: se, fora do conforto de uma objetiva, você consegue lembrar de todos os detalhes por si só. Também priorizei o que era mais condizente com o cargo: Direito Tributário, Legislação Tributária Federal e Legislação Aduaneira.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Vítor: Os maiores erros foram não ter mantido desde o início — por início, leia-se a autorização do concurso — um plano de estudos bem estruturado, e não ter logo começado no combo pdf’s + questões. Perdi bastante tempo com os resumos e notei que lê-los nem foi uma revisão efetiva.
Quanto aos acertos, manter um cronograma diário constante, com hora para acordar e para dormir, e ajustar meu horário de acordar na semana da prova. Também me ajudou bastante fazer uma prova —a de Analista da Agenarsa — logo antes dessa da Receita, para eu recapitular a dinâmica de ir fazer prova e ver o que a banca estava cobrando na época. Só acertei uma questão de português na Receita porque tinha visto o mesmo estilo de enunciado nessa outra prova. Também acho que tirar os dias anteriores para descansar me ajudou muito, vi muito mais aproveitamento nas questões em que tive dúvida do que em outros momentos, quando estava naquele ritmo incessante.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Vítor: Ambição, muita vontade de conseguir o que eu queria e confiança de que eu era capaz de consegui-lo, foi isso que me manteve ali firme.
Sobre desistir, assim que comecei a estudar para concursos e comecei o ver o nível que era exigido, principalmente pela FGV, pensei que não conseguiria, que aquilo ali não era pra mim. Mas, com apoio dos familiares, segui nesse caminho, e a cada tema que aprendia me tornava mais confiante.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Vítor: Aconselharia a não se desanimar ao olhar a quantidade de matérias que ainda precisam aprender. Sobre todos que foram aprovados: nenhum deles iniciou sabendo tudo. Quando a gente olha, lá no começo, parece inalcançável, mas com o tempo, se dedicando chegamos lá. Além disso, não desanimar com os momentos em que seu desempenho não foi tão bom: o percurso não é progresso constante, vai ter os altos e baixos, os detalhes esquecidos, tudo isso faz parte da preparação.