“Aceite pagar o preço, valerá a pena. É a milenar Lei da Semeadura, você só colhe, aquilo que planta. E se eu consegui, qualquer um pode.”
Confira a nossa entrevista com Kayque Oliveira Souza, aprovado em 3° lugar para Soldado no concurso PM GO:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-lo. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Kayque Oliveira Souza: Tenho 25 anos e sou natural de Ceres (GO), mas sempre morei em Goiânia (GO). Sou bacharel em Direito pela PUC GO e especialista em Direito Penal e Processual Penal pela Faculdade Unyleya. Atualmente, sou Policial Penal em Goiás.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos? Por que a área policial?
Kayque: Durante a faculdade de Direito, o estudante percebe que são dois os caminhos (claro, existem outros) a serem trilhados depois de formado: exercer a advocacia ou optar pelo serviço público, dentre as várias carreiras possíveis.
Sem menosprezar a primeira opção, até porque cheguei a advogar durante quatro meses, desde o início da faculdade eu sempre soube que a minha voga não era a advocacia, mas ainda não sabia ao certo o que queria.
No sétimo período, em 2017, foi publicado o edital do TRF da 1ª Região e tinha muitas vagas para nível médio, e muita gente da faculdade falava em prestar esse concurso. Resolvi tentar também e, apesar da inexperiência, da falta de técnica para estudar e de não possuir material de qualidade à época, passei perto de ter a redação corrigida. Logo pensei que, se tivesse me dedicado mais, do jeito certo e com um material adequado, talvez conseguisse aprovação em algum cargo melhor.
Como sempre trabalhei no meio jurídico, já sabia de antemão que não queria prestar concursos de tribunais. Em dezembro de 2017, depois de muito pesquisar sobre as atribuições dos cargos na área policial, comecei a estudar efetiva e exclusivamente para agente de polícia federal. A área policial é a que faz o coração bater mais forte, que me reanima a estudar quando vem aqueles desânimos que todo concurseiro passa de vez em quando. Posteriormente, estabeleci como foco a carreira de Delegado de Polícia.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Kayque: Durante todo o curso de Direito eu tive que estagiar, em meio período, em órgãos públicos (TJGO, MPGO, MPF) e também na advocacia privada. O trabalho era condição indispensável para que eu conseguisse obter a diplomação, tendo em vista que meus pais não tinham condição de pagar a mensalidade da faculdade, mesmo eu tendo duas bolsas parciais.
Claro que isso impõe uma dedicação maior do camarada, pois ter que conciliar os estudos da faculdade e para concurso com o estágio não é tarefa tão simples. Apesar disso, opto por enxergar essas dificuldades como bênçãos de Deus que me tornaram mais resiliente para perseverar na lida diária.
Meus amigos e colegas da faculdade sabiam onde me encontrar, já que bastava ir à biblioteca do campus e lá estava eu. Inclusive, foram várias as vezes que o guarda tinha que pedir para eu sair, devido ao horário de fechamento da biblioteca (22h00). Era até engraçado, porque tinha um outro cara que sempre competia comigo para ver quem estudava mais e ia embora por último.
Não estou recomendando ao leitor que falte as aulas. A mensagem que quero passar é que o concurseiro não pode se dar ao luxo de ficar a esmo, à toa, perdendo tempo. Todo tempo é tempo de estudar. Eu almoçava mais rápido para sobrar mais tempo, deixava de ficar conversando com amigos no pátio durante os intervalos para estudar. Quando a aula terminava mais cedo então, era uma felicidade enorme. Atualmente, o meu trabalho não possibilita que eu tire tempo para estudar, a não ser durante o horário de almoço, mas já dá para adiantar entre 01h e 01h30min todos os dias. Enfim, quem quer, arruma um tempo.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Kayque: Aprovações, são essas:
- Concurso da Câmara Municipal de Goiânia, para agente de segurança do plenário, em 2018. Fiquei em 7º, mas só havia uma vaga.
- Concurso do MPU para Analista em Direito, no ano de 2018. Fiquei na rabeira da lista de aprovados, sem expectativa de nomeação.
- Concurso da Policial Penal de Goiás, em 2019. Minha classificação final no certame foi a 16ª posição.
- Concurso da Polícia Militar de Goiás, em 2022, para soldado. Minha classificação provisória é 3º colocado, na 1ª regional, mas ainda falta a nota da prova discursiva.
Reprovações, foram várias: Agente da PF/2018 (abaixo da cláusula de barreira), Policial Legislativo/2019 (por 1 ponto), PRF/2019, Delegado/PR/2021 (por 1 ponto), Delegado/MG/2021 (por 3 pontos), Cadete PMGO/2022 (abaixo da cláusula de barreira).
Claro que ainda vou continuar estudando, já que não cheguei onde quero. Vou ser Delegado de Polícia.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos?
Kayque: Entendo que quem estuda para concurso deve tentar manter o equilíbrio durante esse período. É um tempo de muita renúncia e dedicação, mas dá sim para tirar um dia da semana e destinar esse tempo ao lazer e a programas familiares, especialmente se for pré-edital. Quanto aos amigos, apenas os mais próximos sabem (sabiam né) do projeto de estudar para concurso. Mas sempre que foi preciso dizer “não posso sair” ou “hoje não posso”, nunca hesitei.
