Aprovado no concurso da ALESP para o cargo de Analista Legislativo
Legislativo“Na estrada, é normal que você perca o caminho, apenas não esqueça daquilo que você decidiu inicialmente. A única certeza que eu posso te dar é que é possível estar entre os melhores, mesmo sendo uma pessoa “normal” do ponto de vista intelectual“
Confira nossa entrevista com Thiago Dias Soares de Azevedo, aprovado no concurso ALESP para o cargo de Analista Legislativo:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-lo. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Thiago Dias Soares de Azevedo: Bom, primeiramente, penso que preciso me apresentar. Meu nome é Thiago, tenho 21 anos, natural da cidade de São Paulo. A minha formação é Tecnólogo em Gastronomia.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Thiago: Diversos motivos, mas considero que dois se destacam dos demais. Primeiro, eu sempre tive raiva de não poder fazer ou comprar aquilo que eu desejava em algum momento. Embora essa realidade não tenha sido totalmente alterada com meu ingresso no Estado, considero que agora há espaço para planejar e fazer aquilo que eu mais amo, que seria aprender mais instrumentos musicais e estudar outras áreas do conhecimento que me atraem, como filosofia, história, Tecnologia da Informação, línguas etc.
O segundo motivo é mais simplista. Eu me vejo como uma pessoa generalista e, por esse motivo, sempre fui atraído por diversos ideais e profissões, nunca tendo me cativado o suficiente para eu decidir embarcar na carreira. Ainda, meu irmão (que foi aprovado na ALESP também em posição contígua à minha) já estava no caminho dos concursos, tendo me aconselhado, já que eu não tinha certeza de que caminho deveria escolher, a ingressar nessa trilha também.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Thiago: Na época da minha primeira aprovação em concurso eu apenas estudava, o que me facilitou a aprender uma grande variedade de matérias em um nível considerável. Especificamente para a ALESP eu trabalhava e estudava ao mesmo tempo. A conciliação é assunto de extrema dificuldade ainda hoje para mim, pois torna meu estudo inconstante, existindo dias e semanas que praticamente consigo manter a rotina apenas no fim de semana.
No caso da ALESP, eu não consegui tempo hábil para fazer um estudo satisfatório. O que me ajudou muito foi ter aproveitado o tempo que consegui apenas estudando para obter um conhecimento bom em diversas disciplinas, o que me possibilitou uma aprovação com menos horas de estudo nos meses finais.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Thiago: Eu fui convocado em apenas outro concurso, do Conselho Regional dos Técnicos Industriais do Estado de São Paulo, obtendo a 2ª colocação. Dito isso, fui “aprovado” (mas não convocado) nos concursos de Escrevente do TJ/SP de 2017 (52º RAJ), em 85º lugar; e Auxiliar de Promotoria do MP/SP em 64ª colocação. Interessante dizer que tanto para o TJ quanto para o MP, eu tinha relativas chances de ser nomeado, dado o histórico dos órgãos, mas isso não aconteceu. Logo após veio o período de pandemia e os concursos e provas basicamente pararam. Enfim, isso é para destacar a dificuldade que é a “vida de concurseiro” e a resiliência que é necessária para enfrentar esse caminho. A maior parte dos casos é uma jornada de anos.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos e família?
Thiago: Em todo meu tempo de estudo para concursos (próximo de 5 anos), eu não mudei muito minha vida social. Eu também não costumo sair muito com amigos e familiares, em média 1 vez por semana algumas poucas horas.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseiro? De que forma?
Thiago: Não sou casado e nem tenho filhos. Quanto ao apoio nesse caminho de concurso público, eu tive alguns embates principalmente com familiares próximos, mas nada que descaracterizasse o apoio dado a mim. Eu atribuo essas discussões à demora em minhas aprovações e início de vida laborativa, também pelo contexto do mundo dos concursos públicos nos últimos anos. Com relação a amigos, não tenho do que reclamar, todos sempre me apoiaram. Inclusive dois amigos muito próximos já lograram aprovações no TRF e Polícia Civil de SP, um deles já tendo iniciado suas atividades.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Thiago: Não pretendo faltar com a verdade em nenhuma parte dessa entrevista, portanto aqui vai o que aconteceu. Eu gostaria de falar que estudei bastante, mas especificamente para a ALESP eu não consegui exercitar praticamente nada, para não dizer que não o fiz. Eu estava em um período bastante conturbado no meu emprego e vida pessoal, motivo pelo qual tive dificuldades de conciliar meus estudos. Dito isso, nos últimos 5 anos tenho estudado para diversos concursos com máximo afinco, inclusive tendo ficado alguns anos exclusivamente nessa atividade. Para o Senado Federal, para exemplificar, estudei quase 1 ano com esforço bastante considerável, tendo lido dezenas de vezes as legislações de referência (isso inclusive salvou nas questões de Regimento Interno, pois os dois são relativamente parecidos), ao ponto de decorar quase tudo. Assim, eu atribuo essa aprovação aos duros anos de estudo que antecederam essa prova, e não aos últimos meses.
