Confira nossa entrevista com Vitor Gabriel Nunes Braz, aprovado em 4º lugar no concurso TCE RJ para Analista de Controle Externo:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-lo. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Vitor Gabriel Nunes Braz: Eu tenho 28 anos, sou formado em Segurança da Informação, e sou de Maceió, Alagoas.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Vitor: Curiosamente na minha família muitas pessoas são servidores, meus irmãos na força aérea, meu pais aposentados na caixa econômica. Mas foi aos 19 anos que eu comecei a enxergar o mundo dos concursos, e aí lá em 2012 eu fiz a prova do concurso do DECEA pro cargo de Controlador de Tráfego Aéreo, na cidade em que eu cresci que é Maceió. E atualmente é o cargo que eu exerço há 6 anos já. Eu acabei gostando bastante da atividade. O trabalho lá é por escala então é muito dinâmico. E como é uma área que eu gosto muito, que é a área de aviação, eu acabei entrando numa zona de conforto, até pq eu fiz muitas amizades no trabalho, amigos que me ajudaram muito durante essa jornada.
Só que esse cargo que eu exerço atualmente é um cargo que não possui um plano de carreira muito bom, porque o salário praticamente fica estagnado ao longo de toda a carreira, e o fato de ser um cargo de nível médio, acaba limitando um pouco as oportunidades de crescimento profissional dentro do órgão. Esse concurso foi o que os concurseiros chamam de concurso escada né. Eu acabei saindo do ensino médio e passando nesse concurso escada pra ser Controlador de Voo, e que foi muito bom pra mim por alguns anos, mas eu sentia que queria desafios maiores, e aí com a pandemia, veio a ideia de estudar de forma séria pra concursos públicos. Eu comecei mesmo por volta de maio de 2020, então foi mais ou menos uns 2 anos bem intensos em que posso dizer que o estudo pra concurso foi o principal foco da minha atenção durante a maior parte desses 2 anos.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Vitor: Sim, como eu trabalhava em regime de escala, alguns dias eu ia de manhã, outros pela tarde, e outros de madrugada. Não era fácil conciliar pq como é uma atividade que tem que ser realizada presencialmente, a gente praticamente não teve nenhuma forma de teletrabalho ou home office, pq o trabalho envolve falar com as aeronaves e autorizar os pousos e decolagens. Mas como eu não tinha essa oportunidade de ficar mais tempo em casa pra estudar, eu resolvi aproveitar todos os momentos que eu tinha sobrando pra tentar fazer uma imersão nos estudos, então desde o caminho até o trabalho em que eu ia escutando algumas videoaulas, até pausas de descanso no trabalho que usava para tentar revisar alguma matéria. E assim ia… tem inúmeros exemplos né, lavar a louça escutando uma videoaula ou um podcast com uma entrevista dos aprovados etc. E isso ia se intensificando conforme as provas iam chegando. Então nas últimas semanas ali antes da prova, praticamente tudo que eu fazia eu tentava aproveitar pra ter contato. Almoçava e jantava escutando videoaula. Enfim, é algo que parece um pouco extremo, mas que na verdade foi acontecendo naturalmente, pois quanto mais eu ia conseguindo resultados nas provas, mais eu me sentia confiante no resultado do esforço que eu estava fazendo.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Vitor: Fui aprovado em 2013 pro cargo de Controlador de Tráfego Aéreo do DECEA (5° colocado)
Em 2021 para Agente da Polícia Civil do DF (Cadastro de Reserva)
Em 2021 para Auditor (Área de TI) do ISS Aracaju (Cadastro de Reserva)
Em 2022 para Analista de TI do TCE RJ (4° colocado)
Em 2022 para Auditor da CGU (Área de TI), em vigésimo colocado.
Como existe muita imprevisibilidade nesse mundo dos concursos, meu lema sempre foi continuar estudando até a nomeação! Mas como a previsão é que já saía bem próximo, eu acabei tentando me desligar um pouco do estudo até pra poder dar um pouco de atenção pra algumas coisas que ficaram um pouco de lado nesses últimos anos e também pra organizar a questão de documentação, exames, e demais preparativos pra posse.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos?