Estratégia: Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseiro? De que forma?
Kayque: Não sou casado, mas namoro desde o primeiro ano de estudo para concurso. Não tenho filhos. A minha família e a minha namorada sempre me apoiaram bastante, seja com incentivos, seja com outras práticas mais simples e rotinas caseiras (p. ex., meus pais amenizam ou evitam atividades barulhentas em casa enquanto estou estudando, além de eu não precisar me preocupar com fazer janta e almoço, entre outras coisas). Isso realmente é uma mão na roda e sou bastante grato por isso.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Kayque: O concurso da PMGO foi anunciado ainda no segundo semestre do ano passado, sendo que após as minhas reprovações para Delegado PR e MG, pude estudar especificamente como foco no cargo de Oficial da PMGO, cujo edital abarca integralmente o de Soldado da PMGO.
Assim, publicado o edital no início do mês de abril de 2022, nesses mais de noventa dias entre edital e prova objetiva, comprei a ideia de me tornar militar e me dediquei integralmente a esse concurso, que possui disciplinas específicas que até então eu não estudava (direito penal e processual penal militar).
Manter a disciplina nunca foi um problema. Cada tem o seu método para fazer isso. Eu elaborei um cronograma de estudos e ia riscando as metas, à medida que conseguia cumpri-las. Não sei explicar cientificamente, mas isso me gera uma sensação boa e me incentiva a continuar na pegada.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Kayque: Sempre estudei pelos PDFs, com algumas poucas horas de videoaulas em determinadas disciplinas, como Geo-História de Goiás, que eu tenho uma dificuldade tremenda.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Kayque: No sétimo período da faculdade, em 2017, tive a sorte “será?” de pegar uma disciplina em comum com um colega – que não lembro o nome – o qual já estava aprovado na primeira fase do concurso de Delegado do Mato Grosso do Sul. Curioso, perguntei a ele qual era o método de estudo que ele utilizava, e foi então que eu conheci o Estratégia Concursos.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação? Que diferencial encontrou nos materiais do Estratégia?
Kayque: Os materiais do Estratégia se destacam por sua completude, já que o objetivo é evitar que o aluno seja surpreendido na prova com algum assunto não estudado. Claro que isso faz o material ser maior. Para mim, o tamanho do PDF nunca foi um problema e só o fato de saber que estou estudando com o material mais completo do mercado, fico satisfeito. É bacana também a proximidade entre aluno e professor, sendo que já tive dúvidas respondidas até em finais de semana.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Kayque: Por mais que o Estratégia disponibilize o passo estratégico e outros materiais de “como estudar”, eu sempre gostei de fazer pessoalmente meu cronograma semanal, por ser eu mesmo o maior conhecedor da minha rotina. Nesse ponto, eu prefiro estudar uma matéria por dia, mas nessa trajetória já houve momentos que tive que encaixar até três disciplinas diferentes por dia.
Comecei efetivamente a estudar em dezembro de 2017, sendo que daqui alguns meses completo o quinto ano de estudos. Cronometradas rigorosamente por aplicativo, são mais de três mil e seiscentas horas líquidas registradas. Ainda tive outras cerca de trezentas horas anotadas manualmente.
Por dia, não sei ao certo a quantidade de horas líquidas. Essa quantidade variou ao longo do tempo. Tem dias que consigo fazer 2 horas, outros, 3, na melhor das hipóteses 4 horas, devido ao trabalho e outras rotinas. Interessante que durante a faculdade foi a época que eu mais conseguia estudar (confesso que matava aula de alguns professores para estudar na biblioteca para concurso e respondia as provas com base nos conhecimentos dos PDFs).
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Kayque: Apesar de o Estratégia disponibilizar um pequeno resumo ao final dos PDFs, eu prefiro criar meu próprio caderno no Word e ir fazendo as minhas anotações. Com isso, consigo manter um arquivo sempre atualizado com observações de questões que resolvo e com informativos de jurisprudência.
No início eu revisava bastante, tinha até aplicativo de celular específico para me dizer qual era o assunto a ser revisado no dia. Eu cadastrava revisões de 24 horas, 7, 15, 30 e 90 dias. Chegou um momento que eu gastava mais tempo revisando do que lendo conteúdo novo e isso inviabilizava o progresso.
Hoje, reviso apenas por questões, mas não recomendo que iniciantes façam da mesma forma que eu.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Kayque: A forma de aferir a assimilação do conteúdo estudado é através da resolução de exercícios e de simulados. Não sei quantas questões fiz ao todo, mas foram milhares. Das três mil e seiscentas horas líquidas que eu disse acima, 790 horas (cerca de 21%) foram resolvendo questões em um site especializado e 156 horas (cerca de 4%) foram dedicadas a simulados nos vários pós-editais já enfrentados.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Kayque: Ao longo de toda a caminhada, tive que tentar aprender inúmeras matérias totalmente aleatórias à minha formação, tais como Estatística, Contabilidade, Inglês, Física, Informática, Administração, Raciocínio Lógico e Matemática, para os concursos da ALEGO, PRF, PF etc.
