Aprovado no concurso Receita Federal para o cargo de Auditor-Fiscal
Fiscal - Federal (RFB e AFT)“Aconselho empenho máximo e disciplina para manter o ritmo de estudos, mesmo quando a motivação não estiver presente. A consistência é uma ferramenta imprescindível no arsenal do concurseiro”
Confira nossa entrevista com Matheus Kerkhoff Guanabara, aprovado em 44° lugar no concurso Receita Federal para o cargo de Auditor-Fiscal:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-lo. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Matheus Kerkhoff Guanabara: Olá, meu nome é Matheus, sou engenheiro civil formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, tenho 35 anos e cresci em Porto Alegre/RS.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Matheus: Fui incentivado a iniciar os estudos para concurso público pela minha companheira. Além de todo incentivo e entusiasmo que ela sempre demonstrou com o serviço público, foi a partir da aprovação dela na carreira federal que percebi que 1) a carreira pública era acessível e 2) os órgãos públicos estão repletos de servidores dedicados e empenhados em contribuir para a manutenção e avanço do nosso país.
Observando o entusiasmo dela e com seu forte incentivo, decidi igualmente envidar esforços rumo a uma vaga.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Matheus: A jornada do concurseiro não é formada apenas de sucessos; infelizmente, o caminho é árduo e com sua porção de frustrações. Mas cada batalha travada é um passo mais próximo da posse.
Nos primeiros concursos que realizei, estava trabalhando, e conciliar a rotina de estudos e o emprego foi praticamente impossível, pois tive que dedicar muito mais esforços em me manter empregado do que em buscar uma colocação na carreira de servidor. Tanto que não foi possível alcançar a posse.
Já na segunda vez que competi por uma vaga, decidi dedicar-me integralmente aos estudos. Desliguei-me da empresa na qual trabalhava e por seis semanas não fiz nada além de estudar. Felizmente, o esforço foi recompensado e finalmente ingressei na carreira pública.
Finalmente, já sendo servidor, dediquei-me mais uma vez aos estudos em busca da aprovação no concurso da Receita Federal.
Conciliar a rotina do trabalho e estudos foi tarefa árdua e com suas abdicações. O tempo em família e o de sono foram bastante reduzidos, e os momentos de lazer com os amigos foram praticamente anulados.
Os dias eram iniciados às cinco horas da manhã com uma sessão de estudo enquanto aproveitava o café da manhã. Depois, a jornada de trabalho de oito horas e novamente estudo até às 23 ou 24 horas, com pausa apenas para tomar um banho e outros afazeres pequenos.
Essa rotina era mantida inclusive aos finais de semana, nos quais o trabalho era substituído por mais tempo de estudo.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Matheus: Já fui aprovado para os cargos de Oficial de Inteligência da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) e Auditor do Tribunal de Contas, mas não fiquei bem classificado e acabei não sendo chamado.
Para o meu cargo atual, atingi a posição de 23º dentre aproximadamente 93.000 concorrentes e fui classificado dentro do número de vagas ofertadas.
Por fim, até o momento estou aprovado no concurso para Auditor Fiscal da Receita Federal. Como estamos em fase de recursos contra o resultado preliminar das provas discursivas e o certame ainda não está finalizado, acredito que não tenhamos como falar em classificação, mas tenho esperança de estar entre os convocados dentro do número de vagas previsto no edital.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos e família?
Matheus: A vida durante a preparação para o concurso foi de abnegação. Os dias eram muito parecidos uns com os outros e completamente dedicados aos estudos.
Antes de iniciar os estudos, conversei com os familiares e amigos mais próximos explicando minha expectativa de dedicação à preparação para o concurso e solicitando ajuda e compreensão, pois eu teria de me manter mais distante e até mesmo ausente. Inclusive, foram diversas as faltas a festas e encontros, até mesmo ao casamento de um casal de amigos.
Estratégia: Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseiro? De que forma?
Matheus: Como relatado na pergunta anterior, primeiramente conversei e expus a necessidade de dedicação aos familiares e amigos, o que foi muito bom, pois pude contar com a ajuda e compreensão de todos.
Não fui cobrado pelos eventos que não pude participar e nem sofri pressão para que atendesse a alguma atividade. Além disso, contei com o apoio incondicional de minha companheira, que assumiu para si as responsabilidades de manutenção do lar, foi compreensiva com minha nova rotina e prestou todo apoio necessário com muito carinho.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Matheus: O estudo foi mantido por nove meses. Praticamente da autorização do concurso até o dia da prova.