Vitor: Eu comecei a estudar logo após o início da pandemia, então a vida social naturalmente já estava suspensa, mas conforme a pandemia foi aliviando, eu me mantive focado nos estudos e, em vez de sair aos finais de semana, preferia tirar alguns dias a cada 3 ou 4 meses e viajar pra rever familiares, recarregar as baterias e voltar com mais energia aos estudos. E ai mais pro final dessa jornada, eu comecei a tentar me organizar de forma que quando houvesse um concurso em outro estado, eu pudesse aproveitar pra depois da prova dar uma passeada pra conhecer a cidade, aproveitar um pouco o fato de já estar fora de casa e também era uma forma de me recompensar pelo esforço que é um pós edital sério, que exige uma dedicação enorme. Então quando eu fui pro RJ fazer a prova do TCE RJ eu aproveitei pra visitar minha tia que mora lá e fiz alguns passeios também. E quando fui fazer a prova da CGU em Recife que era mais próximo, acabei levando a minha noiva também pra gente poder aproveitar o final de semana. Então a minha vida social era mais ou menos isso, não costumava sair muito, mas também tentava ter alguns momentos de escape pra conseguir não me desgastar muito ao longo do processo.
Estratégia: Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseiro? De que forma?
Vitor: Sou noivo, sem filhos. Quem sabia dessa jornada dos concursos era apenas minha noiva e alguns amigos mais próximos. Todos eles sempre me apoiaram quando precisei, minha noiva sempre me ajudou dando suporte psicológico e me afirmando que tudo ia dar certo. Além disso, perdi as contas de quantos cafezinhos pedi pra ela, pra ajudar nas longas horas de estudos. E os amigos do trabalho sempre me ajudaram nas várias trocas de serviços que precisei pra adequar as viagens pra fazer concursos em outros estados.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Vitor: Direcionado ao concurso do TCE RJ foram 35 dias, mas já vinha estudando há quase 2 anos as matérias na área de TI (tecnologia da informação). Inclusive tinha feito a prova do TCE RJ ano passado pro cargo de Auditor, e tive um péssimo resultado pois tinha sido a minha primeira prova depois de começar os estudos, isso me deixou um pouco abalado mas me fez ter muita garra pra estudar bastante pra esse novo concurso do TCE RJ.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Vitor: O que mais usei foram os PDFs e as videoaulas dos cursos regulares. Mas nas épocas de reta final, o PDF simplificado, as lives de Hora da Verdade e o Passo Estratégico me ajudaram bastante a focar no que realmente era necessário ter na ponta da língua pra chegar bem na prova.
Quando eu iniciava uma matéria nova, geralmente lia o PDF e fazia as questões ao final. Essas questões dos PDFs são muito boas pra ter uma introdução na matéria e entender como o assunto já foi cobrado. Depois disso, se eu ainda tivesse dificuldade, assistia as videoaulas, se não, partia pro sistema de questões e tentava ir revisando a matéria por questões mapeando as lacunas de conhecimento e as dúvidas. Essas partes em que eu sentia mais dificuldade, criava pequenos resumos, e anotava meus erros em um caderno de erros, e nas últimas semanas lia e relia diversas vezes esses resumos.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Vitor: Assim que resolvi estudar pra concursos fiz uma pesquisa no Google e ficou bem claro que o Estratégia seria a melhor opção. Assisti algumas aulas gratuitas no Youtube e gostei bastante da didática dos professores, principalmente do professor de direito administrativo Herbert Almeida e da professora Nelma Fontana de direito constitucional que realmente são excelentes professores e conseguem não só transmitir o conhecimento mas fazer isso de forma alegre e animada!
Estratégia: Antes de conhecer o Estratégia, você chegou a usar materiais de outros cursos?
Vitor: Não cheguei a comprar materiais de outros cursos, mas cheguei a baixar alguns PDFs gratuitos antes de assinar o Estratégia e pude notar que a qualidade e a organização da informação não era a mesma. Os PDFs do Estratégia são bem pensados pra maximizar o rendimento no estudo pra concursos.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação?
Vitor: Depois de me tornar aluno do Estratégia, tive 2 certezas: a primeira era a de que eu estava usando o melhor material disponível, e a segunda é que os meus maiores concorrentes também estariam usando o melhor material, que é o do Estratégia, então eu precisava fazer a minha parte pra conseguir aproveitar ao máximo todas as ferramentas que estavam a minha disposição.