Especificamente para esse concurso da PMGO, confesso que tive bastante dificuldade em aprender a disciplina de Geo-História de Goiás. Fiquei até surpreso em ter acertado 4 das 5 questões da avaliação, tendo em vista que saí do local de provas com a impressão de que tinha zerado a matéria.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Kayque: Eu peguei férias no trabalho na semana de véspera para me dedicar exclusivamente à revisão daqueles assuntos que eu separei previamente como sendo os mais críticos e também os mais cobrados. No dia pré-prova, eu acompanhei a revisão do Estratégia pelo YouTube e reli meu caderno de anotações de “bizus”.
Estratégia: No seu concurso, além da prova objetiva, teve a discursiva. Como foi sua preparação para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Kayque: Por possuir certa facilidade com a comunicação escrita, eu precisei focar mesmo era em relação aos temas que pudessem ser cobrados, pois o edital de Soldado deixava em aberto, podendo ser qualquer assunto da atualidade. Quanto à parte estrutural da prova discursiva, revisei os grifos dos PDFs da equipe de discursivas do Estratégia e fui confiante para o concurso. Lembrando que o resultado dessa etapa ainda não foi divulgado.
Estratégia: Como está sendo sua preparação para o TAF e para as demais etapas?
Kayque: O TAF está agendado para ocorrer no mês que vem, mas não dá para esperar o resultado da prova discursiva para iniciar a preparação. O treinamento físico não é um problema para mim, uma vez que sempre pratiquei exercícios físicos, mas esse TAF, em específico, exige uma dedicação maior, já que tem até natação.
Não é fácil conciliar o trabalho com o estudo teórico e com o treinamento físico, mas ouvi alguém dizer que “enquanto o mundo gira, o concurseiro se vira”.
Quanto às próximas etapas (médico, psico, investigação etc.), cada uma a seu tempo. Não dá para preocupar com tudo de uma vez.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Kayque: Pergunta difícil, mas creio que um dos meus maiores erros foi sair demasiadamente do meu foco para “tentar não perder a oportunidade da vez”. O cargo de Delegado é de natureza jurídica e policial, mas nesse ínterim eu já prestei concurso para analista do MPU, policial legislativo, policial penal, técnico em segurança da Câmara Municipal, PRF, PF. Tais concursos exigiam disciplinas totalmente alheias às que eu realmente deveria estar estudando para alcançar o real objetivo.
Talvez, quem sabe, eu pudesse estar agora sendo entrevistado na condição de aprovado no cargo que eu tanto sonho, se não tivesse despendido tantos esforços em “concursos escadas”. Outro erro que quero deixar explicitado é que gastei muito tempo para tentar achar a maneira certa de como estudar para concurso. Depois percebi que compete a cada um encontrar o método ideal para si mesmo, através da tentativa e erro.
Como acerto, quero elencar apenas um, que foi acreditar que era possível e que eu chegaria. Hoje, sou policial penal, e graças a isso já consigo ofertar uma melhor qualidade de vida àqueles que comigo convivem, mas também sei que a caminhada continua e que tenho muito chão pela frente.
O estudo para concurso é isso, saber que a fila anda e que em algum momento chamarão a sua senha.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Kayque: Desistir? Não, nunca pensei. Sei o que quero e sei que sou capaz de alcançar. Porém, já levei algumas “porradas” nessa trajetória, que me desanimaram temporariamente. A primeira delas foi em 2018, ainda no primeiro ano de estudo. Achei que estava preparadíssimo para me tornar agente da PF. Quanta soberba… nem pela cláusula de barreira eu consegui passar.
Tive outros momentos ruins, como quando fiquei por 1 ponto de ter a redação corrigida no concurso para policial legislativo. Mais recentemente, no ano passado, bati na trave outras duas vezes nos concursos de Delegado PR e MG.
O último “tombo” foi aqui mesmo, em Goiás, na PMGO. Eu contei acima que estava estudando mesmo era para cadete, fiz dez simulados em cem dias, em todos eu tirei nota entre 75% e 85%, mas na prova eu não alcancei nem a cláusula de barreira, que era 60%. Detalhe que, uma semana antes, eu arrasei na prova de Soldado… vai entender?!
Todavia, a lição é que após o “luto” pós-prova, a caminhada continua e os resultados mostram que estou no caminho certo.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Kayque: Aos iniciantes, aconselho a estabelecer um objetivo final e nele persistir, uma hora ele será alcançado.
Concurso é um projeto a médio e a longo prazo. Se você precisa de uma renda para se manter até passar no concurso almejado, assim como eu precisei, cuide para que os concursos-meios guardem ao máximo correlação com o seu foco, para que as distrações sejam minoradas.
Estabeleça e cumpra suas metas. Pratique exercícios, relacione-se com pessoas. Tenha momentos de lazer. Isso ajuda a manter a sanidade e renova o ânimo.
Aceite pagar o preço, valerá a pena. É a milenar Lei da Semeadura, você só colhe, aquilo que planta. E se eu consegui, qualquer um pode.