Para manter a disciplina, antes de qualquer atividade, elaborei a programação do estudo: quantas matérias teria que estudar, quais os pesos de cada uma, quantos arquivos tinham, quantas páginas, quais temas eram mais complexos, etc.
Com o planejamento em mãos, a estratégia foi adotar uma rotina progressiva de estudos, sempre buscando fazer mais semana a semana, ou seja, mais páginas, mais questões, mais revisões…
O esforço foi em respeitar o planejamento inicial, por vezes correndo atrás de um (não tão raro) atraso, e em ocasiões adiantando o estudo de matérias quando a meta diária já havia sido alcançada.
O segredo foi basicamente não pensar, apenas respeitar o cronograma.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Matheus: A base do estudo foi os cursos em PDF e o material de revisão disponibilizado pelos professores (mapas mentais e resumos), mas sempre que surgia alguma dúvida ou dificuldade de entendimento, procurava pela informação específica na internet.
Além disso, utilizei videoaulas nos momentos de “lazer”. Quando não aguentava mais ler os PDFs e percebia que a qualidade do estudo estava degradada, ao invés de buscar distração nas redes sociais e afins, assistia a videoaulas.
Por fim, nos deslocamentos de carro, acompanhava as aulas em áudio.
A principal vantagem do PDF é que o estudo é feito na velocidade do aluno e ele exige concentração e leitura ativa. Já nas videoaulas, a matéria é apresentada de maneira mais didática e com truques de memorização, mas acaba consumindo mais tempo e é fácil que ocorram distrações e diminuição de retenção da matéria.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Matheus: Conheci o Estratégia Concursos através de um amigo que se preparava para um concurso público.
Estratégia: Antes de conhecer o Estratégia, você chegou a usar materiais de outros cursos? Se sim, o que mais incomodava quando você estudava por esse concorrente?
Matheus: Para o cargo que ocupo atualmente, utilizei o material de outro curso preparatório, pois era mais objetivo (resumido) e as matérias eram apresentadas com menor grau de aprofundamento. Fiz a escolha em função do reduzido tempo que dispunha para estudar.
Confesso que ficava preocupado se a preparação seria suficiente para alcançar a aprovação, pois o material era bastante resumido. Mas ao fim, foi possível conquistar a convocação.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação? Que diferencial encontrou nos materiais do Estratégia?
Matheus: Após me tornar aluno do Estratégia Concursos, foi possível perceber uma grande melhora na qualidade do estudo. Os materiais são muito mais aprofundados e completos, elevando muito o nível de preparação do concurseiro.
Diria que para concursos conhecidamente complexos e de difícil aprovação, o material mais completo é essencial, uma vez que as bancas exploram temas cada vez mais específicos, que realmente testam os conhecimentos do candidato.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Matheus: O plano de estudo foi concebido conforme a extensão das matérias que deveriam ser estudadas para superar a integralidade do previsto no edital. Matérias com mais “aulas” eram vistas mais vezes por semana.
O planejamento foi estruturado com base em quais assuntos deveriam ser estudados em cada dia, tentando manter uma média de 200 páginas de matérias, questões para fixação e revisão dos conteúdos já vistos. A exceção era a tarde de sábado e o domingo, que foram dedicados a revisões e correção de eventuais atrasos ocorridos durante a semana.
No início da preparação, dedicava cerca de oito horas brutas aos estudos, que foram sendo aumentadas até chegar a cerca de 10 ou 11 horas líquidas nos meses mais próximos à data da prova. Para tanto, foi necessário solicitar férias do trabalho, pois não era mais possível conciliar a rotina de estudos com as demais tarefas diárias.
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Matheus: Costumava revisar diariamente as matérias estudadas no dia anterior através de resumos/anotações que elaborava enquanto lia os PDFs (os mapas mentais e polígrafos de revisões elaborados pelos professores facilitaram muito esse procedimento), e nos finais de semana todas as aulas estudadas até então.
Além disso, mantive rotina diária de resolução de questões das matérias trabalhadas no dia e no anterior. Nos finais de semana, utilizava a mesma estratégia aplicada das revisões à resolução de questões.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Matheus: A resolução de exercícios é essencial na preparação para o concurso. Em especial questões elaboradas pela banca responsável pela prova, pois traz intimidade com o linguajar que será encontrado no dia da prova, a lógica das perguntas e os assuntos mais abordados.