Durante os quase 2 anos de preparação eu cheguei a estudar pra várias áreas diferente, começando pela área policial (PF e PCDF), depois estudei pra área Fiscal (ISS Aracaju), e por fim área de Controle (CGU e TCE RJ). Quando estudei pra área policial, os Simulados sem dúvidas foi o que mais me ajudou, cheguei a fazer mais de 40 simulados pra PF/PCDF e senti que consegui absorver muito conhecimento e técnica de prova, aprendi a sentir quando eu poderia chutar ou quando deveria deixar em branco, e consegui pegar ritmo de prova pra aguentar provas mais longas em menos tempo. Já quando eu estava me preparando para o ISS Aracajú, a ferramenta que mais me ajudou foi o Passo Estratégico, porque depois da retomada do concurso, que estava suspenso, eu tive poucos meses pra conseguir estudar todo o edital e o Passo me ajudou muito, pois trazia os principais pontos de forma bem aprofundada, porém não tão extenso quanto os PDFs, o que me permitiu acelerar bastante os estudos e cobrir muitos tópicos em pouco tempo. Por fim, nos concursos da área de controle, uma das ferramentas que mais me ajudaram foram as videoaulas de Hora da Verdade que eram lançadas nas últimas semanas. Às vezes, a ansiedade aumentava quando a prova ia chegando, e essas aulas eram uma forma de organizar tudo o que eu já tinha visto ao longo dos meses e me passava uma tranquilidade de estar no caminho certo. E como elas eram lançadas próximo da prova, houve várias questões que estavam frescas na memória no dia da prova, pois tinha visto poucos dias antes na Hora da Verdade.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Vitor: Sempre usei o Ciclo de estudos, alternando entre as matérias que seriam cobradas na prova. Porém a distribuição da carga horária pra cada matéria variava ao longo das semanas, dando sempre prioridade para as matérias em que eu estava mais fraco e que valiam mais pontos. Porém nesse processo o que pesava mais era a minha intuição. Eu tentava sempre ir me autoavaliando durante os dias pra ir entendendo onde eu deveria investir mais tempo de estudos. Nos primeiros meses eu calculava tudo usando um aplicativo, e trocava de matéria a cada 1h. Aos poucos fui percebendo que eu acabava me preocupando mais em cronometrar os horários do que na qualidade do estudo. Então passei a não contar mais as horas, e ao invés de trocar de matéria a cada 1h, eu estipulava pequenas metas de estudos e só trocava de matéria quando atingia aquela meta, por exemplo 30 questões de determinado tópico, ou 25 paginas lidas. Nas épocas em que mais estudei, costumava fazer 6 horas líquidas. Percebi que qualquer coisa acima disso trazia um desgaste maior do que o benefício. Porém também percebi que essa média eu não conseguia manter durante muitos meses, então tentava sempre ficar por volta das 4h líquidas (que no final envolvia 5 a 6 horas de estudos), e nas últimas semanas aumentava para o máximo que eu achasse saudável. Pra mim, o que tinha mais valor era a constância de saber que no dia seguinte eu teria energia pra estudar de novo, do que ficar tentando atingir uma carga horária alta mas ficar esgotado nos dias seguintes.
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Vitor: Eu revisava por questões, e só voltava pra teoria se eu sentisse que havia alguma lacuna grande de conhecimento. Mas por questões geralmente eu já conseguia ir revisando os tópicos estudados e o que eu percebia que ainda tinha dúvidas, criava resumos e caderno de erros.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Vitor: Acredito que a resolução de questões é uma das partes mais importantes no estudo pra concursos. Cada banca tem um estilo de cobrança e cada matéria tem alguns assuntos que são mais cobrados. É por meio das questões que a gente vai entendendo esses padrões e solidificando o conhecimento. Não sei ao certo quantas questões fiz ao todo, mas com certeza algumas dezenas de milhares. Além da resolução de questões pelo sistemas de questões filtrando por matéria eu gostava muito também de resolver provas anteriores. Resolvi praticamente todas as provas de TI do Cebraspe de 2021 e 2022, pulando apenas as matérias que não iriam cair na minha prova. Isso me ajudou muito a entender melhor o estilo de cobrança da banca e como ela divide as questões entre as matérias.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Vitor: A disciplina que eu tive mais dificuldade foi Desenvolvimento de Software pois não tenho experiência prática na área e o escopo da matéria é muito grande. A estratégia que usei pra essa matéria foi focar nas questões da banca pra entender como o assunto era cobrado.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Vitor: Na semana antes da prova fui desacelerando a resolução de questões e aumentando o tempo de revisão de resumos e caderno de erros. No dia anterior apenas assisti o que consegui da revisão de véspera do Estratégia e tentei relaxar pra chegar descansado na prova.