Finalmente, quanto à motivação para manter a disciplina, o que me ajudou foi sempre manter em mente meus sonhos e ter a certeza de que eles não seriam realizados senão pelas minhas próprias mãos e esforço.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação? (Aulas presenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens?)
Thiago: No meu caso, por volta dos últimos 3 anos eu desenvolvi um sistema próprio de estudo, consistente de um tripé de: 1. Apostilas em PDF, 2. Lei Seca Destravada e 3. Resolução de Questões.
A vantagem dessas ferramentas é que facilita minha segmentação e absorção desses conteúdos ao longo do dia, sendo também o método que eu considero mais rápido para aprendizado. Em várias ocasiões, de maneira paralela a esse sistema, li livros de algumas matérias específicas, pois penso que ler de todas consome muito tempo. Sobre aulas presenciais e videoaulas, considero o uso delas desvantajoso, pois não permitem que suas habilidades se destacam (pois você está preso ao “ritmo” do professor e da classe), sendo o uso delas residual e em casos de matérias de grande complexidade.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Thiago: Por indicação do meu irmão, que estuda há mais tempo que eu.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação? Que diferencial encontrou nos materiais do Estratégia? (Pode citar uma ou mais ferramentas que mais te ajudaram na preparação).
Thiago: Sim, principalmente utilizando as apostilas em PDF. O Estratégia foi responsável pela minha iniciação em praticamente todas as matérias relevantes para concurso público.
O que vejo de muita qualidade e diferencial nos materiais escritos é conseguir aprender a maior quantidade de informação no menor tempo possível, sendo perfeito para uma pessoa que não tenha conhecimento prévio na área. No entanto, considero que no amadurecimento do estudante ele deverá usar outras fontes para fortalecer seu conhecimento, como resolução massiva de questões e leitura exaustiva de Lei Seca.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos? (Estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Quantas horas líquidas estudava por dia?)
Thiago: Para essa pergunta, gostaria de responder com base nos meus estudos anteriores, pois, como já dito, não consegui estabelecer uma rotina satisfatória para a ALESP. Pois bem, meu plano de estudos é organizado dessa maneira (diariamente):
- Leitura de 2 a 3 apostilas de PDF de matérias diferentes (a depender do tamanho dos conteúdos). Também é possível que essas apostilas se refiram à mesma disciplina, sendo algo que deverá ser analisado casuisticamente;
- Leitura massiva de Lei Seca Destravada. Primeiro eu separava toda a Lei em dias (normalmente de 15 a 20 dias), depois a destravava (substitui os artigos referenciais pelos seus significados verdadeiros), e então a lia ad infinitum. Para um nível razoável de compreensão dos dispositivos legais considero necessária a leitura pelo menos de 8 a 10 vezes de ponta a ponta.
- Resolução de questões de matérias diversas preferencialmente, mas não exclusivamente da banca do concurso, sempre olhando os comentários (mesmo que já saiba as justificativas das respostas). A quantidade depende da disciplina, banca e outros fatores, sendo casuístico.
- Opcionalmente, leitura de 1 capítulo de 1 livro sobre uma matéria específica e uso de videoaulas em disciplinas complexas.
Quanto à quantidade de horas líquidas, é difícil precisar. Eu não costumo fazer essa contagem. Considero que a abordagem de seguir o roteiro estabelecido seja superior à contagem de “horas mínimas” ou “líquidas” necessárias para aprovação.
Estratégia: Como fazia suas revisões? (Costumava fazer resumos, simulados ou algo mais?)