Durante a preparação, busquei resolver questões todos os dias, nem que fosse na cama me preparando para dormir. A quantidade de questões resolvidas variava conforme complexidade (algumas requeriam aprofundamento dos estudos para compreensão da resposta) e o tempo disponível após a conclusão da atividade primordial: o estudo propriamente dito. De qualquer forma, foram resolvidas de 30 a 300 questões todos os dias da preparação (cerca de nove meses).
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Matheus: As disciplinas que tive mais dificuldade foram Administração, tanto a geral quanto a pública, e Comércio Internacional devido à vastidão das matérias. Quantidade incontável de nomes, datas, autores e conceitos similares, mas com divergências importantes.
A estratégia usada foi bastante rudimentar: apenas dediquei mais horas de estudos para elas e aumentei a frequência de revisões e a quantidade de questões.
Outras matérias que requerem esforço complementar foram Legislação Aduaneira, Legislação Tributária e Auditoria, não por ter dificuldade nelas, mas precisava sempre ter maior cuidado para não me perder em meus pensamentos fantasiando como seria desempenhar a atividade de Auditor Fiscal caso fosse classificado.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Matheus: A rotina de estudo seguiu inabalada. Como já havia estudado todas as matérias do Edital, as atividades eram de revisão das aulas e resolução de questões.
De fato, o estudo perdurou até instantes antes de realizar as provas. No dia do concurso, acordei mais cedo e revisei alguns temas que tinha menor confiança. Inclusive, a revisão continuou no colégio no qual a prova foi realizada até que tivesse que entrar na sala e guardar o material.
Estratégia: No seu concurso, além da prova objetiva, teve a discursiva. Como foi sua preparação para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Matheus: A preparação para a prova discursiva foi a mesma que para a objetiva. Ao longo da jornada não “elaborei redações de treino”. A única particularidade foi que busquei me informar da estrutura de redação aceita pela banca; se deveria utilizar título, conclusão e introdução, ou se bastava responder aos itens como se fossem “perguntas independentes”.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Matheus: Acredito que os maiores acertos foram a dedicação e disciplina. Independente do que acontecesse, o esforço foi em manter o ritmo de estudo com qualidade e conforme o cronograma elaborado no início da preparação.
Sem considerar o resultado obtido até o momento, não há nada que teria feito diferente, pois tenho plena convicção que fiz o meu melhor e que não teria condições de estudar sequer um segundo a mais. Fui até meu limite.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Matheus: O pensamento de abandonar os estudos se fez presente em boa parte do período de preparação. As renúncias e dificuldades foram diversas: o tempo em família foi reduzido, os amigos foram relegados a segundo plano, o lazer foi praticamente abanado, a academia foi esquecida (tanto que ganhei pouco mais de 12 kg durante a trajetória) e tantas outras atividades prazerosas deixadas para outro momento.
Não creio que a persistência nos estudos possa ser atribuída à motivação, não que não tenha fantasiado diversas vezes as atividades que seriam realizadas no cargo, ou o padrão de vida que poderia prover a minha família, mas foi a disciplina que me arrancou da cama às 5 horas da manhã, que me obrigou a resolver mais uma questão (e mais uma, e mais uma…), que me acorrentou à cadeira de estudos por meses e que, enfim, foi o motor do esforço em direção à aprovação.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Matheus: Primeiramente, aconselho que a pessoa seja sincera consigo mesma e de forma honesta avalie o concurso que pretende realizar, a quantidade de matérias exigidas e sua facilidade ou dificuldade com elas, quanto tempo consegue destinar a preparação, se será necessário negligenciar algumas tarefas temporariamente (e se isso é possível), como o estudo impactará no seu estilo de vida (convivência familiar, lazer e descanso, trabalho, etc.) e se as mudanças necessárias são viáveis.
Mesmo que a avaliação seja de que seria necessário algum fator que não pode ser cumprido no momento, recomendo que foque em algumas matérias para estudo e realize a prova, pois agrega experiência e é um valioso aprendizado, pois através da prática se descobre técnicas de estudo mais adequadas ao indivíduo, como é a rotina no dia do concurso (quantas canetas levar, quais documentos, o tempo necessário para preencher as “bolinhas” no cartão resposta, caso é permitido entrar na sala com alimentos e por aí a fora) e diversas outras lições úteis que constroem um candidato cada vez mais forte.
Agora, estando convicto de que tem condições de se dedicar, aconselho empenho máximo e disciplina para manter o ritmo de estudos, mesmo quando a motivação não estiver presente. A consistência é uma ferramenta imprescindível no arsenal do concurseiro.