Estratégia: No seu concurso, além da prova objetiva, teve a discursiva. Como foi sua preparação para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Vitor: A discursiva foi realmente um divisor de águas nesse concurso, porque além de valer muitos pontos, foi uma prova muito extensa, com 3 questões discursivas de 20 linhas cada e mais 1 peça técnica de 50 linhas. Foi uma tarde inteira, depois de ter passado a manhã inteira fazendo a prova objetiva. O condicionamento de prova foi crucial pra conseguir gerenciar bem o tempo e o cansaço. Pra fazer uma boa prova discursiva é muito importante estar dominando os assuntos que são cobrados na prova objetiva. Além disso, em alguns tópicos é preciso ter um conhecimento ainda mais profundo pra ser capaz de discorrer e explicar em palavras sobre tudo aquilo. Durante a minha preparação eu não cheguei a escrever muitas discursivas, mas eu tinha o hábito de analisar as provas anteriores de outros concursos, e tentava responder mentalmente as questões. Se eu percebesse que tinha muita dificuldade pra discorrer mentalmente sobre aquele determinado assunto, sabia que deveria voltar pra teoria pra aprofundar no assunto. Além disso, durante o estudo pra parte objetiva, eu tentava analisar como aquele assunto poderia ser cobrado em uma questão discursiva, e dava mais atenção a conceitos e a um entendimento mais geral do assunto pra ser capaz de escrever sobre aquilo.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Vitor: Meu principal erro foi mudar de área a cada novo edital. No começo eu estudei matérias da área policial, depois da área fiscal, e por fim da área de controle. E cada área dessas traz algumas matérias específicas que levam bastante tempo pra dominar, isso pesou bastante pra fazer com que eu levasse mais tempo pra ficar competitivo em cada área. Mas esse erro foi de certa forma calculado, eu paguei o preço disso, pois já tinha colocado em mente que seria um objetivo de médio a longo prazo, então já sabia que levaria um tempo significativo até chegar a primeira aprovação. Mas o lado positivo disso era que eu estava sempre em pós-edital, sempre com uma prova marcada pra alguns meses a frente. Isso me motivava bastante a continuar estudando e dando o meu melhor. Então de certa forma esse erro me ajudou a manter o ritmo de estudos ao longo de tantos meses.
E o meu maior acerto acredito que tenha sido a constância, tanto nos estudos quanto em manter em mente que eu estava no caminho certo e que ia conseguir atingir meu objetivo. Eu sempre assistia às entrevistas dos aprovados pra me motivar e pra tentar absorver o que outros que já trilharam esse caminho tinham pra dizer sobre esse processo. Por isso sou muito grato aos aprovados que deram entrevistas antes de mim e também ao Estratégia por viabilizar essas entrevistas que nos ajudam a nos manter motivados durante os longos meses de estudo!
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir?
Vitor: Vontade de desistir é natural, principalmente após uma reprovação. Um dos momentos mais difíceis pra mim foi quando reprovei na prova para Agente da Polícia Federal por 4 pontos, pois pra mim era um concurso dos sonhos e eu vinha estudando a muitos meses.
Mas sempre pensei que seria uma questão de tempo até dar certo, então apesar das dificuldades, nunca pensei que desistir fosse uma opção melhor do que continuar.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Vitor: Pra quem está começando, queria dizer que o caminho não é fácil mas se você perseverar, vai conseguir atingir o seu objetivo. Estudar pra concursos tem algo de muito interessante porque você se transforma ao longo do processo. Você aprende a ter mais paciência, resiliência, foco. E tudo isso você leva pra vida toda. São virtudes que vão te ajudar em qualquer grande desafio que você encontrar ao longo da vida. Então o que tenho a dizer é que se você escolheu o concurso público como a opção pra sua carreira, o caminho até lá não vai ser nada fácil, mas a caminhada vale muito a pena!