Thiago: Eu nunca fui extremamente adepto do uso de revisões, muito embora eu reconheça a importância delas (entendo que a organização das revisões é um assunto muito complexo, que consome muito tempo). No meu caso, eu sempre preferi a abordagem da “força bruta” ou da quantidade. Eu estudava matérias de ponta a ponta diversas e diversas vezes, fazia uma grande quantidade de questões e as repetia até o ponto que sabia a disciplina com profundidade. Minha única revisão notável, eu fiz no dia seguinte nas apostilas em PDF, em que eu lia as partes em que grifei no dia anterior. Então, minhas fontes de revisão eram basicamente leitura simples da matéria, da lei seca e resolução de questões. Por último, no caso de Simulados, apesar de ter feito algumas vezes, não é uma ferramenta que considero eficiente, principalmente porque os resultados costumavam me “desanimar”.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Thiago: A importância é extrema e, no meu caso, serve de uma espécie de revisão, embora de uma maneira arcaica. Na minha trajetória toda devo ter realizado cerca de 30.000 questões, repetindo algumas delas diversas vezes, sendo difícil, portanto, precisar uma quantidade exata.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Thiago: Das disciplinas que foram objeto da prova da ALESP, no começo dos meus estudos tinha bastante dificuldade com AFO, RLM e Administração. Para a superação delas utilizei a abordagem da força bruta, tendo lido diversas vezes de ponta a ponta. Penso que foi essencial um tempo de “maturação” dessas disciplinas, pois lembro que com o crescimento de minha maturidade como estudante elas foram ficando mais fáceis de entender. Por mais que seja uma resposta anticlimática, penso que por vezes o simples é o mais eficiente.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Thiago: Conforme eu já disse, na semana anterior não estudei praticamente nada. No dia da prova li 1/5 do regimento da ALESP. Nas minhas outras aprovações o que me ajudou bastante foi revisar apenas os pontos essenciais das matérias mais importantes.
Estratégia: No seu concurso, além da prova objetiva, teve a discursiva. Como foi sua preparação para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Thiago: Minha preparação seguiu na mesma linha do conselho que vou dar, por isso vou unir as perguntas. Primeiro, eu recomendo que os estudantes façam um curso específico que contenha uma ampla bagagem de conhecimentos socioculturais (que servem de recursos argumentativos). Depois de municiados com essas informações e após aprenderem a estrutura textual correta, aconselho a prática exaustiva desses fundamentos de maneira sistemática.
Quando estava me preparando, fazia 1 redação por semana e enviava para correção 1 vez por mês, para trabalhar nos meus pontos fracos. Só no ano passado devo ter escrito por volta de 50 a 60 dissertações.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Thiago: Meu principal erro, com certeza, foi demorar a reconhecer e incorporar minhas qualidades no meu sistema de estudo. Eu entendo que todos temos qualidades e que devemos utilizá-las de maneira a facilitar a resolução dos problemas que aparecem em nosso cotidiano. No caso dos estudos, eu demorei para perceber que é o mesmo caso. Portanto, você deve se perguntar: “no que eu sou bom?” e utilizar essa qualidade a seu favor.
Quanto aos meus acertos é possível citar vários, mas entendo que o mais proeminente é a resiliência de aguentar um longo período sem perspectivas de melhora. Isso só foi possível porque eu mantive meus objetivos sempre em mente. Saiba o que quer e descubra onde está. O caminho para alcançar, então, aparecerá.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Thiago: Sim, algumas poucas vezes pensei em desistir. Mas minha motivação sempre se manteve constante. Eu ainda tenho lugares aonde quero ir, pessoas que quero alcançar. Eu sempre me sinto honrado por ter conhecido tantos indivíduos de capacidade notável entre meus amigos e familiares, de maneira que não posso almejar pouco. Eu também sou um péssimo perdedor e uma pessoa orgulhosa (por mais que não seja exatamente elegante admitir essa característica). Assim, penso que, além dos meus sonhos, meu brio desempenhou um papel considerável na minha constância. O estudo para concursos não é caminho fácil, mas proporciona recompensas que vão muito além do emprego e do salário. Significa que, mesmo diante de todas as dificuldades, das pedras no caminho, de candidatos bem preparados, de comentários inconsequentes, do seu cansaço, de suas responsabilidades, você perseverou, estando mais preparado para quaisquer adversidades que por ventura cruzem seu caminho. É um sentimento de superação que é difícil de reproduzir em palavras. É a alegria de estar entre os melhores. Existe uma frase de um personagem que resume isso: “Para almejar o extraordinário eu não posso simplesmente ser ordinário”. Portanto, estar acima das dificuldades para mim é motivo de orgulho.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Thiago: Meu principal conselho é: tenha paciência. É normal que por vezes o desânimo e o cansaço cheguem até você. Você precisa aceitar o fato de que não é o melhor e precisa de toda sua força de vontade para desejar a superação e aprovação em cada prova. É uma etapa natural no caminho que você escolheu. Em muitas ocasiões os conceitos são de difícil absorção e apenas o tempo vai permitir que você os aprenda e os capture. Na estrada, é normal que você perca o caminho, apenas não esqueça daquilo que você decidiu inicialmente. A única certeza que eu posso te dar é que é possível estar entre os melhores, mesmo sendo uma pessoa “normal” do ponto de vista intelectual. Eu desejo do fundo do meu coração boa sorte para você e que suas ambições te levem muito mais longe do que onde eu cheguei.